domingo, 29 de agosto de 2010

Buscar a vida ao fundo do poço

Há quem não acredite em “brujas”, pero que las hay las hay. Roberto faz questão de continuar na crista da onda da actualidade do Benfica e nas bocas dos adeptos. Desta vez pelos melhores motivos.

Dizem os crentes que as coisas que não se explicam são obra do divinoi, de algo sobrenatural, que nos transcende, que não exige explicação racional, mas apenas fe´. Foi essa fe´ que guiou as mãos de Roberto para a bola batida por Hugo Leal, do V. Setubal, no jogo de ontem na Luz, o 3º no campeonato.

O jogo tinha começado bem. Com um Benfica rápido e a marcar cedo, num centro brilhante de Gaitan e numa cabeçada sensacional de Cardozo. Mas a malapata parecia regressar. Quase sobre a meia-hora, desentendimento entre Maxi e Julio Cesar – penalty contra o Benfica e expulsão do guarda-redes brasileiro.

O céu desabava sobre a Luz, sobre Jesus, sobre o Benfica e sobre os benfiquistas. No banco de suplentes, Roberto levantou-se, calçou as luvas, deu um abraço forte a Julio Cesar, dirigiu-se para a baliza sem aquecer e defendeu o penalty.

E ainda dizem que Deus e´ brasileiro?

Jesus ficou louco de alegria. As bancadas da Luz em ebulição. E tudo pode ter tornado ao principio. Um simples momento pode mudar o destino de um campeonato. Mudou este.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O "efeito" Mantorras



Jorge Jesus chegou `a Luz pela mão de Luis Filipe Vieira. Uma decisão acertada. Depois do “flop” Quique Flores; depois de Koeman, mais preocupado com a sua imagem, depois de Trapattoni, o treinador do futebol cinzento, apesar de campeão, o Benfica tinha de regressar `as origens, ou seja, a recomeçar tudo de novo para dominar o futebol português.

Nem Quique, nem Koeman, nem Trapattoni, nem mesmo Camacho ou Fernando Santos (já campeão no fc porto) estavam para ai virados. Jorge Jesus, sim. Era a hipótese de uma vida para quem tudo tinha dado ao futebol e a quem o futebol pouco ou nada tinha dado.

Jesus passou ao lado de uma grande carreira de jogador. E estava a passar ao lado de uma grande carreira de treinador. O Benfica era o sonho “impossível”. Vieira, vizinho e amigo, deu-lhe a oportunidade.

Apesar da pouca preparação académica, Jesus tem uma tarimba como poucos. Ao chegar `a Luz, sabia que naquela complexa estrutura, mais a mais tendo de lidar com Rui Costa, um homem com mais mundo e outro perfil, tinha de marcar rápido o seu terreno.

O alvo foi Mantorras. Treinadores a fio, dos mais carismáticos, aos mais experientes, foram incapazes de tocar em Mantorras. Jesus não hesitou, apenas para mostrar quem mandava no futebol.

O “efeito” Mantorras, pouco explorado mediaticamente dada a época vitoriosa, ainda esta´ por apurar. Quanto a Jesus, esta medida passou a mensagem de que o treinador não aceitava situações dúbias, num mundo altamente competitivo e profissional. E passou a mensagem ao grupo que Jesus era um líder e um homem corajoso.

Não sei se Jesus conversou o “caso” Mantorras com o Presidente. O que sei e´ que se Jorge Jesus tomou uma decisão onde outros a evitaram, devia ter explicado publicamente o afastamento de Mantorras.

Assim como a não integração do goleador angolano no ultimo jogo de consagração.

Ainda hoje esta situação esta´ por definir e não ajuda nada a estabilidade do balneário.

Mantorras e´ um símbolo. E assim deve ser tratado.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

11 pecados capitais

Depois de largos dias longe de Portugal, dos engenheiros relativos, dos economistas de pacotilha e dos pobres de espírito, regresso ainda com o panorama desportivo absorvido pelo “caso” Roberto.

Durante estes muitos milhares de quilómetros de distancia, minto se dissesse que não tive o feed-back dos estilhaços das bombas que iam rebentando no Estadio da Luz, `a custa dos deslizes do portero espanhol.

Entre sms e reacções mais ou menos inteligíveis, fui-me apercebendo do que se passava. A distancia encerra muitas vantagens. Uma, longe de um pais de opereta e de mentes mais ou menos provincianas e saloias, daquelas que quase nunca passaram para alem de Badajoz, pode melhor reflectir-se sobre a nossa pequenez.

De repente, cai-me nas mãos o artigo de ontem de Fernando Guerra, na BOLA. Li e não quis acreditar. Fernando Guerra, jornalista serio, credível, competente e rigoroso, não poupa nas palavras. Porque?

Aproveito os seus 5 pecados capitais, que aponta a Jesus, para escrever sobre os pecados capitais (bem mais de 5) deste inicio de época menos feliz do Benfica.

1 – A infeliz entrevista de Jesus na RTPN, onde “despede” Quim. Foram vários erros numa declaração. O primeiro e mais grave: uma decisão deste tipo tem de ser primeiramente transmitida ao Presidente. O segundo: o jogador devia ser informado pessoalmente. Terceiro: ao agir assim, Jesus perdeu algum respeito no balneário;

2 – Jesus demonstrou uma soberba exagerada, apos o titulo. Ocupou todo o palco mediático, relegando para segundo plano, Luis Filipe Vieira, o maior obreiro do titulo, Rui Costa e os jogadores;

3 – Vieira deu tudo a Jesus. Deu-lhe a hipótese de ser campeão, algo com que o técnico, já com 55 anos e muitos de futebol, talvez já não sonhasse (Cajuda, por exemplo, nunca teve essa hipótese). Na hora da vitoria, Jesus olhou demasiado para o umbigo;

4 – Vieira percebeu esse andar nas nuvens e lançou um aviso `a navegação: verdadeiros campeões não ganham so uma vez, disse no Brasil. Destinatarios: Jesus, não os jogadores;

5 – As saídas de Di Maria e de Ramires foram excelentes negócios para o Benfica. O primeiro teve um fraco Mundial, o segundo deitou tudo a perder com a expulsão frente ao Chile e o castigo frente `a Holanda. Mesmo assim, o encaixe foi fabuloso. Mas a dinâmica no mercado podia ter sido mais eficaz. Culpado(s)? Jesus, em primeiro plano, Rui Costa, em segundo plano;

6 – Gosto de Jesus, aprecio o treinador, respeito e admiro o homem que sublu a pulso no mundo complicado do futebol ate ao estrelato, sem ajudas e sem padrinhos. Mas o deslumbramento e´ fácil e Jesus caiu nele. Ainda esta´ a tempo de arrepiar caminho;

7 – A chegada a conta gotas dos mundialistas foi mal gerida. Cardozo não pode chegar e entrar de caras, passando um atestado de incompetência a Jara, Weldon, Nuno Gomes, Kardec (embora este estivesse lesionado); Luisao, como capitão, devia ser mais contido nas palavras de reivindicar melhor salário; Carlos Martins não pode ser utilizado como titular em quase toda a pré-epoca e depois relegado para o banco nos jogos oficiais;

8 – A par disto, e não há como escamotea-lo, as arbitragens tem sido gravosas. Se Jesus não lhe quer apontar o dedo (sabe-se la porque), então que alguém o faça, em nome da verdade e dos superiores interesses do Benfica;

9 – Luis Filipe Vieira merece ser bicampeão, tricampeão, tetra e penta. Não pode e´ estar em todo o lado e percebe-se que quando não esta´ a coisa corre mal;

10 – Jesus precisa de voltar a ser o Jesus da época passada. Muito interventivo junto `a linha, sempre activo. Ou sera´ que lhe serve ganhar uma vez?

11 – Como se verifica, Roberto e´ so´ a ponta do iceberg.

(Peço desculpa aos meus leitores, mas o computador, se calhar por falta de uso, resolveu não acentuar algumas palavras, algo ja visivel em textos anteriores. A correcção segue dentro de momentos).

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Percalço inocuo

Ok. Desilusao. Mas nada de dramatismos, nem de angustias. Trataou-se apenas de mais um jogo de pre-epoca transformado em trofeu oficial. Alias, um trofeu menor. Um ensaio que nao foi mais que uma etapa no planeamento e gestao de uma epoca que visa o bi-campeonato e um grande percurso na Liga dos Campeoes.
Uma derrota, enfim, que ate vem em boa altura. Para observar lacunas e reflectir na melhor maneira de as ultrapassar. O regresso recente dos mundialistas, a resoluçao que tarda do "caso" Roberto, as substituiçoes ainda por fazer de Di Maria e Ramires, sao os itens a solucionar ate ao fim de agosto.
A derrota na Supertaça nao passa de um graozinho de areia na engrenagem. Uma engrenagem ja oleada mas que convem ir mantendo com o dinamismo e a motivaçao do ano anterior. O sistema de jogo esta ainda por consolidar e Jesus tem testado o 4-3-3 da epoca passada e o 4-4-2, com Jara.
Airton em vez de Javi tambem foi equacionado, mas face ao colapso do brasileiro em Aveiro, o espanhol deve retomar o seu lugar contra a Academica.
Por isso, para o primeiro jogo do campeonato nao ha que enganar: Roberto; Maxi, Luisao, David Luiz e Coentrao; Javi, Martins, Aimar e Jara; Saviola e Cardozo. Depois, novos reforços serao equcionados.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Duas entrevistas, a mesma perspectiva




Duas entrevistas marcaram os últimos dias do panorama mediático português. Não, não estou a referir-me à que o PGR, Pinto Monteiro, deu ao DN, mas às entrevistas dadas por Luís Filipe Vieira à Benfica TV e por José Mourinho, ao Record.
O que é que elas têm em comum? A convicção de ambos de que o Benfica tem tudo para retornar ao topo do futebol europeu. Podem dizer-me que tal constatação, nas palavras do Presidente do Benfica, é natural. Errado. Luís Filipe Vieira é e sempre foi um homem pragmático, objectivo, rigoroso.
Nunca embandeirou em arco, nunca foi adepto das grandes proclamações, nunca privilegiou a demagogia e a venda de ilusões vãs. Por isso, quando diz que este ano os objectivos são os mais elevados de sempre, é preciso perceber que o líder da Luz está a dizer que tudo fará para apetrechar a equipa e dar a Jorge Jesus o melhor.
Na verdade, José Mourinho vem, talvez involuntariamente, dar razão a Luís Filipe Vieira. Quando o agora treinador do Real Madrid diz que o Benfica vai lutar pela Champions e tem tudo para ser, de novo, campeão, é a constatação do trabalho, do reforço do plantel, do esforço para manter as pedras mais valiosas, que ele, Mourinho, vê ser realizado ao mais alto nível na Luz.
Vieira e Mourinho afinam, assim, pelo mesmo diapasão: o Benfica está a construir uma grande equipa. E, se calhar, na cabeça dos dois, vai um sonho capaz de ser realizável: uma final da Champions entre Benfica e Real Madrid.
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