quinta-feira, 31 de julho de 2008

Luís Garcia, persupuesto...

Luís Garcia, junto a Tintin Marquez, treinador do Espanhol, no seu último (?) treino em Montjuic. Foto: Manel Montilla (El Mundo Deportivo)

A investida que Luís Filipe Vieira e Rui Costa fizeram a Barcelona para trazer o atacante do Espanhol, Luís Garcia, mostra bem o empenho que o Benfica tem em dar a Quique Flores aquilo que o treinador reclama.
A poucas semanas de começar a época a sério, o tempo esgota-se para definir o plantel. A data -limite para “fichar” Luís Garcia esta estipulada: amanhã, 1 de Agosto. Para já, o Espanhol recorre a esquemas de chantagem, em que o Benfica, e bem, recusa embarcar.
Depois de ter inflaccionado unilateralmente o valor já acordado com o Benfica, resolveu agora convocar o jogador para Manchester, onde o Espanhol vai jogar um amigável, este sábado, contra o United, em Old Trafford.
Tintin Marquez, o treinador do Espanhol, contudo, espera construir a equipa para disputar a Liga sem Luís Garcia: “Não me surpreenderia que se fosse embora”. O Benfica é que não quer estar dependente dos humores dos dirigentes do segundo clube da Catalunha. E, apesar de Garcia, de 27 anos, um produto da cantera do Real Madrid, ser um atacante eficaz, com 13 golos em 37 jogos, na última época na Liga espanhola, (em 2006/07 e 2005/06 marcou 10 em 36 jogos; em 2004/05, 11 golos em 19 jogos com a camisola do Maiorca; em 2003/04, 11 golos em 16 jogos com a camisola do Real Múrcia); há outros nomes em cima da mesa.
Miccoli, por exemplo, que se não fosse a obsessão de Quique com os jogadores formados na cantera merengue, treinados por si quando abandonou as chuteiras, já podia estar de malas feitas para regressar à Luz.
E, agora, uma adivinha: quem está na calha para substituir Luís Garcia na frente de ataque do Espanhol, se este rumar ao Benfica? Resposta: Kevin Kuraniy ou… Hugo Almeida.

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Petit: Obrigado e felicidades!


Petit já é uma saudade, mas foi um bom acto de gestão desportiva a sua transferência. O meio-campista internacional português foi, durante 6 anos, um jogador "à Benfica". Estamos-lhe gratos por isso. E desejamos-lhe toda a felicidade do mundo no 1. FC Koln, da competitiva Bundesliga, para onde se transferiu.
Aos 32 anos, e depois de um grande Euro 2008, Petit teve da parte do Benfica o livre-trânsito que a sua conduta profissional merecia. O Benfica comportou-se à altura de uma instituição única na dignidade e na nobreza. Protegeu e defendeu um dos mais briosos profissionais de futebol que passaram pelo Glorioso nos últimos anos.
Foi um bom acto de gestão desportiva porque, sendo certo que cada treinador tem o seu método, não seria compreensível para ninguém - nem sequer aceitável - que Petit pudesse ser preterido no onze inicial.
Assim, o fim desta ligação entre Petit e Benfica foi bom para as duas partes. Tudo o que se pedia entre um jogador que sempre deu tudo à Institutição, e um clube que sempre honrou um dos seus mais nobres atletas. Obrigado e Felicidades Petit!


Post-Scriptum: Petit foi apresentado no 1. FC Koln como um grande atleta que é, rodeado pelo carismático treinador alemão Christophe Daum e pelo presidente do clube Michael Meier. Pelo menos, Petit vai continuar a jogar de vermelho.

terça-feira, 29 de julho de 2008

À espera das decisões de Quique

O modelo de jogo preferido de Quique Flores: 4-4-2

A Federação Portuguesa de Futebol pode ter virado uma página histórica no futebol português. Os rostos (Valentim Loureiro e Pinto da Costa) do “sistema”, como lhes chamou e bem António Dias da Cunha, estão a pagar por terem conduzido o nosso futebol para um “bas-fond” infrequentável.
Tarde e a más horas, mas fez-se justiça. Mesmo assim, foi preciso recorrer a um homem acima de qualquer suspeita, professor catedrático de Direito Administrativo (o que dirá agora Pinto da Costa de Freitas do Amaral, depois de ter enchido a boca na entrevista à SIC com os “pareceres de catedráticos”, como referiu, agitando papéis no ar). Freitas “foi” fixe!
Agora é esperar para ver o que se vai passar a seguir, mas nada voltará a ser como dantes no futebol português. Luís Filipe Vieira, que, com Dias da Cunha, elaborou um manifesto em defesa da credibilidade do futebol em Portugal – documento histórico que merecia ser publicado e dado a conhecer à opinião pública – mantém-se, e bem, numa postura de recato, depois de uma entrevista corajosa e marcante a Judite de Sousa, na RTP.
Quando um dia se fizer a história dos momentos que revolucionaram o futebol português, os rostos da sua credibilização merecerão lugar de destaque: Luís Filipe Vieira, António Dias da Cunha, Ricardo Costa, Hermínio Loureiro, Herculano Lima.
Se na luta pela higienização do futebol, o Benfica marca pontos, nos relvados a equipa está ainda a gatinhar. Quique continua a fazer experiências, mas o tempo urge e o início a sério está a três semanas de distância. O treinador espanhol já sente, e de que maneira, a pressão. E já percebeu que o Valência, apesar de ser um “grande” de Espanha, não passa de um clube modesto quando comparado com a dimensão do Benfica. Quique está no olho do furacão!
Os jogos com os ingleses do Blackburn Rovers e o Sporting mostraram uma equipa má a defender e razoável a atacar. O pior é que não era, bem notado, uma equipa mas um amontoado de jogadores. Um Benfica de tracção à frente, mas ainda desequilibrado e sem fio de jogo.
Até ao fim de semana, Quique tem de pôr a casa em ordem. As dispensas vão ser a sua primeira prova de fogo. E só depois é que pode começar a pensar num onze base, num esquema táctico e numa filosofia de jogo.
Deixem-me, por uma vez, ser treinador de bancada e colocar livremente aquele que seria o meu 11 de eleição para esta época: 1 – Quim; 2 – Nelson; 3 – Luisão; 4 – David Luiz; 5 – Léo; 6 – Katsouranis; 7 – Petit; 8 – Carlos Martins; 9 – Óscar Cardozo; 10 – Pablo Aimar; 11 – Di Maria.
Convém contratar um guarda-redes de nível europeu. Falta um nº 2 com outra dimensão. É preciso mais um central de valor a juntar a Sidney. Para outro esquema, Petit ou Katsouranis podem dar lugar a Balboa. Quanto a Aimar (que bem lhe fica aquela camisola), o problema está em o compatibilizar com Carlos Martins. E ainda há Maxi, Jorge Ribeiro, Sepsi, Yebda, Ruben Amorim, Nuno Assis, Urreta, Makukula, Nuno Gomes, Mantorras, talvez Luís Garcia, talvez Miccoli, talvez outro qualquer – Luís Filipe, Edcarlos e Zoro já são cartas fora do baralho. Ovos não faltam, vamos a ver o sabor das omoletes.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Quique no olho do furacão

Existem dois ângulos de análise ao que se passou no Torneio do Guadiana: 1 – está tudo lixado; 2 – mais vale agora do que quando a época a sério começar. É a velha teoria do copo meio cheio ou meio vazio.
Podíamos começar por desvalorizar a coisa dizendo que o ano passado ganhamos o torneio e depois foi o que se viu. Ou então, falar nas experiências que Quique tem de fazer para poder dispensar em consciência.
O problema, dizemos nós, não são as derrotas contra Blackburn ou Sporting. O problema é que continuam a faltar ao Benfica jogadores para lugares-chave: lateral-direito; centro da defesa; lateral-esquerdo; baliza.
Se se confirmar a saída de Petit, de Katsouranis e de Luisão (estes 2 últimos devido a declarações que abrem a porta de saída), então é caso para mostrar grande preocupação. Desde logo, porque apenas Quim e Nuno Gomes podem assumir um papel de liderança. Sem Rui Costa, a equipa perde as suas mais importantes referências. E sabe-se como Nuno Gomes também não está de pedra e cal. Ou seja, o Benfica corre o risco de começar o campeonato com um onze quase totalmente novo, com a falta de automatismos que isso acarreta, por melhores que sejam os jogadores. Mas uma equipa é um colectivo e não uma soma de individualidades.
Senão vejamos: Quim; Nelson; Sidney; David Luiz (se já estiver totalmente recuperado); Léo; Yebda; Carlos Martins; Balboa e Aimar; Óscar Cardozo e Luís Garcia (?) ou Miccoli (?).
Quique tem uma tarefa árdua pela frente. Mas também a tem Rui Costa. Não deixar sair Katsouranis e Luisão será bem mais importante do que qualquer reforço mais sonante. Para já, Rui Costa tem gerido com inteligência estes problemas e, ao contrário do que está a acontecer no FC Porto com Quaresma e no Sporting com Moutinho, no Benfica reina a paz no seio do plantel. Já é um bom sinal.

sábado, 26 de julho de 2008

Tracção à frente

Derrota por 2-3 contra os ingleses do Blackburn Rovers, no Torneio do Guadiana. (www.slbenfica.pt)

Se como dizem os “experts” uma grande equipa começa a construir-se de trás para a frente, então há motivos de preocupação sobre o Benfica 2008/2009. O jogo de ontem à noite contra os ingleses do Blackburn Rovers mostrou que Moreira está a pagar com juros um ano de inactividade; os laterais, Luís Filipe e Sepsi, não estão à altura de um clube da dimensão do Benfica; os centrais ainda não estão automatizados – Luisão busca a forma; Miguel Vítor – faltam-lhe centímetros e experiência; Edcarlos e Zoro – têm guia de marcha. Não surpreende, assim, que Quique esteja a estudar a colocação de Katsouranis a central. Claro que falta David Luiz, talvez o futuro patrão da defesa; e ver o que vale Sidney, de quem dizem maravilhas mas a idade está lá – 19 anos. Rui Costa devia pensar se os milhões que ainda tem para gastar em reforços não seriam bem melhor aplicados num central de dimensão mundial, do que em mais jogadores para a frente.
No meio-campo e no ataque, o que não faltam são soluções. E boas soluções. O problema vai ser quem dispensar. Yebda está de pedra e cal, assim como Javier Balboa. Carlos Martins, Ruben Amorim e Jorge Ribeiro são contratações, pelo que não é crível que algum seja dispensado.
Pelo que mostrou, Fellipe Bastos é um jogador de eleição, e ainda há Petit, Bynia, Nuno Assis, Di Maria, Maxi Pereira. Pablo Aimar é um caso à parte. Bem na frente, Makukula mostrou bons pormenores e está a fazer tudo para ficar; e ainda faltam Óscar Cardozo, Nuno Gomes e Pedro Mantorras – para não falar de Luís Garcia (?), avançado do Espanhol de Barcelona, e/ou de Fabrizio Miccoli, o bombardeiro que muitas saudades deixou na Luz.
Ou seja, o problema não está do meio-campo para a frente, embora, apesar dos 2 golos marcados ao Blackburn, pede-se mais eficácia; o problema está do meio-campo para trás. Sofrer 3 golos é mau perante qualquer adversário e em qualquer altura da época. Vamos a ver amanhã contra o Sporting…

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Freitas é fixe!

Nunca imaginei ter de aplaudir Freitas do Amaral. Nunca tive, por ele, grande simpatia política. Mas o seu parecer (para ler na íntegra aqui), divulgado hoje, sobre os comportamentos e actos verificados na “histórica” reunião do Conselho de Justiça, que, já sem a presença do seu presidente Gonçalves Pereira, votou pela descida do Boavista e pela suspensão de Pinto da Costa, reafirmando as decisões do CD da Liga, faz jus ao seu estatuto de ilustre administrativista.
Quero ver agora os “doutos” comentários de juristas mais ligados à causa azul. E o desnorte verbal parece que já começou. A Federação, que encomendou o parecer, tem agora o biombo legal e político que esperava para accionar os mecanismos disciplinares para fazer vingar a decisão do CJ.
Gonçalves Pereira, por seu lado, só tem uma saída, a demissão. E, como pede também Freitas no seu parecer, a Procuradoria-Geral da República tem aqui um pretexto incontornável para fazer a limpeza que se exige no futebol português.
Confesso que fiquei a ter outra ideia de Freitas do Amaral. E apetece-me recuperar aquele famoso slogan da épica campanha presidencial de 1986, Soares versus Freitas, na altura destinado ao histórico líder socialista – “Soares é fixe”. Vinte e dois anos depois, sabe bem dizer: “Freitas é fixe”.

Dispensas: a 1ª prova de fogo de Quique

Nuno Gomes e Pedro Mantorras: sai um, saem os dois ou não sai nenhum?

O jogo-treino com o Estoril foi apenas um passo na preparação da equipa. O resultado é irrelevante. Entretanto, chegaram mais três reforços. Em boa verdade, mais dois, dado que Urretavizcaya já cá estava a treinar com o plantel. Jorge Ribeiro, para a esquerda e para o meio-campo, e o brasileiro Sidney, para central.
E, segundo Rui Costa, ainda faltam chegar mais 2 ou 3. Talvez Luís Garcia, agora que a saída para o Tottenham está descartada, ou outro avançado “sonante”, como garantiu Quique. Talvez Miccoli… Talvez Simão…
Aguardam-se as dispensas. Com um plantel de mais de três dezenas de atletas ao dispor do treinador espanhol, a saídas serão muitas e vão obrigar a uma gestão cautelosa. Mais do que o jogo com o Estoril, ou o de hoje à noite com o Blackburn Rovers, Quique tem aqui a sua primeira prova de fogo.
É o espanhol que decide, claro, mas há dois nomes que têm que entrar nesta equação: Pedro Mantorras e Nuno Gomes. Não vale a pena esconder a realidade ou atirar os problemas para debaixo do tapete. Não é crível que Quique tenha esse perfil. Então, tem de encarar de frente os “problemas” chamados Mantorras e Nuno Gomes. Julgo mesmo que o arrastar desta situação está a ser prejudicial à estabilidade do plantel.
Com Cardozo, Makukula, mais Nuno Gomes, mais Mantorras, mais Luís Garcia (?), mais Miccoli (?) – alguém tem de sair. Mantorras, todos o sabemos, é um caso mais político que desportivo. Sabe Quique que é assim? Rui Costa explicou-lhe bem o que está em causa?
Dar uma opinião sobre o “caso” Mantorras é algo de muito delicado. Está Mantorras em condições de jogar ao mais alto nível? Para a Selecção de Angola ou para os clubes, como o Braga, que o querem, parece que está.
Logo, julgo que a eventual dispensa de Pedro Mantorras é um erro grave, tanto do ponto de vista desportivo como político. O angolano é mais do que um jogador de futebol, é um símbolo, a “alegria do povo”. Dispensá-lo não será bom para ninguém. Espero não me enganar.
Nuno Gomes é outro “caso”. Diferente. Fez um bom Euro 2008. Mas já perdeu, há muito, o estado de graça que tinha junto dos adeptos do Benfica. Continua a ter muito peso dentro do balneário e é próximo de Rui Costa, mas se chegar uma boa proposta, acho que o Benfica não devia hesitar.
O resto é de mais ou menos fácil equação, porque a “prova de fogo” centra-se nestes dois jogadores. Já agora, uma sugestão a Rui Costa: que os jogadores a dispensar sejam canalizados para clubes amigos. O Benfica tem de começar a retomar o domínio total do futebol português. E essas “pontes” são essenciais.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Obrigado e adeus, "menino d´ouro"!

O “menino d´ouro” acabou a sua carreira de jogador profissional de futebol. É um momento de tristeza para o futebol português e que merece ser assinalado. João Vieira Pinto terá seguramente lugar entre os 16 maiores jogadores de sempre do nosso futebol. Como benfiquista, ele será para mim e para milhões de outros benfiquistas, o “menino d´ouro”. Vi-o jogar vezes sem conta, mas guardo na minha memória um cantinho muito especial para aquela tarde-noite, em Alvalade, a 14 de Maio de 1994, em que o “nosso” JVP marcou 3 golos ao Sporting e nos deu o título de campeão nacional.
Podia estar aqui a dissertar sobre o João Vieira Pinto, a sua carreira no Benfica, os seus golos, as suas exibições, mas fico-me por aqui. Bastava essa exibição para eu lhe dizer: “Obrigado João! Adeus “menino d´ouro”!

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Aimar e o caminho inverso

O que têm em comum Fernando Gomes, António Oliveira, João Vieira Pinto, Luís Figo, Simão, Quaresma, Jorge Andrade, entre alguns outros de que agora não me recordo? Todos eles foram ou são grandes jogadores do futebol português, que rumaram a Espanha para jogarem numa das mais competitivas ligas europeias.
Com um potencial financeiro incomparavelmente superior ao de qualquer equipa portuguesa, basta recordar que Gomes e Oliveira foram na década de 80, do FC Porto para o Gijon e o Bétis, equipas menores da liga espanhola, os clubes espanhóis nunca sentiram grandes dificuldades em contratar quem bem lhes apetecesse.
A sua pujança financeira, alavancada por uma Espanha num processo de desenvolvimento acelerado e pelo encaixe de verbas de transmissão televisiva cujos montantes eram dezenas de vezes superiores aos recebidos pelos maiores clubes portugueses, tornavam a liga espanhola um “caso” à parte no mundo do futebol, mesmo ao pé da porta. A Espanha começaram a chegar os maiores craques mundiais: Cruyff, Maradona, Krankl, Romário, Neeskeens, Ronaldinho, Messi, Zidane, etc.etc.etc. – seria fastidioso e impossível enumerados.
O ponto é que (e isto é que é importante assinalar), pela primeira vez não estamos colocados na posição de país pobrezinho que tem de exportar os seus melhores – nomeadamente para o nosso poderoso vizinho ibérico – mas, conseguimos trazer de Espanha, actual campeã da Europa, onde estão dos mais fortes clubes europeus, tanto desportiva como financeiramente, um atleta de dimensão mundial – não espanhol, mas argentino, de uma das melhores e mais tituladas Selecções mundiais. Ou seja, com a aquisição de Pablo Aimar, não é só o Benfica que ganha, é o futebol português e a nossa liga que vê inverter-se a tendência de saída dos melhores.
Mais uma vez, o Benfica a contribuir para a valorização da indústria do nosso futebol, desta vez não pela luta pela sua credibilização, mas pela contratação dos melhores artistas.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

A entrevista de LFV

O Benfica vai continuar a reforçar-se. Esta foi a mensagem forte da entrevista de Luís Filipe Vieira a Judite Sousa, ontem à noite na RTP. Depois da boa notícia chamada Pablo Aimar, estão a caminho da Luz outras boas notícias. Palavra de Presidente.
Afinal, parece que ter finanças em ordem e credibilidade financeira não significa desleixar a gestão desportiva. Pelo contrário, só tem sido possível ao Benfica suportar o afastamento da Liga dos Campeões e consequente perda de milhões de euros e, mesmo assim, avançar para contratações sonantes como a de Aimar e para o reforço do plantel, porque a casa está de ordem. E esse mérito deve-se à actual Direcção do Benfica, mas principalmente a Luís Filipe Vieira.
A entrevista, como se supunha, foi marcada pela “guerra” Benfica – FC Porto e pelo lugar na “Champions”. Vieira, para espanto de muitos, disse que era de opinião que o Benfica, face ao péssimo campeonato realizado e ao 4º lugar alcançado, não devia ocupar o lugar do FCP, se tal fosse a posição da UEFA, mas que tal decisão devia ser tomada colectivamente. Quase que caiu o Carmo e a Trindade. Acusaram-no de hipocrisia e de que “dizer isso agora é fácil”. Nada de mais errado.
1 – Uma decisão dessas nunca poderia ser tomada unilateralmente pelo Presidente. Vieira, e bem, disse que seria uma decisão colectiva;
2 – A mesma posição teve Pinto da Costa, quando disse que o não recurso da sentença por tentativa de corrupção que recaiu sobre o FC Porto foi uma decisão colectiva;
3 – Vieira nunca poderia ter tornado pública essa opinião pessoal antes do processo estar concluído.
Duas notas finais.
1 - Aqueles que acusam Luís Filipe Vieira de falhanços na gestão desportiva (que os teve), devem reflectir no seguinte: para uma gestão desportiva ser classificada de boa é mais importante o acerto na escolha de um jogador ou o cumprimento a tempo e horas dos compromissos salariais aos jogadores?
Na minha opinião, mais importante é cumprir com o acordado com os jogadores e, depois, exigir deles o máximo empenho e trabalho. Isso é que é uma boa gestão desportiva. Sem isso, não há vitórias nem títulos. "A minha responsabilidade é que o clube seja cumpridor perante os seus profissionais", disse LFV;
2 – Inteligente e de enaltecer os elogios a Rui Costa e a Carlos Queiroz. E é de aplaudir que não se tenha esquivado a dizer que Quique Flores estava num naipe de três treinadores prioritários para treinar o Benfica, juntamente com Queiroz e Eriksson. E isso não quer dizer que o espanhol não tenha sido a primeira opção.

(Ben)fica - te tão bem!

Pablo Aimar foi ontem à noite apresentado na Luz. O argentino tem agora tudo para relançar a sua carreira, depois de uma passagem pelo Saragoça sem honra nem glória. A dois anos do Mundial, o Benfica pode ser o clube certo para El Mago regressar a tempo à Selecção da Argentina, com os olhos postos em 2010. Até lá, Aimar tem o desafio da Luz. Não pode falhar. Chegou a um clube de dimensão mundial, coisa rara na sua carreira. Tem todas as condições para vencer. Os adeptos adoram-no e, não é arriscar muito se se disser que vai ser o ídolo nº 1. Mas tem de mostrar serviço. Pedimos-lhe magia, futebol-espectáculo, assistências, golos e vitórias. A fasquia está alta e Aimar sabe-o. A margem de erro é curta. Só pode dar certo. Felicidades Pablito!

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Así, si!

Acuerdo entre Real Zaragoza y Benfica para el traspaso de Pablo Aimar

El Real Zaragoza y el Benfica han llegado a un acuerdo en la noche del miércoles 16 de julio para el traspaso del jugador Pablo Aimar. El jugador abandonó la concentración de Navaleno unas horas antes ante lo avanzado de las negociaciones en marcha. Aimar viaja esta noche a Lisboa y el traspaso definitivo está pendiente únicamente del reconocimiento médico que le realizará mañana el Benfica y de la firma del jugador.
Post-Scriptum: Esta é a última vez que verão Pablo Aimar, El Mago, com esta camisola. Agora, vai vestir uma camisola à altura da sua dimensão de jogador da Selecção da Argentina. Podemos já imaginá-lo de águia ao peito, com a camisola que já foi de Eusébio.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

LFV dá a cara

Uma ida à televisão com um trunfo de última hora, Pablo Aimar. A sorte acompanha os audazes.
Luís Filipe Vieira vai amanhã à Grande Entrevista, na RTP 1. Um “prime time”, com Judite de Sousa, onde o Presidente do Benfica vai dizer “Toda a Verdade”. Comecemos pelo “timing” desta entrevista, que já esteve agendada para Abril: Vieira dá a cara perante os milhões de benfiquistas e adeptos do futebol e, só por isso, demonstra coragem.
Podia ter-se esquivado, podia ter mandado Rui Costa, podia, simplesmente, ter escolhido uma fórmula mediática mais favorável e de menor exposição. Mas não. Nos momentos difíceis é que se veêm os grandes timoneiros. Este não é um momento fácil e Judite Sousa, com a preparação habitual, não vai dar tréguas.
Mais coisa menos coisa, o alinhamento dos assuntos não deve fugir muito ao que se segue: “Guerra” Benfica – FC Porto pelo acesso à Champions; Apito Dourado e Apito Final; Decisões dos órgãos juridiscionais da Liga, da Federação e da UEFA; Postura de Gilberto Madaíl em todo este processo; “Derrota” do Benfica na Justiça desportiva; Papel de Rui Costa; Próximas eleições; Futebol profissional.
Luís Filipe Vieira não deve deixar-se enredar no “caso” com o FC Porto, evitando fazer a triste figura de Pinto da Costa, recentemente na SIC, a agitar pareceres jurídicos. Basta defender que a sua actuação visou apenas um objectivo: limpar e credibilizar o futebol português; a sua luta foi sempre na defesa de um futebol onde não houvesse lugar para a viciação dos resultados; um futebol onde as famílias pudessem conviver pacificamente, desfrutando do espectáculo; um futebol onde as crianças e os jovens se revissem; um futebol apetecível para investir; um futebol que projectasse uma boa imagem do país. Ou seja, o seu papel (e o de Dias da Cunha, e de Ricardo Costa) não foi em defesa de um clube, qualquer que ele fosse, mas do futebol português. Vieira deve falar para os adeptos, todos os adeptos, e não apenas os benfiquistas. Ponto importante: o Presidente do Benfica só responde a outros presidentes e não a afirmações de funcionários menores de outros clubes.
Para nós, para os seis milhões de benfiquistas, a mensagem deve centrar-se na obra feita ao longo destes últimos anos: a recuperação económica e financeira do clube; o renascimento das modalidades; a reestruturação do edifício do futebol de formação e profissional (lembrar que o Benfica teve 4 atletas no Euro 2008); o estádio e o centro de estágio; os pavilhões; o renascer da mística; os novos projectos (Canal Benfica, p.ex.).
Deve, ainda, evitar alongar-se nos temas do futebol (ex. Christian Rodriguez), a não ser para anunciar, em primeira mão, uma grande contratação (p. ex. Miccoli, que Aimar já cá canta); ou para dizer que exige que todos os jogadores deêm o máximo para conquistar o título. O resto? Rui Costa está lá para responder.
Último assunto: próximas eleições. O Benfica ainda precisa de Luís Filipe Vieira, e ele sabe disso. Abandonar agora o barco seria uma cedência em nada compatível com o seu perfil. Não é crível que Vieira abra o jogo em torno do seu futuro, mas deve aproveitar a ocasião para desafiar os “críticos” a darem a cara e virem à luta. O Benfica é hoje um clube muito apetecível, o Maior clube do Mundo em sócios – mais um “trunfo” da gestão “vieirista” -, com uma solidez financeira apreciável. Um clube na vanguarda das novas tecnologias, onde, pela primeira vez em Portugal, se realizaram eleições por votação electrónica. Como se vê, Vieira leva muitos “reforços” na pasta para mostrar a Judite Sousa, aos benfiquistas e ao País.
Post-Scriptum: Um raide-relâmpago a Saragoça. Uma negociação pela madrugada dentro. A notícia mais esperada a chegar à Luz às primeiras horas da manhã de hoje. Amanhã, Pablo Aimar apresenta-se na Luz, ladeado por Rui Costa e Luís Filipe Vieira. Há ou não há histórias com finais felizes?

terça-feira, 15 de julho de 2008

Verdade & Mentira

Pimenta Machado disse, um dia, naquela que foi uma das máximas mais célebres do futebol português, que “o que hoje é verdade, amanhã é mentira”. Pimenta sabia do que falava, ele que foi um dos mais proeminentes líderes de clubes do futebol português nas décadas de 80 e 90.
Envolvido hoje numa série de processos judiciais cujo conteúdo desconheço nem quero conhecer, Pimenta Machado foi, na sua época, um paradigma da luta pela verdade desportiva. Não terá, talvez, trilhado os melhores caminhos, nem utilizado os métodos mais ortodoxos, mas, antes de Dias da Cunha, foi ele que identificou o “sistema” e que, a seu jeito, o combateu. Pagou e está a pagar por isso.
Aliás, começou a pagar muito cedo, ainda durante a liderança do Vitória Sport Clube, mais conhecido por Vitória de Guimarães, e que é, quer queiram quer não, uma invenção de António Pimenta Machado. Lembram-se da “novela” Zahovic, e da sua transferência do Guimarães para o FC Porto?
O problema é que o líder vitoriano imaginou-se um dirigente com outras pretensões. Quis voar mais alto. Sonhou com o Olimpo, com a glorificação de uma postura de coragem num tempo de subserviência. Sonhou, ele o disse em voz alta, com o Benfica, o mítico Benfica, o maior clube do Mundo.
Antes que lá chegasse (e podia lá ter chegado) fizeram-lhe a cama. Pimenta Machado foi um dirigente que admirei. Tornou um clube de província num clube europeu. Nunca me esquecerei da epopeia que foi a Taça UEFA de 1986/87, a cujos jogos assisti deliciado. Caiu nos quartos-de-final o V.Guimarães de Marinho Peres, com Paulinho Cascavel e Ademir Alcântara (que viria a reforçar o Benfica), aos pés do então poderoso clube alemão, Borússia de Monchenglad´bach.
Porque é que recordo António Pimenta Machado? Porque sinto que Luís Filipe Vieira pegou nesse testemunho. O actual Presidente do Benfica encarna muito aquilo que caracterizou o consulado do antigo líder vitoriano: coragem, determinação, obra feita, frontalidade, destemor no afrontamento dos poderes instituídos.
É certo que Pimenta Machado esteve mais de 20 anos à frente do Vitória, tendo-se tornado o mais antigo presidente em funções. Vieira ainda só lá está há 5 anos, e espera-se, para bem do Benfica e do futebol português, que esteja muitos mais. Até para conseguir corrigir a máxima de Pimenta Machado e fazer com que daqui em diante “o que hoje é verdade, amanhã seja verdade”.
Legenda de uma foto histórica: Pimenta Machado, Valentim Loureiro e Pinto da Costa, nos anos 80.

Pablo Aimar

in jornal "O Jogo", de 15 de Julho de 2008

O desespero do Saragoça

Pablo Aimar ainda não chegou. Apresentou-se ontem no primeiro dia de trabalho no Real Club Zaragoza, o clube espanhol agora na Segunda Divisão espanhola. O “meia” argentino fez testes médicos e aguarda o acordo (preso por detalhes) entre o Saragoça e o Benfica.
Nas últimas horas, é evidente o desespero nas palavras dos dirigentes espanhóis. Na verdade, mais do que as palavras do presidente do Saragoça, que vem agora dizer que “Aimar nunca nos disse que queria o Benfica” e “Aimar não sairá a qualquer preço”, o que há que perceber é qual a estratégia que elas escondem.
E tudo parece evidente, claro e cristalino. O presidente do Saragoça, Eduardo Brandés, mais não faz do que evitar a fúria descontrolada dos adeptos. Depois da descida de divisão, depois de ontem o atacante e máximo goleador da equipa, o brasileiro Ricardo Oliveira não se ter apresentado no primeiro dia de trabalhos, só faltava mesmo era o anúncio da saída de Pablo Aimar.
Eduardo Brandés quer sair ileso desta situação, ele que tem a cabeça a prémio junto dos “zaragozistas”, e, portanto, tenta a todo o custo criar mais e mais obstáculos, subir a parada, lançar areia para os olhos dos adeptos.
A estratégia é velha e só se espera que o Benfica e Rui Costa saibam ultrapassar esta pequena borbulhagem de circunstância e vulgar. Pablo Aimar quer o Benfica, com quem já tem acordo. Como homem de carácter que é apresentou-se, como um bom profissional, no seu (ainda) local de trabalho.
Parece evidente que El Mago não vai jogar na Segunda Divisão espanhola no próximo ano. Agora, o Benfica não se pode deixar enganar e não pode deixar que Pablito seja enviado para onde não quer ir. Lembra-te Rui da carta: “Pablito, a minha camisola espera por ti”. E nós, os adeptos, também esperamos por ti, no Inferno da Luz. Vem depressa!

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Era tão bom, não foi....!?

Luís Garcia, o avançado do Espanhol de Barcelona, que era o sonho de Quique Flores e de Rui Costa já não vem para nos ajudar a ser campeões. Vai para o Tottenham por 12 milhões de euros (confirme aqui). Paciência. Mas, atenção, que revezes destes não se comecem a multiplicar.

Comentário à entrevista de A-PV

A entrevista que António-Pedro Vasconcelos concedeu ao “O INFERNO DA LUZ” merece ser lida e reflectida. Não porque concordemos com tudo o que A-PV diz, mas porque diz o que diz. Passo a explicar. A-PV é um homem da cultura sobejamente conhecido e respeitado. Apesar disso, nunca temeu que essa “panache” fosse beliscada por andar a falar, a debater e a escrever sobre futebol. Mais: nunca foi menos respeitado no seu “habitat” natural por defender no palco mediático essa sua paixão chamada Benfica (não sabemos se maior ou menor que o Cinema, nunca lhe perguntamos nem o tencionamos fazer).
A-PV nunca foi “um homem do futebol”. Quando Artur Jorge veio para o Benfica, em 94, envolto numa onda de euforia e unanimidade, A-PV foi o único a dizer que “o rei ia nu”. Ficou isolado, sozinho, mas se o tivessem ouvido talvez o Benfica não tivesse chegado onde chegou. A história, infelizmente, veio a dar-lhe razão.
Com Camacho, a história repetiu-se. A-PV nunca deixou de criticar acidamente o espanhol, também numa altura em que Camacho era um “Deus” entre os benfiquistas. Mais uma vez teve razão. Agora diz, preto no branco que pensa o melhor de Quique Flores – eis uma boa, excelente notícia.
No mais, este crítico da gestão desportiva de Luís Filipe Vieira acaba por concordar com a estratégia definida e defendida pelo Presidente do Benfica, defendendo que é a mais correcta. E faz, talvez involuntariamente, o maior elogio ao papel desempenhado por Luís Filipe Vieira no caso “Apito Dourado” e “Apito Final”, não só ao dizer que o Benfica não devia e não deve ficar calado quando estão em causa princípios como a credibilidade e a luta contra a corrupção desportiva, mas também ao criticar o silêncio do Sporting nesta matéria.

quarta-feira, 9 de julho de 2008

"Estratégia do Benfica está correcta" - Entrevista exclusiva a António-Pedro Vasconcelos

António-Pedro Vasconcelos quer que o Benfica "não deixe morrer o Apito Dourado e o Apito Final"

Cineasta de intocável prestígio - assinou alguns dos filmes portugueses mais emblemáticos e com maior êxito de bilheteira, como "Jaime", "Oxalá", "O Lugar do Morto", "Call Girl", "Os Imortais" -, António-Pedro Vasconcelos, homem da cultura, cosmopolita, cidadão do Mundo, não esconde nem disfarça (nem deixa que escondam) essa paixão chamada Benfica.
Benfiquista, não lhe chamo notável porque "ser benfiquista" tem inerente esse qualificativo, mas benfiquista de reconhecida notoriedade e voz ouvida e respeitada em diversos foruns, António-Pedro Vasconcelos deu-nos o prazer e a honra desta entrevista a "O INFERNO DA LUZ".
As ideias, as reflexões e as palavras são de um homem habituado a ter razão, infelizmente muitas vezes antes de tempo, e por isso merecem a atenção devida a quem pensa pela sua própria cabeça.

"Penso o melhor de Quique Flores"

"O INFERNO DA LUZ" : Qual a sua opinião sobre o que se tem passado no futebol português, nomeadamente esta situação no Conselho de Justiça?

ANTÓNIO-PEDRO VASCONCELOS (A-PV) - Já há muito que o actual presidente, o Dr. Gonçalves Pereira, deveria ter-se demitido ou ter sido demitido. O que se passou põe a nu o que tem sido a clubização da justiça no futebol, e descredibiliza por completo os órgãos dirigentes do futebol em Portugal. Além da renovação do pessoal dirigente, das estruturas e dos regulamentos, no plano da Justiça é urgente a criação de um Tribunal Desportivo.

"O INFERNO DA LUZ": - Como interpreta o silêncio do Governo (secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias), a posição da Federação e da Liga?

A-PV - É lamentável que o Secretário de Estado do Desporto se pronuncie activamente em defesa de Scolari, que intervenha directamente quando se trata de castigar um jogador por alegado doping, como foi o caso do Nuno Assis, e se cale depois quando está em causa uma outra vertente, e bem grave, da verdade desportiva como é a corrupção na arbitragem.

"O INFERNO DA LUZ": Como classifica a actuação do Benfica em toda esta sequência de acontecimentos jurídico-desportivos?

AP-V - Tenho pena que o Benfica seja parte interessada neste processo, mas também tenho pena que o Sporting e os outros se calem. Preferia obviamente que o Benfica tivesse garantida a presença na Champions, e agisse, portanto, só em nome dos princípios. Mas acho que não se pode calar sempre que estiver em causa a verdade desportiva, a lisura dos processos, a transparência e a isenção das decisões e a independência e imparcialidade da justiça, como é o caso.

"O INFERNO DA LUZ": Faz bem o Benfica em erguer a sua voz (juntando-se assim a Platini) para pedir a condenação do FCPorto e consequente suspensão da inscrição na Liga dos Campeões?

A-PV - Está respondido.

"O INFERNO DA LUZ": Deve o Benfica aceitar um eventual benefício para integrar a Liga dos Campeões da próxima época?

A-PV - Claro que sim. Se for essa a decisão da UEFA.

"O INFERNO DA LUZ": Luís Filipe Vieira tem sido o porta-voz (agora mais em silêncio) da revolta do Benfica e da defesa da credibilidade do futebol português. Acha que a sua estratégia está correcta?

A-PV - O Benfica fez bem em não deixar morrer o processo do Apito Dourado e do Apito Final. Mas devia ter procurado a todo o custo encontrar aliados e não ficar isolado. A pressão para que a Liga, a FPF e os Tribunais tomem decisões sobre este caso, num ano em que o clube falhou redondamente no plano desportivo, tem dois inconvenientes: embaraçar os decisores, que podem temer ser acusados de estar ao serviço dos interesses do clube, e dar azo a que se diga que quer ganhar na secretaria o que perdeu eloquentemente no campo. Quanto ao Presidente, acho que, neste momento, faz bem em estar calado e deixar que sejam os responsáveis pelo departamento jurídico a pronunciar-se. Tal como no caso do futebol, em que tem deixado, finalmente, ao director desportivo a gestão da comunicação. Um dos seus erros nos anos anteriores foi ter falado demais, prometido demais, não ter sabido calar-se quando era preciso.

"O INFERNO DA LUZ": O que pensa de Quique Flores?

A-PV - Penso o melhor. Tem um discurso responsável, mobilizador e competente. Esperemos para ver. Mas é preciso ter paciência para ver os resultados.

"O INFERNO DA LUZ": E do trabalho que tem sido desenvolvido por Rui Costa como director desportivo?

A-PV - O Rui Costa tem as limitações do orçamento, do vazio deixado esta época, da incerteza sobre a Champions, da falta de estruturas sólidas no plano da formação, dos olheiros, dos clubes satélites, etc.

"O INFERNO DA LUZ": Os reforços têm sido do seu agrado?

A-PV - Os grandes reforços, para mim, são o Léo e o Katsouranis. Não se pode fazer uma equipa toda de novo, sem jogadores da casa, que ajudem os novos a integrar-se. Nesse sentido, a permanência destes jogadores e também do Quim, Moreira, Nelson, Luisão, David Luis, Petit e Nuno Gomes é decisiva. E gostava de ver de volta o Ricardo Rocha e o Tiago, por exemplo. Quanto aos outros, não quero dar por adquirido o que são, por enquanto, só promessas. Tem dado azar. Mas o Aimar e o Miccolli seriam bem vindos.

"O INFERNO DA LUZ": Quem gostaria que viesse ainda a envergar a camisola do Benfica?

A-PV - Não estamos no domínio da utopia. É preciso, sobretudo, não cometer erros, ter só os jogadores que são precisos, consolidar um sistema de jogo, começar a época, pela primeira vez há três anos para cá, com alguma calma e várias certezas.

"O INFERNO DA LUZ": O que espera da próxima temporada?

A-PV - Espero que o Presidente não se meta, não mande bocas, não perturbe quem trabalha. Espero que haja finalmente uma onda de solidariedade entre treinador, director desportivo, jogadores e adeptos. Espero que não haja batota. E espero que o Benfica ganhe tudo em que estiver envolvido.

Saviola por Aimar?

Javier Saviola? Também não está mal. (Foto: EFE / El Mundo).

Segundo o jornal desportivo espanhol AS, o Benfica já encontrou substituto para o caso de falhar a contratação de Pablo Aimar, El Mago. Nada mais nada menos do que Javier Saviola, El Conejo, ex-Barcelona a jogar no Real Madrid e por quem os "merengues" pedem 6 milhões de euros. Argentino por argentino. Internacional albiceleste por internacional albiceleste. El Mago por El Conejo. Artista por artista.
Apenas um ponto de diferença: Rui Costa quer Aimar; Quique talvez prefira Saviola. “Venga quien venga, que se venga”. Pablo Aimar ou Javier Saviola – é o que faz falta para animar a malta.

terça-feira, 8 de julho de 2008

A cereja em cima do bolo

Pablo Aimar, El Mago, esperamos por ti para liderares o Glorioso rumo ao título de Campeão.

Hoje foi o dia 1 do Novo Benfica. Um Benfica capaz de ser campeão. Este ano e nos seguintes. Um Benfica cada vez mais profissional e competente. Um Benfica cada vez mais liderante.
Rui Costa pegou na batuta do futebol. O “maestro” não tem defraudado as expectativas. Os reforços têm chegado sem foguetes e banda de música, mas são as peças necessárias para a máquina arrancar em velocidade cruzeiro e atingir a meta que todos desejamos: Campeões.
Hoje, no Seixal, estiveram os 4 reforços já garantidos: Yebda, Ruben Amorim, Balboa e Carlos Martins. Quique espera por “mais 3 ou 4 reforços”, sendo certo que nestas contas já não deve caber Jorge Ribeiro, ex-Boavista e jogador que esteve incluído no lote dos 23 que disputaram o Euro 2008 com a camisola da Selecção Nacional – um reforço já dado como adquirido.
Quanto a Pablo Aimar, o internacional argentino continua a ser esperado a qualquer momento na Luz. Será o sucessor natural de Rui Costa. Faltam 2, a saber: um lateral-direito e um avançado mais móvel, que poderia ser Sinama Pongolle ou Miccoli mas vai ter de ser um outro qualquer. E um guarda-redes? Codina, do Real Madrid?
Até ver, e com a excepção já devidamente explicada de Rodriguez, o Benfica conseguiu manter Luisão, Katsouranis, Di Maria, Petit, Cardozo – que fariam a felicidade de qualquer equipa.
Matéria-prima não falta a Quique Flores. Condições, como o Seixal e a Luz, são raras na Europa. O treinador espanhol tem tudo para ser feliz e para nos fazer felizes. Falta Aimar? A cereja em cima do bolo.
Seria uma prenda imensa para os 6 milhões de benfiquistas que amam e sofrem pelo clube. Seria também uma maneira de Rui Costa encerrar com chave de ouro este seu primeiro defeso como director desportivo. Ontem, o jornal espanhol AS dava como certa a contratação da estrela argentina, El Mago, como é conhecido, por 3 épocas. A Luz espera por ti Pablito…

O relógio do Madaíl

Uma pessoa ouve, belisca-se e verifica que é verdade, está a acontecer à frente dos nossos olhos. Gilberto Madaíl esperou 48 horas para dizer ao Mundo em geral e a Portugal em particular que vai estar “vigilante” sobre tudo o que diga respeito ao futebol português e, no mais, vai manter “uma imparcialidade absoluta”. Palavras tão profundas que Madaíl se esqueceu de as ler no comunicado distribuído.
Paulo Relógio (quem?), assessor jurídico da Federação, veio dizer mais. Que a reunião do Conselho de Justiça continuou sem o presidente mas continuou e, por isso, para a Federação o que aconteceu foi “uma reunião do Conselho de Justiça” (sic). É verdade, ele disse isto.
Em português corrente, Paulo Relógio quis dizer aquilo que Madaíl teve receio de dizer: a Federação acata a decisão do Conselho de Justiça e vai notificar os clubes dessa decisão, da qual não há recurso. Ou seja, descida de divisão do Boavista e suspensão por 2 anos de Pinto da Costa.
Depois da parte gaga, vamos à parte séria. Gostei de ouvir Hermínio Loureiro, presidente da Liga, no sorteio de ontem do campeonato. Naquele seu jeito civilizado e cordato, embora muitas vezes “doce” de mais, Hermínio Loureiro parece ser um homem fortemente empenhado na transparência e na credibilização do futebol. Disse-o e acredito.
Luís Filipe Vieira e António Dias da Cunha. Os dois principais rostos da regeneração do futebol português. Se este percurso tiver um bom fim, os verdadeiros adeptos do futebol, aqueles que querem um futebol limpo e sério, podem e devem agradecer a Vieira e a Dias da Cunha.
O Presidente do Benfica tem sabido, nos últimos dias, fazer uma sábia gestão do silêncio. O Benfica, como parte interessada, deve continuar a lutar pela legalidade e pelo cumprimento das normas e dos regulamentos. Vieira colherá, no final, os louros de quem deu a cara, apostou na frontalidade, afrontou o “sistema” sem medo, para que a indústria do futebol seja algo em que valha a pena investir.

Post-Scriptum: ler o meu post no blogue “Novo Benfica”, intitulado “Futebol pária” (http://novobenfica.blogs.sapo.pt/13776.html).

sexta-feira, 4 de julho de 2008

A história (infelizmente) repete-se

As claques. Este é um tema sempre de difícil abordagem em poucas linhas. Vou tentar ser breve mas com o essencial do que penso. As claques organizadas não são nenhum “ninho” de malfeitores. Podem ser muito úteis aos clubes pelo apoio indefectível em todos os estádios onde jogue a equipa da sua paíxão e, seguramente, criam um ambiente único.
Isto é o que penso que as claques são e devem ser. Mas a realidade é assim? Não é, nem em Portugal nem no Mundo. Os porquês obrigariam a uma tese de sociologia desportiva que não é o lugar nem o momento de começar a elaborar.
Vem isto a propósito do que se passou ontem à noite na Assembleia Geral do Benfica. Em duas palavras: intolerável e inadmissível. Ninguém, seja membro de uma claque, sócio ou mero adepto do Benfica tem o direito ou a legitimidade para insultar o Presidente do Sport Lisboa e Benfica.
A questão é muito simples e espero que entre, de uma vez por todas, na cabeça de quem recorre a este tipo de comportamentos: não foi Luís Filipe Vieira que foi insultado, foi o Sport Lisboa e Benfica.
Pelo simples facto de que o Presidente do Benfica representa o Benfica em todas as situações, muito mais tratando-se de uma assembleia geral do clube. Pelo que, como sócio do Benfica, também eu me sinto insultado.
Goste-se ou não de Luís Filipe Vieira, da sua gestão desportiva, do seu trabalho como líder encarnado, da sua maneira de ser, da sua estratégia, do que quer que seja, merece de todos os benfiquistas o respeito que deve merecer qualquer Presidente democraticamente eleito do Sport Lisboa e Benfica.
Um insulto não é uma crítica. Aqueles que não gostam de Luís Filipe Vieira têm todo o direito a exprimir a sua opinião nas assembleias gerais e nos mais variados fóruns. Que eu saiba, o Benfica sempre foi um clube democrático e nunca coarctou a liberdade de expressão a ninguém. Mas o que se passou ontem à noite, como já se havia passado há alguns meses atrás também durante uma assembleia geral, não foi a livre expressão das discordâncias, foi arruaça, foi mau comportamento, foi indignidade, foi má educação. Como benfiquista não me revejo no que vi. Como benfiquista, que gosta e quer que as claques do Benfica estejam sempre presentes no apoio ao Glorioso, custa-me saber que são alguns membros destas claques que alimentam estas situações.
É certo que são apenas meia dúzia, mas as suas atitudes têm uma visibilidade mediática enorme. Espero que percebam que estão a fazer o jogo dos nossos inimigos e adversários.
Eu não me esqueço que foram os Diabos Vermelhos os principais responsáveis pela continuação do hóquei patins. Eu não me esqueço das coreografias magníficas com que os Diabos Vermelhos e os No Name Boys transformam a Catedral num Inferno da Luz. Sim, Inferno da Luz, como se chama este blogue, e que eu sei que só pode ser revivido com uma grande equipa de futebol e com o apoio das nossas claques.
Eu quero ver os milhares de benfiquistas das claques do Benfica no apoio ao nosso Benfica e não envolvidos em actos que não dignificam quem os pratica e mancham a imagem do Glorioso.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

FCP e RTP: reatamento de relações começa mal

Começa mal a temporada para o FC Porto e para a RTP. Depois de cerca de 2 anos de costas voltadas, o que em “linguagem militar” made in FC Porto quer dizer que os profissionais da televisão pública não tinham acesso às instalações portistas para além do que está legalmente regulamentado (ou seja, treinos “nicles”), eis que as duas instituições resolveram normalizar as suas relações.
O momento para este reatamento não podia ser mais simbólico – o regresso ao trabalho do plantel portista, marcado para ontem, dia 2. A RTP quis assinalar “comme il faut” o acontecimento e mandou agendar um directo às 10 horas a partir do Centro de Estágio do FC Porto.
Temendo algum percalço do pouco fiável material ao dispor da RTP Porto, um alto responsável da direcção informativa tratou de solicitar, no dia anterior, a Lisboa um carro de exteriores mais sofisticado. Na redacção do Porto garantiram-lhe, porém, que tal não era necessário. Confiou.
Ontem, quando todos esperavam com ansiedade as imagens em directo, nada. O carro de exteriores da RTP Porto deslocado para o Centro de Estágio tinha colapsado, como era previsível, e directo nem vê-lo. Moral da história: pior do que uma época a começar mal, só a ideia de que na RTP Porto há um “agente duplo” à solta.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Obrigado, Platini!

Uma pergunta à reflexão dos benfiquistas: como se deve reagir quando somos confrontados com notícias tipo “PJ sem culpados no “caso Maddie””; ou “Pinto da Costa ilibado no “caso da fruta”; ou “Vereador (da Câmara de Coimbra) recorre para tentar anular escutas telefónicas” ???
Resposta: com ironia. Não a “ironia dos costume” mas a ironia de quem olha para este país e por mais português e patriota que se seja só pode sentir pena e vergonha. Pena porque não é por acaso que estamos na cauda da Europa em tudo.
Vergonha, porque quando, no estrangeiro, dizemos que somos da "região do Porto", logo nos respondem: "Ah, Oporto!?, o clube que compra os árbitros". É verdade, aconteceu-me na Suiça durante o Euro e ouvi-o da boca de um irlandês, envergando a camisola da Holanda, residente em Sevilha - ou seja, um cidadão do Mundo.
No Desporto, tirando o caso excepcional de Vanessa Fernandes, uma benfiquista que nos orgulha, ficamo-nos sempre pelo “quase”. E isso é assim porque ninguém nos leva a sério. Podemos ser levados a sério quando acontecem em Portugal coisas como as relatadas pelas três notícias (verdadeiras) citadas?
Foi, por isso, que recorri à ironia para escrever um texto no blogue “Novo Benfica”, no qual tenho a honrosa companhia de Júlio Machado Vaz, Miguel Esteves Cardoso, Bruno Carvalho, Pedro Ribeiro, António Souza-Cardoso, entre outros notáveis benfiquistas, sobre Michel Platini. Um texto intitulado “Platini, “wanted: dead or alive””.
O Presidente da UEFA, eleito contra tudo e contra todos, derrotando o praticamente inanomível Lennart Johansson, no cargo há décadas, não é dos que seguem a máxima do escritor italiano Giussepe Tomasi di Lampedusa, autor do célebre: “é preciso que algo mude para que tudo fique na mesma”. Pelo contrário, o extraordinário jogador que foi Michel Platini, a que está a corresponder uma liderança da UEFA digna do seu estatuto de “imortal”, vai ficar também na história do dirigismo internacional por ter lançado uma ofensiva total contra os “batoteiros”. Obrigado Platini!
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