quarta-feira, 31 de outubro de 2007

O que eu penso sobre as claques do Benfica

O facto em si é grave. Se um pequeno grupo de jovens, alegadamente membros das claques do Benfica, se dá ao luxo de marcar presença numa assembleia geral do clube, que se realizou, sublinhe-se, na área presidencial do Estádio da Luz e não num pavilhão, onde se permite insultar o presidente do Benfica e perturbar os trabalhos, o que poderão fazer, em maior número nas bancadas de um estádio?
Não sou, nem nunca fui, contra as claques organizadas. Considero-as um importante factor de animação extra do espectáculo, cujas coreografias são, em muitos casos, só por si elementos de propaganda do jogo.
As claques são úteis, com o seu apoio. São um espectáculo, dentro do espectáculo. Muitas vezes, exprimem momentos de maior qualidade artística do que aqueles que se veêm no relvado. Contudo, há que ser intransigente num facto: ninguém pode estar acima da lei. Há que cumprir a legislação e, no que às claques diz respeito, isso passa pela sua legalização, como vem estabelecido na Lei nº 16/2004 de 11 de Maio.
As duas claques mais representativas do Benfica, os No Name Boys e os Diabos Vermelhos, devem ser apoiadas, devem poder ter o seu espaço próprio no estádio, devem ter facilidades para o acompanhamento da equipa. No caso dos “Diabos Vermelhos”, o clube até lhes deve um apoio inestimável à equipa de hóquei patins, sem o qual, se calhar, a modalidade já não existia no nosso clube.
São jovens adeptos, que defendem o clube, que o apoiam voluntariamente e que, assim, prestam um serviço inestimável à equipa de futebol, muitas vezes em situações de desvantagem. Gosto desse entusiasmo, desse amor ao clube, dessa dedicação sem limite. Mas isso não me tolda a razão: há jovens infiltrados nas claques que não gostam de futebol e não gostam do Benfica, gostam da violência e de incitar à violência. Por isso, urge legalizar as claques, para que esses elementos sejam erradicados.
Em 1996, em pleno Estádio Nacional, durante uma final da Taça de Portugal, um very light disparado do local onde estava instalada uma claque do Benfica atingiu mortalmente um adepto do Sporting. Não culpo, nem culpei a claque. Foi, como se provou, um acidente lamentável. Involuntário. Mas nada disso teria acontecido se a proibição de entrada nos estádios com material desse calibre fosse efectivada. Antes prevenir que remediar.

Obs: Como calculava, recebi, ontem à noite, diversas ameaças, graves, na minha caixa de correio. Não são de benfiquistas…

Uma noite invulgar no Trio de Ataque

Hoje, em email enviado para o programa desportivo “Trio de Ataque”, moderado por esse excelente jornalista que é o Carlos Daniel, questionei o comentador-residente adepto do FC Porto, Rui Moreira, sobre se considerava estar a comunicação social a “branquear” os erros de arbitragem que beneficiaram o clube do Dragão, e dava vários exemplos concretos.
Qual não foi o meu espanto quando vejo Rui Moreira, que considero um adepto civilizado e um comentador credível e idóneo, num grande desconforto, não desmentir os erros enunciados e “atirar-me” com duas ou três insinuações que nem percebi bem – uma delas, quando falou do jogador do Marítimo, Rui Esteves, só a percebi quando Moreira, mais tarde, voltou ao assunto.
Ou seja, ao apontar erros concretos dos árbitros em benefício do FC do Porto, incomodei Rui Moreira. O que significa que é invulgar alguém do FC do Porto, seja dirigente, jogador, membro da equipa técnica ou mero comentador, ser confrontado com erros que beneficiam a sua equipa.
Como me dizia há dias um importante jornalista nortenho, existe um temor reverencial ao FC do Porto no seio de alguma comunicação social, que faz com que determinados lances sejam escalpelizados à lupa quando protagonizados por clubes do Sul e quando se trata do clube do Dragão, um muro de silêncio se levante. Até por isso, hoje à noite a emissão do Trio de Ataque pode marcar a viragem, ao escalpelizar à lupa o lance do primeiro golo do FC do Porto contra o Leixões – irregular como toda a gente viu, menos o árbitro.
Uma palavra final para António-Pedro Vasconcelos, a quem perguntei se com Fernando Santos no banco o Benfica teria ganho ao Marítimo naquelas circunstâncias. António-Pedro, um defensor de Santos, disse que não respondia porque não lhe interessava regressar ao passado. Eu considero que a pergunta também o incomodou e não quis dar o braço a torcer ao considerar positiva a substituição de treinador no Benfica. Mas aqui fica o registo.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Como um ajoelhar na relva pode valer mais do que os golos

A maior parte da história do futebol é feita de fintas e golos, mas há gestos raros que nos ficam pregados na memória, e que no nosso imaginário têm mais força do que um drible impossível. Perguntem aos benfiquistas qual o momento mais alto da carreira de Rui Costa e nove em dez não falarão nem de fintas nem de golos, mas das lágrimas que ele soltou nos anos 90 no Estádio da Luz, após ter marcado contra o Benfica ao serviço da Fiorentina. Não há litro de suor nem pontapé de fora da área capaz de competir com aqueles olhos molhados - é por eles que Rui Costa será sempre lembrado.Os adeptos de futebol são uma massa bruta e muitas vezes injusta, mas há instantes raros de comoção; cliques inesperados que podem baralhar os sentimentos e mudar tudo. Pegue-se no jogo entre o Benfica e o Celtic no Estádio da Luz, na semana passada. O que se via das bancadas? Uma primeira parte miserável e um ponta-de-lança caríssimo que, de jogo para jogo, vinha a esgotar a paciência dos adeptos. Bolas a passarem-lhe ao lado, um desperdício de altura, pés ineficazes, lentidão de tartaruga hibernada. Diante do desastre futebolístico, o paraguaio Cardozo começava a ouvir assobios do público, que é daquelas coisas capazes de enregelar os ossos até a um fuzileiro naval.Só que veio a segunda parte e Cardozo transfigurou-se. Cabeçada para uma defesa impossível do guarda-redes adversário. Pontapé furioso que embateu na trave e ia tombando a baliza. Pontapé em jeito que o poste direito sacudiu. Azar, azar, azar. E finalmente, já as luzes do estádio estavam a pensar na cama, Cardozo mata no peito um lançamento milimétrico de Di María e toca a bola para o fundo das redes. Golo! Estádio em delírio e vitória do Benfica por 1-0.Mas qual foi o momento mais alto do jogo? O golo? Não, não o golo. Nada foi mais belo do que o que aconteceu logo após o apito final: o paraguaio Cardozo a cair de joelhos no relvado, cabeça junto às pernas, numa misteriosa ladainha consigo próprio que as câmaras captaram. De que falava ele senão desses instantes de rara grandeza que acontecem nos estádios de futebol, quando a persistência dá enfim frutos e o sofrimento de um avançado sem golos se evapora com um toque subtil na bola. Naquele frágil ajoelhar a massa associativa viu simultaneamente todo o empenho, frustração e alegria de um jogador que demora a impor-se, mas cuja dedicação à camisola não voltará a ser posta em causa. Aquele minuto de oração fez mais pela carreira de Cardozo no Benfica do que um hat trick ao Porto. Tão depressa, não ouvirá assobios. Caído na relva, ele entrou no coração da Luz.
João Miguel Tavares, jornalista, in "Diário de Notícias", 30 de Outubro de 2007

Uma noite de vergonha

Claque do Celtic, comportamento invulgar de "fair play" e de apoio incondicional à equipa. Um exemplo a seguir.
O que ontem à noite se passou na Assembleia Geral do Benfica devia envergonhar todos os benfiquistas. A mim envergonhou-me. Foi uma página triste, com a agravante de ter sido consumada após duas fantásticas vitórias, contra o Celtic e contra o Marítimo.
E numa sessão onde foi apresentado um relatório e contas que confirma o percurso consolidado do clube na área financeira – louros a caberem a Luís Filipe Vieira e a Domingos Soares Oliveira.
Durante a sua intervenção, o Presidente do Benfica foi vaiado e insultado por alegados elementos das claques do Benfica, No Name Boys e Diabos Vermelhos. A origem desta animosidade para com Vieira está no facto destas claques estarem proibidas de levar diverso material coreográfico para dentro do estádio.
A turbulência fez-me regressar aos tempos quentes de Vale e Azevedo. Com uma diferença. Com Vale e Azevedo eram os seus “gorilas” que ameaçavam os críticos ao poder instituído; agora é o poder instituído que é ameaçado pelos críticos.
O que está em causa é muito simples. O Presidente do Benfica assumiu, mais uma vez, uma posição de coragem contra o “status quo” do futebol português. Há muito tempo que venho ouvindo palavras e teorias criticando a acção das claques nos estádios, mas nunca ninguém teve a coragem de fazer nada.
Nem presidentes de clubes, nem Federação, nem Liga, nem Governo, nem autoridades policiais. Todos enchem a boca com o “fair play”, com a necessidade das famílias regressarem de novo aos estádios, contra as tarjas carregadas de insultos que instigam à violência, e depois, nada.
Noutros clubes, as claques são autênticos estados dentro do estado, influenciam decisões ao mais alto nível, ameaçam e lançam bombas contra os treinadores, vigiam jogadores, servem de entidades parabancárias, escoltam dirigentes. Agem como se fossem uma guarda pretoriana, em tempo de centuriões.
Remando contra a maré, Vieira está a tentar, de facto, regenerar o futebol português. Às vezes incompreendido. Às vezes, nem sempre muito ortodoxo. Cometendo erros, mas agindo.
Aqueles que o criticam, algumas vezes com razão, devem agora vir em sua defesa. Aqueles que sempre criticaram as claques, os petardos, os fumos, os very-lights, não podem ficar calados. Nem eles, nem a Liga.
Quanto ao resto, já estou a ver alguns espíritos dizerem que se tratou de contestação interna. Só espero que Vieira não se deixe esmorecer. O caminho justo tem muitas pedras soltas. Espero que, a muito curto prazo, as claques do Benfica se possam comportar da mesma maneira que a claque do Celtic, na passada quarta-feira na Luz. Assim, sim…

OBS: Já estou à espera de alguns insultos, também. Não me intimidam…

Um lance, duas sanções máximas? Ilegal...

Vítor Pereira não tem tido um mandato fácil. Começou com a rábula do golo do FC do Porto contra o Sporting à 2ª jornada. Crucificaram Stojkovic, o guarda-redes servio dos leões, com as consequências que ainda estão por apurar. A "culpa" vai inteira para Paulo Bento. Quem não defende os subordinados não é um bom general. Bento não o é - é certo que a retaguarda também não o ajuda.
Mas antes, no Bessa, contra o Leixões, o Benfica já tinha sido vítima de uma má decisão da arbitragem, que não sancionou penalty sobre Nuno Assis, com o jogo em 0-0. Contra o Braga, fecharam os olhos a uma agressão de Linz a Léo. Contra a U. Leiria, apesar da vitória, dois golos mal anulados e dois penaltys por assinalar.
No domingo, contra o Marítimo, é bom não branquearmos a arbitragem de Pedro Proença. Este árbitro lisboeta é useiro e vezeiro em prejudicar o Benfica na Luz. Já foi assim há 3 anos contra o Sporting e, domingo, a expulsão de Quim é um acto ilegal.
Digo bem, ilegal. Para as mentes mais inquietas, afirmo que não me repugna ter sido marcada grande penalidade (embora, se fosse a favor do Benfica...????). Mas, qualquer leigo em matéria de justiça sabe que não se deve penalizar ninguém, com pena máxima, duas vezes no mesmo acto. Ora, o Benfica já tinha sido penalizado com a marcação da grande penalidade. Nova sanção, com a expulsão de Quim, porquê? É contra todas as regras jurídicas, contra todas as regras de bom senso, contra o futebol. Proença podia ter estragado o jogo aos 30 minutos. Não o conseguiu porque o Benfica jogou "à Camacho", como o Inferno da Luz gosta. Quanto ao árbitro, vamos a ver se os seus critérios, em jogadas idênticas, são seguidos. À atenção do presidente da Comissão de Arbitragem, Vítor Pereira.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Águia Americana


Chama-se Fredy Adu e, mais uma vez, demonstrou o espírito indomável do povo americano. É uma águia real.
Aos 88 minutos, depois de uma jogada fabulosa de Léo, o "minino" (como diriam os cariocas), mas neste caso é "lad", Adu fez o delírio do Inferno da Luz. Para registo: Benfica - 2, Marítimo - 1.
Uma nota que ainda vai dar muito que falar: Vítor Pereira, presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, tem de explicar os critérios à la carte utilizados pelos árbitros. Ontem, Pedro Proença expulsou Quim, mas numa jogada idêntica, em Marselha, para a Liga dos Campeões, o derrube a Lisandro Lopez não motivou vermelho directo ao guarda-redes marselhês. Vá lá a gente entendê-los...

Foto de Fredy Adu em www.slbenfica.pt

domingo, 28 de outubro de 2007

Os 100 jogos de Rui Costa e os 1460 dias de Luís Filipe Vieira

Por estes dias, o Benfica comemora duas efemérides. Nenhuma delas significa qualquer ponto final, fim de ciclo ou virar de página. São apenas dois números mais ou menos redondos, como é usual dizer-se. São números que assinalam percursos das duas personalidades que, tavez, mais marcam o Benfica da actualidade: Luís Filipe Vieira e Rui Costa.
O Presidente do Benfica cumpriu, a 27 de Outubro, o primeiro ano do seu segundo mandato à frente do clube da Luz – quatro anos, portanto. O “maestro” cumpre hoje, com o Marítimo, o jogo 100 na principal Liga portuguesa, todos com a camisola vermelha.
São simples efemérides, é certo. Mas nestes dois homens reside muito daquilo que vai ser o Benfica do futuro. Neles se projecta uma ideia de estabilidade, de credibilidade, de continuidade de um projecto assente em bases sólidas.
O que se deseja é que possam ambos, num tempo breve, reflectir sobre a melhor maneira de conjugarem esforços, inteligência, experiência para um Benfica mais forte. Saiba Vieira perceber o “tempo e o modo” de Rui Costa, e a melhor maneira de aproveitar o número 10 depois deste abandonar as chuteiras. Saiba Rui Costa interiorizar uma maneira muito própria de Luís Filipe Vieira assumir a liderança e, assim, poder ganhar o seu espaço apenas à custa da invejável imagem que tem no mundo do futebol. O Benfica, a Instituição, os seus sócios e os seus milhões de adeptos apenas podem desejar que na “plataforma de entendimento” entre estes dois homens estejam as coordenadas do Benfica século XXI.
Foto em http://oblogdovalente.blogspot.com/

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Cartas do Diabo (3)

"Você contenta-se com pouco. Claro que a vitória é importante, mas deve reconhecer a fragilidade do Celtic que ainda no sábado apanhou três do Glasgow. Chamar a isto uma grande noite europeia é um disparate tão grande que nem vale a pena classificá-lo.É pelo facto dos seus adeptos embandeirarem em arco com pequenas vitórias como esta que o clube está onde está: sem rumo e com um plantel medíocre. Viva o LFV, grita a carneirada, não sabendo para onde vai..."

email enviado por oslo11@sapo.pt, em comentário ao "post" "A fé que nos guia"

Ex-Benfica salvam Braga

Jaílson, 17 golos com a camisola do Sport Recife, a jogar na última época na Rússina. Foto: www.scbraga.pt

Jaílson é um avançado brasileiro de 26 anos, ex-Corinthians. Perfeito desconhecido no futebol português. João Pereira é um jovem lateral-direito, de 24 anos, internacional português sub-21. Ambos foram apresentados ao mesmo tempo, no início da época, como jogadores do Sporting de Braga.
O jogador brasileiro, emprestado pelo Benfica. O jogador português, formado no Benfica, contratado ao Gil Vicente para substituir Luís Filipe, a caminho do Benfica. Confusos?
Hoje, ao inicio da noite, o Sporting de Braga jogava em Inglaterra contra o Bolton, para a 1ª jornada da fase de grupos da Taça UEFA. A 8 minutos do fim, a perder por 1-0, João Pereira faz um centro tenso, como mandam as regras, e Jaílson de cabeça faz o empate, num golo de belo efeito. Bolton - 1, SCBraga - 1, e salva a "cabeça" de Jorge Costa.
Foi o primeiro golo do brasileiro com a camisola do Braga, ele que tem sido sempre suplente utilizado por Jorge Costa, apesar de referenciado com um marcador temível em terras de Vera Cruz.
João Pereira é titular indiscutível, ele que é um dos poucos bons produtos da formação do Benfica nos últimos anos. Fernando Santos e/ou José Veiga preferiram Luís Filipe, com os resultados que se conhecem. Jaílson, vale a pena começar a dar-lhe mais atenção. Agora digam lá se o futebol português tem ou não tem piada?

O INFERNO nos Jornais

In "Jornal de Notícias", de 24 de Outubro de 2007

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A fé que nos guia

Óscar Cardozo agradecendo a ajuda divina. Deus é paraguaio? (foto: www.record.pt)

A imagem de Óscar Cardozo, de joelhos e cabeça na relva da Luz, como que exorcizando demónios, deve ficar nos momentos mais marcantes já vividos na Nova Catedral. Impressionou-me!
Aquele gigante paraguaio, que o Benfica foi buscar por 10 milhões de euros ao Newell´s Old Boys, ameaçava tornar-se uma ave agoirenta, tantos os lances desperdiçados perto da baliza, a maioria por notória infelicidade.
Cardozo, que apresenta sempre um semblante de grande sofrimento interior, talvez por a sua adaptação ao futebol europeu estar a tornar-se mais problemática do que se pensava, mereceu mais que ninguém o golo que marcou a 3 minutos do fim do jogo contra o Celtic, para a 3ª jornada da “Champions”.
Foi precisa uma aliança argentino-paraguaia – Di Maria fez a assistência magistral para Cardozo -, tanto mais curiosa quanto a História regista uma grande inimizade entre os dois países e diversas guerras, para recuperar a esperança de apuramento para os oitavos da Liga dos Campeões.
Uma segunda parte asfixiante, que massacrou a equipa do Celtic, toda remetida à defesa, fez lembrar as grandes noites europeias. Faltou uma moldura humana mais consentânea com o Inferno da Luz, e, é de bom rigor dizê-lo, alguns jogadores encarnados ainda têm um défice de qualidade para disputar jogos ao mais alto nível.
Depois de 45 minutos com atitude (coisa que nunca faltou aos jogadores do Benfica), mas sem grande discernimento, a equipa regressou com um espírito de combate assinalável. Di Maria e Fredy Adu, que entraram a 25 minutos do fim, trouxeram mais fantasia e imprevisibilidade, algo decisivo para deitar abaixo um “muro” defensivo com pouca mobilidade e pouca fexibilidade de rins. É certo que o argentino e o norte-americano ainda são jogadores inexperientes, mas a classe pura está lá.
Assim, aos 87 minutos, um passe genial, à Rui Costa, de Di Maria, tem o melhor acompanhamento de Cardozo, que com uma recepção impecável e um desvio decisivo sobre o guarda-redes do Celtic levou o delírio ao Inferno da Luz.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Bem-vindo Ramalhete

Muito se tem falado do desaparecimento da mística no Benfica, essa entidade mágica que agregava vontades em torno de um objectivo comum: a paixão pelo Benfica. À mística reconhecia-se o "detalhe" decisivo que fazia ganhar campeonatos e taças. Passava dos mais velhos para os mais novos - a passagem do testemunho de uma experiência única, vestir a camisola vermelha do Glorioso. Era assim no futebol, mas também no hóquei, no basquetebol. A mística foi-se perdendo, dizem, com as entradas e saídas de jogadores a ritmo alucinante. O mercado, a globalização, a lei Bosman, uma gestão caótica, serviam de argumentos para explicar a falta de amor à camisola.
Mas, a mística parece ter regressado, com a entrada para os quadros do Departamento de Futebol de nomes míticos como João Alves, Rui Águas ou Minervino Pietra, a juntar aos de Néné e Fernando Chalana.
Não só no futebol. Notícia discreta de hoje, mas de grande significado, revela que António Ramalhete, o mais consagrado guarda-redes de hóquei patins, a segunda modalidade no coração dos portugueses, regressa à Luz para presidente da secção desta modalidade.
É uma contratação feliz. Espero agora que cumpram um sonho antigo - o Benfica, campeão europeu de hóquei em patins.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Outras conversas (1)


Rogério Alves, Bastonário da Ordem dos Advogados e presidente da Assembleia Geral do SCP. (foto em www.negocios.pt)

O que faz Rogério Alves, Bastonário da Ordem dos Advogados e presidente da Assembleia Geral do Sporting, num blogue do Benfica? Bom, vamos abrir aqui um espaço a “outras conversas” e lembrei-me de começar com Rogério Alves. Porquê? Porque simpatizo com ele (ponto final). Aliás, simpatia que saiu reforçada quando na última Páscoa conversei com ele demoradamente, no Algarve (lembra-se Dr. Rogério Alves?).
Ok. Agora vamos ao que interessa. Rogério Alves não é um homem comum convenhamos. Mas aqui não vou analisar o seu perfil psicológico. Sublinho que essa invulgaridade mais se acentuou na minha ideia da personagem quando o ouvi na “Playlist” da TSF. Para quem não sabe, a “Playlist” é um programa onde a personalidade convidada escolhe as músicas/intérpretes/grupos que mais o marcaram.
Qual não foi o meu espanto quando ouvi as preferências de Rogério Alves. Começou com os Clash, o mítico grupo londrino pioneiro do movimento punk, e lembrou “Sandinista”, como podia lembrar “London Calling”. Depois, veio Jethro Tull, mais Genesis, mais Procol Harum. E para animar a coisa, o bastonário dos advogados revelou que esteve nos concertos dados em Portugal por estes grupos, na década de 70.
Prometo, meu caro Rogério Alves, que quando me der a gentileza de nova conversa vou levar, sei lá, “Hittsville in UK”, dos Clash. Ok?

A goleada de Katsouranis

Katsouranis dá hoje uma entrevista ao jornal “O Jogo” que tem de ficar como um ponto de viragem histórico no jornalismo desportivo nacional. O mérito é do jornal e dos jornalistas que entrevistaram "Katso" (Filipe Pedras e Sérgio André), naturalmente, mas a “fatia” maior para esta excelente performance terá de ser remetida ao 8 do Benfica.
Porquê, perguntam-me? Dá vontade de, adaptando a célebre frase de Guterres, dizer “é só ler”.
1º Katsouranis não faz de Calimero e atira directo à baliza: “É hora de acabar com o domínio do FC do Porto” – 1 – 0;
2º Sobre o lance da lesão de Andersson, foi pedagógico: “Qualquer pessoa que perceba de futebol sabe que não tive intenção de magoar ninguém” – excluindo deste lote os dirigentes do FC do Porto, mas não Andersson, que lhe disse que sabia que “não tinha sido de propósito” – 2- 0;
3º Para aqueles que têm medo de dizer o que pensam, num país de subserviências várias, Katsouranis não olhou para o chão, como Domingos, antes levantou a cabeça e disse dessasombradamente: “Fiz penálti no último derby”, recordando o lance do Benfica-Sporting com Romagnoli – 3 – 0;
4º Não me lembro de algo assim, um jogador falando, sem tibiezas nem lugares-comuns, sobre os seus colegas de balneário. Uma análise pensada e com sumo, de um jogador que pensa pela sua cabeça. Incomum no nosso país – 4 – 0.

Uma goleada, como se vê. Do jornal ou de Katsouranis?

O exemplo da formação

Benzema e Ben Arfa, de 20 anos, jogadores do Lyon e figuras de proa da Selecção gaulesa
Depois de um mau bocado, a França de Zinedine Zidane, e agora de Thierry Henry, deu um passo decisivo no apuramento para o Euro 2008, ao ganhar à Lituânia, no estádio-talismã de La Beaujoire, em Nantes.
Porque falo hoje da Selecção francesa? Não por causa do documentário sobre Zidane, a exibir no DocLisboa 2007. Não por causa do facto de Thierry Henry com os seus dois golos na partida ter suplantado o eterno Michel Platini na lista de melhor marcador dos “bleus”. Mas sim pelo facto desta Selecção gaulesa, super renovada depois do Mundial de 2006, continuar a apostar na formação.
Deleitei-me a ver jogar Ben Arfa, de 20 anos, Karim Benzema, de 20 anos, e Jeremy Toulalan, de 24 anos, curiosamente todos do Olympique de Lyon. O primeiro, natural de Clamart mas de ascendência tunisina, recusou-se a jogar pela Selecção da Tunísia. O segundo, natural de Lyon mas de ascendência argelina, como Zidane, recusou-se a jogar pela Selecção da Argélia. Os três são produtos “vintage” da política de formação gaulesa, que tem em Benzema o “novo” Zidane, em Toulalan o “novo” Vieira, e em Ben Arfa, o “novo” Robert Pires.
Quando se fala em Portugal na naturalização “à la carte” de jogadores brasileiros para jogar pela Selecção Nacional, é bom sublinhar estes exemplos, de países mais desenvolvidos, mais responsáveis, educados naquela velha máxima de que “é preciso semear para colher”.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Camacho não é Calimero

Camacho dá hoje uma interessante entrevista ao jornal “A Bola”. Interessante sob determinado ângulos. 1º O discurso de Camacho não é um discurso mobilizador. Vejamos: “Há muita gente fora do Benfica a tentar minar e desestabilizar” (e não destabilizar???!!!) Pergunto: Quem? Camacho não diz.
“No meu trabalho ninguém manda”. Pergunto: Alguém estava a querer mandar? Camacho não diz.
“Odeio ouvir que no futebol está tudo inventado”. Pergunto: E não está? (Se não está, esperamos que Camacho invente mais um livre “à Camacho”).
Não gostei. Esperava um discurso mais empolgante, mais ganhador. Como Camacho já demonstrou ter. Como Camacho é. Este não é o verdadeiro Camacho. Não é o Camacho que os sócios e adeptos apreciam. Não é o Camacho que eu aprecio. Um treinador como Camacho não inventa desculpas, não arranja bodes expiatórios, não profere frases enigmáticas tipo Octávio Machado. Queremos de volta o Camacho das frases claras, de peito aberto. Eu quero o regresso do Camacho que nunca vira a cara à luta e que diz "Vamos ser campeões". Meu caro Camacho, vamos demonstrar em campo que “Estamos a assustar muita gente”.
Obs: Um jornalista consagrado e excelente como José Manuel Delgado não pode ver o seu nome associado a uma grave "gralha" ortográfica, como a que vem na página 2 de "A Bola" de hoje, em título.

Luís Filipe Vieira na FPF, porque não?



Luís Filipe Vieira pode e deve começar a preparar para daqui a alguns anos a candidatura à Presidência da Federação Portuguesa de Futebol.

As ondas de choque provocadas por Luís Filipe Vieira ao considerar que Rui Costa tinha perfil presidenciável parecem não abrandar. Ora, a hipótese até não é tão invulgar como isso. Há alguns anos, o nome de Humberto Coelho chegou a ser dado como forte candidato a disputar a cadeira do poder da Luz. Lá fora, também está longe de ser caso inédito o facto de um antigo jogador de futebol liderar um clube de dimensão mundial – veja-se o exemplo de Franz Beckenbauer no Bayern de Munique.
Porquê então toda esta polémica em torno das palavras do actual Presidente do Benfica? Avanço com uma explicação, uma reflexão e uma proposta.
ExplicaçãoNinguém no Benfica, nem sequer fora do Benfica, está preparada para ver sair Luís Filipe Vieira da liderança do clube. Isto porque, apesar de um trabalho notável de credibilização do clube, de reestruturação interna, de colocação de pé de projectos financeiros inéditos ao nível dos clubes de futebol, de ter conseguido que a equipa de futebol voltasse aos êxitos depois de mais de uma década sem nada ganhar, é consensual entre os sócios e os adeptos de que o projecto ainda está longe de estar concluído. E ninguém mais está à altura de o concluir.
ReflexãoEntão o que pretende Luís Filipe Vieira ao avançar com o nome de Rui Costa? Apenas e só dar um sinal ao mundo do futebol. Tipo “diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és”. Rui Costa é para além de um jogador excepcional, um homem íntegro, credível, vertical, como, infelizmente, ainda há poucos no futebol português. Vieira quer deixar claro que no Benfica não há mais lugar a aventureirismos e que o clube tem de apostar em gente séria, com imagem imaculada, com discurso inovador e credível.
PropostaAo assumir o papel principal de agente determinado a regenerar e a moralizar o futebol português (acredito que na companhia de Hermínio Loureiro, presidente da Liga), Luís Filipe Vieira não pode virar as costas ao futebol português. Estimo que o Benfica ainda precise dele por muitos e bons anos, mas, depois, vejo-o com potencial perfil para ser Presidente da Federação Portuguesa de Futebol.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O clube diferente!!!

"Mesmo em tempo de defeso originado pelos trabalhos da Selecção, os dirigentes sportinguistas não deram descanso ao seu disco rachado das lamúrias com as arbitragens.
Muito gostaria eu, para pôr as coisas em pratos limpos, de os ver bombardeados com estatísticas reveladoras e comparativas com os dois outros rivais. Por exemplo, quantos jogadores adversários do Sporting foram expulsos nos últimos anos, em comparação com o Benfica e F.C.Porto? E quantas expulsões houve de jogadores do Sporting? De quantos governos irregulares beneficiou o Sporting e os seus rivais, etc, etc.?
Mas, felizmente, uma parte dessa lacuna foi preenchida recentemente com um trabalho de João Querido Manha, no Correio da Manhã. E logo acerca do mais importante – os penalties, sempre, sempre, tão reclamados pelos sportinguistas. Desse trabalho, fiquei a saber que, desde que o Século XXI é século, ou seja, nos últimos sete anos - , o Sporting beneficiou de 71 penalties para o campeonato, o Benfica de 48, e o F.C.Porto de 44. Ou seja, face ao F.C.Porto, o Sporting ultrapassou 60% de penalties a mais. Imagine-se como não seriam as contas se, além destes, tivessem sido assinalados todos aqueles que eles reclamam, semana após semana!"
Miguel Sousa Tavares, in "Nortada",
Jornal "A Bola", de 16 de Outubro de 2007

Um homem de carácter

Hermínio Loureiro está há um ano à frente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. É cedo, ainda, para saber se falhou ou cumpriu o seu propósito de regenerar o futebol português, tirando-o do “pântano” em que se deixou atolar.
“No início do seu consulado, Hermínio Loureiro deu mostras de uma coragem inaudita em ambiente de hienas. Quis marcar a diferença. Rapidamente foi chamado à razão. Podia vir a ficar na história do futebol português pelos bons motivos, mas não vai ficar. E é pena”, escrevi em 3 de Junho deste ano, pouco mais de meio mandato passado.
Há dias, encontrei pessoalmente Hermínio Loureiro. O presidente da Liga disse-me, olhos nos olhos, que tinha sido injusto nesta análise. Respeito a sua opinião. Mais: gostei do carácter de um homem que não tem medo de dizer o que sente, mesmo a quem o tenha criticado em público.
Terei sido injusto? Na altura, o processo “Apito Dourado” estava sob a mira do Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, e da responsável directa pelo “dossier”, a procuradora-adjunta, Maria José Morgado. À clara vontade da Procuradoria em avançar com o processo, chegar a resultados, fazer acusações e arrancar com o julgamento, contrapunha a Liga com uma inexplicável passividade. Terei visto bem? Terei sido injusto? Talvez.
Só Hermínio Loureiro podia fazer com que mudasse de ideias. No balanço do primeiro ano de mandato, o presidente da Liga apontou resultados e falhanços. Um bom sinal. Do lado dos resultados elegeu a criação da Taça da Liga e a redução da paragem do Natal. Dos falhanços, assinalou a não eliminação dos erros de arbitragem e a cada vez maior falta de espectadores nos estádios. Gosto de homens assim, que não se inibem de apontar onde falharam.
Acredito que Hermínio Loureiro ainda pode vir a cumprir o desígnio de regenerar o futebol português. De uma coisa estou certo, a Liga tem à sua frente um homem de carácter. E isso já é dizer muito.

Foto em: www.herminioloureiro.com

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O "braço armado" em Congresso

É aqui, em Angra do Heroísmo (Ilha Terceira - Açores), que vai decorrer o Congresso das Casas do Benfica.
Começa hoje nos Açores o Congresso das Casas do Benfica. É um momento singularmente importante. Não só porque as Casas são, como diz o Presidente Luís Filipe Vieira, “o braço armado” do clube, como porque sem elas o Sport Lisboa e Benfica perdia muito do seu carácter de instituição universal.
Vieira sempre dedicou uma grande fatia do seu tempo de líder encarnado às Casas do Benfica, como nenhum outro presidente encarnado. Aliás, é com Vieira que pela primeira vez as Casas são convidadas a participar num acto eleitoral para a eleição do Presidente. A informatização dessa eleição, que envolveu a participação de 3 Casas do Benfica – Santo Tirso, Coimbra e Faro – é um marco não só na história do Clube como na história da democracia em Portugal. Pela primeira vez, um acto eleitoral recorre a meios informáticos. O Benfica mais uma vez pioneiro.
È sabido, também, que Vieira não se cansa de visitar as Casas do Benfica e é durante os seus mandatos que muitas delas foram inauguradas. Não se pode, no entanto, esconder que nem tudo são rosas.
Existe um défice de comunicação entre a Casas e o Estádio da Luz. As Casas do Benfica, os seus dirigentes, a esmagadora maioria trabalhando para o Clube de forma gratuita em prejuízo da sua vida familiar e profissional, não são, muitas vezes, tratados como merecem.
As Casas assumem um papel decisivo na venda de bilhetes e consequentemente de ocupação do Estádio da Luz, assim como na venda de “merchandising” e de kits de sócios, mas a sua acção e papel está muito para além da mera vertente economicista. As Casas do Benfica são o garante de que a mística e o ideário do nosso clube continuará a ser difundido pelos quatro cantos do Mundo.
Espero, com expectativa, a intervenção de Luís Filipe Vieira, certo de que ele foi um presidente sempre presente junto das Casas, mas também espero gestos e acções de incentivo ao seu trabalho. Vieira sabe que as Casas precisam de apoio e que nunca o deixarão mal.


Foto em http://topazio1950. blogs.sapo.pt

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Sinal de alerta

Prefiro o “Trio de Ataque” ao “Dia Seguinte”. Não está em causa a capacidade de David Borges, um reputadissimo jornalista, com uma grande experiência e que esteve ligado a um dos mais polémicos mas também mais interessantes programas desportivos da história da nossa televisão, “Os donos da bola”. Não está em causa a SIC Notícias, um canal de qualidade informativa de nível superior.
Mas, prefiro o “Trio de Ataque”. Porque considero o Carlos Daniel o melhor moderador de programas da televisão portuguesa. Porque considero os comentadores residentes pessoas de uma credibilidade acima da média. Porque, mais importante que tudo, no “Trio de Ataque” discute-se e debate-se futebol, não se perde tempo a esmiuçar ao pormenor cada lance duvidoso e a tecer as mais disparatadas teses sobre arbitragem.
Fiquei, por isso, desagradavelmente surpreendido quando, na passada terça-feira, o comentador sportinguista Rui Oliveira e Costa, defensor fervoroso do seu clube mas sempre preocupado em manter uma imagem de rigor, desatou a ler o “tribunal arbitral” de “O Jogo” para argumentar que a falta sobre Nuno Gomes na área do Leiria não era penalty. “Ele devia ter visto era o amarelo. Vejam bem aquela dança”, (sic) Oliveira e Costa. Fez-me lembrar Dias Ferreira no “Dia Seguinte”.
Espero que o Carlos Daniel aplaque rapidamente estes sintomas, mas não posso deixar de sublinhar a escalada verbal contra o Benfica, via arbitragens. O Glorioso que se cuide!.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Mourinho no "Le Monde Diplomatique"

Quando há dias Santana Lopes abandonou o estúdio da SIC Notícias, onde comentava a vida interna do PSD, porque tinha sido interrompido por um directo sobre a chegada a Lisboa de José Mourinho, o país, surpreendentemente, desatou a aplaudir a atitude do ex-primeiro-ministro. (Dou de barato o facto desta atitude ter vindo de quem já foi presidente de um clube de futebol e comentador desportivo).
Nunca Santana imaginou ser alvo de tanta unanimidade pela positiva. Eu, no entanto, vi neste aplauso quase generalizado um assomo de uma característica bem portuguesa: a inveja. Mourinho, o “special one”, tinha finalmente alguém que recusava curvar-se à sua passagem. “Muito bem feito!”, devem ter dito para os seus botões os portugueses típicos, que acorreram a dar palmadinhas nas costas ao outrora humilhado e enxovalhado Santana.
O problema é que enquanto Santana já era, Mourinho, mesmo desempregado, continua a fazer furor. O “Le Monde Diplomatique”, edição portuguesa de Outubro, publica um interessante artigo do historiador José Neves, intitulado “Adorando José Mourinho: à procura dos atributos de um Portugal moderno”.
O artigo procura explicar o sucesso de José Mourinho, um português nada típico, nascido e criado em circunstâncias não particularmente vantajosas. Porquê então o “culto” Mourinho?
Sinteticamente, eis a resposta: liderança inteligente (como a classificou o neurocientista António Damásio); formação qualificada; inovação e criatividade; magistral gestão de recursos humanos. Está tudo dito, não está?

sábado, 6 de outubro de 2007

Cartas do Diabo (2)

"Meu amigo,
não enterres a cabeça na areia. O problema não é falta de sorte, é de ideias. Nem de adeptos, é de qualidade de jogo. Não se corre para jogar, anda-se - como malucos - a
jogar pra correr. Com pouca sorte tinham sido 3 ou 4 e esse é que é o drama, com mais ou menos adeptos na bancada. "


email enviado por Carlos Daniel, jornalista da RTP, moderador do programa desportivo "Trio de Ataque", em comentário ao "post" "A derrota dos adeptos".

Não havia necessidade, Camacho


Sinto-me, no mínimo, perplexo. José António Camacho resolveu dar um tiro no pé e fragilizar a sua posição junto dos benfiquistas. Já não bastavam todos os problemas que assolam a equipa do futebol; já não bastavam os assobios que Camacho ouviu na quarta-feira passada no jogo contra o Shaktar, quando substituiu Di Maria por Binya; o treinador espanhol resolveu lançar mais gasolina para a fogueira.
Depois de Luís Filipe Vieira ter vindo dizer que “Camacho é intocável” e que irá cumprir o contrato até ao fim, ou seja, até 2009, eis que o madridista reage a estas palavras. E que disse Camacho? “Não preciso de defesa”. Confusos? Então leiam o resto.
O treinador espanhol, que não respondeu a Paulo Bento quando este se pronunciou sobre o lance do Estrela-Benfica; o treinador espanhol que evitou esclarecer o treinador sportinguista quando este “só” viu os eventuais penalties a favor, na Luz, e nada disse sobre o lance de Moutinho sobre Adu – resolveu agora reagir às palavras do seu Presidente. Confusos? Então leiam mais.
Eu, que admiro Camacho, não posso deixar de ficar perplexo. E mais, indignado. Quando recentemente foi elogiado por Pinto da Costa, que o apelidou de “homem sério” (tem graça, não tem?), Camacho nada disse. E podia ter dito algo como: “Não preciso de elogios”. Mas não. Agora, só resta uma saída a Camacho: ganhar amanhã ao Leiria, apurar-se para os oitavos da Liga dos Campeões e lutar até ao fim pelo Campeonato. A partir de agora, este sítio vai escrutinar com lupa o que diz e faz José António Camacho. E não havia necessidade…

Foto em www.rr.pt

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O factor Petit

1988. O Benfica estava apurado para a final da Taça dos Campeões Europeus. O adversário era o temível, à época, PSV Eindhoven de Ronald Koeman. O palco era Estugarda.
Quatro dias antes, o Benfica disputava, na Luz, mais uma partida do campeonato, contra o Vitória de Guimarães. Foi uma partida dramática. Num lance, a meio-campo, Diamantino, o capitão e o jogador-referência da equipa, tombou, depois de carregado violentamente. Saiu em maca e não jogou em Estugarda.
Naquele momento fatídico, perpassou pela Velha Catedral um mal-estar que não augurava nada de bom. Como, infelizmente, veio a acontecer. O Benfica, então sem grandes estrelas, e onde eram titulares jogadores sem nível como Vando ou Hajry, sentiu de modo gritante a falta de Diamantino.
Perdemos nas grandes penalidades. Mas mais que o célebre falhanço de Veloso, aquilo que me marcou até hoje foram as costas voltadas de Toni, recusando-se a ver os pontapés decisivos, e o guarda-redes Silvino, petrificado sobre a linha de golo e sem conseguir sequer lançar-se às bolas.
Vem isto a propósito, com as devidas proporções, do actual momento do Benfica. O que está a falhar? Eu respondo: falta Petit. Há algumas semanas, contra a Naval, a 2 minutos do fim e a ganhar por 3-0, Petit caiu lesionado, porque disputa cada lance como se fosse o último. Saiu de maca, o estóico Petit, e só isso é sinal de gravidade.
Naquele momento, senti o mesmo que em 1988 quando vi Diamantino cair. Um frio gelado que não augurava nada de bom. Como, infelizmente, veio a acontecer. Vítor Serpa, director de “A Bola”, ensaiou esta tese, em editorial, na vésperas do jogo contra o AC Milan.
Sem Petit, a alma, a raça, os nervos, o coração e o barómetro da equipa, o Benfica não tornou a ganhar. Fernando Santos, na época passada, tinha perdido Rui Costa. Nesta, Camacho perdeu Petit. Espera-se que com o regresso do guerreiro, a história seja diferente.

Foto em www.cachecolglorioso.com

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A derrota dos adeptos

Uma desilusão. Uma profunda desilusão. Não com a equipa. Não com o treinador. Não com a Direcção. A derrota de hoje à noite com o Shaktar Donetsk para a Liga dos Campeões tem um rosto colectivo: os adeptos.
No sábado passado, contra o Sporting, o sinal estava lá. 48 mil nas bancadas, uma das piores assistências dos últimos anos no derby. Hoje à noite, foi mais triste, muito mais triste. No primeiro jogo para a “Champions”, meia casa na Luz, cerca de 35 mil pessoas.
José António Camacho que no final do jogo na Amadora para a Taça da Liga disse que o melhor foram os adeptos, hoje tinha que ter dito em conferência de Imprensa que o pior foram os adeptos.
Concordo com Camacho, a equipa lutou, teve carácter, teve atitude. Foi infeliz é certo, e sabemos como isso mina a confiança e a auto-estima. Mas, que diabo!, como é que se sentiram os jogadores ao entrar na Catedral, à espera de ver um INFERNO, o famoso “Inferno da Luz”, das noites europeias, e ver milhares de lugares vazios. Repito a pergunta: como se terão sentido os jogadores? E como se isso já não bastasse, os assobios constantes são lamentáveis, estúpidos, só ajudam os nossos adversários. Acredito na equipa. Acredito em Camacho. Acredito em que a sorte vai mudar. Quero continuar a acreditar que nós somos os melhores adeptos do Mundo. Por isso, faço um apelo: Todos a Leiria apoiar o Glorioso. É nas horas difíceis que se veêm os verdadeiros campeões.

O INFERNO nos Jornais

in "Jornal de Notícias", de 3 Outubro de 2007

Cartas do Diabo (1)

"Em Braga agressão de Linz a Leo sem vermelho, nem falta…. A taça da liga vai dar para 5 anos."

email de Sílvio Cervan, vice-presidente do Sport Lisboa e Benfica.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Cantam bem, mas não me alegram...

A estratégia é bem clara. No próximo ano, com apenas os dois primeiros classificados a serem apurados para a Liga dos Campeões, há, desde já, que garantir que estes dois lugares fiquem reservados para FC Porto e Sporting CP. É isto, e só isto, que está por detrás da actual gritaria à volta das questões de arbitragem.
O caldo de cultura está montado, com a criação de um cenário em que se passa a mensagem de que o grande beneficiado pelos erros de arbitragem é o Benfica. Já não me lembrava de tanta indignação. E o volume só não aumenta mais porque estamos a 8 pontos do primeiro.
Claro que a realidade é bem diferente. A saber: na primeira jornada, contra o Leixões, fomos escandalosamente espoliados de uma grande penalidade. Resultado, um empate, dois pontos perdidos.
Depois, o Sporting na Luz. O lance de Katsouranis só em Portugal é polémico. Porquê? Porque os árbitros são cobardes e estão condicionados. Ainda ninguém avançou a hipótese de Pedro Henriques ter interrompido o jogo para saber o que pretendia o fiscal de linha. O árbitro-major pode ter querido saber se o seu fiscal de linha tinha visto algo que lhe escapara, por exemplo, uma agressão. Quando percebeu o que o seu ajudante tinha assinalado, mandou-o, naturalmente, ganhar juízo.
O lance sobre Romagnoli pode ter sido penalty, como o foi o lance sobre Fredy Adu. Logo, ninguém saiu prejudicado. Fica o Benfica com dois pontos a menos, do erro cometido à primeira jornada.
Quanto ao resto, duas notas. A primeira para lamentar que o Sporting e Paulo Bento não tenham sido tão veementes após o jogo contra o FC Porto em que foram prejudicados pelo árbitro no lance do atraso ao guarda-redes.
A segunda nota para pedir que o Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, ponha um travão nesta escalada verbal contra o Benfica e que afirme, preto no branco, que se alguém está a ser beneficiado não somos nós. Antes que seja tarde…

Foto: para quem esteja mal intencionado, desde já se esclarece que a foto não é do presidente da Comissão de Arbitragem, o ex-árbitro, sócio do Sporting, Vítor Pereira.

Obs: já passaram 48 horas e o major Pedro Henriques ainda não pediu desculpas ao futebol português.
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