terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Tudo está bem, quando acaba bem

No meu último post, prometi escrever sobre os "casos" Rúben Amorim e Enzo Pérez. Entretanto, os dias foram passando e a situação destes dois jogadores foi evoluindo. Tenho agora disponibilidade para falar destes "casos", numa altura em que, se calha, já não há "casos": R. Amorim foi emprestado ao Braga e Enzo Pérez foi reintegrado no plantel, depois de uns dias "retido" na Argentina.
Porém, julgo que ainda é tempo para se fazer a análise destas duas situações. A primeira conclusão que retiro é que o Benfica geriu genialmente as duas situações. No caso de Amorim, o empréstimo a uma das melhores equipas da Liga, que luta pelo acesso à Liga dos Campeões, não só valoriza o jogador, que assim tem fortes hipóteses de lutar por um lugar na lista dos seleccionados por Paulo Bento para o Euro 2012, como beneficia o Benfica, que assim vê um activo ser valorizado interna e externamente.
Quando tudo fazia prevê que Amorim seria uma dor de cabeça e um activo a ser desvalorizado, o Benfica encontrou uma solução em que todas as partes ganham - a contrastar com a política que, muitas vezes, o fc porto usava de colocar os jogadores numa espécie de castigo, com custos para todas as partes.
O "caso" Enzo Pérez é diferente. O jogador, provavelmente, mal aconselhado, tentou um braço de ferro com o Benfica, mas o tiro saiu-lhe pela culatra. Sendo certo que ainda pouco mostrou, devido a uma grave lesão, Pérez é alguém em que Jorge Jesus muito aposta e podee ainda vir a ser muito útil.
A sua reintegração no plantel e o facto de ter, espera-se, aprendido a lição, deve fazer com que Enzo Pérez reflicta no que se passou e apenas se dedique a trabalhar para pode entrar no onze titular. Acresce que com a contratação de Yannick Djaló, Pérez tem mais um motivo para se atirar ao trabalho porque a concorrência aperta.
Uma última nota: os jogadores de futebol devem dar menos ouvidos a quem acha que deve falar por eles, sejam empresários, managers ou familiares. Menos "bocas" na comunicação social e mais profissionalismo precisa-se. Porque neste tabuleiro, são os jogadores quem acaba por ser os mais prejudicados.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O que é que o Cardozo tem?

Carmen Miranda foi, porventura, a mais ilustre personalidade da cultura luso-brasileira. Ficou célebre a canção intitulada “O que é que a baiana tem?”. Hoje, um dia depois do Benfica ter iniciado vitorioso a 2ª volta da Liga rumo ao título, apetece-me perguntar: “O que é que o Cardozo tem?”.

O paraguaio marcou ontem o seu 12º golo na Liga e solidificou mais o estatuto de máximo goleador do nosso campeonato, a caminho da sua 2ª bola de prata agora sem a sombra de Baba, ex-Marítimo.

Não fez um grande golo; não teve grande pormenores; fez um golo, o 1º do jogo, e ponto final. 90 minutos, 1 golo, e nada mais. É assim Cardozo. É pouco, é muito? Sendo o golo o objectivo primeiro de um jogo de futebol, é imenso.

Cardozo tem sido um mal-amado dos adeptos. Fazem mal. Como ele há poucos. Como ele teve o Benfica poucos. Está há 5 anos na Luz e é o máximo goleador estrangeiros de sempre. Se ficar até final da carreira, como já anunciou e como espero, pode tornar-se um caso sério nas estatísticas de golos marcados no Benfica.

Óscar “Tacuara” Cardozo já está na História do Benfica. Luís Filipe Vieira é que não se deixa incomodar com alguns (poucos) sinais negativos que vêm das bancadas em direcção a Cardozo. O Benfica é governado de dentro para fora, e não o contrário.

Por isso, o Presidente do Benfica fez bem em aumentar o vencimento a Cardozo, que já detém a maior cláusula de rescisão do plantel (60 milhões de euros). Uma Liga dos Campeões ao mais alto nível pode fazer aguçar o apetite de muitos tubarões, mas Vieira já blindou o Tacuara.

Um conselho aos benfiquistas: antes de assobiarem Cardozo pensem duas vezes. É que quando estiverem a levar os dedos à boca, a bola chutada pelo paraguaio já pode estar a beijar as redes.


Temas a tratar em breve:

1 – Os “casos” Enzo Pérez e Rúben Amorim;

2 – Os direitos televisivos.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Ser e não ser

Já aqui escrevi sobre os elementos que compõem os painéis televisivos de comentadores de futebol. Continuo a achar que os comentadores afectos ao Benfica são os mais independentes, mesmo aqueles que, legitimamente, pertencem aos órgãos sociais do clube e, por isso, estão mais "amarrados" a determinadas posições.
Sempre achei que o papel de Sílvio Cervan, antes, e de Rui Gomes da Silva, agora, são de gestão difícil e só à altura de quem tem uma grande tranquilidade de espírito e não deve nada a ninguém. Sou amigo de ambos e como benfiquista sinto-me muito confortável ao sabê-los como defensores do Benfica em vários fóruns mediáticos.
É que parece que é "crime" ser vice-presidente do Benfica e defendê-lo nos fóruns televisivos. Rui Gomes da Silva tem de fazer sempre prova da sua "independência" para emitir uma opinião? Pelo amor de Deus! Nada há mais transparente do que assumir um vínculo institucional e estar a defender o Benfica. Rui Gomes da Silva não é nenhuma voz do dono. Outros, pelo contrário, exibindo a sua alegada "independência" são mais portadores de "recados" e de directrizes traçadas pela cúpula clubística.
Vem isto a propósito de Júlio Machado Vaz, que substituiu António-Pedro Vasconcelos como elemento afecto ao Benfica no programa da RTPI "Trio d´Ataque". Confesso, desde já, a minha amizade e admiração por A-PV, que dignificava o Benfica e inteligentemente fazia a sua defesa.
Não conheço muito bem Júlio Machado Vaz, um portuense de grande envergadura cívica e intelectual. Gosto de o ver e ouvir naquele lugar, mas tenho de lhe fazer (ousadia minha!) duas observações: 1ª - evitar envergar roupa de cor azul com tanta evidência; 2ª - sem sair do seu estilo "blazé", que aprecio mas nas coisas da bola nem sempre é o mais eficaz, esgrimir combater com mais convicção alguns argumentos falsos e cínicos, principalmente, do portista Miguel Guedes.
Quando este, ontem, falou dos alegados contactos entre o Benfica e Djaniny e Rúben Brígido, dados à estampa antes do jogo com a União de Leiria, Júlio Machado Vaz (que esteve bem ao questionar das intenções de Miguel Guedes, mas sem dele obter resposta) devia ter estendido o rol de abordagens feitas pelo FC Porto a jogadores de outras equipas antes de as defrontar, exemplos de Helton (antes de uma final da Supertaça), Beto (guarda-redes do Leixões que acabou no FC Porto, depois de sofrer 4 golos esquisitos), Kléber (caso na justiça), já para não falar de outros aliciamentos, por todos bem conhecidos.
Por isso, meu caro Júlio Machado Vaz, não se sinta inibido de dar a sua "porrada". Essa malta tem muitos anos disso e não lhe agradecerá nunca a sua bonomia e sensatez.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

O discurso de Estado, de café e de circunstância

Nos dois primeiros dias do ano, os presidentes dos 3 principais clubes portugueses deram entrevistas de fundo aos jornais. A minha primeira observação vai para os veículos comunicacionais escolhidos e utilizados. Luís Filipe Vieira falou ao jornal “A Bola”; Pinto da Costa ao “Jornal de Notícias”; Godinho Lopes ao “Expresso” e ao “O Jogo”.

Conclusão: Vieira e Pinto da Costa, do alto da sua vasta experiência, utilizaram os melhores meios para chegarem ao seu público-alvo e, por isso, os menos hostis; Godinho Lopes escolheu quem estava disponível, num sinal de que o Sporting, há anos em derrapagem de influência, já não tem referências na comunicação social e, portanto, faz navegação à vista.

Se o embrulho é interessante, mais interessante foi ler o conteúdo das entrevistas. Elas definem um perfil de liderança, uma maneira de estar na vida, no mundo e no desporto, um sentido de responsabilidade, de estratégia e de visão do futuro.

Neste campo, Luís Filipe Vieira deu cartas e transformou a entrevista a “A Bola” na mais profunda, na mais pertinente e naquela com mais motivos de análise e de reflexão. Vieira não falou na espuma dos dias, mas traçou as grandes linhas do futuro do Benfica e levantou a ponta do véu sobre o que o futebol português vai ter de se confrontar.
Mostrou-se um líder preparado, conhecedor dos dossiês, com ideias precisas e consistentes sobre o que quer para o Benfica do futuro e de que maneira vai ter de acautelar os interesses do clube face à crise que está bem presente no quotidiano de todos.

Falou para fora, para todos os que têm responsabilidades mas também para o adepto comum. Deixou avisos, conselhos, sinais, mas também deixou esperança nos benfiquistas. Foi um discurso de Estado.

Pinto da Costa optou por uma via diferente. Falou para dentro, falou de coisas miudinhas e brejeiras, respondeu com ironia a perguntas pertinentes, recusando sempre ir ao fundo das questões. Ficou-se pela rama das coisas, pelo acessório e pelo trivial. Se dúvidas houvessem porque é que o FC Porto não passa de clube regional, quando tinha tudo para ser hoje um clube nacional, elas ficavam dissipadas com estes discurso de Pinto da Costa, e foi sempre isso que acantonou o FC Porto. Foi um discurso de café.

Godinho Lopes optou por pôr o Sporting à venda. Da sua entrevista fica a ideia de um homem que está ali a servir de interposto comercial. Quando Vieira diz que o Benfica é dos sócios, Godinho Lopes diz que o Sporting é de quem der mais. Foi um discurso de circunstância. E isso faz toda a diferença.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Para desestabilizar é preciso mais imaginação

Os dias de ausência de textos neste blogue permitiram-me nos intervalos das festas (aproveito para desejar a todos os benfiquistas e desportistas um Bom Ano de 2012) reflectir sobre alguns dos casos da actualidade do Benfica. Dois à frente dos demais: as eleições de 2012 e os "casos" Ruben Amorim e Enzo Pérez.
O primeiro tema entrou na agenda mediática com meses de antecedência por causa de supostas hesitações de Luís Filipe Vieira em avançar para uma recandidatura. Dizem fontes não identificadas que Vieira estaria a ser pressionado pela família para não se recandidatar. Uma notícia posterior diz, no entanto, que Vieira vai avançar mesmo contra a opinião familiar.
O segundo tema mereceu ampla cobertura porque supostamente identificava dois casos de indisciplina no seio do plantel do Benfica. Ruben Amorim teria desrespeitado uma ordem do treinador após o jogo com o Rio Ave e Enzo Pérez teria ficado na Argentina recusando-se a regressar à Luz.
Ora bem, vamos analisar estes dois casos, sendo que os dois estão mais ligados do que se julga. 1º - Luís Filipe Vieira sabe muito bem como gerir o "timing" e a agenda eleitoral do próximo ano. As notícias vindas a lume têm como única intenção fazer com que Vieira antecipe uma tomada de posição que a acontecer só podia beneficiar os seus hipotéticos adversários porque, assim, teriam mais tempo para montar uma estratégia.
Ao adiar a sua decisão, Luís Filipe Vieira está a encurtar a margem de manobra de outros potenciais candidatos, que, assim, apenas poderão adivinhar o que vai na cabeça no líder benfiquista. Por outro lado, estas notícias têm também como intenção tentar destabilizar o Benfica, numa altura em que a equipa de futebol está bem e recomenda-se e vai entrar num período decisivo da época.
Os "casos" Amorim e Pérez têm também a intenção de desestabilizar a equipa, pelo que a estratégia de resolver tudo internamente é a mais adequada. Amorim é um jogador com qualidades mas não é um super-craque. É natural que queira jogar mais tendo em atenção o Euro 2012. A decisão do Presidente do Benfica vai acutelar os interesses do clube, sem descurar as legítimas aspirações do jogador. Tudo vai ser resolvido a bem, assim como a situação de Enzo Pérez, que se pode tornar na grande revelação da segunda volta do campeonato.
Portanto, àqueles que tentam desestabilizar o Benfica com notícias mal intencionadas, podem tirar o cavalinho da chuva, como sói dizer-se. Vai ser precisa mais imaginação para nos travarem...
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