quarta-feira, 30 de abril de 2008

Lucílio + BES = 2º Sporting

Banco Espírito Santo (BES) e Sporting: unidos pela cor do... dinheiro.
Em bom rigor, não sei quem é o mais culpado: Vítor Pereira ou Lucílio Baptista. O primeiro, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, nomeou-o para o Sporting – Marítimo, sabendo ou devendo saber da existência de um “conflito de interesses”; o segundo foi incapaz de se libertar de alguns condicionalismos psicológicos que perturbaram o seu desempenho na partida, nomeadamente a marcação de uma grande penalidade que não existiu, como toda a imprensa ajuizou, a favor do Sporting.
E o problema é este: Lucílio Baptista, como “O INFERNO DA LUZ” soube e confirmou, é funcionário do BES – Banco Espírito Santo. O BES, por seu lado, como toda a gente sabe, é o principal credor do Sporting Clube de Portugal, num valor na ordem dos 240 milhões de euros.
Unidos por este “nó górdio”, ambos precisam do segundo lugar do campeonato, de acesso directo à Liga dos Campeões, como de pão para a boca. Lucílio, esse, lá vai levando a água ao seu moinho, que isto de conciliar a actividade de árbitro com a de bancário não é tarefa fácil, mas há sempre amigos para fecharem os olhos, em nome de mais altos valores, a muitas “ausências” ao serviço… Não precisam que faça um desenho, pois não?

Post-Scriptum: E quem é o árbitro da Primeira Liga, tido como a maior esperança da arbitragem portuguesa, que também pertence aos quadros do BES?

Os números da nossa "falência"

Cristiano Ronaldo é "apenas" o sexto mais bem pago da Europa.

Não há nenhum futebolista a jogar na Primeira Liga portuguesa entre os 200 jogadores mais bem pagos da Europa. A lista, de 2007/2008, tem a chancela autoral do “Futebol Finance”, um site sobre economia e finanças do futebol, e foi elaborada com base em dados publicados em mais de 50 publicações mundiais que fizeram referência aos salários dos jogadores.
Estes valores, oficiosos, referem-se apenas ao salário pago pelo clube, não estando incluídos prémios nem contratos de publicidade.
Feitas estas referências, passemos aos nomes e números: a lista é comandada por Kaká, o brasileiro do AC Milan, com um salário mensal de 750 mil euros. O último da lista, ou seja o 200º, é Cicinho, o defesa da AS Roma, que ganha 160 mil euros – ex-aequo com Andersson, o ex-portista agora no Manchester United, e Nani, o ex-sportinguista, também no clube inglês de Old Trafford.
A lista tem outras curiosidades. Assim, Cristiano Ronaldo, o “star system” do Manchester United, apenas vem colocado no 6º lugar, com um “míseros” 640 mil euros mensais. Mas sabemos que se incluirmos os prémios e os contratos de publicidade, os valores disparam para números astronómicos.
Os outros portugueses que constam da lista são: Ricardo Carvalho, o defesa do Chelsea, num honroso 94º, com 300 mil euros/mês, logo seguindo por Paulo Ferreira, também do Chelsea, com o mesmo vencimento.
Já o lugar de Figo, o 102º, diz bem do declínio da sua carreira. O ex-melhor jogador da Europa “apenas” aufere no Inter de Milão 290 mil euros/mês. Mais atrás vêm Manniche, do Atlético de Madrid, com 250 mil euros/mês (131º), e Simão, também do A. Madrid, com 240 mil euros/mês (136º). O último português desta lista é Jorge Andrade, da Juventus, a receber 165 mil euros/mês (193º).
Estes números dizem bem de quanto é irrealista pensar no regresso de alguns destes jogadores ao futebol português. Para se ter uma ideia das ilusões que às vezes nos são vendidas, basta verificar que o 121º lugar desta lista é ocupado por um nosso conhecido, o brasileiro Fábio Rochemback - ao que consta de regresso ao Sporting – que aufere 260 mil euros/mês.
Esta é outra das curiosidades desta lista, perceber a falência do futebol português. Aqueles que julgam que os grandes clubes portugueses podem aceder a alguns jogadores mesmo tido por medianos, basta verificar o seu salário para se perderem quaisquer ilusões.
Nos 10 primeiros lugares, encontramos 4 jogadores do Chelsea: Lampard, Terry, Ballack e Shevchenko, com valores que variam entre os 670 e os 620 mil euros/mês – o que explica o facto de Abramovich querer fechar os cordões à bolsa, e o afastamento de Mourinho.

"Caso Meyong": gato escondido com rabo de fora

São sinuosos os caminhos da Justiça no nosso futebol.

Mais um episódio sórdido no processo de declínio da velha arquitectura do futebol nacional. Ferido de morte, o “monstro” ainda mexe. São os últimos estertores de um “sistema” que marca uma época negra do nosso futebol, deixando sequelas que ainda estão longe de estarem completamente identificadas.
O autor material desta iniquidade dá pelo nome de Conselho de Justiça da FPF, que ontem ratificou a decisão do Conselho de Disciplina da Liga relativa ao “caso Meyong”, retirando assim 6 pontos ao Belenenses.
Não entrando nos pormenores jurídicos do “caso”, importa apenas chamar a atenção para o “timing” da decisão. Enquanto uns, surpreendentemente distraídos, aplaudem o facto desta ter sido tomada antes do fim do campeonato, eu quero recordar o facto, sem dúvida “inocente”, da mesma ter ocorrido na semana do Belenenses – Vitória de Guimarães.
É sabido que, a duas jornadas do fim, esta saída dos vitorianos ao Restelo reveste-se de um grau de dificuldade superior para os objectivos da equipa de Cajuda de atingir o segundo lugar, entrado directamente na Liga dos Campeões.
Qual o estado anímico dos jogadores do Restelo para este jogo, depois desta decisão de retirar ao Belenenses 6 pontos e colocando os azuis praticamente fora da corrida à UEFA?
E porque é que o Conselho de Justiça actuou agora e não na semana anterior, em vésperas de um Benfica – Belenenses? Como diz Luís Filipe Vieira, não queremos benefícios, mas também não aceitamos ser prejudicados, nem que seja indirectamente.
A única boa notícia é que estes são os últimos sinais de um tempo que queremos apagar da nossa memória e da de todos os que querem um futebol cada vez mais credível. O Benfica sabe que, nestas duas últimas jornadas, tem de lutar contra tudo e contra todos. Até contra decisões jurídicas cujos “timings” são “gato escondido com o rabo de fora”.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Lembram-se de Paulo Assunção?

FC Porto » Paulo Assunção
Para sair a mal só até sábado
É pouco provável que Paulo Assunção o faça, mas se não quiser cumprir o ano de contrato que ainda tem com o FC Porto, rescindindo unilateralmente o vínculo, o brasileiro terá de o comunicar formalmente ao clube quinze dias antes do último jogo oficial da época, incluindo-se nestas contas, conforme se lê nos regulamentos da FIFA, os compromissos das taças dos respectivos países. (...)
in jornal "O Jogo", edição de hoje, 29 de Abril de 2008
O artigo que aqui se cita, e que pode ser todo lido aqui, vem trazer à luz do dia um"caso" que foi despoletado neste blogue, em 3 de Abril, já lá vai quase um mês. Nessa altura, escrevia eu o seguinte: "Sugestão 1: que tal investigarem o ponto da situação da relação profissional (vulgo, renovação do contrato) entre o excelente médio-defensivo Paulo Assunção, e a SAD do FC Porto?".
Era a primeira de duas sugestões que deixava aos jornalistas desportivos, entretidos que estavam só em falar das renovações-que-andam-mas-não-andam de Léo e Rodriguez. Quase um mês depois, alguém se lembrou do que aqui foi escrito (e que pode ser aqui confirmado). Andar atento aos blogues é sinal de inteligência.

3 opiniões, um denominador comum: o Benfica

António-Pedro Vasconcelos e as reflexões sobre o Benfica do futuro.

Miguel Esteves Cardoso: matar e morrer pelo Benfica.

Emídio Rangel e as saudades dos golos de Eusébio ouvidos na savana africana.

Nos últimos dias, mão amiga de sócio do Benfica, fez-me chegar alguns artigos de opinião sobre o Benfica, melhor sobre o Presidente do Benfica. Os seus autores merecem que tenha dado uma segunda leitura a estes escritos. Não são nomes quaisquer: Emídio Rangel, Miguel Esteves Cardoso, António-Pedro Vasconcelos.
De comum, o facto de serem benfiquistas e de concluírem que o Benfica está mal e que o “mal” está no Chefe. A minha consideração intelectual pelos três, a que junto a estima e amizade que tenho por António-Pedro Vasconcelos (A-PV), uma personalidade lúcida e de rara inteligência, não me impede – oh, heresia – de deles discordar.
Rangel, em artigo no “Correio da Manhã”, fala num “Benfica moribundo”, fala das saudades de Angola, da infância feliz, das camisolas vermelhas, dos golos de Eusébio na voz de Artur Agostinho, ouvidos na savana africana.
Como eu o compreendo Emídio Rangel. Também eu sinto saudades do Benfica à Benfica, campeão, sempre campeão. Mas quero recordar-lhe que o “mal” deste declínio tem de ser procurado bem mais atrás, logo após a segunda metade da década de 80. É Luís Filipe Vieira culpado de que não goste das camisolas rosa-bébé? Também eu não gosto, como, de certeza, os adeptos do Real Madrid não gostam das camisolas pretas ou roxas ou amarelas, e os do Arsenal não gostam delas azuis, e os do Barcelona delas laranja. São os ditames do marketing, que quanto a mim são imbecis, mas se todos os problemas fossem esses…
Miguel Esteves Cardoso, no seu estilo, acha que, basicamente, foi um erro Vieira ter dito qualquer coisa como “ninguém morre se o Benfica não for à Liga dos Campeões”. Eu também acho que foi um erro, como aliás já aqui escrevi. Mas percebo a ideia e não tento ver as coisas só pelo lado negativo. Perguntem a Soares Franco se morre alguém se o Sporting não for à Liga dos Campeões? Provavelmente ele dirá que não senhor, não morre ninguém mas o Sporting terá de fechar as portas. O que, como todos compreenderão, é um epílogo bem menos funesto.
Por fim, A-PV. No PÚBLICO, escreveu dois textos excelentes, de conteúdo, de escrita, de bom senso. Curioso verificar que são as análises mais profundas e menos críticas para Vieira. Porquê? Porque está lá tudo: a crítica mas também o elogio; o falhanço mas também a boa decisão; o desperdício mas também a gestão rigorosa.
Diz A-PV, em síntese, que Luís Filipe Vieira fez o mais difícil, que foi levantar um clube caído na lama e que, no que ao futebol diz respeito, não soube consolidar o que de bom foi construído. E deixa, no final, um esboço de programa de recandidatura.
Concordo com A-PV, mas acrescento que, como dizia o filósofo espanhol Ortega Y Gasset, o homem é “o homem e as suas circunstâncias”. Temos de ver as decisões de Vieira à luz do seu contexto. Por exemplo, Veiga. Sabe com certeza A-PV que foi Vieira quem se opôs à ida de Simão para o Liverpool, quando Veiga já o tinha praticamente despachado… E os “barretes” que Veiga enfiou no Benfica? A-PV não precisa que se lhe faça a lista… E a traição de Veiga (?), quem já traiu, meu caro A-PV, nunca pode ser de confiança.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Dias decisivos

Benfica - 2; Belenenses - 0 (28ª Jornada). Foi melhor o resultado do que a exibição. Foto: Marcos Borga (Reuters).


Lucílio Baptista já não engana ninguém...
A semana que agora começa vai ser decisiva na atribuição do segundo lugar do campeonato, que dá acesso directo à Liga dos Campeões. Digo isto porque se alguém tinha dúvidas de que existe um "sistema" implantado no futebol português e que se mantém independentemente de quem dirige os destinos dos órgãos da Liga ou da Federação, a nomeação e posterior actuação do árbitro Lucílio Baptista em Alvalade, no Sporting-Marítimo, veio provar a razão desta tese. O "sistema" não está interessado na verdade desportiva e, portanto, age segundo critérios conjunturais, que permitam a sua sobrevivência - a sobrevivência dos patamares intermédios de decisão, a legião de figuras anónimas, que ninguém conhece, mas que detêm os pequenos poderes, os que fazem o "sistema" funcionar.
Para a sobrevivência deste "sistema" é imperioso que o Sporting seja segundo. Por isso, a nomeação de Lucílio, um árbitro amigo do verde, mas que nada tem de ambientalista. O problema começa agora.
A vitória do Benfica, num jogo em que foi melhor o resultado que a exibição, e a derrota do Vitória de Guimarães, coloca os encarnados muito próximos do segundo lugar. Ora, o pior que pode acontecer para este "sistema" é o Benfica atingir o lugar que dá entrada directa na "Champions", porque a cruzada de credibilização do futebol português que tem sido encetada pelo presidente do Benfica precisa de espaço, de vitórias.
É por isso decisivo que o árbitro do Paços de Ferreira - Sporting, da próxima jornada, seja alguém que não se deixe manietar pelo "sistema" e que não tema represálias se tiver que agir mesmo contra os interesses dos de verde.
Esperamos que o treinador do Paços de Ferreira, José Mota, sempre tão pródigo em criticar as arbitragens, exija agora um árbitro rigoroso, exemplar, e que aja segundo as leis do jogo, único critério admissível. Os pacenses jogam a permanência e, por isso, espera-se que apelem a um juiz imune aos ditames de um "grande".

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Carta aberta a LFV

Caro Presidente

A vida não está fácil, mas é nestas alturas que é preciso saber para onde se quer ir. E os benfiquistas querem saber para onde quer ir e levar o Benfica. Aqui, neste blogue, lançamos um inquérito aos benfiquistas (e não só) sobre o que acham que deve fazer. Mas ninguém melhor do que você sabe o que fazer.
Recuso-me a julgá-lo por uma época que correu mal. Como não tenho a memória curta, recordo-me do princípio desta história. Em 2000, estava muito sossegado em Alverca, a construir uma equipa e um clube para o futuro, e Manuel Vilarinho, acabado de ser eleito presidente do Benfica, desafiou-o para ajudar na reconstrução do Benfica, saído da gestão de Vale e Azevedo. Curiosamente, foi para a área do futebol, a tal de que agora o acusam de nada saber, que foi chamado.
Três anos depois é eleito presidente do Benfica, com uma votação recorde. Colocou as finanças em ordem, fez o estádio e o centro de estágio, reabilitou as modalidades e a formação, recuperou a credibilidade do clube. Este é o seu cartão de visita, certo, mas agora os trunfos têm de ser outros.
É sobre a gestão desportiva que os sócios e adeptos mais querem e exigem respostas, não promessas. Os erros já passaram, fazem parte do passado. Deve, porém, reconhecê-los, e tentar corrigi-los.
Errar é o risco que corre um decisor. Assumir que se errou é uma qualidade de um líder. Os benfiquistas não são ingratos, mas precisam de ouvi-lo dizer que o Benfica é dos benfiquistas, só dos benfiquistas.
O futebol é paixão e amor à camisola. Gerir o Benfica como um clube-empresa é uma decisão acertada quando se ganha, mas desastrosa quando se perde. Porque a alma, a mística, que você, meu caro Luís Filipe Vieira, tão bem soube fazer renascer, só é passível de gerar receitas com equipas ganhadoras.
O “core business”, expressão que lhe é cara, do Benfica são os golos, as vitórias, os títulos – não os gráficos dos proveitos ou o “cash-flow”. Por isso me custa aceitar que haja no meu, e no seu, clube profissionais, competentes certamente, mas que não sintam amor à camisola. Eu sei que isto é o adepto a falar, mas é a esses que você deve explicações sobre o que correu mal e sobre a forma de ultrapassar esta situação.
O treinador é uma questão incontornável. Já disse que nada seria revelado antes do fim do campeonato. Faz bem. Mas passar a mensagem que ainda se está na estaca zero será desolador. O perfil tem de estar já fechado: português ou estrangeiro? O Benfica não pode estar à espera das decisões de terceiros. Para qualquer treinador, o Benfica tem de ser a primeira escolha.
Depois há a questão dos reforços e da melhoria do plantel. Saber quanto há para gastar é secundário. Este ano, pelo que se conhece, gastou-se 30 milhões, com os resultados que se sabem.
Gerir bem os recursos financeiros, você sabe. Talvez o “olho clínico” de Rui Costa ajude a encontrar melhores jogadores, com menos dinheiro. E, claro, é preciso apostar na formação, outro sector que retirou da lama e cujo trunfo pode reivindicar como seu.
A estrutura do futebol não pode mais falhar. Você não mete golos, mas é o principal responsável por encaixar bem todas as peças do “puzzle”. Impedir sobreposição de funções e “choques” hierárquicos entre os “Ruis” é tarefa sua – não a delegue em ninguém, nem deixe que as coisas se ajustem por si.
Como homem de acção que é, a sua liderança tem de continuar a ser vista como um facto natural, independentemente da nova correlação de forças que se vier a concretizar.
E deixe de responder aos “veigas” do nosso futebol.

Caro Presidente

Os erros cometem-se e corrijem-se. As oportunidades vão passando e o tempo esgota-se. Depois de uma travessia do deserto de 11 anos, estes últimos três pareceram um virar de página. Mas, os títulos são o nosso único oásis e, por favor, aceite que nunca é um “erro” ser campeão.
O seu projecto e o seu combate está longe de estar concluído e, por isso, virar agora as costas seria oferecer aos nossos “inimigos” o nosso Benfica numa bandeja de prata. Para resistir é preciso fazer (quase) tudo certo e rodear-se dos melhores.
Lutar até ao fim pelo acesso directo à “Champions” é uma exigência que tem de impôr aos jogadores, e não desresponsabilizá-los, como fez recentemente, com o objectivo de sublinhar a excelência da sua gestão. Essa excelência está lá, ninguém a tira. Agora que venham os títulos.

Saudações benfiquistas

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ser Benfiquista

O canal de televisão por cabo ESPN - líder mundial em desportos - vai transmitir a 24, 25 e 26 de Abril um documentário sobre o Sport Lisboa e Benfica.

O que é ser benfiquista hoje? A pergunta tem sentido num contexto de crise desportiva? Talvez nunca tenha tido tanto sentido como agora. Porque é nas ondas tormentosas do presente que devemos agarrar as âncoras do passado para enfunar velas rumo a um futuro de novo Glorioso.
A mística não é uma palavra vã. A alma benfiquista não é um conceito etéreo. Existe uma História que se projectou por décadas num presente incerto, algo nebuloso e expectante. Mas não é sempre assim?
Reescrever o passado não faz parte da nossa maneira de estar na vida. É por isso que nascemos a 28 de Fevereiro de 1904, jogamos no Estádio da Luz, somos “águias” desde sempre. Ser benfiquista é incorporar essa matriz genética que nos fez um clube universal e popular.
Na voz de Luís Piçarra, nos golos de Eusébio, nas defesas de Bento, nos cortes de Humberto Coelho, nas fintas de Chalana, nos passes de Rui Costa, na liderança de Coluna, no coração de Toni, na elegância de Néné e de José Águas, na loucura de Vítor Baptista, no voluntarismo de Torres, na consistência de Simões, nos pezinhos de lã de Shéu, revemos uma epopeia mil vezes contada, mil vezes revisitada, mil vezes admirada, mas sempre presente.
É por isso que o ESPN, canal por cabo disponível em mais de 100 milhões de lares dos Estados Unidos e que emite para mais de 150 países, considerado o “Líder Mundial em Desporto”, - e que pode ser visualizado em Portugal na posição 26 da Zon TV Cabo - vai trasmitir o documentário “Ser benfiquista”, dia 24 de Abril (22 h); dia 25 (14.30 horas) e dia 26 (11 horas e 16 horas), com depoimentos de ilustres benfiquistas como a colunista e jornalista Leonor Pinhão e o “entertainer” Ricardo Araújo Pereira (Gato Fedorento).

O INFERNO nos Jornais

in "Jornal de Notícias", de 23 de Abril de 2008


in jornal "PÚBLICO", de 16 de Abril de 2008


terça-feira, 22 de abril de 2008

ÚLTIMA HORA

Depois de ter tudo confirmado, Luís Filipe Vieira achou por bem adiar a entrevista agendada com Judite de Sousa para esta 5ª feira. O facto de ter ontem entregue documentos comprometedores sobre viciação de resultados, na Liga, esperando agora desta uma atitude, e não estando encerrado o “dossier” sobre o futuro treinador, foram as principais razões para o adiamento. Vieira quer ter todos os dados na mão, para dar a cara perante o país e os milhões de benfiquistas, que esperam do líder respostas para uma época tão negativa. O adiamento percebe-se, mas o tempo começa a esgotar-se. Os benfiquistas têm de esperar mais uns dias, e a Judite também...

domingo, 20 de abril de 2008

O regresso dos mortos-vivos

Por uma vez, mais altos e mais fortes. Foi pena que não tivesse sido sempre assim. Foto: Miguel Vidal (Reuters).


Os jogadores da União de Leiria bem merecem que os intitule "Os bravos do pelotão". Foto: Marcos Borga (Reuters)
FC do Porto - 2; Benfica - 0 (27ª Jornada). O que mais choca nesta derrota foi a impotência demonstrada por aquele punhado de jogadores com a camisola do Benfica vestida para jogar olhos nos olhos. Sejamos justos, não é de agora. Mas hoje à noite, nem de Bruno Paixão, o árbitro, nos podemos queixar.
É certo que Bruno Paixão, como a esmagadora maioria dos seus pares, é não só incompetente como na dúvida é contra o Benfica – como também se viu neste jogo, na dualidade de critérios na amostragem de cartões amarelos -, mas a partida terminou sem “casos”.
Como é possível tanta passividade? Pressing zero, agressividade zero, remates, poucos e maus, com excepção de um de Rui Costa e outro de Rodriguez. Helton não teve necessidade de fazer uma defesa mais complicada.
Encontrar explicações para que uma equipa do Benfica se exiba a tão baixo nível, talvez só através de algum médium mais afamado. Deixem-me contar um pequeno lance, inocente lance, inócuo lance, mas que dá bem a imagem de uma equipa feita em frangalhos: Katsouranis toca para Rodriguez, encostado à linha e logo rodeado de dois adversários; o grego, em vez de passar e movimentar-se para criar uma linha de passe, continua no sítio onde fez o passe; Rodriguez perde a bola.
Digam-me o que é que um benfiquista deve pensar? E o mais incrível é pensar que se o FC do Porto acelerasse um pouco mais, o Benfica ficava em cacos. No regresso dos mortos-vivos ao campeonato, depois da arrepiante derrota em Alvalade, temos de nos contentar com outro regresso dos mortos-vivos – a União de Leiria. Os leirienses, já praticamente despromovidos, deram uma lição de carácter e golearam os de verde. Aplausos pela atitude e pelo profissionalismo. Um exemplo que queremos ver repetido na próxima jornada, em Guimarães.
O mesmo carácter que demonstraram os jogadores da União de Leiria, tem de ser da mesma qualidade que Rui Costa e Fernando Chalana prometeram para as últimas três jornadas que faltam de campeonato. O “pequeno genial”, naquela sua maneira simples e directa de dizer as coisas, foi assertivo: “Não atiramos a toalha ao chão”.
E num momento sublime, daqueles que às vezes alguns se esquecem, não dispensou o agradecimento aos benfiquistas do Norte. Obrigado pelas palavras, Chalana. Demasiado fiéis para desistir!

sábado, 19 de abril de 2008

Ruben Amorim e mais 6

Ruben Amorim, jovem internacional português, é uma grande contratação do Benfica.

Ruben Amorim já é do Benfica. Jovem, português, bom jogador. Uma decisão desportiva correcta e de futuro (só tem 23 anos e assinou por 5), que traz qualidade e é uma aposta no mercado interno. Se a linha futura continuar a ser esta, muito bem.
Dispensam-se as viagens à volta do Mundo para ver jogadores de terceira linha. Os bons, esses, sabem-se quem são, não é preciso nenhuma avaliação ao vivo. A vinda do médio do Belenenses colmata algumas lacunas e é sinal de que Katsouranis não fica na próxima época.
Começando mais lá trás. Na baliza, estamos servidos. É necessário um defesa-direito de grande classe – sejamos claros, não os há no futebol português. Não rejeito a vinda de um estrangeiro, mas tem de ser de nomeada, de preferência europeu.
No centro da defesa, mantendo Luisão, David Luiz e Zoro, é necessário um grande central português. Arrisco dizer que se devia tentar ir buscar, de novo, Fernando Meira. Estou em crer que não seria de todo impossível.
Na lateral esquerda, gostava de continuar a contar com Léo e com mais um português, desde que não fosse Jorge Ribeiro. Porque não pensar em Antunes, ex-Paços de Ferreira, a tentar o futebol italiano?
No meio-campo, com Ruben Amorim, Petit, Maxi, Binya, Christian Rodriguez, é preciso um novo “maestro”, que terá de ser forçosamente estrangeiro, para entrar de caras, e mais um reforço para o sector, português – querem um nome? Tiago.
Nas alas, Di Maria, claro é para manter e para ser aposta forte na próxima época; Freddy Adu, tem de ter mais oportunidades, e mais um extremo, mesmo extremo – apostava no regresso de Fábio Coentrão. E ainda alguém que fizesse todos os lugares do meio-campo, caindo nas alas e senhor de um bom pontapé de fora da área. Sabem em quem estou a pensar? Esse mesmo, o belenenses, José Pedro.
Linha da frente: Óscar Cardozo, evidentemente, Nuno Gomes, se não aparecer uma proposta irrecusável; Mantorras – porque sim; Makukula, se não aparecer uma proposta tentadora pós Europeu (se for, se não for, que remédio, tem de ficar). São necessários dois reforços de nomeada para este sector – um puro avançado de área e um outro com mais mobilidade.
Aqui está. Sem grandes revoluções, mas com equilíbrio, é possível fazer uma equipa para ganhar o campeonato e fazer boa figura na Europa. E depois, manter alguns jogadores que podem ser boas segundas escolhas, como Nuno Assis. E claro, uma forte aposta na integração de jovens vindos da formação.

Post-Scriptum: O Benfica agitou a última AG da Liga. Porquê? Porque disse Luís Filipe Vieira que na segunda-feira irá mostrar provas concludentes da viciação de resultados no futebol português. Caiu o Carmo e a Trindade. Quem tem medo da verdade?

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Cartas do Diabo (11)

Esta manif é um erro colossal sob todos os aspectos aínda por cima nas vésperas de um jogo com "eles", que interesses obscuros estarão por trás ?

Vítor Esteves, enviada por email

Águias e abutres

Esta iniciativa não pode ser contra ninguém. Tem de ser pelo Benfica, sempre pelo Benfica. Não façamos o jogo dos nossos adversários, que só nos querem desestabilizar e dividir. Somos um clube democrático e popular, mas temos de defender e respeitar quem representa a nossa Instituição - a causa que nos une -, o nosso Benfica.

Bagão Félix diz que é águia, não abutre. Mas os abutres começam a agitar-se e a pairar por aí. Não são os sócios e adeptos que legitimamente se sentem desiludidos, agastados, magoados com o que se está a passar – e cujas movimentações já se fazem sentir.
Mas são sempre os mesmos “papagaios” que nas horas más afiam a língua e destilam a bílis. O Benfica não precisa de “treinadores de bancada” encartados e iluminados. Precisa de se reorganizar, de se refundar, em clima de solidariedade, de união. Por isso, deixo aqui um conselho para o futuro: a criação de um órgão consultivo que aglutine as diversas sensibilidades e tendências do clube, que sirva para pensar o Benfica.
Guerrilhas avulsas, ideias esporádicas, reacções a quente, não ajudam, não acrescentam, apenas criam mais instabilidade, mais divisão, mais problemas.
Não comento as palavras de Jaime Antunes, um consócio que merece respeito, até porque já teve a coragem de ir a votos; nem as de Gaspar Ramos, um antigo dirigente que, no seu tempo, fez coisas boas mas também cometeu muitos erros históricos; nem as de José Manuel Capristano, um ex-vice-presidente de João Vale e Azevedo. Como clube democrático e popular, o Benfica nunca coertou nem coertará a opinião de ninguém.
Nos momentos difíceis é fácil lançar críticas, apontar soluções, descobrir novos caminhos. Mas quem só aparece para dizer mal, não parece ter a credibilidade necessária para devolver o clube às vitórias.
Está convocada para amanhã uma manifestação de sócios e adeptos para o Estádio da Luz (ver cartaz). É natural que a grande massa adepta do Benfica se faça ouvir, se manifeste, se agite. É sinal que o clube está vivo, como o prova os mais de 10 mil benfiquistas que calaram Alvalade durante uma parte significativa do jogo de quarta-feira.
Mas é preciso que estas iniciativas sejam contributos positivos para refundar o Benfica, sejam sinais de que por muito que tentem o Benfica é imbatível, incomensurável, superior a tudo e todos.
Esta manifestação não pode ser contra ninguém, mas sim a favor do Benfica – a causa que nos une - por respeito à instituição, por amor ao clube, em nome de um Benfica cada vez maior.
Os sócios e os adeptos benfiquistas que participarem nesta iniciativa devem ter presente que os órgãos de comunicação social que a cobrirem tudo vão fazer para alimentar polémicas, criar divisões, suscitar ataques pessoais, “fazer sangue”. Temos de ser nós a defender o clube e não a alimentar os abutres. O Benfica somos nós.

O INFERNO nos Jornais

in jornal "O Jogo", de 16 de Abril de 2008

quinta-feira, 17 de abril de 2008

E agora Benfica?

Rui Costa, "capitão" contra o FC do Porto: porque os líderes não se escondem.
Quarenta e oito horas. Este foi o tempo que os jogadores do Benfica tiveram a mais de descanso sobre os jogadores do Sporting. Na sexta-feira jogaram os encarnados contra a Académica; no domingo, os verdes contra o Leixões.
A que se deve então o colapso físico e psicológico evidente na segunda parte contra o Sporting? Independentemente dos problemas de balneário, que os há e que Luís Filipe Vieira escalpelizou hoje com Rui Costa – para além da preparação, com tempo e horas, da próxima época -, a questão centra-se na má gestão da temporada.
Camacho deixou a equipa de gatas. Lembrem-se das palavras de António Simões, em Fevereiro: “Os treinos de Camacho têm défice de qualidade” - e que aqui se recordam. Na altura crucial, a equipa afunda-se.
A troca de Fernando Santos por Camacho foi então errada? Sim e não. Sim, porque o “timing” devia ter sido outro, não na primeira jornada, sim no final da época anterior. Não, porque Fernando Santos, como se prova agora na Grécia, não é um treinador de “top”, para além de estar fragilizado junto da massa associativa.
Agora tem a palavra Luís Filipe Vieira. O Presidente do Benfica não pode deixar de dar a cara pelo que está a acontecer. Deve assumir as responsabilidades que lhe cabem, deve ser humilde e reconhecer os erros, deve tudo fazer para que o poder não caia na rua.
Defender Chalana e Rui Costa é um imperativo, até porque nenhum dos dois alguma vez recusou dar a cara nos maus momentos. O primeiro sabe que não ficará a liderar a equipa na próxima temporada, mas tem de sentir o apoio presidencial para o que falta de época. O segundo deve assumir a liderança de balneário já. E isso terá de ser feito com uma medida-choque: Rui Costa deve ser o “capitão” no jogo de Domingo contra o FC do Porto.
Nas horas más, os líderes têm de assumir a liderança do navio e não devem esconder-se. Vieira deve respostas à massa associativa. Rui Costa deve dar um sinal de quem vai assumir a batuta. O “maestro” deve começar a tomar as rédeas a uma orquestra desafinada.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Quem quer "tramar" Rui Costa e Chalana?

Christian Rodriguez, o homem do jogo, ainda não renovou contrato. Como é possível?
Se para começar de novo é preciso bater no fundo, então que se aproveite este momento para promover uma refundação. Não é tanto a derrota por 5-3 em Alvalade que me angustia e desespera, mas os enigmas que se tentam decifrar nas palavras de Fernando Chalana, de Rui Costa e, principalmente, de Léo.
O defesa brasileiro, com uma desenvoltura de linguagem que faz inveja ao mais letrado, diz saber o que se passou, mas que guarda para ele esses motivos. Que segredos se escondem no balneário da Luz? Que fantasmas povoam aquele espaço onde os jogadores se reúnem antes, durante e após jogos e treinos? Que terríveis revelações se guardam nos cacifos ou se afogam no jacuzzi?
Léo diz saber. Exige-se que o diga, em nome do Benfica e para bem do Benfica. Em final de contrato, com a renovação ainda em banho-maria, o brasileiro guarda a “bomba” para a accionar quando deixar a Luz?
E Rui Costa? Quem quer tramar o “maestro”? Um final de carreira miserável que não merecia. Ele que tudo fez para erguer o caneco no Jamor e pôr um ponto final num percurso desportivo inolvidável. Pedia-se solidariedade com ele, mas ela não existiu. Por culpa de quem? Por demérito? Por cansaço? Por negligência?
As perguntas são como as cerejas. A uma seguem-se várias, porque temos receio de avançar com respostas. E elas doem como chumbo, mas são necessárias, essenciais, determinantes.
Chalana, o “pequeno genial”, merecia ele isto? Bestial ou besta? Quem quis também tramar Chalana? Léo sabe?
Onde cabe o jogo? Numa pequena gaveta da memória e, oops, já se varreu. Lembro-me que Eusébio também chegou a ganhar por 5-3 em Alvalade. Vale de pouco o resultado. Vale mais encontrar respostas para as perguntas que aqui deixo. Todos os benfiquistas têm de começar a encontrar essas respostas.
Jorge Sousa, o árbitro, não merece mais do que duas linhas. É um incompetente e um mau carácter. Perdoou dois penáltis ao Sporting na primeira parte, anulou um golo limpo a Di Maria e não sancionou com cartões amarelos uma mão-cheia de entradas “a matar” dos jogadores leoninos e deixa seguir um lance do Sporting que dá o 5º golo, depois de uma falta sobre Sepsi. O problema é que já se esperava isto do árbitro da Associação de Futebol do Porto. O que não se esperava era a segunda parte do Benfica. E alguém vai ter de explicar o que se passou. Pode ser Léo… Foto: Nacho Doce (Reuters)

E depois, o Jamor...

A 18 de Maio, no Jamor, vamos estar todos juntos.

Hoje, todos os benfiquistas apenas esperam a vitória. Não pedimos o impossível, pedimos aquilo que é o único objectivo de qualquer equipa do Benfica: a vitória.
Seremos 10 mil em Alvalade, muitos milhões espalhados por Portugal e pelo Mundo, com os olhos postos no Jamor, onde tantas e tantas vezes fomos felizes.
Hoje não vou falar da táctica de Fernando Chalana. Nem vou falar das declarações de Quim, nem das de Joe Berardo, muito menos das de um senhor que, da bela cidade de Guimarães, resolveu agarrar com as duas mãos os seus 15 minutos de fama.
Hoje quero apenas recordar-me da gloriosa epopeia de 94, em pleno relvado de Alvalade, numa tarde/noite de emoções à solta. Nas botas mágicas de João Pinto (ainda não era Vieira) soltamos amarras rumo à felicidade. 3 – 6, era o que eu verdadeiramente queria, mas, em tempo de crise, basta-me o que for minimanente necessário para rumar ao Jamor – esse palco sempre eterno e inesquecível.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Sexo, mentiras e vídeo

O futebol português cada vez mais faz lembrar o título de um filme que fez sucesso um bom par de anos atrás: “Sexo, mentiras e vídeo”. O dia de hoje foi paradigmático nessa trilogia. Sexo? Bom, cada um que especule à sua maneira. Mentiras? “Acredite se ler no Expresso”. Ora, o FC do Porto fez questão de desmentir o jornal de Balsemão sobre a ida de Pinto da Costa ao Hospital da Luz, por alegado princípio de enfarte. Video? Vai ter Pedro Proença que ver a gravação vídeo do jogo do Bonfim para se conscensualizar que é um árbitro rendido ao “sistema”?
A mentira deste jogo entre o V. Setúbal e o FC do Porto, para a meia-final da Taça de Portugal, começou logo aos 3 minutos. Entrada por trás de Paulo Assunção sobre um jogador sadino - expulsão gritou-se no Bonfim, e opinaram os comentadores da SIC, Jorge Baptista e Luís Marçal; amarelo mostrou Pedro Proença; indignou-se Carlos Carvalhal.
Meia hora de jogo, penálti sobre Leandro, o avançado setubalense - pediram os adeptos sadinos, e garantiu a SIC, cujas imagens não deixavam margem para dúvidas; nada, disse Pedro Proença; indignou-se Carlos Carvalhal.
Tanta indignação acumulada fez com que o treinador do V. Setúbal fosse expulso a caminho das cabinas por Pedro Proença. Vale a pena dizer mais alguma coisa? Vale a pena dizer que o FC do Porto venceu por três golos sem resposta?
Assim vai o futebol português. Um reino de mentiras, de vídeos e de alguma “fruta”. Quem foi que falou em sexo? Foto: André Kosters (Lusa).

Pinto da Costa na Luz

Pela boca morre o peixe, diz o povo e com razão. Os últimos discursos incendiários e exaltados de Jorge Nuno Pinto da Costa não fizeram bem ao coração do líder portista. Vá lá saber-se porquê, numa altura de maior aflição, o presidente perpétuo dos azuis e brancos, a quem chamam "Papa" pela sua inquebrantável fé católica, não se refugiou no Santuário de Fátima, nem na Capela do Senhor da Pedra, junto ao mar, em Gaia, onde, diz a lenda, vai tomar banho altas horas da madrugada para, talvez, exorcizar demónios. Não, num momento assaz complicado, Jorge Nuno não teve outro remédio do que procurar abrigo, repouso e apoio na Luz. Sim, na Luz. Não na Catedral, mas no Hospital. Leia, aqui e aqui, a surpreendente decisão do líder do FC do Porto, a quem desejamos que tudo não tenha passado de um mal-entendido.
Post-Scriptum - O FC do Porto desmentiu a notícia que o Expresso deu, como se pode ler aqui. É caso para dizer que quem se mete com "papas" leva.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Maquiavélicas conspirações

Jorge Sousa faz bem em rezar, para que depois não tenha de se confessar.

Será que quando as coisas correm mal, teremos mais tendência para vislumbrar perversas conspirações, tenebrosas manobras, maquiavélicas artimanhas, para nos “empurrar para baixo”?
Vem-me esta dúvida à cabeça a pouco menos de 48 horas de uma meia-final da Taça de Portugal importantíssima para o Benfica. Em Alvalade, vamos jogar quase toda a época e o que acontecer na quarta-feira à noite terá influência directa no jogo de domingo contra o FC do Porto. Uma vitória elevará o moral das “tropas”, uma derrota pode transformar o jogo do Dragão numa noite de pesadelo.
Regresso à minha dúvida, talvez existencial. Reflicto sobre o nome do árbitro escolhido para arbitrar essa meia-final, Jorge Sousa, da Associação de Futebol do Porto. Porque será que este nome me traz recordações nefastas?
Recorro à memória: 1ª jornada do campeonato, num Agosto já distante. Jorge Sousa foi o árbitro do Leixões – 1; Benfica - 1. E depois? Escrevia o jornal “O Jogo”, na edição do dia seguinte: “Ao minuto 76, Jorge Sousa cometeu o maior erro de uma exibição pouco conseguida, deixando – tal como o seu assistente – passar em claro uma grande penalidade cometida por Ezequias sobre Nuno Assis”. Pois…
O pior é o raio da tendência para vislumbrar perversas conspirações não fica por aqui. Jorge Sousa foi também o árbitro do Benfica – 1; Braga -1 e do Benfica – 0; FC do Porto – 1. Malapata, logo um árbitro que dá pouca sorte ao Benfica.
O problema com este árbitro é que não é só ao Benfica que ele dá azar, também é ao Belenenses. É que Jorge Sousa foi o árbitro do Leixões – 1; FC do Porto -2. Sim, esse mesmo, o que validou o segundo golo portista, marcado por Tarika em fora-de-jogo.
Que diabo de pensamentos tenebrosos! Mas há mais, que nisto de pensar em maquiavélicas artimanhas tem que se lhe diga. Recordemos agora Elmano Santos. Esse mesmo, o árbitro da Associação de Futebol da Madeira. Não é que este madeirense, pensando no bailinho, marcou um penálti fantasma na Luz contra o Benfica no jogo com o Paços de Ferreira e, 15 dias depois, validou dois golos irregulares do FC do Porto no jogo do passado domingo, no Bonfim, contra o V. de Setúbal?
E porque é que agora mesmo, mesmo, me lembrei de Lucílio Baptista, esse “iluminado” da arbitragem inscrito na Associação de Futebol de Setúbal? Terá sido porque o ilustre Lucílio, que não viu uma catrefada de penáltis a favor do Benfica, no Bessa, contra o Boavista, “viu” um penálti a favor do FC do Porto, em Belém, no jogo contra o Belenenses?
Como dizem os italianos: Si no e vero, e bene trovato…

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Peçam desculpa


Benfica - 0; Académica - 3 (26ª Jornada) - Domingos Paciência, que desta vez não olhou para o chão, teve o que queria, um jogo limpinho. Parabéns à Briosa, a quem me sinto afectivamente ligado. Chalana, que foi igual a si próprio no “flash-interview”, não teve o que queria – raça, querer, classe, amor à camisola.
Disse o “pequeno genial”, no final do jogo, com semblante de velório, que também ele teve dias maus como jogadores. É certo, mas o que nunca teve foi falta de classe, de raça, de querer, de amor à camisola.
Quantos daqueles jogadores do Benfica que saíram vergados a uma derrota humilhante, sentiu a mesma vergonha que se pressentiu no rosto e nas palavras de Chalana? Sem querer beliscar a dignidade de ninguém, atrevo-me a dizer que poucos, muito poucos.
O que há agora a fazer é muito simples. Uma “limpeza de balneário”, como se dizia há alguns anos atrás. Jogadores sem classe, desmotivados, que se arrastam, estão identificados. Não há que ter complacência.
Aqui há uns anos atrás, o saudoso Jorge Perestrelo, relatando um jogo de apresentação do Real Madrid aos seus adeptos, contra o Benfica, que resolveu levar ao Santiago Bernabéu um equipa reservista, sentiu-se humilhado pela goleada que os meregues estavam a infringir aos encarnados.
Bem ao seu estilo, gritou essa indignação e essa revolta. Parece que estou a ouvi-lo: "A partir de agora recuso-me a dizer os nomes dos jogadores que envergam a camisola vermelha. Não merecem que eu refira os seus nomes". A partir dali, o relato foi, 6 passa para 3, 3 coloca a bola em 8. Perestrelo mostrou assim o seu sentimento.
Do presidente do Benfica quero, por isso, ouvir: “Isto não se volta a repetir”. Porque “isto” não se pode voltar a repetir, mesmo. Seja como for, o que se passou esta noite vai ter consequências, tem de ter consequências. É o fim de um ciclo que se anuncia.
Chalana é o menos culpado. Que culpa tem ele de não ter um defesa direito de classe para colocar no lugar de Nélson, um jogador sofrível? Que culpa tem ele de Katsouranis estar a jogar por favor? Que culpa tem ele de Nuno Gomes estar a anos-luz do jogador que, a espaços, chegou a ser? Que culpa tem ele de Makukula ser um “bluff”? Que culpa tem ele de Di Maria continuar a ser o brinca-na-areia que chegou à Luz? Que culpa tem ele de Rui Costa estar a viver os meses mais difíceis da sua extraordinária vida desportiva? Que culpa tem ele de ser o homem da casa, o porta-estandarte da mística, aquele a quem se pede o que não se pede a ninguém, porque ele, o Fernando Chalana, tem amor à camisola?
Ele não tem culpa, nós também não. Os actuais jogadores do Benfica não se dão ao respeito. O respeito que devem aos milhões de adeptos espalhados pelo Mundo. Olho para Fernando Chalana e vêm-me à memória as milhares de horas de alegria que ele me ofereceu. Olho para aqueles jogadores do Benfica e não digo o que sinto.
O que podem dizer agora aqueles homens que mancharam uma camisola gloriosa aos milhões de adeptos? O que podem dizer a Chalana, a Shéu, a Rui Águas, a João Alves, a Néné, a Pietra, que com eles convivem todos os dias? Eu sei o que diria Chalana, que só não o disse na conferência de Imprensa por pudor: “Pedimos desculpa”.
É isso: “Pedimos desculpa”.
Foto: Paulo Duarte (AP)

Post-Scriptum: Óscar Cardozo, por quem tenho simpatia, saiu do campo pelo seu próprio pé a caminho do balneário, faltavam 5 minutos para o fim da partida. Não sei o que tinha Cardozo, mas lesionado ou não, o paraguaio devia ter ficado em campo, mesmo em sofrimento, porque a equipa ficou a jogar com 10 por já ter esgotado as substituições. É também assim que se perdem jogos e campeonatos. E é também esta atitude que é preciso mudar.

Errata

Acreditem que me deu um certo gozo: eu “eliminei” o Bayern de Munique. É verdade. Bom, para ser mais rigoroso, quem o “eliminou” foi a RTP, quase a acabar o Sporting – Glasgow Rangers. O jornalista da televisão pública, que me induziu em erro, anunciou a eliminação dos alemães aos pés do Getafe, a equipa espanhola que tinha afastado o Benfica dos quartos-de-final da Taça UEFA.
Devo confessar que regozijei, primeiro porque não gosto de alemães, depois porque até dava jeito meter uma “farpa”, agora que o Sporting tinha sido eliminado e o FC Porto já o fora. Agradeço aos meus amigos leitores a chamada de atenção imediata, que rapidamente tomei em devida consideração, com a publicação de um Post-Scriptum 2 (aqui).
Moral da história: Nunca se deve confiar em alemães. Já no prolongamento, a perder por 3-1 a cinco minutos do fim, o Bayern, através de Luca Toni, virou a eliminatória a seu favor. Recordei-me de uma célebre meia-final do Campeonato do Mundo de Espanha, em 1982 – França/Alemanha.
A França de Platini, Fernandez, Giresse, Tigana, Rocheteau, Six, Trésor, Bossis; contra a Alemanha de Rumennigge. Prolongamento: 3-1, a 5 minutos do fim, a favor dos "bleus". Depois, 3-3, com o último golo a ser marcado por Rumennigge. Nos penáltis, o desperdício de Bossis, colocou os teutónicos na final. Não foi por isso que não gosto de alemães, mas que ajudou, ajudou.
Chamei a este texto “Errata”, mas podia ter chamado “O INFERNO errou”. O mais fácil seria, tranquilamente, “apagar” o lapso, mas não gosto de reescrever a história. Como nos jornais, o que está publicado, está publicado. E assim é que deve ser - também nos blogues.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Para memória futura

Quando se tem a coragem de falar em "jogos viciados" e todos parecem ficar indignados; quando o Apito Dourado passa a Apito Final e, em desespero de causa, se berra contra os "vermes" e se reacende a luta Norte-Sul; quando uns pretendem "limpar" a imagem do futebol português e outros pretendem manter o "status quo" - é preciso não ter a memória curta.
Entrar na máquina do tempo e viajar 20 anos atrás, é o que nos propõe um excepcional texto de análise e investigação que não posso deixar de aconselhar toda a gente a ler. Li-o com um misto de perplexidade e de indignação, de repulsa e de espanto, de nojo e de revolta. Ei-lo AQUI.
Não sei que sensações e emoções vão ter cada um dos que o lerem. É colocar a nu, sem cortinas de fumo, sem manobras de diversão, sem lançar areia para os olhos, 20 anos de mentiras, vigarices, jogo sujo...
Vi e vivi muitos dos episódios ali contados e recordados. Mas muitos ficaram por contar e recordar. Conto mais dois para juntar ao rol:
1º - Tirsense - FC do Porto, início da década de 90, à entrada para os últimos 15 minutos, com 0-0, Caetano isola-se, passa por Baía em direcção à baliza deserta. Recordo-me de me levantar de um salto e, nos segundos seguintes, assistir a um dos mais despudorados "roubos de igreja" de que há memória. Fora da área e com as mãos, Baía tira a bola dos pés de Caetano, evita o golo do Tirsense, e passa totalmente impune. Sabem quem era o árbitro? Carlos Calheiros.
2º - Lembram-se do Leça FC? Pois este clube de Matosinhos, que nunca conseguiu ombrear com o histórico Leixões, esteve durante 3 épocas consecutivas na I Divisão, de 95 a 98. Aqui chegados, os leceiros procuraram aproveitar o ocaso do Leixões para ascender a primeiro clube do concelho. Para isso, nada melhor que uma "parceria" com o FC do Porto, com a vantagem de portistas e leixonenses não morrerem de amores uns pelos outros.
A "parceria" consistiu no empréstimo de "camionetas" de jogadores azuis ao Leça e, para que não faltasse nada, até um treinador lhe arranjaram, o ex-capitão azul-e-branco, Rodolfo Reis. Está bem de ver como foram os jogos entre Leça e FC do Porto nesses "dourados" anos. Um portento de verdade desportiva... E ainda há muito mais...

Goodbye

E pronto. O Sporting caiu aos pés de uma equipa da terceira linha do futebol europeu. Portugal ficou sem equipas nas provas europeias. Hoje à noite, contra o Glasgow Rangers, os verdes tinham tudo para passar às meias-finais da Taça UEFA: um nulo na primeira mão, o jogo em casa, uma equipa modesta e sem classe. Resultado: o Sporting perdeu em Alvalade por 0-2. Pior, em mais de 180 minutos de jogo não foi capaz de marcar um golo a uma equipa escocesa que, se tem algum jogador minimamente aceitável, ele não está seguramente na defesa.
Antes, já o FC do Porto tinha ficado pelo caminho na Liga dos Campeões, frente à pior equipa que passou aos oitavos-de-final, o Schalke 04 - numa prova em que os azuis do Norte tinham algumas ilusões (como escrevi aqui).
Ilusões, também as tinha o Sporting, crente que podia sonhar com outra final da UEFA. O problema é que quando as arbitragens são rigorosas e isentas, a mediocridade vem sempre ao de cima. E o futebol do Sporting é medíocre.
Esta má prestação das equipas portuguesas nas provas da UEFA vai ter - já está a ter, com Portugal a cair para o 9º lugar do ranking - consequências terríveis para o nosso futebol. Em vez de estar preocupado em criar novos campeonatos, que não passam de uma brincadeira, o presidente da Liga, Hermínio Loureiro, devia estar a reflectir sobre o modo como tornar mais competitivo o nosso futebol. Foto: Nacho Doce/Reuters
Post-Scriptum 1 - O Benfica foi afastado da Taça UEFA pelo Getafe, lembram-se, nas circunstâncias em que o foi - Óscar Cardozo expulso na primeira mão, logo aos 8 minutos de jogo. Pois é esse mesmo Getafe que acaba de eliminar o todo-poderoso Bayern Munique e passar às meias-finais. Quem diria...?
Post-Scriptum 2 - Está bem como está, mas necessita de uma pequena correcção. Induzido em erro pelo comentador da RTP, que anunciou a eliminação do Bayern, não pude deixar de referir este facto. Mas, no fundo, a ideia anterior mantém-se. Há uns anos, um crítico de teatro norte-americano do New York Times escreveu um artigo sobre uma peça em exibição na Broadway. O artigo foi publicado, mas, por azar, a peça não subiu ao palco.

Toda a Verdade III

24ª Jornada
Benfica – 4; Paços de Ferreira – 1
Árbitro: Elmano Santos (AF Madeira)

Análise do “O Jogo” – “O árbitro equivocou-se no lance que deu origem ao empate (penálti mal assinalado pois Nélson não fez falta sobre Cristiano) e voltou a errar aos 52´ ao não penalizar o Paços de Ferreira por uma falta dentro da área de Paulo Sousa sobre Edcarlos”.

O Tribunal d´O Jogo
40 min. – Foi bem assinalado o penálti contra o Benfica?
Jorge Coroado: “Não houve motivo para grande penalidade”;
Soares Dias: “O árbitro é iludido pela queda do jogador pacense, pois o Nélson não comete qualquer falta”;
Rosa Santos: “… o jogador do Paços tropeça na sua própria perna, sem qualquer infracção do benfiquista”.
52 min. – Edcaralos cai na área, apóscontavto com Paulo Sousa. Elmano Santos devia ter marcado penálti?
Jorge Coroado: “Paulo Sousa , com o braço esquerdo, fez uma gravata a Edcarlos. Suficiente para grande penalidade”;
António Rola: “(…) havia base legal para a grande penalidade”.

in “O Jogo”, de 31 de Março de 2008

25ª Jornada
Boavista – 0; Benfica – 0
Árbitro: Lucílio Baptista (AF Setúbal)

Diz o jornal “O Jogo”, na análise ao árbitro Lucílio Baptista: (…) o juiz de Setúbal deixou passar em claro o derrube de Mateus a Petit e depois a Léo, ao minuto 65. Muitas dúvidas ainda no final da partida, com Moisés a jogar a bola com a mão).

29 min. – Há motivos para grande penalidade a punir mão de Nélson na área encarnada?
Jorge Coroado – “Esteve bem o árbitro ao nada assinalar (…)”;
Rosa Santos: “(…) o árbitro esteve muito bem ao não assinalar qualquer infracção ao jogador do Benfica”;
António Rola: “(…) sem que tenha havido qualquer infracção do atleta do Benfica”;
65 min. – Mateus comete alguma infracção sobre Petit e Léo na área axadrezada?
Jorge Coroado: “Mateus atingiu Léo, cometendo falta com grande penalidade… e, punível, com cartão vermelho directo…”;
António Rola: “Sim, podemos chamar um Mateus impune”.

in “O Jogo”, de 7 de Abril de 2008

Conclusão: mais dois pontos "roubados". E contra o Paços de Ferreira, se não fosse a excelente segunda parte, Elmano Santos tinha direito a umas férias nas Caraíbas.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Os 7 pecados mortais

Os 7 golos irregulares de que, até agora, o FC do Porto beneficiou nesta época - e o campeonato ainda não acabou. Agora digam-me lá se há ou não há jogos viciados no futebol português? - in "Correio da Manhã", de 5 de Março de 2008.

terça-feira, 8 de abril de 2008

Semelhanças e diferenças

O QUE HÁ DE COMUM ENTRE O MIDDLESBROUGH - MANCHESTER UNITED E O BOAVISTA - BENFICA, PARA LÁ DE TEREM SIDO AMBOS JOGADOS NO ÚLTIMO DOMINGO? E O QUE HÁ DE DIFERENTE? DESCUBRA AQUI AS SEMELHANÇAS E AS DIFERENÇAS.

Opinião insuspeita

Análise do ex-árbitro Jorge Coroado a um dos lances mais polémicos do Boavista - Benfica,
in jornal "O Jogo", de 8 de Março de 2008

Nervosos, quem?

O apelo de Chalana foi ouvido pelos benfiquistas. No Bessa, como em qualquer outro lugar do Mundo, nunca caminhareis sozinhos.

As ondas de choque produzidas pelas afirmações de Luís Filipe Vieira no final do jogo do Bessa – “há jogos viciados no futebol português” – fazem corar de vergonha o mais desavergonhado.
Querem ver que estas “virgens ofendidas” nunca ouviram falar no “Apito Dourado”, nem nos guímaros, calheiros, josé pratas, e quejandos? Nunca ouviram falar dos “quinhentinhos”, nem sabem o que é a “fruta”?
Há uns largos anos atrás, um presidente do Sporting que depois chegaria a primeiro-ministro, revelou publicamente onde se “compravam” os árbitos: Canal Caveira. Então não há “jogos viciados” no futebol português?
Damos o benefício da dúvida ao senhor Emídio, presidente do V. Guimarães, que aterrou há pouco no futebol mas parece estar nele há décadas (se calhar está, ou não é ele que tem (ou tinha) um irmão como delegado da Liga?). É que o senhor Emídio aposta em assumir as dores de todo o futebol português pelas acusações de Vieira. Estranho, não é? Seria, se não estivéssemos em Portugal.
Enquanto isso, Laurentino Dias, secretário de Estado do Desporto, apela ao bom senso, mas não diz de quem. De Vieira, de Hermínio Loureiro, de Gilberto Madaíl, de Chalana, do guarda abel, de Pinto da Costa? Ficamos à espera da solução do enigma.

Post-Scriptum – Os jogadores do Benfica mereceram o apoio dos milhares de benfiquistas presentes no Bessa, pela raça, pela coragem, pelo talento, pela solidariedade. Foi bonito de ver e de sentir a comunhão entre adeptos e jogadores. A indignidade de meia dúzia não pode quebrar a corrente entre a massa associativa e a equipa. Estamos convosco!

segunda-feira, 7 de abril de 2008

"O INFERNO DA LUZ" NO RÁDIO CLUBE PORTUGUÊS

Na passada sexta-feira, simpática e amavelmente, o Rádio Clube Português, uma referência de qualidade no panorama radiofónico nacional, e que dignifica o nome prestigiado que ostenta, convidou-me para opinar sobre o título do FC Porto. Tive o prazer e a honra de ocupar um lugar ao lado de nomes como os de Carlos Tê, Júlio Magalhães, João Braga, Padre Jorge Duarte, mas não me deixei influenciar nem pressionar. A minha opinião, que aqui partilho com todos os benfiquistas (e alguns sportinguistas e portistas) que visitam este blogue, é a de alguém que não tem receio de ser "faccioso".


Um filme há muito em cartaz

Lembram-se do antigo árbitro José Pratas, durante uma final da Supertaça entre Benfica e FC Porto, a fugir de 11 jogadores equipados de azul em pleno relvado? Esta imagem não vos faz lembrar esse edificante episódio?

Não foi 1, nem 2, nem 3. Foram 4, os penáltis que ficaram por assinalar a favor do Benfica no jogo de ontem à noite, no Bessa, contra o Boavista.
1º penálti: Petit entra na área e é derrubado, por detrás, com um toque na perna, por Mateus;
2º penálti: no mesmo lance, a bola sobra para Léo, que é abalroado pelo mesmo Mateus, cuja entrada “a matar” com os pitões no pé do jogador do Benfica mereceria, para além da grande penalidade, um vermelho directo;
3º penálti: cabeçada de Moisés em Rodriguez, dentro da área, na disputa de uma bola alta;
4º penálti: mão do defesa boavisteiro Angulo, dentro da área, a rechaçar uma bola cabeceada por Edcarlos, que se encaminhava para dentro da baliza.

Diz o jornal “O Jogo”, na análise ao árbitro Lucílio Baptista: (…) o juiz de Setúbal deixou passar em claro o derrube de Mateus a Petit e depois a Léo, ao minuto 65. Muitas dúvidas ainda no final da partida, com Moisés a jogar a bola com a mão).

Há quem encare estas coisas com um encolher de ombros e afirmações inócuas, como: “isto é futebol…”. Não, isto não é futebol. Futebol é 94 minutos de excepcional qualidade que o Benfica desenvolveu no relvado do Bessa.
Chalana está, mais uma vez, de parabéns, não só como técnico mas também como porta-voz da nossa ambição – o apelo que fez de ver um Bessa vermelho foi cumprido na íntegra. Mas Chalana fez mais, montou uma equipa com cabeça, tronco e membros. Como dizia Petit: “Agora sabemos o que estamos a fazer em campo”. Terá o Benfica encontrado o seu treinador principal para a próxima época?
O problema é que Portugal está ainda longe de ser uma democracia em que as instituições estejam devidamente consolidadas. Não fosse assim, e as palavras duras e corajosas de Luís Filipe Vieira, com o peso institucional de presidir à maior instituição portuguesa, teriam já obrigado à intervenção dos mais altos poderes públicos.
Lucílio Baptista, um árbitro que num país onde o futebol fosse credível já tinha sido aconselhado a fazer outra coisa, merece o repúdio de todos os que defendem a verdade no futebol. A foto que publicamos não deixa a menor dúvida sobre o árbitro de Setúbal.
Pede-se agora que o Benfica não deixe cair a bandeira da credibilização do futebol português: a Liga de Clubes não pode ignorar o que se está a passar e o nosso clube tem de enviar já um “dossier” completo do que se passou no Bessa – imagens e análise da actuação do árbitro na imprensa.

Post-Scriptum: Pinto da Costa, depois de meses a fio remetido a um silêncio estratégico, devido ao cutelo do “Apito Dourado” que pende sobre a sua cabeça, resolveu enfunar os pulmões de ar e soltar alguns mísseis. Em S. João da Madeira, sexta-feira à noite, chamou “vermes” a quem não lê pela sua cartilha e lançou, de novo, a estratégia da guerra Norte-Sul. Um “remake” de um filme com 20 anos, datado e que já só suscita risos. Só lhe faltou dizer: “Eu só quero ver Lisboa a arder”.

domingo, 6 de abril de 2008

Perceberam, agora...?

Angel Di Maria nem quer acreditar que o futebol português seja tão perverso. O jovem jogador argentino julgava que o futebol era só fintar, rematar, meter golos. Não é não, em Portugal não é. Foto: Miguel Vidal/Reuters
Boavista - 0; Benfica - 0 (25ª Jornada). Se alguém tinha dúvidas sobre o significado das palavras de Fernando Chalana no final do Benfica – Paços de Ferreira (“querem-nos empurrar para baixo”, disse então o “pequeno genial”), esta jornada deve ter dissipado todas essas dúvidas.
Uma conjugação pérfida de arbitragens - nos jogos Paços de Ferreira – V. Guimarães, com prejuízo claro dos pacenses, e no Sporting – Sp. Braga, com os bracarenses a verem um golo invalidade e um penálti não marcado contra os verdes, terminando numa arbitragem vergonhosa no Boavista – Benfica, com 2 penáltis não marcados contra os boavisteiros e várias entradas a “matar” dos do Bessa que ficaram impunes – visa apenas o que já se sabia há muito: o “sistema” está moribundo mas tenta ainda, desesperadamente, sobreviver, e essa sobrevivência passa por afastar o Benfica da Liga dos Campeões.
Aliás, é sintomático verificar jornada após jornada os benefícios que têm sido concedidos ao Sporting – contra o Braga, hoje, mas já o mesmo havia acontecido contra o Benfica e, vejam bem, até contra o V. Setúbal, na final da Taça da Liga – e ao V. de Guimarães – contra o Paços, como se referiu, e contra o Marítimo.
O “polvo” joga em vários tabuleiros, não vá o diabo tecê-las. É dentro deste plano maquiavélico que se encaixa o facto do presidente do Vitória de Guimarães, um tal Emídio Macedo, ter sido o primeiro dirigente a dar os parabéns a Pinto da Costa pela conquista do campeonato – logo este Macedo que, ao que me dizem, até se vangloriava de ser benfiquista, como Pimenta Machado. É que o Guimarães joga dentro de duas jornadas com o FC Porto, e este já não precisa de pontos… Portanto...
Num dos melhores jogos do campeonato, senão o melhor, o Benfica podia e devia ter goleado, tantas e tantas foram as ocasiões de golo. Um Peter Jehle (qual a razão porque os guarda-redes têm esta estranha tendência para fazer grandes exibições contra o Benfica? – estou a lembrar-me de alguns, como Pedro Roma, Costinha, Wiliam, que depois contra “outras” equipas, deixavam entrar “frangos”) e um Lucílio Baptista em grande plano, impediram a vitória.
Numa equipa de grande competitividade e talento, há a realçar o regresso de Petit às boas exibições, e, do lado negativo, apenas o sub-rendimento de Rui Costa. Ai se o “maestro” estivesse a 50%...
O resto de campeonato promete grandes movimentações nos bastidores, e muita atenção para os árbitros a nomear para as meias-finais da Taça de Portugal: Sporting – Benfica e V. Setúbal – FC Porto. Porque será que todo este “puzzle” me faz lembrar a santa aliança de há uns anos atrás entre Sporting e FC Porto?

Vencer, vencer...

O jogo de hoje à noite no Bessa é uma autêntica final. A conquista do segundo lugar, mais do que um prémio de consolação, tem de ser vista como uma porta para consolidar um projecto europeu que não pode ser dissociado de um regresso à hegemonia do futebol nacional.
Como já escrevi aqui, é preciso um Benfica forte no relvado para que haja uma voz cada vez mais forte à frente da nossa instituição, que continue a pugnar pela credibilização do futebol português. Não deixa de ser estranho, muito estranho, que ontem, no jornal “A Bola”, o presidente da Federação, Gilberto Madaíl, dê uma entrevista de 4 páginas e em nenhum momento se referiu ao processo “Apito Dourado”.
Luís Filipe Vieira precisa hoje mais do que nunca de um Benfica ganhador dentro das quatro linhas. O jogo do Bessa é decisivo para a força que o Benfica tem de mostrar em todos os aerópagos.
Seguir o lema de Chalana é um imperativo: Vencer, vencer… Contra o Boavista, a raça benfiquista tem de suplantar a raça boavisteira, sabendo nós que as equipas adversárias fazem desse jogo o jogo do campeonato.
Um Benfica na Liga dos Campeões e vencedor da Taça de Portugal é essencial para partir para a próxima época com força e estímulo redobrado. No Bessa e, depois, em Alvalade, não vai faltar apoio.
Saibam ser dignos da camisola de Eusébio, de Coluna, de Alves, de Águas, de Néné, de Chalana, de Bento (que saudades!), de Corona (paz à sua alma), de Torres, de Jaime Graça, de Diamantino, de Carlos Manuel, de tantos e tantos verdadeiros mágicos que pintaram os relvados deste país e do Mundo telas de verdadeira arte. Foto em www.slbenfica.pt

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Insuportavelmente benfiquista


(…) não tenho, nem nunca pretendi ter, nenhuma isenção, sou completamente dependente das minhas opiniões e convicções e estas estão inquinadas pelo facto de ser insuportavelmente benfiquista. Sou assumidamente parcial e vejo os acontecimentos desportivos à luz do meu facciosismo clubista”.
Quem escreveu estas palavras foi Sílvio Cervan, benfiquista e nortenho, na sua “coluna do senador”, no jornal “A Bola”. Cervan, que é ainda vice-presidente do Benfica, está correcto e cheio de razão.
Discordo apenas quando diz que as suas opiniões e convicções estão “inquinadas”. Não é verdade, são fruto daquilo que muitas vezes elogiamos nos outros mas parece que temos vergonha em assumir.
Quantas vezes os “media” não elogiaram o facto do presidente do FC Porto defender intransigentemente o seu clube, muita vezes, como aconteceu ao longos dos últimos 20 anos, em detrimento da própria selecção nacional?
Mas nós, benfiquistas, (e o mesmo acontece com os sportinguistas) parece que temos receio de ser “facciosos”. É por isso que me revejo nas palavras de Sílvio Cervan. Ele é “insuportavelmente benfiquista”, eu também.
É preciso dizer que a esmagadora maioria dos simpatizantes azuis e brancos seguem a mesma cartilha do seu presidente. E também é por isso que o FC Porto ganha mais vezes (embora os árbitros deêm uma ajuda decisiva).
Hoje, em declarações ao Rádio Clube Português, num programa de antevisão sobre o eventual título do FC Porto, disse que “é fácil falar em justiça quando se tem 16 pontos de avanço, mas esses pontos foram, muitas vezes, obtidos de forma irregular, pelo que, como benfiquista, não lhes reconheço qualquer mérito”.
Facciosismo? Claro que sim, mas principalmente amor à camisola e defesa dos superiores interesses do Sport Lisboa e Benfica. Nenhum benfiquista que se preze deve dar “armas” (argumentos) aos nossos adversários.

Em nome da Verdade!

Alguns comentadores vêm defendendo a tese de que o FC Porto tudo deve fazer para que uma eventual sanção disciplinar no âmbito do processo “Apito Dourado” seja aplicada ainda nesta época desportiva. Sabendo que a medida da pena a aplicar não excede os 6 pontos, tal seria insuficiente para que os azuis das Antas perdessem o campeonato, dado o grande avanço pontual de que dispõem.
Rui Santos, na sua incontornável coluna diária no jornal “Record”, vai mais longe e escreve que não tivessem sido Benfica e Sporting tão incompetentes ao longo da época, e a esta altura o FC Porto não estaria tão á-vontade para aceitar pacificamente uma eventual perda de 6 pontos.
Dando de barato que Rui Santos esquece o V. Guimarães, e não me preocupando eu com o reduto leonino, discordo totalmente do colunista de “Record” no que ao Benfica diz respeito. Passo a explicar porquê.
A incompetência do Benfica, como lhe chama Rui Santos, não impediu que o clube da Luz fosse duramente penalizado por arbitragens negativas e cirúrgicas. Já aqui neste blogue recorremos exaustivamente a análises às arbitragens do Benfica publicadas em jornais insuspeitos (“O Jogo” e o “JN”), pelo que apenas vos remeto para lá (ver aqui e aqui). Sem tal espoliar de pontos (Leixões, Sporting, Leiria), o clube da Luz estaria numa luta desigual é certo, mas ainda dentro da mesma.
Mesmo assim, podia e devia o Benfica ter feito mais? Podia e devia. Mas os erros que se cometeram não invalidam toda uma série de circunstâncias que obstaram a que o Benfica estivesse hoje a lutar pelo título. E essas circunstâncias, pela sua iniquidade, não podem ser escamoteadas.
Fernando Chalana sabe do que fala, quando diz que “querem empurrar-nos para baixo”. Ele sabe o que se passava no famoso túnel das Antas, e sabe o que sentiu na pele e nas pernas por ter sido um “pequeno genial”. Agressões sobre agressões – vi eu muitas – que passaram incólumes anos a fio.
Octávio Machado sabe do que fala, quando há dias perguntou com ironia: “Agora já percebem porque é que eu dizia que vocês sabiam do que é que eu estava a falar?”. O palmelão, que viveu por dentro como jogador e treinador todo aquele ambiente, acrescentou que o que se sabe do processo “Apito Dourado” é apenas a ponta do iceberg.
Sabemos - todos os benfiquistas sabem - que nos bastidores do futebol português foi engendrado um esquema cujo objectivo final era colocar o Benfica num limbo, onde a sua própria sobrevivência desportiva ficasse em risco.
Não estivemos longe de assistir à vitória desse polvo, cujos tentáculos passavam por alianças estratégias entre azuis e verdes (lembram-se da troca de jogadores?), por influências empresariais, políticas e jurisdicionais (o “caso” Iuran é apenas uma agulha no palheiro). Tentaram mas não conseguiram…, mas continuam a tentar. O idiota útil neste caso chama-se Soares Franco.
É por isso que este é um momento histórico para o futebol português. Independentemente de quando é que a eventual sanção será aplicada, nada será como desde há 20 anos atrás. Um futebol credível deixará de ter clubes à beira da falência, jogadores com salários em atraso, dirigentes acusados de adulterar resultados e classificações. Em nome da verdade!

quinta-feira, 3 de abril de 2008

Um conselho, duas sugestões

Um conselho, duas sugestões: para que os jornalistas e os jornais desportivos não cansem os leitores sempre com o mesmo rame-rame das renovações de Léo e de Christian Rodriguez, deixamos aqui um conselho: quebrem a rotina e virem-se para outro lado. Vão ver que encontram coisas mais interessantes e suculentas.
Sugestão 1: que tal investigarem o ponto da situação da relação profissional (vulgo, renovação do contrato) entre o excelente médio-defensivo Paulo Assunção, e a SAD do FC Porto?
Sugestão 2: em função disso, que tal investigarem as relações institucionais entre o Nacional da Madeira, ex-clube de Paulo Assunção, e o FC Porto? Terá sido por isso que Rui Alves disse que não se revia na língua, nem na cultura portuguesa?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Renovações "à la carte"

Léo e Rodriguez (aqui com Maxi Pereira), são imprescindíveis.

O tema das renovações de Christian Rodriguez e de Léo vai animar os próximos dias nos jornais desportivos. Ou não estivéssemos a falar do Benfica. Porque é que tudo o que se relaciona com o nosso clube tem de parecer uma telenovela? Eu escrevi “parecer”, leram bem?
Analisemos a situação. Léo é um lateral-esquerdo brasileiro, praticamente desconhecido na Europa, mas a quem chamavam o “maradoninha”, em terras de Vera Cruz. Mais do que pegar de estaca, como dizem os brasileiros, na equipa principal, veio colmatar uma lacuna que há muitos anos se fazia sentir na Luz, talvez desde o abandono de Álvaro.
Para além do excelente jogador que se revelou, Léo mostrou ser um profissional exemplar e um homem íntegro e correcto. Posto isto, deve o Benfica assinar em branco qualquer proposta que o empresário do brasileiro lhe apresente? Claro que não.
Os “timings” da condução dos processos de renovação são sempre do clube e o Benfica não se pode deixar pressionar por nada nem por ninguém. Léo tem tido também um comportamento exemplar nesta matéria, mas, valha a verdade, nos últimos dias parece começar a falar demais. Se calhar, e com razão, o jogador, já com idade acima dos 30 anos, começa a desesperar. Mas, como em tudo na vida, o desespero é mau conselheiro.
Christian Rodriguez não desespera mas tenta, por interposta pessoa, subir a fasquia do seu contrato. As suas últimas prestações e, principalmente, o seu alto rendimento durante toda a época, justificam que se olhe com atenção para as suas exigências. Mas só isso: olhar com atenção. Serve para Léo, serve para Rodriguez – quem define os “timings” das negociações é o Benfica.
Esteve bem Rui Costa, num misto de colega mais velho e mais experimentado e como futuro gestor desportivo, ao abordar a "questão" Léo e a "questão" Rodriguez, em público. Foram palavras sensatas as do ainda número 10 do Benfica. É esse o registo que deve ter no seu futuro papel: diplomata, conciliador, companheiro – para fora; duro negociador e intransigente na defesa dos superiores interesses do Benfica – para dentro.
É isto uma telenovela? E se fossem vasculhar os processos de negociação e de renovação do FC Porto e do Sporting CP, o que encontrariam? “Sitcoms”, com certeza…

terça-feira, 1 de abril de 2008

O tal canal ?

Ricardo Palacin, que tomou hoje posse como novo director do Canal Benfica, disse em declarações à TSF que “é benfiquista desde pequenino”. Não ponho em dúvida a genuinidade desta afirmação, mas, se assim é, há coisas que precisam de ser explicadas … bem explicadas.
Luís Filipe Vieira afirmou há dias que “errou na escolha de uma ou duas pessoas”, num momento de auto-crítica que só o enobrece e lhe fica bem. Julgo que na mente do presidente do Benfica estava, entre outros, o nome de José Veiga.
Esperemos que estes erros de “casting” não passem a incluir o nome de Ricardo Palacin, que apareceu há algum tempo num programa de televisão envergando uma “t-shirt” que recordava o jogo da nossa vergonha: Sporting – 7; Benfica – 1, como a foto que publicamos documenta (ler tudo sobre esta polémica aqui, aqui e aqui / ver aqui e aqui).
Há alguns anos atrás, num Governo de Cavaco Silva, foi nomeado para secretário de estado um militante do PS de Aveiro, Henrique Diz. Quando a história foi tornada pública, o recém-nomeado (julgo que nem chegou a tomar posse) teve de arrumar as malas.
Recentemente, diz-se que a escolha do actual ministro da Cultura, o advogado José António Pinto Ribeiro, para substituir a ministra Isabel Pires de Lima, deveu-se a um equívoco, pois quem estaria na mente do primeiro-ministro seria outro Pinto Ribeiro, esse sim ligado às questões culturais. Ou seja, erros de “casting” existem, voluntária ou involuntariamente.

A verdade é como o azeite

Os últimos desenvolvimento no processo “Apito Dourado” vêm dar razão a Luís Filipe Vieira. O presidente do Benfica, paladino da luta contra a corrupção no futebol e quase isolado quando, com coragem, exigiu que a Justiça cumprisse o seu papel neste “caso”, pode vir a ficar na história do futebol português como o agente desportivo determinante para a credibilização do desporto-rei.
Luís Filipe Vieira é um homem muito pouco consensual no mundo do futebol. Como líder do Benfica, em pouco mais de 4 anos de presidência, o seu percurso pode ser visto à luz da célebre metáfora do copo meio cheio ou meio vazio. Para uns, o copo está meio cheio: Vieira colocou as contas do clube na ordem, reabilitou a sua imagem, construiu o novo estádio e o centro de estágio, recuperou as modalidades, avançou com projectos financeiros que deram solidez à instituição, atingiu os quase 200 mil sócios, tornando o Benfica no maior clube do Mundo. E foi campeão, depois de 11 anos de jejum.
Para outros, o copo está meio vazio: Vieira foi “apenas” uma vez campeão, cometeu erros de gestão desportiva, não atingiu os 300 mil sócios como prometeu. No meio está a virtude?
Confesso que me revejo mais na tese do copo meio cheio, mas o papel de Luís Filipe Vieira no Benfica e no futebol português está longe de estar terminado e não pode, mesmo agora, ser visto apenas à luz de meros factos avulsos.
Quando chegou, pela mão de Manuel Vilarinho, que tinha acabado de conquistar a presidência a João Vale e Azevedo, Vieira era um ilustre desconhecido – apesar de ter liderado um clube menor às portas de Lisboa, o Alverca, considerado um modelo na formação e que, na altura, dava cartas na Liga principal.
Veio para a Luz como principal responsável pelo futebol profissional, o que não deixa de ser irónico para quem agora o acusa de “nada saber sobre futebol”. Mas foi na gestão empresarial que mais se fez notar. Os seus reconhecidos méritos nesta área foram decisivos para “desatar os nós” – na expressão que ouvi pessoalmente a Vilarinho – que o consulado de Vale e Azevedo tinha deixado.
Tido como uma personalidade “terra à terra”, Vieira colocou o Benfica na vanguarda das novas tecnologias, ao impulsionar a realização do último acto eleitoral através de votação electrónica, iniciativa pioneira em Portugal.
Apesar disso, fez questão de assumir sempre um perfil de “presidente popular”, a quem se deve o apoio às casas do Benfica espalhadas pelo País e pelo Mundo, que não se cansa de visitar e inaugurar. Os tempos que correm devem fazê-lo pensar que vale sempre lutar quando sabemos que a razão está do nosso lado.
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