quinta-feira, 24 de abril de 2008

Carta aberta a LFV

Caro Presidente

A vida não está fácil, mas é nestas alturas que é preciso saber para onde se quer ir. E os benfiquistas querem saber para onde quer ir e levar o Benfica. Aqui, neste blogue, lançamos um inquérito aos benfiquistas (e não só) sobre o que acham que deve fazer. Mas ninguém melhor do que você sabe o que fazer.
Recuso-me a julgá-lo por uma época que correu mal. Como não tenho a memória curta, recordo-me do princípio desta história. Em 2000, estava muito sossegado em Alverca, a construir uma equipa e um clube para o futuro, e Manuel Vilarinho, acabado de ser eleito presidente do Benfica, desafiou-o para ajudar na reconstrução do Benfica, saído da gestão de Vale e Azevedo. Curiosamente, foi para a área do futebol, a tal de que agora o acusam de nada saber, que foi chamado.
Três anos depois é eleito presidente do Benfica, com uma votação recorde. Colocou as finanças em ordem, fez o estádio e o centro de estágio, reabilitou as modalidades e a formação, recuperou a credibilidade do clube. Este é o seu cartão de visita, certo, mas agora os trunfos têm de ser outros.
É sobre a gestão desportiva que os sócios e adeptos mais querem e exigem respostas, não promessas. Os erros já passaram, fazem parte do passado. Deve, porém, reconhecê-los, e tentar corrigi-los.
Errar é o risco que corre um decisor. Assumir que se errou é uma qualidade de um líder. Os benfiquistas não são ingratos, mas precisam de ouvi-lo dizer que o Benfica é dos benfiquistas, só dos benfiquistas.
O futebol é paixão e amor à camisola. Gerir o Benfica como um clube-empresa é uma decisão acertada quando se ganha, mas desastrosa quando se perde. Porque a alma, a mística, que você, meu caro Luís Filipe Vieira, tão bem soube fazer renascer, só é passível de gerar receitas com equipas ganhadoras.
O “core business”, expressão que lhe é cara, do Benfica são os golos, as vitórias, os títulos – não os gráficos dos proveitos ou o “cash-flow”. Por isso me custa aceitar que haja no meu, e no seu, clube profissionais, competentes certamente, mas que não sintam amor à camisola. Eu sei que isto é o adepto a falar, mas é a esses que você deve explicações sobre o que correu mal e sobre a forma de ultrapassar esta situação.
O treinador é uma questão incontornável. Já disse que nada seria revelado antes do fim do campeonato. Faz bem. Mas passar a mensagem que ainda se está na estaca zero será desolador. O perfil tem de estar já fechado: português ou estrangeiro? O Benfica não pode estar à espera das decisões de terceiros. Para qualquer treinador, o Benfica tem de ser a primeira escolha.
Depois há a questão dos reforços e da melhoria do plantel. Saber quanto há para gastar é secundário. Este ano, pelo que se conhece, gastou-se 30 milhões, com os resultados que se sabem.
Gerir bem os recursos financeiros, você sabe. Talvez o “olho clínico” de Rui Costa ajude a encontrar melhores jogadores, com menos dinheiro. E, claro, é preciso apostar na formação, outro sector que retirou da lama e cujo trunfo pode reivindicar como seu.
A estrutura do futebol não pode mais falhar. Você não mete golos, mas é o principal responsável por encaixar bem todas as peças do “puzzle”. Impedir sobreposição de funções e “choques” hierárquicos entre os “Ruis” é tarefa sua – não a delegue em ninguém, nem deixe que as coisas se ajustem por si.
Como homem de acção que é, a sua liderança tem de continuar a ser vista como um facto natural, independentemente da nova correlação de forças que se vier a concretizar.
E deixe de responder aos “veigas” do nosso futebol.

Caro Presidente

Os erros cometem-se e corrijem-se. As oportunidades vão passando e o tempo esgota-se. Depois de uma travessia do deserto de 11 anos, estes últimos três pareceram um virar de página. Mas, os títulos são o nosso único oásis e, por favor, aceite que nunca é um “erro” ser campeão.
O seu projecto e o seu combate está longe de estar concluído e, por isso, virar agora as costas seria oferecer aos nossos “inimigos” o nosso Benfica numa bandeja de prata. Para resistir é preciso fazer (quase) tudo certo e rodear-se dos melhores.
Lutar até ao fim pelo acesso directo à “Champions” é uma exigência que tem de impôr aos jogadores, e não desresponsabilizá-los, como fez recentemente, com o objectivo de sublinhar a excelência da sua gestão. Essa excelência está lá, ninguém a tira. Agora que venham os títulos.

Saudações benfiquistas

6 comentários:

  1. Bom artigo de opinião. Subscrevo-o

    Hoje, no jornal A Bola, vem uma noticia onde se admite a possibilidade de Carlos Queirós vir a treinar o benfica.

    O que acham dessa hipótese?

    Caso o entendam, façam-me uma visitinha e comentem esta noticia na minha/vossa casa

    Saudações benfiquistas

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  2. Ser benfiquista nunca foi uma "garantia" de competencia. Carlos Queiros pode nao ser benfiquista mas è certamente competente.Se aparecer alguem que dé tantas garantias de tao grande qualidade e que seja benfiquista entao assim...tudo bem...Hoje em dia o que faz a diferencia entre os bons e os menos bons è a COMPETENCIA.Como socio do Benfica e olhando para os maiores clubes da Europa(BAYERN,AC MILAN...) desde hà muitos anos que acho que faltava PROFISIONALISMO neste clube.

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  3. Hoje celebra-se o 25 de Abril. Viva a LIBERDADE.

    Já agora?

    Sabem porque é que o dia da Revolução dos cravos, foi no mês ... de Abril ... e não noutro qualquer?

    Eu ajudo, eheehehehe.

    (...)

    Basta visitar-me e ler

    Saudações benfiquistas.
    .

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  4. Como muitos benfiquistas tenho interrogado o passado e o futuro, considerando sempre o futuro como decisões do presente. Há muitos poblemas no futebol português, não sei se há melhor que LFV, pior sei que há, que um clube se faz de vitórias e de títulos é verdade mas antes disso tem de haver uma estrutura financeira sólida. O Benfica porque tem uma massa associativa muito grande é muito patecido. Temos falhado nofutebol é um dado adquirido, mas eu pergunto é se nos têm deixado fazer melhor. Eu condidero que são duas batalhas paralelas. Temos de ter dois generais, até ao momento só tivemos um, o outro vai agora ser prmovido, vou-lhe dar o beneficio da dúvida, porque uma coisa eu não vou fazer, entregar o ouro ao bandido, isso eu não faço. O Benfica não pode ser dirigido de fora para dentro e eu parece-me que é o que agora está a acontecer, fala-se mais dos insucessos desportivos do que dos crimes financeiros de outros clubes. E se me perguntarem eu acho que as Portas que Abril abriu foram para acabar com esses e não com os insucessos desportivos. Enquanto tivermos salários em atraso, jogos com 13 jogadores contra 9 não pode haver verdade desportiva. E isso para mim é bem mais importante o cancro dos jogadores emprestados é para mim o pior do futebol.

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  5. Meu Caro
    Deixe-me primeiro dizer que o seu blog é tal como os 3 jornais desportivos uma das minhas leituras diárias com excelentes artigos de opinião.
    Em relação a este discordo consigo em alguns assuntos. Admito que LFV já fez muito pelo nosso clube, principalmente na vertente financeira, com o novo estádio e restantes instalações ao redor(os outros fizeram o estádio mas "esqueceram-se" dos pavilhões e depois andam a jogar em casa emprestada) o centro de estágio, etc.
    Há uma referência às modalidades. O que são as modalidades no Benfica? Tal como no futebol são sinónimo de poucas vitórias.
    E no futebol são feitas tantas asneiras. Porquê as contratações de Artur Futre, Rodolfo Lima, José Rui e Manu(esta ainda aproveitou-se) ao Alverca? E o George Jardel? E o Ronald Garcia?
    Eu quero é rigor desportivo no meu clube com boas e criteriosas contratações e forte aposta nas camadas jovens e quero apostas em jogadores como o Leo e Rodriguez.
    Saudações Benfuquistas

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