quinta-feira, 30 de abril de 2009

Vergonha!

O CASTIGO A RUI COSTA É UMA VERGONHA! E ISTO...!!!???
O futebol português tem esta capacidade fantástica de nos surpreender. Quando julgávamos já tudo ter visto, desde os quinhentinhos ao apito dourado, passando pelo apito final, pelas escutas, pelos túneis e "black-outs", rameiras e guardas, creolinas e ambulâncias, brasis e chocolatinhos, brilhantina e café com leite - e mesmo um porco a andar de bicicleta - eis que sai mais um coelho da cartola: o castigo ao Rui Costa.
O Rui Costa? - perguntou o meu amigo benfiquista de Moscovo. Lá tive de lhe explicar que foi porque disse umas palavras, como "vergonha", ao árbitro do Benfica - Marítimo. O frio da capital russa não lhe congelou, porém, o raciocínio.
O quê? Mas o futebol português não é uma vergonha todos os dias? - disparou. Pois é, respondi-lhe, mas só alguns é que se sentem envergonhados. O presidente do Estrela da Amadora, por exemplo, não paga ordenados aos jogadores desde o início da época, achas que ele tem vergonha?
Um presidente de clube de futebol recebe árbitro em casa na véspera de um jogo e os tribunais acham normal, achas que alguém perdeu a vergonha?
Um treinador de um clube dito grande insulta os árbitros jornada sim - jornada não, e não vi ninguém sentir-se envergonhado. Porquê? Porque no futebol português quase todos já perderam a vergonha.
Ora, o Rui Costa ao reclamar "tenham vergonha", está a pedir algo que já se perdeu há muito, logo impossível de recuperar com celeridade. E os senhores que mandam no futebol português não gostam que lhes caia a máscara.
O problema agudiza-se tratando-se do Rui Costa. Com uma folha de serviços limpa, quer como jogador do Benfica, quer como jogador da Selecção, quer como dirigente, o Rui é uma espécie de "alien" do futebol português.
Tivesse ele a candura de outros dirigentes como João Bartolomeu, António Salvador, Valentim Loureiro, Mesquita Machado, Pinto da Costa, João Loureiro, António Oliveira, que nunca pediram a ninguém para ter vergonha (coisa que, presume-se, eles também não têm para dar), e outra avaliação teria.
Assim, os ouvidos (e os olhos) sensíveis dos insignes responsáveis da CD da Liga não aguentaram este desplante de Rui Costa. Ele que vá pedir "vergonha" para outro lado, reagiram. Para a Sibéria, por exemplo...

terça-feira, 28 de abril de 2009

Os imortais



Não há clubes imortais, disse, recentemente, um ilustre sportinguista preocupado com o futuro do seu clube. Não há, mas devia haver, digo eu. Não me refiro, claro, ao sporting, mas a outros clubes que povoaram a minha infância e a minha adolescência e hoje são sombras do passado.
A vida dos clubes é como a vida das pessoas. Com altos e baixos. Domingo, um dia após o 25 de Abril, o velho salgueiral iniciou o regresso do inferno das divisões distritais. O primeiro passo está dado.
Em sentido inverso parece caminhar o histórico Barreirense, cuja existência está posta em causa. O mítico estádio D. Manuel de Mello já se foi e o clube agonia na 3ª divisão.
O Salgueiros e o Barreirense são “irmãos” do meu Benfica. O primeiro sempre foi conhecido como o “Benfica do Norte” e o segundo foi o principal alfobre de talentos que depois foram ídolos na Luz, como Arsénio, José Augusto, Bento, Frederico, Carlos Manuel, Nelinho e Chalana.
Clubes como o Salgueiros, o Barreirense, mas também a CUF, o Atlético, o Oriental, deviam ser imortais. Porque nos devolvem as memórias de um futebol livre, saudável, inocente, mas de raça e de talento.
Um futebol mais puro. Como as gaivotas.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

E se começasse agora?

Benfica – 3; Marítimo – 2 (26ª Jornada da Liga Sagres). O campeonato devia ter começado agora. Finalmente Quique percebeu aquilo que todos, mais ou menos, tínhamos por adquirido: Cardozo na frente de ataque, e o Benfica com dois avançados. Vá lá, mais vale tarde que nunca.
Mas ainda estou para saber se foi obrigado à utilização do paraguaio devido à lesão de Suazo ou se alguém lhe fez ver (ou descobriu por si) que Tacuara é hoje em dia uma espécie de abono de família do Benfica.
Seja como for, só os burros é que não mudam. E pelo menos neste campo, Quique já mostrou que não é burro. O problema agora é outro. Como é possível que a equipa a ganhar por 3-0, frente a um dos adversários mais difícieis da Liga, adormeça a acabe o jogo com o credo na boca?
Será que depois de ter conseguido arrumar a equipa , vai ser preciso uma intervenção ao nível da força mental dos jogadores?
Esta foi a terceira vitória consecutiva, mas não conseguimos encurtar a diferença para os dois da frente. A quatro jornadas do fim, é preciso continuar a acreditar que tudo ainda é possível. Para já, com Cardozo de “pé quente”, é preciso estudar a melhor posição para Pablo Aimar – aquela onde o argentino renda mais e seja mais útil à equipa.
Parece claro que a sua colocação nas faixas, como mais uma vez aconteceu ontem, é um erro. Na próxima jornada, contra o Nacional da Madeira, no Funchal, talvez o jogo mais problemático até ao fim da época, é preciso entrar com ganas para alcançar o topo. Nós acreditamos! Foto: José Manuel Ribeiro (Reuters)

Ficha do jogo
Benfica – 3; Marítimo – 2
Estádio da Luz (Lisboa)
Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Benfica: Quim; Maxi, Sidnei, Miguel Vítor e David Luiz; Ruben Amorim; Carlos Martins, Pablo Aimar e Reyes; Nuno Gomes e Cardozo.
Golos: Cardozo (2) e David Luiz

sábado, 25 de abril de 2009

Tanto Mar - 35 anos depois


Tanto mar

Chico Buarque

1975
(primeira versão)*


Sei que estás em festa, pá
Fico contente
E enquanto estou ausente
Guarda um cravo para mim

Eu queria estar na festa, pá
Com a tua gente
E colher pessoalmente
Uma flor do teu jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Lá faz primavera, pá
Cá estou doente
Manda urgentemente
Algum cheirinho de alecrim

* Letra original,vetada pela censura; gravação editada apenas em Portugal, em 1975.

1978
(segunda versão)


Foi bonita a festa, pá
Fiquei contente
E inda guardo, renitente
Um velho cravo para mim

Já murcharam tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Sei também quanto é preciso, pá
Navegar, navegar

Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente
Algum cheirinho de alecrim

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Jamor sempre !

Talvez contagiado pelo assinalar da data – 22 de Abril de 1982, dia da subida de Pinto da Costa ao poder no fc porto – Jesualdo Ferreira quis recuperar um dos cavalos de Tróia do líder portista contra o Sul: a mudança do local da final da Taça de Portugal.

Numa das suas mais célebres “ironias do costume”, Pinto da Costa costumava identificar o Estádio do Jamor (Estádio Nacional), como “Estádio Municipal de Oeiras”. Cada vez que pressentia um poder mais frágil a Sul, fosse nos clubes, fosse na Federação, Pinto da Costa agitava a reivindicação da mudança do palco da final da Taça.

Nem sempre foi bem sucedido, mas muitas vezes conseguiu retirar a final da Taça do seu palco mítico, o Jamor, onde se realiza a verdadeira festa do futebol. Na memória de todos deve estar ainda a célebre guerra que moveu à Federação para que a final da Taça de 1983, contra o Benfica, fosse disputada nas Antas.

Pinto da Costa venceu o braço de ferro contra o então líder federativo, mas, ironia do destino, foi o Benfica que ergueu a Taça, tendo derrotado o fc porto, nas Antas, por 1-0, com um golo de Carlos Manuel.

Lembro-me como se fosse hoje de uma das mais inspiradas afirmações do nº 6 do Benfica: “Nós jogamos nem que seja no quintal do senhor Pinto da Costa”.

Também Jesualdo queria, agora, disputar a final da Taça contra o Paços de Ferreira fora do Jamor, sugerindo que fosse num estádio do Norte. Argumentou o treinador do fc porto que tratando-se de dois clubes do Norte, e em tempo de crise, devia-se marcar o jogo para mais próximo da residência de portistas e pacenses.

Não contava Jesualdo com a reacção do presidente do Paços de Ferreira. “A festa da Taça é no Jamor e é lá que nós queremos vivê-la”, disse o líder pacense. Nem mais, a final da Taça deve ser sempre no Estádio do Jamor.

Há alturas em que mais vale estar calado, não é Jesualdo?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

domingo, 19 de abril de 2009

Tudo está bem quando acaba bem?

Vitória de Setúbal - 0; Benfica - 4 (25ª Jornada da Liga Sagres).

Os dois fortes abraços de Óscar Cardozo a Rui Costa, após os golos da autoria do avançado paraguaio do Benfica, foram a prova mais concludente do isolamento de Quique Flores. A cumplicidade entre jogador, que ignorou o treinador, e o director desportivo foi, provavelmente, a causa mais visível do enfado com que Quique abordou a “flash interview” e a conferência de imprensa que se lhe seguiu.

O azougado, irreverente, descontraído treinador que marcou os primeiros dias na Luz, deu lugar ao homem “baço”, cinzento, introspectivo, que é hoje a imagem de marca de Quique, mesmo no final de um jogo que ganha por 0-4.

Após o jogo do Bonfim, onde o Benfica goleou o Vitória de Setúbal, o que merece ser questionado é porque é que Quique demorou 9 meses a perceber que o Benfica tem de jogar com dois avançados?

Estou mesmo convencido de que se Suazo estivesse em condições de ser utilizado, o treinador espanhol continuaria a insistir na fórmula adoptada desde o início do campeonato, com o hondurenho sozinho na frente.

Para além de que nunca se percebeu o ostracismo a que foi votado Cardozo. O melhor e mais eficaz avançado do Benfica está a mostrar (se é que era preciso) o erro histórico da sua ausência no centro do ataque.

A vitória folgada perante um Vitória de Setúbal a viver tempos difíceis (é preciso não escamotear os salários em atraso) não nos pode fazer esquecer estes crassos erros técnico-tácticos. E não é só Cardozo, é também Ruben Amorim, cuja colocação na faixa direita ao longo da época foi mais um lamentável tiro no pé.

Basta ver o rendimento do jogador hoje no Bonfim, a jogar no meio do terreno. A 5 jornadas do fim, o 2º lugar é bem possível. É preciso lutar com "ganas" pelo lugar na Champions. Com 4 pontos de atraso, tudo ainda está em aberto. Desde que os árbitros não se comovam com o choradinho constante de Paulo Bento. Foto: Hugo Correia (Reuters)

Ficha do jogo

Vitória de Setúbal - 0; Benfica - 4

Estádio do Bonfim (Setúbal)

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

Benfica: Quim; Maxi, Sidnei, Miguel Vítor e David Luiz; Ruben Amorim, Carlos Martins, Reyes e Aimar; Nuno Gomes e Cardozo.

Golos: Cardozo (2), Nuno Gomes (2)


quinta-feira, 16 de abril de 2009

Adeus, até ao meu regresso

Uma bomba do CR 7 pôs o fc porto fora da Liga dos Campeões. Nada de extraordinário, nem de inesperado. Depois de uma semana a deitar foguetes antes da festa, os portistas acabam a eliminatória a apanhar as canas.
Para a amargura ser total, o “vilão” da história foi o craque português consagrado o melhor jogador do Mundo, tão assobiado no Dragão. Os adeptos portistas desprezaram Ronaldo mas aplaudiram Andersson (outra boa exibição), numa demonstração de azedo patriotismo.
Patriotismo, mas serôdio, que não faltou a alguns comentadores da nossa praça. Criticar o treino à mesma hora dos jogadores do Manchester e do trio de arbitragem está ao nível da argumentação dos advogados portistas na explicação do gesto de Jesualdo (um manguito à portuguesa, em Madrid, dirigido ao árbitro) que lhe valeu a suspensão por um jogo e a ausência do banco ontem no Dragão – o gesto era dirigido aos jogadores portistas. RIDÍCULO.
O árbitro suíço do Dragão foi bem simpático para os azuis e brancos. Quatro entradas em falta, perto da área portista, sobre Ronaldo (2), Rooney e Berbatov, ficaram por assinalar. Mas, para os jogadores do Manchester, o brinde da primeira mão era já passado. Um q.b. à inglesa foi o suficiente.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Um discurso natural

Luís Filipe Vieira fez o que tinha a fazer. O que qualquer líder que se preze tem de fazer: unir. A seis jogos do final do campeonato, a 4 pontos do segundo lugar (em situação de igualdade com o Sporting, o Benfica é 2º), o tempo é de união e não de divisão; é de estabilidade e não de instabilidade; é de remar para o mesmo lado e não de cada um pedalar a sua bicicleta.
A conferência de imprensa do Presidente do Benfica ganha toda a naturalidade a esta luz. A questão põe-se para o “day after”, ou seja, para o final do campeonato. Se o clube conseguir alcançar o 2º lugar, alarga-se a margem de manobra de Quique Flores e de Rui Costa; se, pelo contrário, nem este objectivo for alcançado, a história será outra.
Só os que vivem obcecados com a bola que entra ou não na baliza podem estranhar o discurso de ontem do líder da Luz. Claro que todos queremos vitórias e ninguém as quer mais (até porque é ele que será julgado pelos sócios) do que Luís Filipe Vieira.
A questão que se põe não é, porém, essa. A questão é: pode o Benfica hipotecar um futuro consolidado à custa de uma efémera vitória? A resposta é: não, não pode. Se quisesse ser populista, como muitas vezes é acusado, Vieira tinha uma fórmula fácil, prometendo todas as vitórias e todos os amanhãs que cantam.
O pragmatismo de um homem que sabe que é mais fácil destruir que construir leva-o, às vezes, a incorrer em involuntários lapsos linguísticos, como o de dizer que “a Liga dos Campeões não conta para a estratégia futura”.
O que Vieira queria dizer era que o Benfica é hoje o único clube português que se pode dar ao luxo de não hipotecar os dedos e os anéis mesmo que fique fora da “Champions”. Agora, claro que a Liga dos Campeões conta e muito.
Foi por ela, mas também pelo título, que Vieira não desdenhou fazer um investimento grande na equipa de futebol. É por ela, mas também pelo título, que os adeptos suspiram. É por ela que a esperança no 2º lugar esta época não morre.
Até final de Maio, o discurso tem de ser este. Aos que o acusam de se “esconder” atrás de Rui Costa, Vieira reage dando a cara e respondendo a tudo. O problema é saber se vamos ter um Maio florido… ou não!

domingo, 12 de abril de 2009

De malas feitas

Benfica - 0; Académica - 1 (24ª Jornada). Há pouco mais de um ano, a 10 de Março de 2008, José António Camacho demitia-se do comando técnico do Benfica, após uma segunda passagem pelo clube sem honra nem glória. A equipa, com a qual tinha ganho a Taça de Portugal, em 2004, ao FC Porto de Mourinho, que havia de se tornar poucas semanas depois campeão europeu, estava, nas suas palavras “desmotivada” e ele, Camacho, dizia-se, “incapaz de inverter a situação”.

O anúncio deu-se depois de um empate a dois golos, na Luz, contra a União de Leiria, equipa praticamente despromovida, e o Benfica caminhava no 2º lugar, tendo acabado em 4º. Faria bem Quique Flores atentar neste exemplo de Camacho.

O actual treinador espanhol do Benfica tem muitos pontos em comum com o actual treinador do Ossasuna: para além da mesma nacionalidade, foram ambos defesas do mesmo clube, o Real Madrid.

Terá Quique a mesma frontal coragem de Camacho? Terá Quique a mesma consciência de impotência perante um naufrágio a que todos os benfiquistas assistem atónitos? Terá Quique o mesmo desprendimento, direi mais, o mesmo amor ao Benfica que Camacho, que se despediu sem nada querer em troca?

Os próximos dias o dirão, mas é bom não esquecer o que disse Quique há dias: “tenho a minha independência, não se preocupem com a minha vida” – se não foi assim, foi perto. Desde quando é que Quique interiorizou que a porta de saída estava aberta de par em par?

O treinador espanho, tem feito de tudo para ser corrido por indecente e má figura. As últimas conferências de imprensa são um desafio e um desaforo. Os jogadores já perceberam o filme todo e a desmotivação é clara.

A derrota de ontem é apenas mais um episódio lamentável numa relação onde já não existe qualquer tipo de empatia. Após a deplorável exibição na Amadora, Quique deu folga no dia seguinte (segunda), e na terça o treino começou às 17 horas. É este o nível de exigência na Luz.

Muito há para dizer e descobrir sobre os treinos de Quique. Quem pode revelar o que se passa depois dos 15 minutos dedicados à comunicação social são Diamantino e Fernando Chalana, escorraçados no princípio da época, mas a quem Quique teve de recorrer para limpar um pouco a imagem junto dos sócios (as imagens televisivas que os apanharam a entrar juntos no primeiro treino pós-Amadora serviram para isso).

A questão é que Diamantino e Chalana só contam para a fotografia. Como os jogadores, não passam de elementos descartáveis, ao sabor das conveniências de mister Quique. Na Amadora, aposta-se em Yebda e Katsouranis; contra a Académica em Ruben Amorim e Carlos Martins; Sidnei não serve para a Amadora, serve para a Académica; Balboa passa de pré-dispensado a salvador de última hora (contra a Académica), mas Nuno Gomes já não serve para tentar virar o resultado. Um sem-número de opções equizofrénicas, de quem anda perdido e não sabe o que anda a fazer.

(E muito há ainda para dizer sobre a preparação física da equipa). Apesar de tudo, a hora é de serenidade. Serenidade para quem tem de decidir. A bem do Benfica e na defesa dos superiores interesses do Benfica, Quique devia fazer como Camacho. Se tal não acontecer, o melhor mesmo é levar uma guia de marcha.

Post-Scriptum: Os meus amigos benfiquistas não estranhem não falar das inúmeras oportunidades de golo desperdiçadas pelo Benfica, nem por não falar da arbitragem miserável e lamentável do árbitro, que não só anulou por fora-de-jogo inexistente um possível golo de Aimar no início do jogo, como anulou um golo válido ao mesmo Aimar e perdoou um grande penalidade à Académica por falta sobre David Luiz. A questão é que já devíamos estar preparados para isso, depois da campanha feita pelo penálti na Taça da Liga e pelos penáltis contra o Estrela da Amadora. Para contrariar esta campanha tinhamos de ser mais competentes contra a Aacdémica e não fomos.

Ficha de jogo
Benfica - 0; Académica - 1
Árbitro: Marco Ferreira (AF Funchal)
Estádio da Luz
Benfica: Quim; Maxi, Sidnei, Miguel Vítor e David Luiz; Ruben Amorim, Carlos Martins, Pablo Aimar e Reyes; Nuno Gomes e Cardozo.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Quique como Trap

Os recados não deixam dúvidas: Quique tem os dias contados. A 7 jogos do final do campeonato, é aterrador verificar que o Benfica não tem um esquema de jogo definido. Na Amadora, com dois homens na frente – caso raro ao longo da temporada – o treinador espanhol monta uma equipa sem extremos, que pudessem alargar o jogo, sujeitar os jogadores do Estrela a mais esforço físico e, principalmente, permitir que um jogo mais flanqueado e com mais cruzamentos retirasse toda a eficácia da utilização de Cardozo e Nuno Gomes.

Contudo, Quique optou por um meio-campo atípico: Yebda, Katsouranis, Ruben Amorim e Pablo Aimar. Três médios com vocação mais defensiva, ou mais táctica. Das duas uma, ou Quique está a inventar ou nem sabe contra quem vai jogar.

O que é feito de Chalana e de Diamantino? Quais as funções e tarefas que lhes são entregues? Estas duas glórias que dizem à boca pequena nos corredores da Luz que estão fartas de ver os erros e os impedem de dar um simples conselho, uma simples opinião. O que se passa na Luz?

Mais que o lugar em que a equipa vai terminar – e Deus nos livre que não seja, pelo menos, o 2º - é preciso uma revolução interna. O Benfica deve ser dos benfiquistas e não de arrivistas sem eira nem beira.

Quique, mesmo que chegue ao título (vamos acreditar no milagres! Eu ainda acredito nesse milagre!), tem poucas condições internas para continuar. Desbaratou o apoio importante de homens como Diamantino e Chalana e, estou certo, esse foi o erro histórico de que nunca recuperou.

Trapattoni foi-se embora, depois de ser campeão. Espero que o mesmo suceda com Quique – que deixe cá o título e rume a outras paragens!

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Descubra as diferenças

O que se passou ontem em Old Trafford tem apenas um nome: profissionalismo. É isso que distingue o FC Porto do Benfica. No primeiro, jogadores, equipa técnica e dirigentes vivem 24 horas para o clube. No Benfica (e no Sporting, também), servem-se do clube, não servem o clube.

No FC Porto, os protagonistas são os jogadores. No Benfica, são meros funcionários. No FC Porto, os jogadores são pagos a peso de ouro, a tempo e horas, e portanto exige-se-lhes uma completa disponibilidade para o trabalho, 100% de empenho, total concentração no essencial – os jogos.

No Benfica, os jogadores são pagos a peso de ouro, a tempo e horas, mas o nível de exigência é muito diminuto. Passam a vida em apresentações de produtos, em visitas a escolas – de noite e de dia.

O Benfica tem jogadores e plantel para fazer o que o FC Porto fez ontem Manchester. O problema é que os jogadores do FC Porto “quiseram” ser heróis de Manchester, os jogadores do Benfica não se sabe o que querem. A isso chama-se falta de liderança.

Quique não é um líder. É um jovem turco que tem um discurso atractivo mas pouco conteúdo. No FC Porto há um plano e uma estratégia. C. Rodriguez, tanto criticado no início da época, é um jogador completamente integrado e a mostrar todo o seu talento. E é também um homem diferente, como o comprova o corte de cabelo – são ingénuos os que pensarem que isso é um pormenor irrelevante.

Mariano, apesar de ser diariamente crucificado na imprensa, não foi deixado sozinho, foi acompanhado, apoiado e estimulado – veja-se o resultado. No Benfica, os jogadores mal sabem os nomes uns dos outros – apenas estão disponíveis para o clube (quando estão) as duas horas de treino (quando são duas horas).

Chama-se a isto espírito de grupo e solidariedade de grupo. No FC Porto existe, no Benfica, nem em sonhos.

Será que isto tem de ser assim? Será que o Benfica tem de ser assim? Será que não há volta a dar a esta cultura de clube? Por mim, não me conformo. Como me dizia ontem um grande benfiquista, bem situado na superestrutura do clube, “o que mais custa é ir ao café e ao restaurante ser gozado e ouvir piadas”.

Não me conformo de não ter visto ontem o Benfica em Old Trafford. Quero ver as nossas camisolas em Anfield Road e em Camp Nou, no Santiago Bernabéu e em S. Siro, em Stamford Bridge e no Olímpico de Munique. A jogar para ganhar. É essa a nossa história e o nosso destino.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

domingo, 5 de abril de 2009

Já basta!

Começa a ser difícil perceber o que se passa no seio da equipa de futebol do Benfica. Hoje à noite, contra uma equipa do Estrela da Amadora que não treina há vários dias, a exibição do Benfica foi paupérrima, horrível, inqualificável.

Os adeptos não merecem tanta falta de atitude, tanta negligência, tanta apatia. No final do jogo, pergunto: quem era a equipa que passou a semana sem treinar? O Estrela não foi, com certeza.

E o que mais incomoda é saber que os jogadores do Estrela não recebem ordenado há meses, enquanto os do Benfica são pagos a peso de ouro e a tempo e horas. O treinador Quique Flores tem de explicar o que se passa. O porquê desta falta de atitude, desta falta de profissionalismo. Apetece gritar: comprem toda a equipa do Estrela da Amadora!!!

Camacho foi-se embora porque, com a franqueza que se lhe reconhece, disse ser incapaz de alterar aquele estado de coisas. Quique também parece incapaz, mas apenas diz que é incapaz de exigir mais a quem deu tudo. Como?

Face a uma exibição tão medonha, nem parece bem falar de questões tácticas. Que as houve e todas erradas. A começar pela mudança do guarda-redes. Quique parece apostado em destruir a confiança de todos os guarda-redes do Benfica.

Depois de ter retirado da baliza Quim, agora foi a vez de Moreira pagar a imprevisibilidade do treinador espanhol. Por outro lado, se havia dúvidas de que Cardozo tem de jogar sempre acompanhado na frente de ataque, elas estão dissipadas (apesar, como disse, do jogo péssimo).

A 7 jogos do fim do campeonato, o futuro não parece nada risonho. Cada jogo vai ser um “Deus nos acuda”, para tentar chegar ao 2º lugar, que pode dar entrada na Liga dos Campeões.

Mas esse pequeno prémio de consolação, se for alcançado, não pode servir de paliativo para não mudar o que está mal. E está muita coisa mal no futebol profissional do Benfica. O tempo ainda é de reflectir, mas as decisões importantes não podem demorar muito mais. foto em http://www.slbenfica.pt/

Ficha do jogo

Estrela da Amadora – 1; Benfica – 2

Estádio da Reboleira

Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

Benfica: Quim; Maxi, David Luiz, Miguel Vítor e Jorge Ribeiro; Yebda, Katsouranis, Ruben Amorim e Pablo Aimar; Nuno Gomes e Cardozo.

Golos: Cardozo (2)

sábado, 4 de abril de 2009

Nomes & números

A Liga entra na recta final. Hoje à noite o FC Porto disputa, em Guimarães, talvez, o seu jogo mais complicado até final do campeonato. Uma vitória portista, que não se deseja nem se prevê, pode, pois, por um ponto final nas contas do título.

Se tudo ainda está em aberto, isso não é impeditivo de se começar a fazer certos balanços. Um que se pode começar já a fazer é o do rendimento das mais sonantes aquisições dos 2 grandes: Benfica e FC Porto.

Seleccionei, por isso, no Benfica, Pablo Aimar, José António Reyes e David Suazo – três homens para a frente; no FC Porto, Hulk e Rodriguez, jogadores de ataque, e Fernando, um médio defensivo.

Centrando-me apenas no desempenho destes jogadores, de quem muito esperavam, adeptos e clubes, na Liga principal, o resultado é sintomático.

No Benfica, com Suazo perdido até final da época em virtude de operação ao menisco, os números apresentados do hondurenho são definitivos. Assim, o avançado emprestado pelo Inter de Milão realizou apenas 12 jogos, 11 dos quais como titular e 1 como suplente. Marcou 4 golos, tendo estado em campo 908 minutos.

José António Reyes, um credenciado extremo espanhol, vindo do Real Madrid, com apetência para marcar, fez até agora 19 jogos (em 22, sendo que está em dúvida para amanhã, na Amadora), 15 como titular e 4 como suplente. Marcou 3 golos e jogou 1291 minutos.

Por fim, Pablo Aimar, o herdeiro da camisola 10 de Rui Costa, esteve em 16 jogos, 14 como titular e 2 como suplente. Marcou apenas 1 golos e jogou 1199 minutos.

Vamos ao FC Porto. Fernando, um brasileiro desconhecido, médio defensivo, fez 19 jogos, todos como titular. Zero golos marcados e 1652 minutos jogados.

Christian Rodriguez, o ex-benfiquista, fez 21 jogos (em 22), 19 dos quais a titular e 2 a suplente. Marcou 6 golos e jogou 1608 minutos.

Por fim, Hulk, o brasileiro contratado ao Verdy Kawasaky, do Japão, a estrela da companhia, fez 20 jogos, 14 como titular e 6 como suplente. Marcou 8 golos e jogou 1385 minutos.

Resumindo: as contratações mais sonantes do Benfica realizaram, até ao momento, um total de 47 jogos, marcaram 8 golos e jogaram 3.398 minutos.

As contratações mais sonantes do FC Porto tiveram o seguinte desempenho: 60 jogos, 14 golos marcados e 4.645 minutos jogados – e ainda têm nas pernas mais 24 jogos e 1.776 minutos de Liga dos Campeões.

Cabe a todos os benfiquistas reflectirem nestes números. Se isto não explica tudo, explica muita coisa.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

O regresso de Fábio Coentrão

Em 2007 o Benfica contrata Fábio Coentrão, considerado a maior estrela da Liga de Honra, representando na altura o Rio Ave.
A operação, com a marca de Luís Filipe Vieira, foi um duro golpe para o Sporting, que tinha por adquirida a sua vinda para Alvalade, e para o FC Porto, que o seguia há muito, mas também clubes estrangeiros como o Manchester United, o Real Madrid e o Chelsea mostraram interesse no jogador.
Era o Benfica a regressar aos bons velhos tempos da liderança do mercado nacional. Coentrão, a quem apelidavam o “Figo das Caxinas”, de onde era natural, tinha feito uma época espectacular, cujo mediatismo cresceu com o golo que eliminou o Sporting da Taça de Portugal, em Alvalade.
A revista “World Soccer Magazine”, classificou-o como um dos talentos de 2007 e comparou-o a Arjen Robben, o internacional holandês, a jogar no Real Madrid.
Na Luz,em 2008, Coentrão apenas fez 3 jogos e não marcou nenhum golo. Recentemente afirmou publicamente que “em Lisboa a fama subiu-lhe à cabeça”, para justificar o insucesso. Antes de ser emprestado ao Nacional da Madeira, onde fez 16 jogos e 4 golos, esteve com o pé no Feyenoord de Roterdão.
Contudo, acabou no Real Saragoça, que tinha caído na Segunda Divisão espanhola. A experiência revelou-se um desastre – 1 jogo e nenhum golo.
A época que está prestes a terminar foi uma espécie de regresso à casa de partida. O Benfica resolveu emprestá-lo ao Rio Ave, e Coentrão voltou a ser feliz – nas últimas jornadas, marcou um monumental golo ao FC Porto, no Dragão.
No final deste jogo, Coentrão mostrou ser um homem de corpo inteiro e fez aquilo que poucos têm coragem de fazer – na flash interview afirmou que o FC Porto ganhou com ajudas da arbitragem, e foi mimoseado com insultos.
Na Selecção de sub – 21, acaba de ser considerado o melhor jogador do torneio internacional da Madeira, tendo marcado o golo da final, que deu o título a Portugal.
No final da época, Fábio Coentrão volta à Luz. Espero que agora lhe sejam dadas as oportunidades que lhe foram negadas. Mais experiente, mais maduro, melhor acompanhado, Coentrão pode ser o novo Chalana da próxima década. E a “jóia da coroa” do novo Benfica.
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