segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

AI APITA, APITA...


A maioria dos arguidos no processo “Apito Dourado” pede a nulidade das escutas telefónicas, que constituem a principal fonte das provas de corrupção activa e desportiva activa de que são acusados, in PÚBLICO, de 29 de Janeiro de 2006.
Depois de um parecer jurídico, semanas atrás, ter defendido a inconstitucionalidade da acusação que impende sobre os arguidos neste processo: Pinto da Costa, Valentim Loureiro, José Luís Oliveira, entre outros, a chicana processual penal deste “caso” parece continuar.
Defensor do Estado de Direito, como sou, os artíficios processuais tendentes a provocar manobras dilatórias ou a inviabilizar o normal decurso de um processo não me repugnam.
O que eu, no entanto, gostaria de ouvir os arguidos neste processo dizer, em primeira instância, é “sou inocente”, e só depois utilizar, através de advogados pagos a peso de ouro, os instrumentos jurídicos ao seu dispor.
Defender o rigor formal em detrimento da verdade material é algo que não só estimula como alimenta todo um clima de suspeição e de que existe uma “justiça para ricos e outra para pobres”.
Aquilo que todo o país está à espera é que independentemente da teia jurídica em que os advogados de defesa queiram “amarrar” a acusação, a verdade venha ao de cima. Para que passemos a ser um país mais civilizado.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

IN MEMORIAM

A MAGIA DO REI

SAUDADE ETERNA


"A alegria dele. O sorriso. Ele era introvertido, mas tinha as suas brincadeiras. Aquele sorriso é marcante e era o sorriso que ele tinha diariamente em algumas brincadeiras. Também me lembro da maneira como ele festejava os golos, mas aquele sorriso é marcante."
Simão Sabrosa (Capitão do Benfica)

Faz hoje três anos que Miklos Féher tombou, de sorriso nos lábios, para sempre, no relvado do estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, decorriam os últimos minutos de um Vitória de Guimarães - Benfica. A saudade é eterna.

O REI FAZ ANOS


Eusébio da Silva Ferreira faz hoje anos. 65 anos. Longa vida Eusébio. Não sou benfiquista por causa de Eusébio, nem por causa de nenhum dos imortais heróis que vestiram a camisola vermelha do Glorioso. Nasci quase a meio da década de 60, pelo que não foram as epopeias geniais do Benfica que alucinaram a Europa durante esses anos que me fizeram preferir o clube da Luz. Também não foi a proximidade da Luz que me influenciou a escolha, nem tão-pouco pressões familiares. Cá longe, na província, refinei o gosto, o prazer e o orgulho de sentir o Benfica. Porquê, então? Porque sim, por algo inexplicável, por um sinal, por uma intuição, por um milagre.
Lembro-me bem, no início da década de 70, julgo que em 1971, com 8 anos de idade, contei os minutos até chegar a hora de ver, pela primeira vez em directo na televisão (coisa rara naqueles tempos), a preto e branco, a 2ª mão de uma eliminatória da Taça dos Campeões Europeus, desde o famoso Estádio Olímpico de Munique, Bayern – Benfica. Perdemos 3 – 1, com o nosso golo a ser marcado pelo barbudo, à época, do Néné.
É curioso como essa derrota, que nos eliminou depois de 0 – 0 na Luz, injectou em mim doses cavalares de benfiquismo. Ainda hoje parece que estou a ver Néné, após a marcação de um canto, a cabecear para o fundo das redes à guarda do mítico Sepp Maier.
Voltemos a Eusébio. Naquela época corria nas salas de cinema um filme portentoso. Chamava-se “Eusébio, a Pantera Negra”. Na minha cidadezinha de província, a matineé daquele sábado era imperdível. Lá estava anunciado, “comme il faut”, “Eusébio, a Pantera Negra”. Um parêntesis para referir que um dos maiores atentados culturais perpretados neste país tem sido a destruição dos antigos cine-teatros, perante a complacência das instituições que gerem a política cultural e o silêncio dos agentes de defesa do património arquitectónico.
Sentado no balcão, depois de rocambolescas peripécias para angariar os parcos escudos para a compra do bilhete, vejo diante de mim surgir o maior jogador português de todos os tempos e um dos melhores do Mundo de sempre. Revisitei as suas tardes e noites de glória, os altos e baixos, sempre com Flora a seu lado.
Hoje, neste dia tão especial, quero deixar aqui esta minha singela homenagem a Eusébio. Por tudo e porque o Rei faz anos. Parabéns “Pantera Negra”.

segunda-feira, 22 de janeiro de 2007

ABENÇOADO PEDRO!

Esta é uma capa bem conseguida. Parabéns a Alexandre Pais, o Director do "Record", e a toda a sua equipa. A manchete não podia ser mais adequada, e mais eloquente: "Abençoado Pedro". Quando se aproxima a Páscoa, bem podemos dizer que o "nosso" Pedro Mantorras está ressucitado. Depois de um calvário de lesões, depois de muitas vicissitudes na sua vida pessoal, e depois de ter sido quase condenado a deixar de jogar futebol por causa da incompetência de um departamento médico que continua a dar que falar (ironicamente, com outras pessoas), Mantorras grita em cada golo que marca: "Estou vivo!".
Está sim vivo. Para gáudio dos milhares de benfiquistas que o acarinham e lhe dedicam as maiores ovações. O que se espera agora é que, como sublinhou e bem o comentador da Sport TV e jornalista do "Correio da Manhã", António Tadeia, no decurso do jogo Benfica - U. Leiria, é que a Direcção e/ou a equipa técnica clarifiquem o "caso" Mantorras. Pode o angolano jogar 90 minutos? E se pode, como o próprio não se cansa de afirmar, porque não joga, logo agora que o Benfica deixou sair Kikin Fonseca e vê Miccoli regressar à enfermaria? Perguntas a que é preciso com urgência responder... Até lá, "Abençoado Pedro".

sábado, 20 de janeiro de 2007

OU VAI OU ROCHA



Na época transacta, Ricardo Rocha foi protagonista de uma pequena turbulência no balneário da Luz. Caso invulgar, numa altura em que José Veiga conseguia blindar o balneário a qualquer intenção desestabilizadora, interna ou externa.
Rocha proclamou, na praça pública, que queria sair do clube e tentar uma experiência no estrangeiro. A situação criou mal-estar mas a Direcção do Benfica ficou impertubável a esta tentativa de pressão.
O central encarnado ficou no plantel, tivesse ou não gostado, manteve o mesmo ordenado, considerado um dos mais baixos. A estratégia de Ricardo Rocha ficou clara para a Direcção do Benfica. Tendo chegado a internacional A, apesar de uma exibição frouxa contra a Polónia de Leo Beennacker, Rocha julgou ter alcançado as estrelas.
Quem não foi de modas foi Luís Filipe Vieira, e, pragmático como é, o Presidente do Benfica deve ter colocado algumas pedras de gelo na cabeça de Ricardo. A actuação do Presidente foi exemplar.
Rocha ficou e, esta época, o central que nunca tinha marcado qualquer golo com a camisola do Benfica ( e que apenas se tinha evidenciado por uma marcação cerrada a Ronaldinho Gaúcho, durante o Benfica - Barcelona para a Liga dos Campeões da época passada) já vai em três tentos, entre eles um em Alvalade que abriu um expressiva vitória sobre o Sporting.
Agora, o filme regressa. Ricardo Rocha, diz-se, é pretendido pelo Tottenham, um histórico de Londres. A oferta conhecida, de 5 ou 6 milhões de euros, é tentadora, mas Vieira não vacila. "O jogador tem os ordenados em dia. Ganha aquilo que pediu. O que mais quer", reage o líder encarnado.
Fernando Santos saiu a terreiro para dizer que "tratando-se de um titular, não é dispensável". No meio disto tudo, Ricardo Rocha parece que aprendeu, de uma época para outra. Agora, não surge a pressionar o Benfica, limitando-se a dizer que "a Direcção é que sabe".
Opinião pessoal: nos tempos de crise que correm, face a uma oferta entre os 5 e os 6 milhões de euros por um central apenas razoável, julgo que se trata de um bom negócio. Vieira sabe as linhas com que se cose, e sabe da credibilidade da mesma proposta. No que aos negócios diz respeito, o Presidente do Benfica não deixa os seus créditos por mãos alheias.

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

VAI FORMOSA E SEGURA

Um dia, que já esteve mais longe, mas que também já esteve mais perto, gostava de dizer o seguinte a uma plateia, qualquer que fosse o seu peso quantitativo: "Leonor Pinhão é hoje uma das pessoas que mais me faz sentir orgulho em ser benfiquista. É, além disso, um caso raro: apesar de ter um apelido famoso, sobreviveu-lhe, caminhou por si, granjeou prestígio pela sua competência e pelo seu mérito, pela sua verticalidade (aí, os genes falaram bem alto). A isto chama-se ter personalidade, coragem para defender "a outrance" as suas convicções. Pela verdade, sempre pela verdade. É jornalista, cronista, realizadora, escritora, mãe. Gosta de futebol e de cinema. Nestas áreas escreveu artigos e crónicas, no jornal "A Bola" e, agora, na "Única", revista do Expresso, que são autênticas pérolas de bem escrever, "com a ironia do costume". Como realizadora, espero que atinja, pelo menos, o estauto de seu marido, o realizador João Botelho, um exempo de invulgar qualidade nesta área.
Leonor Pinhão é uma espécie de "Joana D`Arc" - quem melhor do que ela para defender o nosso primeiro Rei, D. Afonso Henriques, no programa da RTP, "Os Grandes Portugueses". Se a minha simpatia, neste concurso (não se trata mais do que de um concurso) vai para Luís Vaz de Camões, o "Grande Português", na impossibilidade (verdadeira blasfémia) de não poder torcer por Eusébio, espero, pela Leonor, que D. Afonso Henriques seja o mais votado. Ficarei a torcer, de cachecol vermelho à volta do pescoço.

GLORIOSO

A Luz é um Inferno? É... . Mas também é um espectáculo !!!

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

EUSÉBIO, MAIOR ENTRE OS GRANDES

Eusébio da Silva Ferreira é um nome incontornável da História de Portugal. Moçambicano de nascimento, Eusébio foi o porta-estandarte de um equipa das quinas, apelidada de “Magriços”, que em 1966, em Inglaterra, fez mais pelo nome de Portugal que todas as embaixadas, todos os consulados, todos os acordos diplomáticos, políticos, culturais, económicos ou quaisquer outros.
A RTP resolveu importar um “formato” de concurso já desenvolvido noutras televisões mundiais. O objectivo deste concurso é escolher os “Grandes Portugueses”. A lista começou por ter 100 nomes. Feita a triagem, através de voto pela NET, SMS e telefone, ficaram os 10 mais. Todos políticos, todos já mortos.
No campo desportivo há uma nota a assinalar e a reter. Em 15º lugar, na fronteira da lista final dos 10 eleitos, encontramos o nome de Eusébio da Silva Ferreira, moçambicano, do bairro de Mafalala, em Maputo, mas o mais português de todos os africanos.
Eusébio é o nosso exemplo máximo de uma ideia de Império, o bom Império, aquele que desempenhamos não como colonizadores mas como homens e mulheres irmãos, com a mesma língua, de cor diferente, mas com a saudade na palavra e no olhar.
Eusébio e Coluna, Costa Pereira e Hilário, Dinis e Carlos Duarte, Matateu e Yaúca, foram bandeiras desta multiculturalidade, deste universo português de além-mar, deste sentir que somos grandes. Como os maiores. Obrigado Eusébio!

MEMÓRIA VIVA

Nos últimos dias Carolina Salgado voltou a ser tema de capa de vários jornais. O “tsunami” causado pelo seu livro “Eu, Carolina” parece continuar o seu curso devastador. A ex-companheira de Jorge Nuno Pinto da Costa foi, segundo notícias vindas a público, ouvida durante várias horas e vários dias pela Procuradora-Adjunta Maria José Morgado, responsável máxima pelo processo “Apito Dourado”.
Dias depois, o semanário “SOL” dava à estampa uma revelação de Carolina, supostamente feita durante as conversas com Maria José Morgado, em que acusava o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, da autoria das agressões ao ex-vereador da Câmara Municipal de Gondomar, o socialista Ricardo Bexiga.
Sendo certo que num Estado de Direito as acusações têm de ser provadas e as regras do jogo jurídicas conduzem muitas vezes a resultados formais que nada têm a ver com a verdade material (mas são essas as regras do jogo democrático), porque será que tudo isto não nos causa nenhuma estranheza?
Recentemente, um movimento cívico denominado “Não Apaguem a Memória” desenvolveu várias iniciativas tendentes a lembrar aos mais jovens, às chamadas gerações vindouras, um rol de personalidades políticas que tiveram, no entender deste movimento, desempenhos assinaláveis no combate ao Estado Novo e na construção de um Estado democrático em Portugal.
Na mesma senda, eu convoco todos os que gostam de futebol, todos os querem regressar com os filhos, a família, aos estádios sem medo de serem injuriados e agredidos.
Eu convoco-os, aqui e agora, para continuar a acrescentar capítulos ao livro da D. Carolina Salgado. Quem foi, e porquê?, que espancou o jornalista José Saraiva, já falecido, à porta de sua casa, no Porto? Quem foi, e porquê, que espancou o jornalista Marinho Neves, à porta de sua casa, no Porto? Quem foi, e porquê, que espancou o grande jornalista e homem íntegro, Carlos Pinhão, à saída do Estádio Mário Duarte, em Aveiro, no final de um Beira-Mar / FC Porto? Quem foi, e porquê, que criou um clima de terror no interior das instalações do FC Porto, nas Antas, antes, durante e depois de um célebre FC Porto / Benfica, que ganhamos por 2 – 0 e fomos campeões nacionais? Quem foi, e porquê, que obrigou o saudoso Jorge de Brito, então chefe do departamento de futebol do Benfica, a sair das Antas, no final desse jogo, escondido no interior de uma ambulância? Quem foi o mentor de todo o “plano de terror”, que incluiu o lançamento de um boato em que se dizia que Carlos Valente, árbitro do jogo, viajava de comboio com a equipa do Benfica (algo que era mentira)? Quem elaborou esse “plano de terror” que incluiu uma secreta reunião, na véspera do jogo, em que a figura de proa foi o famoso Guarda Abel? Quem permitiu, e porquê, que mais de meia equipa do Leça, então na Primeira Divisão, no início da década de 90, fosse formada por jogadores emprestados pelo FC Porto, transformando os jogos entre estas duas equipas em verdadeiras palhaçadas e desvirtuando a verdade desportiva?
Para já chega. Este movimento chama-se “Memória Viva” e está aberto a todas as contribuições que todos os “homens de boa vontade” queiram deixar para os próximos livros a editar pela D. Quixote. Vamos ajudar a D. Carolina Salgado a aumentar o seu pé-de-meia.

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

OBRIGADO MIÚDOS

Quem foi que disse que a formação no Benfica deixava muito a desejar? Para quem encheu a boca de elogios à “escola” leonina, aqui vão dois nomes que vão dar que falar no futuro. Dois produtos “made in” Luz: João Coimbra e Pedro Correia. Bravo miúdos pelo jogo contra a Lázio. Parabéns Pedro Correia pela última grande penalidade marcada, sem tremideiras, como um grande profissional e um grande craque, que já és ( ou melhor, no plural, já são).

OBRIGADO BENFICA

Capitão Simão recebe a Taça das mãos de um xeque das arábias. No Dubai, em Amesterdão, em Berna, em Estugarda, no Prater, no Santiago Bernabéu, em Wembley, no Camp Nou, no Parque dos Princípes, Benfica é Benfica. Obrigado Benfica!

IMBATÍVEIS

Obrigado Benfica. Lá longe, nas Arábias, foi bom ver aqueles portugueses e estrangeiros de cachecóis vermelhos ao pescoço e bandeiras do Benfica levantadas com orgulho. Vencemos um torneio com equipas de dimensão europeia e mundial, na sua máxima força: Bayern e Lázio, e mostramos a força de um clube de dimensão universal. Lá longe, e mais uma vez, onde houve Benfica houve nome de Portugal. Obrigado rapazes e boa viagem!!!

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

M & M



Moretto mereceu o elogio que lhe deixei aqui ontem, pelas grandes penalidades defendidas contra o Bayern de Munique, no torneio do Dubai. Mas hoje, na final do mesmo torneio, contra a Lázio de Roma, Moreira, não ficou atrás do seu companheiro de equipa. Pelo contrário, se Moretto defendeu duas grandes penalidades, Moreira não fez a coisa por menos e defendeu três grandes penalidades, tendo assim o Benfica levado para Lisboa o troféu e mais de um milhão de euros de encaixe financeiro. Ao contrário do que pensava Fernando Santos, e como prognostiquei num “post” que aqui coloquei há dias, esta viagem ao Dubai podia ser, e foi, benéfica. O Benfica rodou jogadores menos utilizados (já lá vou), fez dois jogos-treino bem puxados contra equipas da elite europeia na máxima força, ganhou o troféu e, consequentemente, dinheiro e prestígio. O que mais queria? Podem-me dizer, e se tudo corria ao contrário?, como aconteceu uma vez, há lá vão alguns anos, julgo que com Paulo Autuori a treinador, um célebre, pela negativa, viagem ao Brasil, que resultou em goleadas escandalosas e outras histórias que não vale a pena agora contar.
Mas não correu, não houve lesões e nisto do futebol, como na vida, só se progride a correr riscos, a ser ousado, intrépido. Prá frente é que é caminho. Voltando à baliza, disse que Moretto merecia a titularidade e até glosei com a questão da planta atlética dos guarda-redes. Sou agora obrigado a retractar-me, não porque não ache que Moretto tem condições para ser titular. Acho. Mas Moreira encheu-me as medidas, é um jovem guarda-redes português, tem estatura “europeia” e é um “menino bonito” do Terceiro Anel. E isso quer dizer muito.

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

Moretto

O hábito não faz o monge, diz o povo com razão. Não vou falar de provérbios, mas, voltando à “vox populi”, daquilo que em gíria se costuma dizer “cada um é para o que nasce”.
Nos idos de 40, 50, 60, 70 ou, mesmo, 80, nos critérios para identificar o perfil de um guarda-redes a estatura não merecia qualquer prioridade. Características como a coragem, que alguns apelidavam de “loucura”, a agilidade, ou o não ter jeito para jogar à frente, indicavam aos atletas o caminho das redes.
Nomes como Bento, talvez o mais paradigmático, Botelho, Benje, Conhé, José Henriques, entre muitos outros, não primavam pela estatura, mas a “loucura” (do primeiro, por exemplo), e os reflexos foram características que os tornaram guarda-redes míticos do futebol português.
No pólo oposto estava outro nome grande das balizas, Vítor Damas, que aliava à sua estatura uma agilidade felina que marcou uma geração e que se tornou uma espécie de mito. A propósito, é lamentável como o Sporting, que se considera a si próprio um “clube diferente”, deixou cair no ostracismo um atleta e, principalmente, um homem como Vítor Damas (para já não dizer que Damas, ele próprio, foi despedido pelos de Alvalade).
Voltemos ao tema. Damas era, à época, uma guarda-redes de estatura elevada, própria para ocupar as balizas, sair aos cruzamentos e aos cantos, com mais facilidade. Se calhar, outros houve, talvez Azevedo, Barrigana, Américo, Fidalgo, mas não tenho presente a sua morfologia.
Os portugueses nunca foram altos. Por isso, nunca fomos grandes “espingardas” no basquetebol ou no voleibol. Lá fora, porém, onde estas coisas nunca são deixadas ao acaso nem ao sabor dos experimentalismos, a função de guarda-redes, como a função de poste no caso do basquetebol, começou a ser circunscrita a atletas com determinada estatura. Como é lógico.
É por isso que, em Itália, (mas também em Espanha, com Arconada e Zubizarreta) começamos a ver guarda-redes de elevadissíma estatura, a começar em Zoff e a acabar em Buffon. Até os guarda-redes brasileiros, como Dida ou José Carlos, afinam pelo mesmo diapasão. A excepção é Barthez.
Em Portugal, esta realidade fez com que se começasse a importar guarda-redes estrangeiros: Mlynarckzik ou Preud´homme, são dois nomes incontornáveis, pela sua altura e pela sua classe.
Esta longíssima introdução para dizer o quê? E para terminar. Sempre fui de opinião que o guarda-redes titular do Benfica devia ser Moretto. Não foi de ânimo leve que o Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, o foi resgatar ao Brasil e trazê-lo para a Luz, quando o FC Porto já o ambicionava para substituir Baía.
Depois, o que se passou é do conhecimento de todos. Recordo, apenas, que Moretto havia de ser protagonista pela positiva (apesar de alguns lances caricatos) da eliminatória do ano passado na Liga dos Campeões, contra o Barcelona.
Ontem, no Dubai, contra a equipa titular do Bayern de Munique, Moretto fez jus à sua estatura e agilidade, o que o torna, ao contrário de Quim, um atleta morfologicamente apto para ocupar a baliza de um clube da dimensão do Benfica. Defendeu duas grandes penalidades, levou o Benfica à final contra a Lázio de Roma, permitiu ao clube da Luz um encaixe financeiro mínimo de um milhão de dólares. É pouco? Será, se calhar, para ocupar a baliza no jogo de 2ª feira contra a Académica, em Coimbra, para a Superliga. Mas não foi pouco para que o jornal “A Bola” tenha feito a seguinte manchete: “Moretto melhor que Kahn”.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2007

VITÓRIA DAS ARÁBIAS

O Benfica fez hoje um bom treino e conquistou uma prestigiante vitória nas grandes penalidades no Dubai contra uma das mais categorizadas equipas da Europa, o Bayern de Munique. Após um longo interregno e uma vitória fácil e sem forçar contra o Oliveira do Bairro, para a Taça de Portugal, o torneio do Dubai, onde o Benfica depois de derrotar o Bayern vai defrontar a Lázio na final, vem na melhor altura. Quem assim não entendeu foi Fernando Santos que fez saber que não concordou com o agendamento deste torneio, mas os factos não lhe estão a dar razão.
O Benfica que defrontou o Bayern, hoje à tarde, fez evoluir no relvado alguns jogadores menos utilizados, como João Coimbra, Mantorras, Miguelito, Beto, Moretto, Manú, Andersson, Marco Ferreira, Paulo Jorge. Enquanto que o Bayern colocou em campo muitas das suas maiores vedetas, a começar por Oliver Kahn, mais o brasileiro do “escrete” Lúcio, Pizarro, Van Bommel, ex-Barcelona, Salamidhzih, Van Buyten, Podolsky, Demichelis . Só por isso, já valeu a pena ter vindo ao Dubai. Para além do encaixe financeiro, que deve ter feito Luís Filipe Vieira fazer orelhas moucas às dúvidas técnicas de Fernando Santos.
É de assinalar que este Bayern está na Liga dos Campeões e passeou a sua classe pela fase de grupos, onde encontrou o Sporting e o despachou para fora da Liga. Este acrescento anímico que o Benfica vai trazer do Dubai, qualquer que seja o resultado da final contra a Lázio, vai ser importante para Domingo trazer os 3 pontos de Coimbra, no jogo contra a Académica para a Superliga.

ESTE HOMEM RI DE QUÊ?

O que têm em comum os jogos Benfica-Gondomar, em 2002-2003, e FC Porto-Atlético, em 2006-07, ambos para a Taça de Portugal? Nenhum jogador, certamente. Os árbitros também foram diferentes. Quem viu ao vivo o primeiro, não deve ter visto o segundo. Então, qual é o elemento comum a ambas as partidas? Quem disse Jesualdo Ferreira acertou.
Com efeito, era Jesualdo Ferreira quem se sentava no banco do Benfica naquela fatídica tarde em que um jogador gondomarense, de nome Cílio, causou um dos maiores escândalos que há memória. Logo após o jogo, a Luz foi palco de alguns incidentes, de todo em todo invulgares, em que era colocado em causa o trabalho de Jesualdo. A pressão exterior surtiu efeitos e Jesualdo caiu. Seguiu-se Chalana e depois Camacho.
No FC Porto não é crível que tal aconteça. O clube de Pinto da Costa costuma ser imune às pressões. O que só lhe fica bem. Mas uma coisa parece evidente, Jesualdo está longe de ser um treinador de “top”.

domingo, 7 de janeiro de 2007

OBRIGADO ATLÉTICO!

(Taça de Portugal - FC Porto 0, Atlético 1 - 7 de Janeiro de 2007)

Manuel Costa Monteiro é o comentador dos jogos do FC Porto na TSF. Gosto de o ouvir, apesar de não conseguir esconder a sua tendência clubística. Costa Monteiro é portista. Não vem mal ao mundo por isso. Sucedeu a Bernardino Barros, outro portista, e, como este, é um comentador sóbrio, rigoroso, informado. Ontem, nas Antas ou no Dragão (como quiserem), comentou o FC Porto – Atlético para a Taça de Portugal. Quando o árbitro, um sujeito chamado Paulo Pereira, deu mais 5 minutos para além dos 90 regulamentares, Costa Monteiro disse: “Parece-me exagerado”. Quando o árbitro, um sujeito chamado Paulo Pereira, marcou uma grande penalidade contra o Atlético em cima do segundo final, Costa Monteiro disse: “No passado, chamava-se a isto um roubo de igreja”.
No futebol, em Portugal, continua a passar-se coisas estranhas. Paulo Pereira deve ser árbitro ambicioso, quer chegar a internacional rápido e não há Apito Dourado que o trave. Pede-se a Maria José Morgado que comece a acabar com esta fantochada e já. Para que o ambiente de impunidade continue a permitir arbitragens como esta. Basta!


sábado, 6 de janeiro de 2007

CADÊ A BOLA ?

Nos últimos 15 dias em que a Superliga esteve em invulgar defeso, o Benfica continuou a animar as manchetes dos jornais desportivos. N´ ”A Bola”, Fernando Santos dá uma entrevista de 6 páginas para falar sobre religião, Deus, a Bíblia, o aborto, a fé. Nuno Assis vê a temporada perdida por causa de uma intervenção do secretário de Estado de Desporto, Laurentino Dias, por causa do seu controlo positivo de “doping” e posterior decisão de um tribunal desportivo internacional. Rui Costa debelou a lesão e está apto para voltar aos relvados. Kikin vai embora, não vai embora, talvez vá embora. Nilmar vem para a Luz, não vem para a Luz, talvez venha para a Luz. O Benfica vai recorrer do castigo a Nuno Assis. Fala-se num novo “caso Mateus” por causa desta decisão do Benfica. Sílvio Cervan, vice-presidente do Benfica, diz que o clube não é irresponsável e desmente um novo “caso Mateus”, afirmando que o Benfica não vai contrariar os regulamentos da FIFA. Luís Filipe Vieira diz que Laurentino Dias, o PS e o Governo perseguem o Benfica. José Veiga foi ilibado no “caso João Pinto”, pelo próprio João Pinto, em declarações à Polícia Judiciária. José Veiga, afinal, recebeu uma comissão pela transferência de João Pinto para o Sporting, em 2000. Veiga desmente e diz que a factura é falsa. Madaíl foi reeleito presidente da Federação, incluindo na sua equipa 3 elementos constituídos arguidos no processo “Apito Dourado”, os 3 pertencem à Comissão de Arbitragem. O livro de Carolina Salgado continua nos tops de venda em Portugal. José Sosa, jogador paraguaio, vem para o Benfica, não vem para o Benfica, talvez venha para o Benfica. Moretto diz que quer sair porque não é utilizado. Mantorras era alvo de chantagem. O chantagista é detido. Simão leva a família à Disneylândia de Paris. Os jogadores brasileiros do Benfica, e dos outros clubes portugueses, partem para o Brasil. Katsouranis e Karagounis partem para a Grécia. Kikin parte para o México. Talvez regresse, não regressa, sim regressa. Dos pequenos não reza a história. Assim vai o futebol em Portugal.
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