quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Tacuara - 5.000 e 5.001

Quem vai ser o marcador do golo nº 5000 do Sport Lisboa e Benfica, em jogos do campeonato? A questão, que tem dado azo a inquéritos junto dos adeptos benfiquistas, parte de uma premissa errada – a de que o Benfica ainda só marcou 4.999 golos. Ora, eu acho que já marcou 5.000 e, portanto, o feliz eleito chama-se Óscar Cardozo. A polémica explica-se em poucas palavras: em 95, o jogo Benfica-Sporting (1-2) foi repetido; na repetição, o Benfica ganhou por 2-0 e a federação homolgou o resultado, mas a FIFA disse que contava o primeiro jogo.
Seja como for, em Guimarães o Benfica vai marcar o golo 5.000 para uns, 5.001 para outros. E como “a César o que é de César”, nada melhor que desejar que seja Óscar Cardozo, o “Tacuara”, a facturar o golo. Para que, pelo menos no nome do autor não existam mais polémicas.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

O "homem-sombra"


O golo ao Anderlecht, na Luz, na final da Taça UEFA de 1982/83

O mundo do futebol vive de protagonistas e de protagonismos. A pressão mediática diária sobre os grandes clubes de futebol português – Benfica, Sporting e FC Porto – transforma o mais irrelevante funcionário numa estrela, ultrapassando mesmo os 15 minutos de fama a que todos temos direito.
Por isso, fugir a esses holofotes é mais do que uma arte, é uma filosofia de vida que merece ser realçada e sublinhada, não só pela invulgaridade mas pelo facto de que esse apagamento não quer dizer menor competência, nem menor eficácia, nem menor importância. Pelo contrário, significa focagem no que é primordial, o trabalho, a concentração, a organização, a dedicação, o profissionalismo, em prol de um clube.
Não posso deixar de dizer que estes considerandos vêm a propósito da actual situação de doença de Reinaldo Teles, a quem desejamos as rápidas melhoras. Reinaldo Teles é uma, a meu ver negativa, “imagem de marca” do FC Porto. Foi, contudo, um precioso “homem-sombra”, para o bem e para o mal, bastantes mais vezes para o mal.
Este pretexto serve-me para homenagear um homem, também ele “homem-sombra”, do Sport Lisboa e Benfica. Também ele com as mesmas funções de Reinaldo Teles no FC Porto, embora um mar de diferenças de formação e de idoneidade os separem.
Estou a falar de Shéu Han. E, curiosamente, vejo nestes dois homens, com o seu percurso de vida, a matriz fundamental do que diferencia o Benfica do FC Porto - a superioridade moral do Sport Lisboa e Benfica.
Shéu, a quem nos seus tempos de jogador apelidavam de “pézinhos de lã”, é o nosso “homem-sombra”. Mesmo nos tempos em que brilhava nos relvados nacionais e internacionais, ocupando o seu lugar de titular em meio-campos fabulosos, que tinham Toni e Vítor Martins, Alves e Stromberg, Carlos Manuel e Thern, Jaime Graça e Valdo, Diamantino e Chalana e tantas outras glórias, Shéu foi sempre avesso a dar nas vistas, a dar entrevistas, a sentir-se protagonista. Vivia para servir o Benfica. Era assim, é assim. Não sei se isso se deve às suas origens orientais.
O que sei é que Shéu Han é, para mim, o porta-estandarte da mística. Enquanto ele “habitar” a Luz, onde mora há mais de 30 anos, estarei confortado e seguro de que a mística nunca será uma palavra vã.
Natural de Inhassoro (Moçambique), Shéu chegou ao Benfica em 1972, com 19 anos – tem 55 e ainda lá está – e tomou o seu lugar ao lado de três gigantes: Jaime Graça, Vítor Martins e Toni. Fez a sua última época de jogador em 1988/89, 17 anos depois, com 36 anos – ganhou 9 campeonatos, 6 taças de Portugal, 2 supertaças, jogou 2 finais da Taça dos Campeões Europeus e uma final da Taça UEFA. Foi treinador, treinador-adjunto, secretário-técnico, cargo que ocupa neste momento.
Seria fastidioso enumerar tudo aquilo que Shéu foi, que Shéu é. Mas há dois momentos que não posso deixar de relatar aqui, não porque são invulgares, não porque são os mais marcantes, mas porque no meu baú de memórias são aqueles que quero guardar sobre o Shéu.
O primeiro é de 83, final da Taça UEFA (2ª mão), contra o Anderlecht. Eu estava lá, na velhinha Catedral, cheia como um ovo. Tinhamos perdido ingloriamente por 1-0 em Bruxelas, depois de Diamantino ter falhado um golo certo. Na Luz, fizemos 1-0 por Shéu, depois de um canto e após um amortecimento de Humberto com o peito. E a Luz veio abaixo. Um verdadeiro Inferno.
O segundo foi bem mais recente. Há poucos meses, durante o Benfica – FC Porto, alguns tumultos nas bancadas paralizaram o jogo. Surpreso, quem vi levantar-se do banco e dirigir-se junto às claques do Benfica apelar à calma? Shéu. E tudo serenou.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Verdades inconvenientes

Afinal, quem é que tinha razão?

Os adeptos do FC Porto têm uma estranha maneira de avisarem quem está a mais. No passado foi “à bomba” que correram com o treinador Co Adriansse. Agora é à pedrada que querem lançar borda fora alguns jogadores, principalmente Cristian Rodriguez, depois da derrota em casa contra o Leixões, no sábado.
O curioso é que parece tudo engrendado pelo líder máximo. Jorge Nuno Pinto da Costa foi ao balneário, no final do jogo com o Leixões. As notícias sobre o que disse são contraditórias. A “A Bola” afirma, a medo, que a conversa foi “anormalmente dura”, mas não cita nenhuma fonte. O “JN”, por seu lado, diz que “Pinto da Costa foi ao balneário transmitir tranquilidade” e, com o “O Jogo”, defende que “Jesualdo está seguro”.
O curioso é que enquanto a “A Bola” e o “Record” noticiam os tumultos entre adeptos do FC Porto e jogadores à saída do centro de estádio, que culminaram no apedrejamento do carro de Rodriguez, o “O Jogo” e o “JN” nada dizem. Algo corre mal no “reino do dragão”.

domingo, 26 de outubro de 2008

Contra os "apitos", ganhar, ganhar...

Luisão e um golo dedicado a Miki Féher - sempre presente na nossa memória.
O jogo e a vitória contra a Naval colocou a nu as virtudes e as deficiências deste Benfica versão Quique Flores. Contra uma equipa que está a fazer um grande campeonato, o treinador espanhol privilegiou dois homens muito móveis no ataque, Nuno Gomes e David Suazo, com o apoio de Carlos Martins, no meio, e de Reyes, do lado esquerdo.
Os primeiros minutos mostraram que a Naval vinha jogar o jogo pelo jogo e não plantar um autocarro à frente da sua baliza. O Benfica, se aproveitava a boa entrada em jogo de Reyes, muito activo e rematador, deixava muito espaço nas linhas defensivas, pelo apagamento de Carlos Martins e pelo menor desempenho de Yebda.
As situações de golo distribuíam-se, assim, pelas duas balizas. Acontece que o Benfica tem um défice claro de defesas laterais – Maxi e Jorge Ribeiro são adaptações – e a Naval conseguia criar sempre situações de perigo quando avançava rápido pelas faixas laterais. Tudo isto podia ser diferente se o senhor árbitro Rui Costa e/ou o seu auxiliar tivessem visto e assinalado uma grande penalidade sobre Ruben Amorim. O que Paulo Batista viu no estádio do FC Porto (uma falsa grande penalidade), Rui Costa não viu na Luz (uma verdadeira grande penalidade). Adiante, para já…
Sem conseguir pegar no jogo, porque Carlos Martins não conseguia fazer chegar jogo “limpo” a Nuno Gomes e a Suazo, o Benfica deixava-se enredar no jogo da Naval, que ia conseguindo ganhar o meio-campo. Com a ausência de Pablo Aimar, a falta de um número 10 é evidente no jogo do Benfica, e o recuo de Nuno Gomes não consegue atenuar essa pecha.
O jogo já se sabia que não ia ser fácil, mas ameaçava tornar-se um “balde de água fria”, depois da derrota de ontem do FC Porto. Quique fez avançar a mesma equipa para o segundo tempo. Quando já se exigia a entrada de Cardozo e de um extremo para o lado direito. Demorou mas mais vale tarde que nunca.
Cardozo e Di Maria vieram dinamitar o jogo e fazê-lo pender decisivamente para o lado do Benfica. O 1-0 apareceu naturalmente, como também naturalmente apareceu, a 7 minutos do fim, o 1-1. Digo naturalmente porque foi evidente a ausência de Maxi, no sítio onde estava sozinho o jogador da Naval. A contratação de um lateral-direito é premente.
As deficiências estão identificadas, as vantagens também, com uma frente de ataque a fazer inveja aos clubes com orçamentos milionários. Katsouranis, por sua vez, vem dar mais equilíbrio e um maior poder de passe ao meio-campo. A sua ausência a titular tem a ver com a fórmula de rotatividade de jogadores de Quique Flores.
Acontece que o Benfica tem Óscar Cardozo, que mostra que vale todos os cêntimos gastos na sua contratação. O segundo golo é todo seu. É certo que o centro largo foi de Jorge Ribeiro, mas o paraguaio mostrou uma atenção e uma colocação que valeram mais de 90% da responsabilidade no golo da vitória. E merece ter sido o jogador a marcar o golo 5 mil do Benfica em competições oficiais - a juntar aos "5" anos da Nova Catedral e ao adepto "5" milhões que hoje esteve na Luz (mais de 45 mil pessoas, quando no estádio do FC Porto estiveram pouco mais de 20 mil para ver o Dinamo de Kiev na Liga dos Campeões, dá que pensar, não dá?).
Por último, deixem-me colocar aqui esta reflexão/questão táctica: na Luz, será Suazo ou Cardozo, o homem mais eficaz para fazer com Nuno Gomes a dupla para colocar no ataque? Foto em www.slbenfica.pt

Ficha do jogo
6ª Jornada
Benfica – 2; Naval – 1
Estádio da Luz
Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

Benfica: Quim; Maxi, Luisão, Sidnei e Jorge Ribeiro; Ruben Amorim, Yebda, Carlos Martins e Reyes; Nuno Gomes e Suazo.

Golos: Luisão (71 minutos) e Cardozo (84 minutos)

sábado, 25 de outubro de 2008

Justiça divina

A Luz faz hoje 5 anos e amanhã vai receber o adepto 5 milhões. Será um dia de festa o jogo contra a Naval. Festa maior depois da vitória do Leixões, hoje à noite, no estádio do FC Porto. Parabéns ao Leixões, parabéns às gentes de Matosinhos, corajosas e trabalhadoras. Gente do mar, gente que sabe o que a vida custa e que dá valor a palavras como dignidade e credibilidade. O Leixões ganhou contra tudo e contra todos. Principalmente contra uma equipa de arbitragem que deve ser imediatamente irradiada do futebol. Se o futebol português tivesse dignidade e credibilidade, era isso que acontecia. Mas vamos ter de apenas juntar a nossa indignação à indignação dos matosinhenses e leixonenses. O Leixões não ganhou por 2-3, mas sim por 2-4, e com uma equipa desfalcada do seu elemento com mais protagonismo, o avançado Wesley. Uma expulsão perdoada a Rodriguez, um penálti fantasma marcado contra o Leixões, um golo inacreditavelmente anulado ao Leixões, um sem-número de arbitrariedades do senhor árbitro Paulo Batista e dos seus colegas que só não resultou num escândalo nacional porque o Leixões fez uma exibição de sonho e humilhou o FC Porto. E porque como as gentes do mar, os jogadores do Leixões remaram contra a maré e contra as tempestades do apito e chegaram a bom porto.
Paulo Batista foi um Robin dos Bosques ao contrário, roubou aos pobres para dar aos ricos. O problema é que era tamanha a injustiça, a indignidade, a falta de verdade, que a bola saiu teleguiada dos pés de Braga e só parou no fundo da baliza de Nuno Espírito Santo. Justiça. Mas justiça que não apaga aquilo que se passou e que o país viu e julgou ter recuado ao tempo dos Calheiros, dos Guímaros, dos Martins dos Santos, dos Soares Dias.
Tenho por assente que a presença de Carlos Queirós no estádio do FC Porto assistindo ao lado de Pinto da Costa ao jogo contra o Dinamo de Kiev, provocou uma grande desestabilização na equipa portista. E aquilo que foi tido como uma grande jogada política do líder azul serviu apenas para lançar mais turbulência num balneário já de si instável. Dizem que é por causa do chorudo ordenado de Rodriguez. Será?

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Um pássaro na mão, dois pontos a voar

Hertha de Berlim – 1; Benfica – 1 (Taça UEFA, fase de grupos) - Ainda não foi desta que ganhamos na Alemanha. Esteve quase, mas um excessivo recuo da equipa, voluntário ou involuntário, redundou no golo do Hertha e no empate final.
Acertei na dupla que Quique colocou de início, mas hoje, após o jogo, tenho a impressão de que com Suazo em vez de Cardozo, as coisas pudessem ter sido um pouco melhores. Mas, depois do jogo, todos somos grandes treinadores.
É certo que a lesão de Yebda no aquecimento e sua substituição por Binya, alterou os planos iniciais e impediu o Benfica de fazer alinhar aquele que foi o melhor jogador da Liga em Setembro para o Sindicato dos Jogadores.
Com Yebda, o Benfica tem outra profundidade de jogo, porque o franco-argelino é um autêntico box-to-box e que para além de ser um todo-o-terreno é capaz de não só destruir como de construir. Binya é mais limitado e, por isso, limitado ficou o Benfica.
Depois, a saída de Katsouranis é inexplicável, a não ser por alguma quebra física evidente ou por uma lesão. Sem o grego, o Benfica encostou claramente atrás, sem reacção para controlar o jogo e se estender no relvado. Carlos Martins entrou mal e não foi o apoio necessário à defesa.
Só com Binya a fazer as despesas da ajuda ao sector recuado, os últimos 15 minutos foram sufocantes. Valeu a boa forma de Quim. Um ponto fora contra o 4º classificado da Bundesliga não é desprimor. Até porque agora temos o Galatasaray na Luz. Os turcos venceram o Olympiakos por 1-0 e são os adversários principais.
Uma palavra final para Nuno Gomes: o “capitão” tem vindo a mostrar o seu carácter de jogador e de homem. Depois de excelentes 15 minutos na Selecção contra a Albânia, fez ontem uma prova cabal do seu incontornável valor. E lançou mais um problema para Quique: quem sai, Cardozo ou Suazo?

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Berlim: história e nostalgia

Nunca é demais publicar esta fotografia: ali está Vítor Martins, abraçado a José Henriques, o eterno "Zé Gato", entre Jimmy Hagan, Humberto Coelho e Fernando Caiado; mais atrás, na última fila, Eusébio e Malta da Silva; na primeira fila, Artur, o célebre "Ruço", Néné e Simões; na segunda fila, Artur Jorge, Toni e Adolfo. A fotografia tem ainda uma característica invulgar, os jogadores não estavam alinhados, em posse habitual, para a foto de equipa. Também neste aspecto, esta imagem é histórica e memorável!
O jogo de hoje do Benfica em Berlim, contra o Hertha, está carregado de história e nostalgia. História porque Berlim é Berlim – “a city bigger than life” -, uma cidade maior que a vida. História porque Berlim já não tem o Muro, mas ainda tem a Porta de Brandenburg, o Reichstag, o Checkpoint Charlie. História porque o Benfica nunca venceu na Alemanha, em confrontos europeus e, por vingar está a derrota e respectiva eliminação frente ao Vowaerts de Berlim, em 1970/71, para a Taça das Taças.
E é neste ponto, nesta eliminatória, que a história se junta à nostalgia. É que, nesse jogo de triste memória, decidido nos penáltis, o único jogador do Benfica a falhar a sua grande penalidade foi esse gigantesco e infeliz jogador chamado Vítor Martins.
Sempre tive um carinho muito especial pelo Vítor Martins, o nosso querido “Garoupa”. Foi um ídolo. Meio-campista de imenso talento, “capitão” irrepreensível. Vítor Martins teve o azar e a infelicidade de ver a carreira interrompida aos 28 anos, no auge da sua capacidade física e técnica, depois de uma mal resolvida operação ao menisco.
Lembro-me de 69 e da eliminatória da Taça dos Clubes Campeões, contra o Celtic, na Luz, na velha Luz, sempre Catedral. O Benfica tinha perdido em Glasgow por 3-0. Ganhou na Luz por igual resultado. Vítor Martins, então com 19 anos, entrou ao intervalo para o lugar de Eusébio, que saiu lesionado e assistiu a toda a segunda parte, de pé, junto à linha lateral.
A história depois é conhecida. O Benfica ganhou por 3-0 e foi eliminado por moeda ao ar, lançada na cabina do árbitro. Também em Berlim, um ano depois, os nomes de Vítor Martins e Eusébio ficaram ligados ao jogo.
O primeiro pela grande penalidade falhada, como se escreveu atrás. O segundo porque, para espanto do treinador do Vorwaerts, foi colocado por Jimmy Hagan na bancada. Estava lesionado, foi a justificação.
Hoje à noite, em Berlim, o Benfica vai fazer história. Porque vai ganhar. Porque vai vingar 1970. Porque vai começar aqui, na cidade histórica e mítica, uma caminhada que se quer também histórica. Porque Eusébio também lá está, mais uma vez, e infelizmente, para não jogar. Porque “A Bola” de hoje, e bem, lembrou-se de Vítor Martins – é preciso lembrar mais Vítor Martins, que o Benfica, e bem, não esqueceu. Estive com ele, a 29 de Fevereiro deste ano, no jantar de aniversário do Glorioso. Estava como sempre o vi, gentil e humilde, o genial jogador. Força “Garoupa”!
E, porque não?, aqui vai o meu onze: Quim; Maxi, Luisão, Sidnei e Jorge Ribeiro; Katsouranis, Carlos Martins, Yebda e Reyes; Nuno Gomes e Cardozo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Pé frio

Há imagens que valem bem mais de mil palavras e atitudes que têm consequências imprevisíveis. Carlos Queiroz não podia ter sido mais infeliz ao resolver assistir, ontem à noite, ao jogo da Liga dos Campeões, FC Porto - Dinamo de Kiev, na tribuna presidencial do Dragão, ao lado do presidente do FC Porto.
Não porque institucionalmente esteja errado. Não porque o seleccionador nacional não tenha o direito de romper com a “praxis” de Luiz Filipe Scolari, que nunca foi visto por aquelas paragens em 5 anos à frente da Selecção Nacional. Mas porque os tempos para Queirós não estão fáceis e, por isso, o que fica é mais um tiro no pé que o novo comandante da selecção acaba de dar.
Além do mais, o professor parece ser um “pé frio”, como dizem os brasileiros. Bastou assistir ao jogo para que o FC Porto visse as hipóteses de apuramento para a segunda fase da Liga dos Campeões praticamente esfumarem-se.
Queirós nem pode argumentar, para justificar esta sua inusitada presença, com a necessidade de acompanhar de perto a forma dos seleccionados. O FC Porto, no caso, não tem mais seleccionados (Bruno Alves e Raul Meireles) que Sporting (Moutinho e Tonel) ou Benfica (Quim, Nuno Gomes e Carlos Martins).
Por outro lado, o próximo jogo da Selecção só se disputa em Março, pelo que, nem o argumento de que era o único jogo das competições europeias disputado por um “grande” em Portugal faz qualquer sentido.
De tudo isto resulta que Carlos Queirós foi infeliz. Infeliz no “timing” e infeliz no lugar que escolheu para procurar algum conforto depois do desastre contra a Albânia. No futuro, pode ser que o seleccionador nacional venha a pagar este acto politicamente infeliz. É que pode ter necessidade de mais conforto e não ter lugar de abrigo. E não é crível que depois do azar que transporta, o queiram voltar a ver tão cedo no Dragão.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Uff..., final feliz!

Taça de Portugal: Benfica - 0; Penafiel - 0 (5-3 em gp) --- foto em www.slbenfica.pt
1 – Parabéns ao Penafiel, à equipa, aos jogadores, ao treinador. Uma grande atitude, um grande profissionalismo, uma grande dignidade. No início, durante o jogo, e no final. Um grande aplauso para gente digna;

2 – Parabéns ao público da Luz, aos adeptos e sócios do Benfica. Mais de 20 mil a apoiar, (mais do que em muitos jogos da Liga dos Campeões disputados em alguns estádios de Portugal). Apoio do primeiro ao último minuto. Nem um assobio. Um grande aplauso também para o público da Luz;

3 – Esta foi uma lição para não esquecer. O Penafiel jogou o que podia e sabia e não vamos agora dizer que existe uma grande competitividade no futebol português porque não existe. O que existiu, por parte dos jogadores do Benfica, foi falta de atitude, falta de empenho, falta de profissionalismo;

4 – A Taça de Portugal agora chama-se Taça Millennium. Se o Benfica fosse eliminado passava a chamar-se Taça Lehman Brothers (o banco norte-americano que faliu);

5 – Quique esteve sempre sereno no banco, apesar de aqui e ali ter-se levantado para dar uma ou outra indicação para dentro do terreno. Mas o seu comportamento foi exemplar. Não transmitiu ansiedade para os jogadores, não perdeu a cabeça. Comovente, o forte abraço a Shéu, no fim do jogo. A solidariedade mora na Luz;

6 – Antes do jogo e depois do jogo, o treinador do Benfica teve sempre o discurso certo. Os jogadores que jogaram são de primeira linha, senão não estavam no Benfica, disse Quique, que falou de falta de intensidade, não querendo falar demais em público. E ainda bem. É claro que, internamente, o discurso vai ser diferente, muito diferente;

7 – Isso não invalida que, na minha opinião, Quique não tenha feito uma boa leitura do jogo. Faltou, por exemplo e fundamentalmente, um organizador de jogo, que nunca será Ruben Amorim, muito menos Binya;

8 – E faltou, como está a faltar, um lateral-direito de raiz, que vá à linha de fundo. Que não é nem nunca será Miguel Vítor, nem também Maxi Pereira, apesar deste disfarçar bem. Na abertura do mercado, o Benfica tem de contratar um lateral-direito;

9 – Sobrou Moreira. Três anos depois, Moreira provou porque muitos pensaram que o futuro da baliza do Benfica estava ali. Koeman, infelizmente, não pensou assim, e Moreira passou por uma travessia do deserto (as lesões também não ajudaram). Ainda está a tempo de recuperar o tempo perdido;

10 – Um mau ensaio promete uma grande estreia. Quinta-feira, em Berlim, espera-se mais uma grande noite europeia;

11 – Afinal, tudo está bem quando acaba bem.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

LFV de corpo inteiro

O jornalista Nuno Luz escreveu, hoje, no DN Sport (link não disponível), um perfil do Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira (LFV). O texto não podia ser mais rigoroso. Antes de sublinhar alguns dos traços do perfil de LFV que aí vêm enunciados, quero regressar a uma ideia que tenho vindo a defender, tanto aqui, no “O Inferno da Luz”, como no blogue “Novo Benfica”, em que também colaboro.
É uma ideia simples, mas que gostaria de ver debatida no universo benfiquista. Tem a ver com liderança. E tem sido a falta dela que mais tem prejudicado o Benfica nos últimos 25 anos.
Depois de Borges Coutinho, o Benfica só teve um líder de corpo inteiro, Luís Filipe Vieira. É certo que antes de LFV presidiram aos destinos do clube homens como Fernando Martins, Jorge de Brito e Manuel Vilarinho, mas nenhum, muito menos Manuel Damásio, João Santos, ou Vale e Azevedo, foi capaz de reunir muitas das qualidades essenciais para ser presidente da maior instituição portuguesa.
Com virtudes e defeitos, todos deram o que puderam e sabiam em prol do Benfica, mas Luís Filipe Vieira merece um lugar de destaque. E merece-o porque a herança que recebeu das mãos de Manuel Vilarinho, a quem os benfiquistas também muito devem, era muito pesada.
Um dia, em conversa comigo no antigo gabinete presidencial do velho estádio da Luz, Vilarinho disse que havia muitos nós para desatar, e na sua voz e semblante perpassou um sentimento de desânimo.
Desânimo foi o que não teve Luís Filipe Vieira. A obra está aí e o futuro far-lhe-á justiça. Mas essa justiça também deve ser feita no presente pelos benfiquistas. Nuno Luz, no DN Sport, não lhe poupa os elogios e os méritos.
Diz que LFV é “uma pessoa de grande carácter, muito humano”; como empresário, “a grande recuperação financeira do Benfica passou pela sua cabeça”; como verdadeiro líder, “gosta de pensar pela sua cabeça”; como homem e cidadão, “a família é tudo. Se um dia abandonar o Benfica, uma das principais razões será para estar mais tempo junto dos seus”. Os benfiquistas sabem bem tudo isto, mas às vezes a memória é curta e convém refrescá-la.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Quem de 3 tira 1...

Cardozo, um golo perto do fim contra o Peru coloca um ponto final no jejum de golos ao serviço da selecção do Paraguai. Chega com a moral em alta à Luz.

Vai animada a especulação sobre quem deve Quique Flores colocar na linha da frente do ataque do Benfica. Que dupla? Cardozo e Suazo, ou Cardozo e Nuno Gomes, ou Suazo e Nuno Gomes? No entretanto, Makukula, esse ídolo improvável, adquirido no mercado de Inverno do ano passado por 5 milhões de euros, jogador da Selecção de Scolari, e agora em fase descendente, aparece como o melhor colocado para titular frente ao Penafiel, domingo à noite, na Luz, para a Taça de Portugal. Mantorras, avança para a recuperação, mas será que o angolano ainda conta?
O paraguaio chega com a moral em alta, depois de ao serviço da selecção do seu país ter marcado o golo da vitória perto do fim do jogo contra o Peru e colocado o Paraguai no topo da classificação.
Quique tem assim uma crise de abundância. Que tem de gerir com inteligência. Na prática, a disputa vai restringir-se a Cardozo, Suazo e Nuno Gomes. O português, que infelizmente, como se viu ontem contra a Albânia, não tem sido aposta de Queiroz para titular, é um nome forte no balneário e uma referência dentro do campo – aliás, é o capitão.
Suazo é um jogador para entrar de caras, explosivo, único em Portugal na forma de jogar. Deixou água na boca os minutos que fez contra o Nápoles, antes de se lesionar. Resta Cardozo. O avançado paraguaio tem uma impressionante média de golos ao serviço do Benfica. Tem um pé esquerdo fabuloso e é o único avançado de área (para além de Makukula) que o Benfica tem.
Gerir a utilização destas três jóias da coroa vai ser uma das mais árduas tarefas de Quique. Para nós, é uma benção ter três craques desta envergadura. Mas há que saber não desmotivar nenhum. Passar a mensagem que há tempo e espaço para todos. Há jogos mais ao jeito de uma dupla, outros mais ao jeito de outra, é fundamental para que os níveis de concentração e motivação estejam sempre elevados.
Não quero arriscar um prognóstico para o futuro, mas tudo indica que em Berlim, na próxima semana, quem vai subir ao relvado como titulares serão Óscar Cardozo e Nuno Gomes. Vai uma aposta?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Parabéns Yebda!

Hassan Yebda, o franco-argelino que chegou esta época ao Benfica, recebe amanhã o prémio de melhor jogador da Liga Sagres de Setembro, atribuído pelo Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol. O jogador, que chegou à Luz envolto em dúvidas sobre a sua utilidade, esta assim a responder em campo. Parabéns Yebda, ainda bem que estás connosco!

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Três clubes, uma liderança

Numa semana em que o futebol nacional da responsabilidade dos clubes esteve posto em sossego, por causa da Selecção Nacional, nem por isso a agitação no Sporting e no FC Porto abrandou.
No Sporting, a entrevista-choque do seu presidente Filipe Soares Franco continua a provocar ondas de indignação no seio do clube de Alvalade. O caso não é para menos. Com a equipa de futebol a meter água por todos os lados; com o treinador Paulo Bento sozinho a tentar tapar todos os buracos; com os “casos” Stojkovic e Vuckevic à espera de uma decisão, Soares Franco, qual elefante numa loja de porcelanas, resolveu dar mais dois tiros nos pés.
Quando se esperava de um líder, num mar agitado, palavras de estabilidade, ânimo, optimismo, o homem atira que o Sporting tem prejuízos de mais de 10 milhões de euros. Não contente com isto, com uma santa bonomia e uma rara ingenuidade, diz: “O Benfica tem mais militantismo”, numa justificação à fraca afluência de público a Alvalade.
Ah, “grande Soares Franco, os que vão morrer te saúdam”, diziam os romanos. É claro que os sportinguistas não devem ter achado muita graça a estas verdades que ferem como punhais.
Mais a Norte, nas Antas ou no Dragão (eles trocam de nome e de datas de nascimento, como quem troca de camisa), o cenário também não augura grande futuro. Lisandro Lopez, o homem-golo, aquele que garante com mais ou menos dificuldade uns pontinhos no bornal, o que dá o litro nos 90 minutos, não quer renovar com o FC Porto. Diz o seu agente/empresário (porque será que agora todos os agentes e empresários de jogadores do FC Porto começaram a abrir a boca?) que Lisandro merece ganhar tanto ou mais do que Cristian Rodriguez.
O problema é que enquanto o presidente do FC Porto anda entretido com livros, manda os seus lugares-tenente resolver estes assuntos. Resultado: não resolvem. No FC Porto, a tradição já não é o que era.
E o Benfica? Óscar Cardozo, que chegou a ter um pequeno problema, diz que quer renovar e continuar; Léo diz-se de pedra e cal no clube; Yebda lança mensagens de amor ao clube e aos adeptos, diz que pelo Benfica não cumpre o Ramadão (ao contrário de Tarik, no FC Porto) e que somos o principal candidato ao título; Petit, na Alemanha, elogia Vieira, dizendo que é um grande gestor e devolveu a credibilidade ao clube; Manuel Fernandes pede desculpa ao presidente do Benfica e abre as portas a um regresso.
E para terminar em beleza, o jornal “A Bola” publica hoje uma sondagem que indica que quase 90% de benfiquistas acredita que a possibilidade do Benfica ser campeão é Muito Grande/Grande; quase 80% diz que a liderança de Luís Filipe Vieira é positiva; quase 100% aplaude o desempenho de Rui Costa e 95,5% está satisfeita com o trabalho de Quique Flores. Isto depois do empate com o Leixões, no estádio do Mar.
Conclusão: no Sporting, um líder desastrado, sem autoridade e sem força para impor respeito; no FC Porto, um líder ausente, desgastado e cansado; no Benfica, um líder dinâmico, credível, mobilizador, que garante estabilidade e transmite optimismo.

Pedro Fonseca, in "Novo Benfica"

sábado, 11 de outubro de 2008

Não apaguem a memória

Mats Magnusson. Lembram-se dele? Alto, loiro e goleador. Sueco. Esteve 5 anos no Benfica, de 1987 a 1992. Disputou 121 partidas com a camisola encarnada. Marcou 64 golos. Em 89/90, em 30 jogos, marcou 33 golos. Ok, foi um goleador a sério, como já não há, nem no Benfica nem no futebol europeu, mas a que propósito vem agora lembrar Mats Magnusson? Primeiro, as glórias nunca se esquecem, há que lembrá-las sempre e sempre. Mas não é por isso.
Nuno Luz, o intrépido jornalista da SIC, resolveu ir à procura de Mats Magnusson em Estocolmo, nas véspera do Suécia - Portugal para o Campeonato do Mundo de 2010, na África do Sul. Se bem o pensou, melhor o fez. E o que resultou foi também uma entrevista à moda antiga. Para que os "craques" de agora meditem e reflictam. Socorro-me do brihante relato feito no blogue "Tertúlia Benfiquista", para reproduzir um excerto da entrevista:


"Então e o seu Benfica? Tem visto os jogos? Continua benfiquista?

Magnusson pára, olha muito fixamente para ele e pergunta-lhe:

- Você está a brincar comigo?!?! Uma vez benfiquista, PARA SEMPRE (o ênfase foi mesmo assim!) benfiquista!

A conversa lá continuou com ele a recordar os 33 golos em 30 jogos numa época, cinco anos de Benfica, três títulos de campeão, duas finais europeias, os seus planos de vir viver para Portugal quando o filho deixar de jogar hóquei no gelo, até que no final o Nuno Luz lhe pergunta:

Quer deixar alguma mensagem para o Benfica, para os adeptos?

Ele volta a olhar fixamente, desta vez para a câmara, e remata:

- Viva o Benfica! VIVA, VIVA (mais uma vez com ênfase, com uma voz vinda da alma) o Benfica!

Quase me vieram as lágrimas aos olhos...!"


Para quando uma homenagem a todos os nossos heróis estrangeiros, lendas vivas, imacuadas glórias, como Mats Magnusson, Stefan Schwartz, Jonas Thern, Glenn Stromberg, Elzo, Valdo, Mozer, Ricardo Gomes, Michel Preud´homme, Michael Manniche, e tantos outros? Obrigado Mats...

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Um divã, sff...

E, de repente, a depressão. O Benfica precisa de um divã de psiquiatra. O primeiro jogo contra o Rio Ave, desculpa-se porque a equipa era praticamente nova, e Quique mostrou desconhecimento do adversário; contra o FC Porto, ok, o empate é normal, embora as cenas finais em resultado da quebra física não fossem bonitas; contra o Paços de Ferreira, vá lá, vá lá, uma vitória suadinha mas uma vitória; contra o Sporting, bingo!, assim é que é; contra o Nápoles, olé, olé, ninguém nos pára. Contra o Leixões, voltamos ao princípio?
Considero Quique Flores uma excelente aposta, para continuar por muitos anos, mas não posso deixar de insistir em algumas críticas. Quanto à contratação do defesa-direito, é que nem devem hesitar, chame-se ele João Pereira, Paulo Ferreira ou outro – voltaremos a este assunto. Depois, há a questão da gestão do plantel. Quique, já se percebeu, gosta de rodar jogadores. Nada de mais, nem nada de criticável. O que já não se compreende é que mude completamente a sua filosofia de jogo.
Contra o Leixões, isso foi uma evidência. Tirar o Nuno Gomes para meter o Binya, não lembra o diabo. Apesar de Vítor Paneira, ex-glória do Benfica, agora a treinar o Famalicão, ter elogiado esta troca, ela foi negativa e prejudicial.
O treinador de ataque, que joga sempre para a frente, não pode dar sinais daqueles. Muito menos quando joga contra equipas como o Leixões. A não ser que Quique Flores tenha olhado para a classificação e tenha julgado que ia defrontar um dos grandes do futebol português.
O Benfica tem muitos e bons jogadores para o ataque, e essa tem de ser a sua filosofia de jogo, hoje como no passado. Quique percebeu bem o espírito do clube, pelo que é errado desvirtuá-lo. Esperemos que tenha sido uma vez sem exemplo. Mais vale perder pontos a jogar no ataque total do que encostados às cordas como aconteceu contra o Leixões. Assim não!

Post-Scriptum: Filipe Soares Franco, presidente do Sporting, deu uma entrevista ao DN em que afirma que “O Benfica tem mais militantismo”. Importa-se de repetir?

terça-feira, 7 de outubro de 2008

À imagem da Liga dos Campeões

O Benfica caiu num autêntico grupo de Liga dos Campeões, no sorteio da fase de grupos da Taça UEFA, hoje realizado na Suiça. Olympiakos, da Grécia, Galatasaray, da Turquia, Hertha de Berlim, da Alemanha, e Metalist, da Ucrânia. Com quatro jogos pela frente, a única sorte que o Benfica teve no sorteio foi de o último jogo ser na Luz contra o Metalist, teroricamente a equipa mais fraca do grupo, de onde se apuram três para os 16-avos-de-final.
Comecemos pelo Hertha, contra quem o Benfica vai jogar o primeiro desafio, a 23 de Outubro. O palco vai ser o Olimpiastadion de Berlim, com capacidade para mais de 76 mil pessoas. Com 7 jornadas disputadas, Hertha está a fazer um campeonato vistoso na Bundesliga, ocupando o 8º lugar num total de 18 equipas, à frente, por exemplo, do Bayern de Munique, que é 11º, e do Colónia, de Petit, que é 10º. Da primeira equipa alemã, a curiosidade é que possui 5 brasileiros no seu plantel. E também lá anda Káká, lembram-se? Não o “milanista”, mas o ex-Académica de Coimbra.
Depois, vem o Galatasaray, na Luz, a 6 de Novembro. Na equipa turca, que esteve presente em 2006/07 na Liga dos Campeões, destaca-se o nosso Fernando Meira, ex-Estugarda, que esteve com um pé no Benfica. Apesar de não estar a fazer um campeonato famoso, ocupando o 6º lugar entre 18 equipas, o Galatasaray tem no meio-campo, com o brasileiro Lincoln, e no ataque, com os dois ex-Liverpool Kewell e Milan Baros, as suas armas mais perigosas.
A 27 de Novembro, uma complicada deslocação à Grécia, para defrontar o Olympiacos. A equipa grega, que esteve na temporada transacta na Liga dos Campeões, também se apresenta com três brasileiros: um na defesa, Leonardo, outro no meio-campo, Dudu Cearense, e outro no ataque, Diogo. Para além de outros jogadores muito conhecidos: o defesa espanhol ex-Real Madrid, Raul Bravo, os argentinos Galleti e Belluschi, e o avançado sérvio Kovacevic O Olympiacos é, provavelmente, o adversário mais perigoso, até porque está num grande momento, a liderar a Liga grega. Ainda bem que o jogo é fora.
E por último, o Metalist. Que dizer? Para já, que a equipa tem dois brasileiros, o médio Edmar, há 6 anos a jogar na Ucrânia, e o avançado Jájá Coelho, que nas duas últimas épocas jogou na Bélgica, vindo do Flamengo. E ainda um nome conhecido, o sérvio Milan Obradovic, e um argentino, ex-Boca Juniors, Maidana – ambos defesas. Nunca fiando…

Prima-donas, Não!

Um grande balde de água fria. Na fria noite de ontem, a única nota positiva foi a invasão do estádio do Mar pelos benfiquistas do Norte. Quando é preciso dizemos presente.
O mesmo resultado da época passada. A mesma frustação. A mesma (péssima) atitude. Afinal, o que é preciso fazer? Para quem vê futebol há muitos anos, os primeiros minutos já mostravam o que se iria seguir.
O Benfica entrou mal, a medo, sem agressividade. O Leixões entrou com força, garra, atitude. Aqui e ali com agressividade a mais, alguma brutalidade, quase violência. Os jogadores leixonenses tentaram intimidar os jogadores do Benfica. Algumas entradas por trás, a roçar a barbárie, deviam ter sido exemplarmente sancionadas pelo árbitro.
Mas isso não desculpa a falta de empenho. Sim, a falta de empenho. Os jogadores do Benfica não meteram o pé, não foram agressivos, não mandaram no jogo.
Nem arranjem desculpas com a lesão e consequente substituição de Reyes por Di Maria, logo aos 8 minutos de jogo. Jogue com que jogadores jogar, o Benfica tem de ser sempre Benfica.
Do céu caiu um golo. A segunda parte não merece ser comentada. Agora, com nova paragem, Quique tem de puxar as orelhas aos jogadores. Pior do que não ter ganas num treino, como foi o caso de Óscar Cardozo, é não ter ganas num jogo a sério.
Não quero sequer acreditar que o brilhante jogo contra o Nápoles teve influência negativa neste comportamento, mas a massa associativa precisa de uma mensagem. É certo que a equipa está em construção, mas empatar em dois campos de clubes do meio da tabela para baixo, não é cartão de visita que se apresente.
Insisto, pior do que o empate foi a exibição e a atitude. Não acredito que Quique vá deixar passar em claro este relaxamento. Um bom sermão e um forte puxão de orelhas pode ser a terapia mais adequada. Prima-donas não! Foto em www.slbenfica.pt


Ficha do jogo

5ª Jornada
Leixões – 1; Benfica – 1
Estádio do Mar (Matosinhos)
Árbitro: Olegário Benquerença

Benfica: Quim; Miguel Vítor, Luisão, Sidnei, Jorge Ribeiro; Katsouranis, Carlos Martins (Ruben Amorim aos 66 min.), Yebda, Reyes (Di Maria aos 8 min.); Nuno Gomes (Binya, aos 81 min.) e Óscar Cardozo.

Amarelos: Katsouranis, aos 60; e Quim, aos 85 min.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Paulo Ferreira, esperamos por ti

O jogo de hoje à noite frente ao Leixões é, talvez, um dos mais importantes da época. Não só porque pode colocar o Benfica na liderança do campeonato, de onde temos estado arredados há algum tempo, como garante uma série de quatro vitórias consecutivas, importante para o moral das tropas.
Tudo isto antes de mais uma paragem do campeonato por causa dos compromissos da Selecção. Será bom ir para este “defeso” com a força anímica reforçada e com a confiança em alta.
Mesmo com a vitória em Matosinhos no bolso e com a liderança alcançada, nada está ganho. Quique está consciente disso, e o problema maior pode ser o de refrear a euforia dos adeptos. É que tal não está dependente do trabalho do treinador espanhol. Ou está?
Treinador de inegáveis qualidades técnicas, tácticas e de liderança, Quique Flores também tem surpreendido pela positiva no que diz respeito ao discurso. Já aqui o escrevi, as suas conferências de imprensa são bónus extra para os jornalistas portugueses, e batem por ko as produzidas por Jesualdo Ferreira e por Paulo Bento.
Ora, sem lançar água fria para cima das cabeças dos adeptos, Quique pode e sabe colocar um pouco de racionalidade neste entusiasmo. O Benfica está em construção. Ainda. É preciso não o esquecer.
A equipa está bem e recomenda-se. O plantel é de qualidade, com muitas opções, mas – é preciso dizê-lo – é desiquilibrado. Falta um defesa-direito e é urgente começar a procurar um.
Sem Maxi Pereira hoje, Quique deve avançar com Miguel Vítor, um jovem central de 19 anos. A outra opção seria Ruben Amorim, um polivalente mas mais uma adaptação. Espero que o trabalho de casa esteja a ser feito e que na abertura do mercado de Inverno o Benfica já tenha identificado, escolhido e contratado um defesa direito.
Paulo Ferreira, a primeira opção ainda antes do campeonato começar, foi contratação abortada por causa do seu elevado salário. O jogador do Chelsea, tapado por Bosingwa, continua a ser uma carta em cima da mesa, mas os olhos têm de estar virados para outras paragens. Deixo aqui uma sugestão: e que tal uma abordagem ao SC Braga para tentar trazer, de novo, João Pereira?

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

A vida é bela

Foto: AP/João Henriques

Foto: AP/Armando França


Benfica - 2; Nápoles - 0 (2ª mão da Taça UEFA) - A vida é bela, titula “A Bola”. Uma frase bonita, tão verdadeira como as emoções à solta na noite de sonho de ontem, na Luz. É menos da vitória e da eliminação do Nápoles, caído pela primeira vez aos pés de uma equipa portuguesa, que quero falar, e mais daquela loucura saudável, daquele frémito incontido, daquela alegria de ver uma grande noite europeia na Catedral. Há quanto tempo?
Eu sei que houve a bonita vitória por 1-0 sobre o Liverpool e mais a vitória por 2-1 sobre o Manchester United, ambas para a Liga dos Campeões. Mas ontem, por entre abraços de alegria, foi uma noite especial. Porque se percebe, percebemos todos, que está ali a nascer qualquer coisa de muito especial.
No passado havia Simão, único fora-de-série, mais recentemente, Rui Costa, mas no final de carreira. Agora, a qualidade já não é um oásis, mas um bom naipe de trunfos, qiue começa em Reyes.
O espanhol foi, mais uma vez, decisivo, como o tinha sido contra o Sporting. Foi bem acompanhado por Katouranis, que recuperou a sua posição no meio-campo para fazer uma exibição de encher o olho. E Sidnei e Luisão já fazem lembrar uma das melhores duplas de centrais do Benfica e da Europa, Mozer e Ricardo Gomes.
Pensar que de fora estão ainda Suazo, Pablo Aimar, Óscar Cardozo, é acreditar que este Benfica pode ir muito longe, no plano interno e no plano externo. Quique Flores deu mais um exemplo de liderança, ao não ter medo de apostar numa equipa para a frente, mesmo sem Suazo, sem Cardozo, sem Aimar, sem Carlos Martins.
Uma noite histórica, ou, como escrevi ontem, duplamente histórica. É que arrancou a primeira emissão da Benfica TV, e logo com uma grande noite europeia. A passagem à fase de grupos da Taça UEFA vai permitir a transmissão de mais jogos no canal do clube. Viva o Benfica!

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Espera-se noite duplamente histórica




Pela quarta vez, o Nápoles defronta equipas portuguesas na Taça UEFA. A história está do lado dos napolitanos. Em 1974/75, nos 16-avos-de-final, o Nápoles teve pela frente o FC Porto – ainda estava longe de ser o grande Nápoles do final da década de 80 e início de 90, de Maradona e Careca. Mesmo assim, os italianos eliminaram o FC Porto, averbando duas vitórias pelo mesmo resultado, 1-0.
Quinze anos depois, já com Maradona, o Nápoles regressou a Portugal, para disputar com o Sporting a primeira eliminatória da Taça UEFA. Em Alvalade e em San Paolo, o resultado foi idêntico, 0-0. O Nápoles seguiu em frente na decisão pela marcação de grandes penalidades, tendo ficado famosa a célebre aposta entre Ivkovic, então guarda-redes dos leões, e Maradona. O mago argentino falhou o penálti e Ivkovic ganhou a aposta.
Em 1994/95, o Napóles joga com o Boavista, também nos 16 avos-de-final. No Bessa, um empate por 1-1; em San Paolo, vitória italiana pela margem mínima, 2-1. Napóles seguiu para a eliminatória seguinte.
Hoje, na Luz, o Benfica tem assim uma oportunidade de ouro para fazer, mais uma vez, história no futebol português, eliminando o Nápoles. Apesar da derrota por 3-2 na primeira-mão no San Paolo, a equipa encarnada tem todas as condições para bater e afastar os napolitanos da Taça UEFA.
Com mais de 60 mil nas bancadas a recriarem de novo o Inferno da Luz, o Benfica irá viver, estou certo disso, mais uma grande noite europeia. A juntar ao facto histórico e inédito nos clubes portugueses do jogo ser televisionado pelo canal do clube, a Benfica TV.

O INFERNO nos Jornais

in "Jornal de Notícias" de 1 de Outubro de 2008
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