segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Pirómanos, calimeros e pré-históricos

Com o “fogo” apagado, é tempo de reflectir sobre duas ou três coisinhas a mais sobre o derby. A primeira tem a ver com o comportamento recorrente dos jogadores do Sporting: desde o início do campeonato que qualquer decisão punitiva ao Sporting, justa ou injustamente, é recebida com um grande indignação dentro e fora das 4 linhas.

Os jogadores verdes amontoam-se à volta do árbitro a reclamar qualquer decisão por mais inócua que seja. Parece-me que tal atitude, alimentada pela reacção dos adeptos leoninos na bancada, é treinada no seio do balneário. O Sporting faz assim jus ao epíteto de “calimero” do futebol português. Tenho dúvidas da eficácia de tal estratagema.

A segunda coisinha tem a ver com os dirigentes do Sporting. Quando as coisas não correm como eles querem, atropelam-se no final do jogo para dar voz à sua indignação junto da comunicação social: é vê-los, um a um, a reclamar os 15 segundos de fama.

No final do jogo da Luz: Carlos Freitas e Paulo Pereira Cristóvão e, por comunicado, Godinho Lopes. Em jornadas passadas foi possível ver-se e ouvir-se Luís Duque, que, curiosamente, agora remeteu-se ao silêncio e mostra-se desaparecido em combate. Ele lá saberá as razões… É tão ridículo este folclore que não sei se é cómico se é trágico… para o Sporting.

Terceira e última coisinha. O Sporting, mais uma vez, confirmou que não aprende com os erros. As suas cúpulas são de um amadorismo total. Começaram por criar o “caso” dos bilhetes; avançaram para o “caso” da caixa de segurança; terminaram com o “caso” das “condições pré-históricas”. Conclusão: pré-históricos são os dirigentes do Sporting; pré-históricos são os adeptos do Sporting. Uma lição para o futuro: os maus pirómanos ateiam o fogo mas são eles que ficam queimados.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O que não foi dito sobre o MU-Benfica


Já passaram quase 48 horas sobre o empate que o Benfica conseguiu em Manchester, contra o United, apurando-se assim para os oitavos de final da Liga dos Campeões. Teorias tácticas à parte, aliás já muito dissecadas nos jornais, por estes dias, vamos ao que, julgo, verdadeiramente interessa.
1. O que representa para o futuro imediato e o futuro a mais longo prazo do Benfica este resultado e esta exibição?
R: Representa, desde logo, o regresso às grandes noites europeias aliado a um resultado que o Benfica nunca tinha conseguido em Manchester, contra o United. Podem-me falar da última vitória em Anfield Road, contra o Liverpool; podem-me falar da vitória (mas na Luz) contra este mesmo Manchester (o famoso golo do Beto), mas este resultado e esta exibição, contra um Manchester que ao contrário do que quiseram fazer crer não está em crise (longe disso), que é o vice-campeão europeu, que está na luta pelo título contra um City que investiu centenas de milhões, e que precisava de ganhar o jogo para ser apurado, vale bem uma missa. Uma missa por um clube que há 10 anos estava falido e praticamente liquidado e que 10 anos depois pode voltar a sonhar com a glória europeia.
2. E agora, o que se segue?
R: O que se segue é o Sporting e depois o Galati para a Champions e com o primeiro lugar do grupo no horizonte (o que evitaria os tubarões). O que se pode e deve seguir é a garantia de uma época em grande, onde o objectivo tem de ser o triplete (Campeonato, Taça de Portugal e Taça da Liga); a Champions é um sonho bonito e, por isso, deixem-nos sonhar.
3. O comportamento dos adeptos em Old Trafford foi assim tão exuberante que fez o Presidente do Benfica vir a público agradecer-lhes?
R: Foi. Foi um comportamento único, para mais num estádio inglês, onde os adeptos não costumam deixar os seus créditos por vozes alheias. Os adeptos do Benfica em Manchester mostraram porque é que somos o maior clube do Mundo. E deu uma força negocial acrescida a Luís Filipe Vieira para defender a meta de 40 milhões de euros/ano em direitos televisivos.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Um "choque" anunciado


O diferendo que discretamente apareceu nos últimos dias entre o Benfica e a Olivedesportos, a propósito de uma recusa da Sport TV de Joaquim Oliveira em ceder o sinal à Benfica TV para transmitir em diferido o jogo Naval – Benfica, era um diferendo anunciado.
Mais tarde ou mais cedo, o choque entre Luís Filipe Vieira e Joaquim Oliveira tinha de se concretizar. Ele aí está e o futuro do futebol português poderá estar dependente deste braço de ferro. Finalmente Joaquim Oliveira encontrou um oponente à altura na pessoa de Luís Filipe Vieira. O Presidente do Benfica mostra, mais uma vez, que não é necessário conflitos épicos para levar a água ao seu moinho. Vale e Azevedo tinha tentado à sua maneira espectacular e vigarista, sem o conseguir porque sem a razão do seu lado.
Vieira, pelo contrário, alia o perfil de negociador implacável com o facto de saber que tem a razão do seu lado. O Presidente do Benfica sabe que a guerra dos direitos televisivos é, talvez, a mais importante para o Benfica voltar a ser hegemónico a nível nacional e poder bater-se de igual para igual com os grandes da Europa.
Joaquim Oliveira, por seu lado, goste-se ou não se goste, defende o seu império, mas sabe que o Benfica é a galinha dos ovos de ouro do negócio televisivo do futebol. Quarenta milhões de euros/ano são o objectivo de Vieira. Um objectivo justo que defende os interesses do Benfica.
Ao provocar, voluntária ou involuntariamente, este choque, Oliveira dá o braço a torcer e percebe que o Benfica está, pela primeira vez, a jogar uma parada alta, sem temer represálias nem alinhar em jogos de bastidores.
Podem Vieira e Oliveira estar condenados a entender-se, mas uma coisa é certa: o Benfica libertou-se, finalmente, do jugo da Olivedesportos e impõe as suas condições. Não vale a pena diabolizar a Olivedesportos, o que vale a pena é sublinhar que nestas negociações é o Benfica quem dá as cartas e está por cima. Talvez Joaquim Oliveira nunca pensasse ser isso possível, mas esse é um mérito de Luís Filipe Vieira.
De maneira discreta mas consequente e eficaz, o Benfica está a criar talvez um dos mais importantes projectos das últimas décadas. O novo estádio retirou-nos de um marasmo, quando não retrocesso, que ameaçava a nossa história – ou mesmo a nossa existência; o centro de estágio consolidou o nosso regresso à liderança, embora ainda intermitente, do futebol português; as novas estruturas desportivas vincaram o nosso eclectismo e o retorno às vitórias no basquetebol, andebol, voleibol, futsal e hóquei; o museu está quase aí para perpetuar a nossa gloriosa história e a nossa grandiosidade. O que falta, então?
Falta o “alimento” diário e sustentado de uma informação para mais de 6 milhões de adeptos, simpatizantes e sócios, espalhados pelo País, de norte a sul mais ilhas, e outros mais de 6 milhões espalhados pelos quatro cantos do Mundo.
A Benfica TV arrancou com esse projecto. Foi pioneira e é hoje uma referência e uma imagem de marca do SL Benfica. Mas, na cabeça de Luís Filipe Vieira está já projectada a Rádio Benfica e um futuro jornal diário do Benfica.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Onda de solidariedade ultrapassa fronteiras


O prestigiado jornal espanhol "Marca" tem vindo a dar amplo destaque na sua capa ao drama que vive o jogador do Benfica, emprestado ao Granada da 1ª divisão espanhola, e da Selecção, Carlos Martins. É uma onda de solidariedade que já ultrapassa fronteiras. Que a equipa do Benfica entre hoje em campo, na Figueira da Foz, contra a Naval, para a Taça, com uma t-shirt de apoio ao Carlos Martins. Força Carlos! Força Gustavo!

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Eduardo mãos de tesoura

Eduardo Barroso é um cirurgião reconhecido mundialmente. É, por isso, uma referência médica que deve orgulhar o País. Na sua profissão, Barroso atingiu o topo do Mundo. O problema é que o bom do Eduardo é fanático do Sporting e gosta de o mostrar. É o problema da vaidadezinha.

Mas só é problema porque Eduardo Barroso excede-se muitas vezes. Seja a falar no programa de debate sobre futebol na TVI24 – que o diga Fernando Seara -, como a escrever no jornal “A Bola”.

Isto é, Barroso é muito bom na sala de operações, mas é um desastre no palco comunicacional – do mal, o menos. Vem isto a propósito da última crónica do sportinguista publicada hoje na “A Bola”.

A fixação por atacar o Benfica tem destas coisas, Barroso fala do que não sabe. Dizer que o Benfica está a montar uma “jaula” para os adeptos do Sporting, isso, sim, é que é uma provocação.

O Benfica mais não faz do que aquilo que já é feito em muitos estádios europeus. O objectivo é dar mais segurança às pessoas que vão ao estádio e preservar o espectáculo. Ou Eduardo Barroso desconhece o que têm sido os comportamentos das claques – todas as claques?

E não será apelar mais à violência, instigando com estas palavras um comportamento menos correcto das claques do Sporting? Barroso é uma figura pública e devia ter mais cuidado com o que diz e com o que escreve. O fanatismo deve viver-se saudavelmente e não ser exposto em doses grotescas.

O problema de Barroso não acabou aqui. Na mesma crónica criticou Eusébio por o “Pantera Negra” ter afirmado ao “Expresso” que não gostava do Sporting por este ser, em Moçambique, o “clube das elites, da polícia e dos racistas”. Eusébio não pode expressar a sua opinião? E alguém duvida que em Portugal o Sporting é o clube das elites e do antigo regime?

Por último, Eduardo Barroso, que por ter mais que fazer cuida pouco do que escreve na “A Bola”, retomou uma asneira grosseira dita por Godinho Lopes: o Barcelona e o Sporting eram os únicos clubes com títulos europeus em 4 modalidades. Mentira!!!

Como bem escreve Bagão Félix também na “A Bola” de hoje, o Benfica também tem títulos europeus em 4 modalidades: futebol (taça dos campeões europeus); hóquei em patins (taça Cers); futsal (UEFA CUP) e atletismo (taça dos campeões europeus de estrada).

Aliás, Godinho Lopes está a especializar-se em disparates. O 1º foi o de que ia vestir a camisola listada ao Mantorras – viu-se!. O 2º foi agora com este erro estatístico.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Luís Martins – o lateral do futuro

É o mais recente rosto da formação encarnada. Aliás, é um produto raro: não é fácil um “sénior de primeiro ano”, que no ano passado disputava o Nacional de Juniores, conseguir actuar na Liga dos Campeões. E com bom rendimento. Falo de Luís Martins.
Não surpreende. Já aqui o disse: na equipa de sub-19 do S.L. Benfica 2010/2011, Luís Martins foi a referência. Via-se ali algo diferente dos outros, na atitude, no desempenho, no rendimento final. No entanto, o seu trajecto está ainda a começar.
Ganhou algum mediatismo com a participação no Mundial de sub-20, onde Portugal foi vice-campeão. Nunca tremeu. Nem mesmo contra a Argentina, teoricamente a equipa mais forte do torneio, Luís Martins soube fechar o flanco em conformidade e, mais do que isso, fazer valer uma das suas especialidades: a subida pelo corredor, o cruzamento bem medido, e até o remate forte.
Trata-se de um jogador em fase de lapidação, tal o seu potencial, tal a necessidade de desenvolvimento físico. Jorge Jesus vê nele um novo "Fábio Coentrão” e, de facto, as comparações são inevitáveis. É cedo, no entanto, para vermos Luís Martins como o lateral do presente. Todavia, tem a seu favor o facto de, na prática, ser menos rebelde que o caxineiro, possuindo um temperamento mais dado ao “low – profile ”e à discrição.
No último jogo particular dos encarnados, frente ao Galatasaray, outro jovem talentoso mostrou atributos: o guardião Bruno Varela. Com apenas 18 anos foi chamado para a selecção nacional de sub-21. É um guarda-redes com uma estampa física considerável, que sai bem dos postes, e mostrança segurança nas bolas rasteiras, onde teoricamente poderia ficar a desejar dada a sua altura.
E faz-lhe bem este novo ambiente: ganhou calo, robustez, experiência de balneário com os mais velhos. Isto porque, desde há muito, há quem refira que é o guardião do Benfica e da Selecção Nacional a longo prazo.

Gil Nunes
ex-olheiro do SL Benfica
colaborador do site "Notícias do Futebol"

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

2 craques e a Champions


Nélson Oliveira (2) e Rodrigo (3) somaram 5 golos nas partidas em que representaram as selecções sub-21 de Portugal e de Espanha, em jogos de qualificação para o Euro sub-21, contra equipas de Leste: Moldávia e Estónia.

O que representa para o Benfica esta avassaladora demonstração de capacidade de fazer golos de Nélson Oliveira e Rodrigo é algo que muito em breve se irá ver. Para já, o que há a realçar é que o Benfica tem nas suas fileiras dois jovens avançados, com menos de 21 anos, que são máquinas de fazer golos.

Está aqui um filão impressionante para o Benfica. Talvez até um momento único na sua História. Uma dupla de avançados com esta margem de progressão é caso único a nível mundial.

“Deixem-me sonhar”, dizia José Torres. Julgo não se tratar de um sonho se disser que o Benfica se conseguir manter estas duas pérolas nas suas fileiras nos próximos 3 anos deu um passo decisivo para se sagrar a curto prazo Campeão Europeu.

Post-Scriptum: Godinho Lopes cometeu um erro por soberba. Dizer publicamente e, pior, durante a entrega de um prémio na presença do Presidente do Benfica, que o Sporting ia a Angola para envergar a camisola listada em Mantorras, era um risco enorme. Como se verificou, nem Mantorras apareceu na digressão do Sporting, nem o Sporting, obviamente, lhe vestiu a camisola. Pior só mesmo este facto não ter merecido uma linha nos jornais desportivos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Desculpa miúdo, estamos em Portugal

Ontem, a "A Bola" publicava uma foto de um miúdo, envergando uma camisola do Benfica, a ser impedido de entrar nas instalações de uma escola (a sua escola), em Braga. Na altura, o jogador bracarense Mossoró fazia uma visita de "charme" à referida escola e o miúdo com a camisola do Benfica estava a ser impedido de entrar nas instalações da escola (a sua escola) porque a sua presença com a camisola do Benfica vestida podia ser considerado um acto de provocação.
Isto passou-se numa escola pública, paga com o dinheiro de todos nós, contribuintes, e até agora ninguém veio a terreiro explicar este hediondo acto de segregação à boa maneira do "apartheid" sul-africano. O que diz sobre isto o ministro da Educação? E o director da escola? Claro, nada disto é importante. Importante é saber se o Alan foi ou não insultado pelo Javi.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Desculpa Javi, estamos em Portugal

A Liga portuguesa pode ser uma das 5 melhores da Europa, como defende Jorge Jesus, mas está a fazer tudo para entrar mais depressa no pódio dos grandes campeonatos que se jogam neste continente.

Pode não haver tanta emoção, tanta intensidade, tanta qualidade e tanto fair-play em Portugal como em Inglaterra, mas parece que já há alguns pontos em comum. Alan acusa Javi Garcia de insultos racistas? Nada de mais. Em Inglaterra a polémica envolve Terry e Ferdinand, com a Scotland Yard a investigar.

Talvez que aqui se dispense a PJ, a PSP ou a GNR por causa dos cortes orçamentais, mas o que não se dispensa é umas boas gargalhadas sobre este assunto, não fosse dar-se o caso de isto não ter graça nenhuma. Mas estamos em Portugal, não estamos?

As luzes do super-moderno está Axa, idealizado por esse Nobel da arquitectura que se chama Souto Moura, foram abaixo 3 vezes? Nada de mais, vamos mas é investigar as acusações racistas a Javi Garcia.

Faltou água quente nos balneários de um clube que disputa uma prova europeia e foi finalista no ano passado da mesma prova? Nada de mais, vamos mas é investigar as acusações racistas a Javi Garcia.

Pedro Proença foi mais uma vez igual a si mesmo e não “viu” uma agressão de Djamal a Gaitán; não “viu” um penálti sobre Luisão (agarrado na área por um bracarense e atirado ao chão – e de que curiosamente ninguém fala); mas “viu” um penálti enganador que penalizou mais uma vez o Benfica? Nada de mais, Vítor Pereira (o dos árbitros) continua em silêncio porque o que interessa é investigar as acusações racistas de Javi Garcia. Estamos em Portugal, não estamos?

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Curta é a memória

Os jornais e os jornalistas são especialistas em efemérides: hoje faz x ano(s) que…. Em 31 de Outubro, Luís Filipe Vieira cumpriu 8 anos à frente do Benfica e os jornais deram conta disso. O problema não está em se registar a efeméride, o problema está em que na voragem dos dias, nem damos conta que o tempo passou.

Oito anos parecem muito tempo, mas se formos elencar tudo o que Vieira fez neste período somos levados a questionarmo-nos: “tudo isto em 8 anos?”. É verdade. Até a nós benfiquistas nos parece tão longe e distante o dia em que Luís Filipe Vieira assumiu funções de líder do Benfica.

E no entanto vivemos 8 anos quase únicos na nossa História. Saímos de um coma que ameaçou a nossa gloriosa existência. Com a liderança de Vieira, cumprimos os compromissos que outros deixaram – uma trágica herança de dívidas, humilhações, chacota e derrota.

Limpámos o nosso vibrante nome, voltámos a ganhar credibilidade e respeito nacional e internacional. Tudo isto em 8 anos – uma tarefa hérculea, que ninguém admitia como possível. Mas a missão foi cumprida.

Já repararam que ainda não falei na obra física de 8 anos de liderança? Talvez Luís Filipe Vieira tenha a consciência de que a obra imaterial – credibilidade, respeito, dignidade -, que foi necessário recuperar, tenha sido mais complexa de erguer e tenha dado mais prazer.

É preciso lembrar sempre essa obra imaterial que foi construída ao longo destes 8 anos, porque ela não se vê a olho nu. A obra física está aí para toda a gente admirar, mas também essa é necessário lembrar e sublinhar.

A memória das pessoas é muito curta.

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