sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Desculpas & Prendas

Costuma dizer-se que as desculpas não se pedem, evitam-se. Mas, no caso de Quique Flores e de Rui Costa, o pedido de desculpas pela goleada (5-1) frente ao Olympiacos, para a Taça UEFA, foi mais que uma acto de contrição, uma forma de estar na vida e no futebol que deve merecer os elogios de todos.
Por mim, estão desculpados. Mas exijo uma grande alegria na segunda-feira. Contra o V. Setúbal o “fantasma” de Atenas tem de estar resolvido, longe do subconsciente dos jogadores. O que faltava era agora deitar tudo a perder só porque aconteceu uma noite má. E uma noite má todos tiveram e todos têm.
Prepare-se é já uma cartinha ao Pai Natal (Rui Costa). Eu sei que a crise aperta, que o consumo diminui a olhos vistos, que este Natal não vai ser farto nem generoso, mas é preciso colocar no sapatinho encarnado as verbas necessárias para ir ao mercado.
Ir ao mercado significa contratar jogadores. Dos bons. E o sector da equipa a necessitar de urgente remodelação é a defesa. É necessário um central da dimensão de Luisão, que dê voz de comando a uma defesa que quando não está o gigante brasileiro é ainda muito tenrinha. E, claro, atenção aos laterais: Maxi e Jorge Ribeiro (mais Léo), é pouco, muito pouco. É preciso urgentemente reforçar estes sectores, com critério, bom senso, mas com jogadores que não enganem nem venham à experiência.
Já agora, gostaria de pedir mais uma prenda. Um nº 10, que possa substituir Pablo Aimar, quando ele se encontrar, como muitas vezes acontece, inferiorizado fisicamente. Ok Pai Natal?

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Esperança

Olympiacos – 5; Benfica – 1 (Taça UEFA). Quique não deitou as mãos à cabeça como Queiroz. O semblante sereno não escondeu os olhos perscrutadores, afiados como facas, lançando lume em direcção ao relvado onde os seus viviam momentos difíceis.
O general não se levantou do banco, nem se agitou como é costume acontecer nestas alturas, para disfarçar a vergonha. Há neste comportamento de Quique uma nobreza de toureiro. A altivez, a serenidade, a honra e a dignidade, mesmo ferida, obriga-o a manter a compostura.
De que vale a pena dizer que devia jogar este e não aquele. De que vale escrever que errou este, mais aquele. De que vale especular sobre se aquele devia ter entrado mais cedo, e este nem sequer se devia ter equipado.
Há naquele olhar de Quique, enquanto algo desaba à sua frente, uma centelha de luminosidade. Como se tivesse regressado à inocência perdida, numa infância atribulada. E, por isso, encontro a esperança naquele olhar, encontro um caminho e um rumo, desbravado por entre ervas daninhas e sinuosos atalhos. Ele há-de encontrar aqueles que querem ir para a selva com ele e connosco. E todos juntos, unidos, havemos de encontrar, no fundo do túnel, a Luz.
Foto: Thanassis Stravakis (AP Photo)

Acreditamos

O jogo de hoje no “Inferno do Pireu” contra o Olympiacos é uma prova de fogo para Quique Flores e sus muchachos. Está em disputa a continuação na Taça UEFA, prestígio e dinheiro. A equipa grega, que lidera o campeonato da Grécia, não é um adversário qualquer. Aliás, basta ver que o Panatinaikos, que acaba de vencer o Inter de José Mourinho, em Milão, para a Liga dos Campeões vem atrás do Olympiacos.
Não é, por isso, um jogo fácil, perante uma equipa, como a do Benfica, de Liga dos Campeões, num estádio onde sobressai o fanatismo dos adeptos gregos. A talhe de foice, deve-se dizer que o modelo da Liga dos Campeões deve ser alterado, aliás como pretende Michel Platini. Não é possível que equipas sem nenhum currículo, como o Bate Barisov, da Bielorússia, ou o Basileia, da Suiça, ou mesmo o Shaktar, da Ucrânia, possam ocupar o lugar de equipas como o Olympiacos ou o Galatasaray.
Não se está aqui a relevar o currículo em detrimento dos resultados, mas há que haver algum bom senso, sob pena de na Liga dos Campeões haver grupos bem mais fracos do que na Taça UEFA, como acontece este ano.
Regressando à Grécia, estamos em crer que o Benfica vai dar boa conta do recado, apesar de desfalcado de Luisão e de Pablo Aimar. Ao contrário do que se vem especulando na imprensa, com a colocação de David Luiz no lugar deixado vago por Luisão, acho que seria preferível apostar numa dupla de centrais com Sidnei e Katsouranis, deixando David Luiz outra vez na esquerda. Suicídio? Talvez não.
Deixo aqui a minha proposta de equipa, mas graças a Deus não sou Quique e posso dar-me a estes devaneios. Aqui vai: Quim; Maxi, Sidnei, Katsouranis e David Luiz; Yebda, Bynia, Carlos Martins e Reyes; Nuno Gomes e Suazo.
Força Benfica, vamos à vitória rapazes!

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Uma "ideia" de Benfica

No passado dia 17 de Novembro, no meu habitual texto semanal no blogue “Novo Benfica”, prometi escrever aqui um post sobre uma polémica “ad hominem” que tem dominado o citado blogue. Porquê aqui, n´“O INFERNO DA LUZ”? Porque este é o meu espaço exclusivo, pelo que aqui estou livre dos condicionalismos a que me impus no “Novo Benfica”.
A polémica tem um nome: Bruno Carvalho, o ideólogo do “Novo Benfica”, a quem devo o convite honroso de colaborar naquele que é o mais lido e comentado blogue da blogosfera benfiquista, e director do Porto Canal, a quem também devo a suprema honra de comentar, todas as segundas-feiras, as incidências da jornada, no programa “A Bola É Redonda”.
Ponto prévio: este duplo convite não me impede, nunca me impediu, de formular as opiniões que já tornei públicas sobre o Bruno Carvalho, nem aquilo que vou escrever agora. Ou seja, não estou condicionado, nem sou condicionável.
O que subjaz a esta polémica tem como pano de fundo, na minha opinião, uma “ideia” de Benfica. É tema que não vou aqui aprofundar. Guardá-lo-ei para posterior momento. Para o Bruno, essa “ideia” resume-se a um facto: o Benfica é um clube de futebol, pelo que são as vitórias do futebol a sua única e exclusiva razão de ser. Eu sei que esta minha abordagem é demasiado simplista, mas, para o actual efeito, basta dizer isto.
Discordando eu desta “ideia”, reconheço contudo no seu autor uma coragem invulgar. Pelo simples facto de que o Benfica não tem ganho muita coisa nos últimos 15/20 anos, mas não só. Pelo facto principal de reduzindo o Benfica a um clube de futebol, e a um clube de futebol onde se exigem vitórias, involuntariamente, digo eu, deitar borda fora a “ideia” de um Benfica para além do futebol. Sendo assim, pergunto: onde está o Benfica?
A discussão à volta desta “ideia”, que extravasou o “Novo Benfica” e é já assunto dominante em muitos fóruns e blogues benfiquistas. Quero deixar bem claro que considero o Bruno Carvalho tão benfiquista como eu. Mas discordo da sua tese.
Embora seja uma tese que importa discutir e debater. Uma tese que é uma “ideia” de Benfica. Contudo, errada. Este não é, porém, nenhum lado da barricada. Entre os benfiquistas não há barricadas, apenas opiniões divergentes. E uma coisa é certa, na nossa barricada são bem-vindos benfiquistas como o Bruno Carvalho, corajosos e empreendedores. Sempre ficamos mais fortes.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Preparado para o safari

Vai ficar célebre a frase de Carlos Queiroz: “Já sei quem não vai para a selva comigo”. Lembrei-me logo da sua última passagem pela Selecção: “É preciso varrer toda a porcaria da Federação”. Afinal, o Professor também é especialista em “soundbytes”.
Espero que tenha aprendido a lição e agora não peque pela omissão de há 15 anos atrás. Não disse a que porcaria se estava a referir e estamos ainda sem saber qual a quantidade de porcaria que ainda lá se encontra.
Pacientemente espero a lista dos voluntários a juntarem-se na expedição de Carlos Queiroz à selva. Oh, Professor, não me desiluda… Em jeito de contribuição para o safari que se avizinha, deixo aqui um excelente companheiro de caçadas, firme e determinado em ir para a selva de peito feito. Assim o comandante Queiroz perceba a sua utilidade.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A lição de Coimbra

Académica - 0; Benfica - 2 (9ª Jornada da Liga) - A vitória do Benfica em Coimbra, um campo tradicionalmente difícil onde joga uma Académica que já não perdia em casa há mais de um ano, revelou mais uma vez a excelência do trabalho de Quique Flores.
O treinador espanhol surpreendeu outra vez na formação e na arrumação da equipa. Na prática, jogou com 3 defesas, todos eles centrais de raiz – Luisão, Sidnei, David Luiz. O que, à partida podia ser um risco demasiado face à rapidez dos atacantes da Briosa, revelou-se um esquema táctico brilhante e eficaz.
Domingos Paciência, o treinador da Académica, levou uma lição bem à maneira das realizadas na Universidade de Coimbra, ali bem perto. Na sua formação de treinador, Domingos teve do outro lado um treinador de cátedra. Esperemos que tenha aprendido bem a lição.
Com a utilização de apenas três defesas, Quique povoou e reforçou o meio-campo, com a integração de Maxi, no lugar para onde foi inicialmente contratado, o de médio direito, e com a colocação de um duplo pivot defensivo, Yebda e Bynia, deixando todo o equilíbrio deste sector a Ruben Amorim, e com Reyes, como um verdadeiro vagabundo – quase sempre no lado esquerdo mas vindo também ao meio buscar jogo.
Como consequência, o Benfica teve sempre mais bola em seu poder, com uma percentagem de posse de bola de atingiu os 60% nos primeiros 45 minutos. Tendo entrado em força e com um pressing total, o Benfica tomou conta do jogo e só não chegou ao golo mais cedo muito por culpa de alguma ineficácia de Cardozo na frente de ataque.
O golo chegou ainda antes da meia-hora, num trabalho notável de Nuno Gomes e numa desmarcação primorosa de Ruben Amorim, que iniciou a jogada e a concluiu. O ex-belenenses fez um jogo excelente e pode ter agarrado a titularidade quinta-feira, na Grécia, frente ao Olimpiacos.
Uma nota ainda para as excelentes exibições de Bynia, de Nuno Gomes e de David Luiz, regressado à competição da Liga e a lateral-esquerdo, um lugar que não é o seu mas que ocupou de maneira brilhante. E para a genialidade de Reyes, que à sua conta sofreu faltas em série. É bom que os árbitros portugueses percebam da necessidade de defender os fora-de-série. É certo que o futebol português não está habituado a ter jogadores da dimensão de Reyes, mas os árbitros têm de perceber que o público vai aos estádios para ver jogadores desta dimensão e não para os ver sistematicamente carregados em falta.
Cardozo, um dos que está prestes a ser substituído, foi mantido por Quique na segunda parte, como que adivinhando que seria o paraguaio a marcar o segundo golo de grande penalidade, ele que é um especialista na matéria. Saiu sob uma chuva de aplausos.
Uma última palavra para Domingos Paciência, um treinador que espera um dia vir a entrar outra vez no FC Porto. É preciso dizer a Domingos que um líder tem de se portar como tal. A sua reacção a um lance com Bynia é de uma estupidez confrangedora. Todos sabemos que Bynia tem sido perseguido injustamente, e o Benfica precisa de o defender, o que tem feito. Agora, Domingos tentar pressionar o árbitro contra Bynia quando os seus jogadores entravam a matar sobre Reyes, por exemplo, é algo inadmissível e que não pode passar sem censura. Domingos é um mau exemplo para os seus jogadores. Foto em www.slbenfica.pt
Ficha do jogo
9ª Jornada da Liga
Académica - 0; Benfica - 2
Estádio Cidade de Coimbra
Árbitro: Pedro Proença (AF Lisboa)
Benfica: Quim; Luisão, Sidnei e David Luiz; Maxi, Yebda, Bynia, Ruben Amorim e Reyes; Nuno Gomes e Cardozo.
Golos: Ruben Amorim e Cardozo

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Pôxa cara...

Cristiano Ronaldo não ficou com saudades do jogo em terras de Vera Cruz. Nem os brasileiros ficaram com saudades do CR7. Thiago Silva, o "zagueiro" do Fluminense e da Selecção do Brasil, aqui em disputa com Ronaldo, disse que este era "maldoso". E a comunicação social brasileira, que nunca morreu de amores pelos portugueses, não poupou o jogador do Manchester United. A título de exemplo, descubra aqui o que o Globo Esporte escreveu em legenda a esta foto. Se depender dos brasileiros, a Bola de Ouro já tem dono: Káká. Foto: Agência EFE

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Káká - 6; CR7 - 2

Transformado num duelo particular, o Brasil – Portugal que decorreu no estádio Walmir Campelo Bezerra, em Gama (Brasil), na madrugada portuguesa de ontem, teve um desfecho claro: o brasileiro Káká, um dos principais pretendentes à Bola de Ouro (melhor jogador do Mundo), em 2008, goleou o “nosso” Cristiano Ronaldo, mais conhecido por CR7.
O milanista não fez a coisa por menos e contribuiu para uma derrota pesada e histórica de Portugal por 6 – 2. Quanto ao português do Manchester United, vamos a ver as consequências desta descolorida exibição, acompanhando toda a Selecção, na votação a 2 de Dezembro para a conquista da Bola de Ouro.
Mas outros factos devem ser realçados neste Brasil – 6; Portugal – 2: Luís Fabiano, dispensado pelo FC Porto há cerca de 3 anos, fez um “hat-trick”; e Luisão, titularissimo no centro da defesa do escrete (a melhor selecção do mundo), fez um jogo soberbo, sem falhas.
No dia em que Lionel Messi, o astro argentino, um dos principais candidatos ao trono de melhor do mundo, diz que Ronaldo merece a Bola de Ouro, CR7 leva um banho de bola de Káká. Ironia ou coincidência? Foto: Fernando Bizerra Jr (EFE).

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Yes Name

Estão todos à espera que fale sobre a Operação “Fair-Play”, que se abateu sobre alegados elementos dos No Name Boys? Tirem o cavalinho da chuva. Dar gás a uma miserável e vergonhosa acção mediática de dimensões invulgares e estranhas só com o objectivo de atingir o Sport Lisboa e Benfica é coisa que não faço. Não caio nessa esparrela, nem alimento manifestas acções de diversão.
Como único e exclusivo contributo para o tema, apenas sublinho, como o fiz no programa “A Bola É Redonda”, no Porto Canal, o seguinte: 1 – Os No Name Boys, como os Diabos Vermelhos, ou os Ultra Benfica, são grupos de adeptos organizados que apoiam as equipas do Sport Lisboa e Benfica, dando um colorido e uma emoção ímpares ao espectáculo; 2 – O Benfica não apoia oficial nem institucionalmente nenhum desses grupos de adeptos; 3 – O Benfica não é responsável pelo que fazem na sua vida privada as centenas de milhar de sócios e os seus milhões de adeptos; 4 – Os No Name Boys são mais de 4 mil, segundo números vindos a público, não a meia dúzia envolvida nos “casos de polícia” relatados; 5 – O Benfica não pactua nem nunca pactuou com claques que se organizam como “estados dentro do estado” ou como “guardas pretorianos” de quem quer que seja; 6 – Os grupos de sócios e adeptos organizados, auto-intitulem-se No Name Boys, Diabos Vermelhos ou Ultras Benfica são indispensáveis no apoio às equipas do Sport Lisboa e Benfica, na Luz ou fora dela, desde que cumpram, como toda a gente, aliás, as regras de um Estado de Direito democrático.

Folha limpa

Muita gente parece apostada em tentar desestabilizar o Benfica. Percebo-lhes o nervosismo. Afinal, não há memória de uma temporada onde tudo parece correr sobre rodas. Não há conflitos abertos nos jornais, seja entre jogadores e treinadores, seja entre dirigentes e ex-dirigentes, como acontece no Sporting. Nem há sinal dos conhecidos “papagaios” que gostavam de ganhar protagonismo à custa do nome do Benfica – esses, Vieira, “calou-os” faz tempo, como prometeu.
Para desespero desses arautos da desgraça, Bagão Félix sai do retiro alentejano para elogiar a liderança de Luís Filipe Vieira; Quique Flores continua a marcar pontos, ao apelar à concórdia entre treinadores e árbitros, e Rui Costa, usando uma grande selectividade comunicacional, põe o dedo na ferida e diz que falta cultura desportiva em Portugal.
Perante isto, qualquer pequeno distúrbio, num treino ou na rua, ganha foros mediáticos invulgares. O que vale é que o Benfica está bem e recomenda-se. E portanto, tentativas como a que ontem foi estrategicamente montada para atingir o clube, resvalam na carapaça da nossa indiferença e do nosso desprezo.

domingo, 16 de novembro de 2008

O exemplo que vem de cima

Benfica - 1; Estrela da Amadora - 0 (8ª Jornada da Liga). A dignidade dos jogadores do Estrela da Amadora devia servir de exemplo a muitos dirigentes do futebol português, a começar pelo presidente do clube, António Oliveira, que ontem se sentou na tribuna presidencial da Luz, sem o Presidente do Benfica ao seu lado.
Luís Filipe Vieira, recusando sentar-se ao lado do presidente do Estrela, marcou mais uma vez a diferença, para melhor, no panorama futebolístico em Portugal. Quem não cumpre os compromissos que assumiu, seja com atletas seja com quem for, instituições ou pessoas singulares, deve ser tratado como “persona non grata”. Só assim o futebol nacional pode ganhar credibilidade. Uma credibilidade que tem sido a imagem de marca de Luís Filipe Vieira à frente do Sport Lisboa e Benfica.
Não é só a pugnar pela verdade desportiva dentro dos relvados. Não é só a lutar pela transparência e pela condenação de todos os que violaram essa verdade desportiva. Com este gesto, Vieira lança mais uma mensagem a todo o futebol, mas também um alerta para as instituições que governam o país.
Não é possível continuar a pactuar com dirigentes que actuam como o presidente do Estrela da Amadora. Os jogadores do Estrela honraram a camisola e o clube, mas os sócios devem pensar bem em quem querem para estar à frente dos destinos do Estrela. Enquanto uns se sentam ao lado de assumidos corruptos e viciadores da verdade desportiva, Luís Filipe Vieira mostra que não pactua com quem não respeita os contratos que assina.
Os ordenados em atraso que marcam o dia-a-dia do Estrela da Amadora não influenciaram, felizmente, o rendimento da equipa. O jogo não foi bom. O Benfica entrou adormecido, relaxado, negligente. No Benfica não há ordenados em atraso. Pelo contrário, o clube da Luz é dos poucos que cumprem com a lei, ao contrário da esmagadora maioria, como há alguns meses alterou o presidente do sindicato dos jogadores. Entre os incumpridores, denunciados nessa altura, estava, pasme-se, o Sporting.
Mas voltemos ao jogo. Foi difícil descobrir quem estava e quem não estava com ordenados em atraso. Foi difícil descobrir quem tinha treinado toda a semana e quem tinha falhado alguns treinos.
O novo sistema, um 4-4-2, com Aimar no vértice mais adiantado do losango, não explica todo o desacerto. Passes falhados foram inúmeros. Ocasiões de golo raras. Experimentado contra o Aves, este sistema destrói a base de construção da equipa definida por Quique Flores, um 4-3-3, com alas muito rápidos, como Reyes e Di Maria.
Sejamos claros, o Benfica não pode mudar de sistema para melhor encaixar Aimar. Quique já disse que não colocava o colectivo na dependência de uma individualidade, mesmo que essa individualidade se chame Pablo Aimar. Faz bem. Mas os primeiros 45 minutos foram maus de mais.
Na segunda parte, o Benfica entrou forte, marcou e, depois, voltou a relaxar. A parte final foi algo tremida. Mas o que fica para a história são mais 3 pontos e menos uma jornada para o fim. Foto em www.slbenfica.pt

Ficha do jogo

8ª Jornada
Benfica – 1; Estrela da Amadora - 0
Estádio da Luz (Lisboa)

Benfica: Quim; Maxi, Luisão, Sidnei e Jorge Ribeiro; Yebda, Katouranis, Carlos Martins e Aimar; Nuno Gomes e Suazo.

Golo: Sidnei (55 minutos)

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Ensaio sobre a cegueira II

José Saramago escreveu um livro intitulado “Ensaio sobre a cegueira”, que foi agora adaptado ao cinema. O livro não é sobre o futebol português. Mas podia ser. O estado de cegueira total (como o que afecta todas as personagens do livro de Saramago) é vulgar em muitos protagonistas do futebol português. Há muitos anos.
Apesar de algumas intervenções cirúrgicas, a doença do foro oftalmológico parece não ter sido totalmente debelada. Por estes dias, temos assistido a algumas recaídas, mais ou menos graves.
A última foi a de Bruno Paixão, o árbitro do Sporting – FC Porto, que já tem um longo historial de “ceguinho” com vários internamentos, mas, por, presume-se, negligência médica, tem tido sempre alta.
Hoje, pelos jornais da manhã, fomos confrontados com outro caso grave e raro de cegueira. A do observador ao referido jogo. O homem, nomeado para “tratar” do árbitro, afinal veio dizer que ele via bem e que não precisava de óculos, nem de operações às cataratas.
Dioptrias à parte, sempre podemos aconselhar o dito observador a ir ao oftalmologista e, na passada, a comprar um cão e uma bengala. O problema da cegueira no futebol é que é uma doença que tende a alastrar e a agravar-se com o passar do anos. Uns chamam a essa progressão “sistema”, outros gostam de usar mais os provérbios populares e dizer que “quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita”.
É o caso de Carlos Xistra, o árbitro do V. Guimarães – Benfica. Ceguinho para uns, um portento de boa visão para outros. Em Agosto último, o jornal “O Jogo” definiu assim o ADN de Carlos Xistra: “é uma dupla hélice igualzinha a todas as outras, mas pode ser representada nos compêndios de ciência com as cores verde e branca, já que toda a família deste pacato funcionário público é ou foi adepta do Sporting”.
Já vimos e lemos piores argumentos para explicar a cegueira.
O problema de Paixão, Xistra, Jorge Sousa e outros pacientes é que, como convivem muito, o mal pega-se. Pode ser que um dia alguém resolva cortar esse mal pela raiz. E lá se vai a clientela dos oftalmologistas.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Momentos mágicos

Benfica – 3; D. Aves – 0 (Taça de Portugal) - O susto vindo de Penafiel esteve efeitos pedagógicos. Ontem, com o Desportivo das Aves, equipa da Liga de Honra, onde está a fazer um razoável campeonato, a apatia deu lugar à atitude. É certo que o espectáculo durou 45 minutos, mas o trabalho estava feito, a missão cumprida. O Jamor está mais perto.
Num jogo sem grande história, para a história ficam dois momentos, que mereciam mais gente nas bancadas: o passe de calcanhar fantástico de Pablo Aimar para o terceiro golo, apontado por Maxi; e o regresso, 9 meses depois da lesão, de David Luiz – um regresso que se saúda, pela classe e pela determinação do jovem central brasileiro.

domingo, 9 de novembro de 2008

Que noite!

Grant Park, Chicago, última terça-feira de madrugada: “What a night!” (Que noite!) – exclamaram muitos dos milhares de participantes na festa de celebração da vitória de Barack Obama, nas presidenciais americanas.
Restaurante “Catedral da Cerveja”, Estádio da Luz, na passada sexta-feira: “Que noite!”, exclamaram muitos dos presentes no primeiro jantar-convívio do blogue “Novo Benfica”, no final de um repasto que contou com a presença do Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, do Director Desportivo, Rui Costa, e do Assessor Jurídico da Administração da SAD, Paulo Gonçalves.
Por me parecer da mais elementar justiça, e para que fique registado para memória futura, não posso deixar de referenciar os nomes de quem teve oportunidade de marcar presença nessa reveladora noite.
O “Novo Benfica”, como era obrigatório, fez-se apresentar quase na máxima força: Bruno Carvalho, António Souza Cardoso, Armindo Monteiro, Pedro Ribeiro, e o signatário destas simples linhas.
Da blogosfera benfiquista, compareceu a “Tertúlia Benfiquista”, outro blogue de referência, qualidade e paixão, nas pessoas de Pedro F. Ferreira e de Sérgio Bordalo. A eles agradecemos a disponibilidade da presença, que muito contribuiu para a brilhante noite vivida.
Dois estimados amigos, do Sport Lisboa e Benfica, o Orlando Dias, do Gabinete da Presidência, e o Ricardo Maia, do Gabinete de Comunicação, deram-nos também o prazer da sua participação, sinal de que o Benfica olha para esta realidade com a atenção e o cuidado que ela merece.
E depois estiveram alguns sócios do Benfica, dos que mais consomem e participam em blogues. Refiro os seus nomes por ser da mais elementar justiça sublinhar quem, numa sexta-feira à noite, se prontifica a vir falar e debater o Benfica: Eduardo Botelho, Arlindo Bento, Isabel Castanheira, António Barreto e João Barreto (peço desculpa se me esqueci de algum).
Não quero nem posso esquecer a presença do meu amigo e colega de painel no programa “A Bola É Redonda”, do Porto Canal, o Raul Lopes, e o Luís, um antigo colega de faculdade que já não via há muitos anos.
Feita a chamada, passemos ao menu. Não o servido pela excelente e dedicada equipa da “Catedral da Cerveja”, mas o menu das palavras, servidas em autênticas bandejas de ouro e prata para serem degustadas com prazer pelos comensais. A cada um o seu paladar.
Seria fastidioso e despropositado falar de todas as intervenções, cujo nível e qualidade fariam inveja a qualquer sessão parlamentar – desde a acutilante e inteligente argúcia e presença de espírito do Bruno Carvalho, até à emoção à flor da pele do Pedro F. Ferreira, cujas palavras nos fazem sentir cada vez mais imbuídos de uma fé inquebrantável, ou o fino humor e a lucidez racional do António Souza Cardozo, ou a escorreiteza singela e cirúrgica do Armindo Monteiro, e a efusividade extrovertida do Pedro Ribeiro – e que não deixaram ninguém indiferente. Como foram de elevado nível as intervenções dos sócios do Benfica que atrás mencionei, sublinhando a excepcionalidade de “ser benfiquista”.
Mas agora vamos ao que mais interessa. As estrelas da noite: Luís Filipe Vieira e Rui Costa. Cada um na sua função, cada um com o seu estilo e o seu percurso de vida, garantem ao Benfica uma expressão de excelência num futebol português que ainda carece, e muito, de gente deste nível de qualificação e de gente deste carácter e hombridade.
É certo que estavam ali pessoas que são “fazedores de opinião” na blogosfera benfiquista. Vieira sabia-o. É certo que estava ali uma parte substancial dos rostos que promovem o debate de ideias sobre o Benfica na Internet, um veículo de comunicação por excelência.
A presença do Presidente do Benfica, neste encontro, enfatiza esse sinal de que o Benfica continua na vanguarda da inovação no futebol português. Sem holofotes nem circos mediáticos, Luís Filipe Vieira não utilizou palavras de circunstância na sua intervenção.
Respeitou os presentes e dignificou a função de líder do Benfica, ao fazer uma intervenção de grande brilhantismo, na forma e no conteúdo. Dada a discrição do evento, não revelarei aquilo que foi dito pelo Presidente do Benfica. Apenas registo que a sua ambição em tornar o Benfica cada vez maior e campeão está intacta, como está intacta a sua determinação em avançar com os projectos que anunciou há dias: o museu e a fundação.
Vieira sabe que há uma palavra que sintetiza todo o seu consulado à frente do Benfica: credibilidade. Disse-o, e repetiu que não assumirá qualquer compromisso que não possa cumprir. Mas também insistiu em que será intransigente na defesa dos interesses do Sport Lisboa e Benfica, e referiu a questão da Benfica TV como um instrumento decisivo ao serviço de um projecto destinado a tornar o Benfica auto-suficiente, assim como na concretização da sua ideia em devolver as tardes de futebol ao domingo ao Estádio da Luz. “O Benfica tem de receber o valor que merece pela transmissão dos seus jogos. Mas sou homem de cumprir os contratos, não de os rasgar”, disse. As últimas notícias sobre as negociações com a ZON TV Cabo vêm dar-lhe razão.
E depois há Rui Costa. Eu sei que custa a acreditar, mas o maestro esteve a conversar sobre futebol quase até às 3 da manhã. E ficava pela noite fora. O Rui falou e encantou. Quando se levantou para falar, foi como um maestro a empunhar a batuta. Falou e era o Benfica que estava ali.
O menino que disse que a Luz era a sua segunda casa. Que custasse o que custasse tinha de acabar a carreira ali. Que acreditou que ia acabar como jogador com a camisola do Benfica no Jamor.
Houve quem, em jeito de brincadeira, tivesse pedido que no último jogo do campeonato, a 5 minutos do fim, o Rui pudesse entrar em campo para ser campeão como jogador. O Rui sorriu. Falou como um adepto, com o coração, mas também com a cabeça, que sempre soube colocar ao serviço do jogo e que agora a coloca ao serviço do seu clube de sempre, como director desportivo. E, sem quebrar nenhum sigilo, anúncio à Nação benfiquista que o Rui disse só isto: “Vamos ser campeões!”.
Por fim, Paulo Gonçalves. Porquê Paulo Gonçalves? Porque, assumindo naquela reunião de benfiquistas devotos não ser benfiquista desde pequenino, demonstrou coragem, carácter e verticalidade. E essas são qualidades que o Benfica tem de exigir a cada um dos seus. “Que noite!”

Post-Scriptum: As fotos desta noite histórica serão publicadas nos próximos dias, aqui e no “Novo Benfica”.

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Um passo atrás

Benfica – 0; Galatasaray – 2 (2ª jornada da fase de grupos da Taça UEFA). O Benfica deu hoje à noite, na Luz, contra o Galatasaray, para a Taça UEFA, um gigantesco passo atrás no processo de construção da equipa. Não é fácil encontrar explicações para a derrota por 0 – 2. Nem culpados.
Quique bem que tinha vindo a colocar água fria na euforia, mas como o sonho comanda a vida, os benfiquistas acorreram à Luz para aplaudir a equipa. Se há culpados, eles não são seguramente os adeptos. Estes, até para espanto de muitos, aplaudiram no final a equipa, apesar do desgosto da derrota. Enquanto, mais ao lado, se queixam dos assobios vindos da bancada, na Catedral o público parece inglês. A equipa é que ainda se parece demais com a volatilidade das bolsas.
Em abono da verdade, o Galatasaray não é uma equipa qualquer. É uma equipa de Liga dos Campeões, onde marcou presença no ano anterior. Mas que diabo, na Luz, poucas equipas europeias se podem gabar de regressar a casa com uma vitória. Uma delas é o Galatasaray, mais conhecido por “Gala”, na Turquia. E, verdade se diga, ganhou com toda a justiça.
Sem pretensões de adivinhar o que se passa no seio do balneário e do grupo de trabalho, não posso deixar de levantar algumas questões: qual a influência do jogo de Guimarães, no domingo, onde jogamos 45 minutos com 10 jogadores, no rendimento físico da equipa, no jogo de hoje? É ou não essa percepção de menor frescura física que impõe a rotatividade de jogadores, sistematicamente utilizada por Quique Flores?
Se a defesa permaneceu igual, do meio-campo para a frente o treinador espanhol fez duas alterações significativas: a entrada de Di Maria, que nem suplente foi em Guimarães, e de Nuno Gomes, que não foi titular no D. Afonso Henriques.
De fora, Aimar, Carlos Martins e Cardozo. Ruben Amorim, Urreta e Makukula, sem lugar. Custa perceber como se pode jogar com dois trincos – Yebda e Katsouranis – na Luz, contra uma equipa, forte e perigosa, mas que não é da primeira linha europeia.
E depois, custa perceber como é possível que a equipa demonstre ainda uma completa desorientação táctica, com os jogadores turcos a serem donos e senhores de todos os espaços do campo. Sem conseguir fazer qualquer tipo de "pressing" (lá está a parte física), os jogadores do Benfica assistiam à troca de bola entre os turcos: um, dois, três, quatro e mais passes, sempre à-vontade.
Com o jogo empatado e depois a perder, não se percebe porque é que Quique demorou tanto tempo a meter Aimar e Cardozo, sendo que, no caso destes dois, não arriscou nada, pois saíram Reyes e Nuno Gomes, enquanto Yebda continuava a fazer disparates sobre disparates.
Quique pediu tempo e, pelo que se viu, precisa de tempo. A equipa ainda está verde. E pelo que se percebeu (os aplausos no final), os adeptos tencionam dar tempo a Quique. Ainda bem. Do que não se precisa é de uma revolução. Mas, é preciso que no mercado de inverno se vá buscar dois bons laterais. E, por favor, aumentem os níveis físicos da equipa.
Nada está perdido, mas vem aí um jogo complicado com o Olimpiakos, na Grécia. É preciso não perder, para disputar o apuramento no último jogo, na Luz, com o Metallist. O que vale é que vem aí a Taça de Portugal, contra o Aves. Mas, nunca fiando. Foto: Nacho Doce (Reuters).

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Cega, surda e muda???

José Saramago, um dos nossos maiores homens das letras de sempre, numa notável entrevista dada ontem à TSF, ao também notável programa “Pessoal e Transmissível”, do jornalista Carlos Vaz Marques, dizia sobre nós, portugueses, que não somos fatalistas, mas sim um povo alheado e indiferente ao futuro (sem pretender ser rigoroso na citação, foi esta a ideia).
Tem razão José Saramago. Somos um povo que faz do “encolher de ombros” uma filosofia de vida. Isso traz vantagens, mas muitas e sérias desvantagens. A primeira e mais séria dessas desvantagens é que quando confrontados com inquéritos sobre o funcionamento das nossas principais instituições democráticas, a nossa resposta é “não funcionam”, ou “não acreditamos nelas”, mas não ficamos minimanente preocupados com essa conclusão.
Recentemente, um estudo do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo revelou que os portugueses acham que Portugal é um país “razoavelmente seguro” (44%) e “muito seguro” (11%) e a maioria acredita nas forças de segurança. Mas manifesta “pouca confiança” (58%) e “nenhuma confiança” (21%) nos tribunais. Ou seja, quase 80% dos inquiridos não acredita num dos pilares fundamentais da democracia.
Alguém achou isto grave? Alguém procurou investigar as razões deste problema, um sério problema, para melhor o combater? Não, que ideia?! Encolhemos olimpicamente os ombros.
Porque raio é que me lembrei disto no dia em que é conhecida a decisão do Supremo Tribunal Administrativo que considera ilegais as escutas como meio de prova nos processos “Apito Dourado” e “Apito Final”?

E o eleito é...

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

A dúvida S


Mais uma dúvida: quem foi o autor do golo 5000 do Benfica? Para "A Bola", o "Record" e "O Jogo", foi o hondurenho Suazo; para o "Jornal de Notícias" e o "Diário de Notícias" foi o brasileiro Sidnei. De uma coisa todos estão de acordo, foram dois grandes golos, numa grande vitória. Fotos de Nacho Doce (Reuters).

domingo, 2 de novembro de 2008

Sistema - 1; Benfica - 2

O "sistema" bem tentou que o Benfica não se distanciasse mais do FC Porto. Sob a batuta desse sempre disponível para as tarefas sujas, Carlos Xistra, o plano esteve quase a resultar. Valeu que agora o exército vermelho está mais unido e solidário que nunca. É caso para dizer Sistema - 1; Benfica - 2 (sem desprimor para o Vitória de Guimarães, que não tem nada a ver com estes filmes). E agora, vamos ao jogo.
Quique surpreendeu ao escolher como dupla de ataque Suazo e Aimar, dois jogadores que vinham de paragens, deixando no banco Nuno Gomes e Óscar Cardozo. Não deu para especular muito sobre este método de rotatividade do plantel desenvolvido pelo treinador espanhol.
A equipa entrou bem, desinibida, sabendo que ganhando colocava-se quatro pontos à frente do FC Porto. E não tardou que Quique recolhesse os louros desta opção. Passe mágico do mago 10 argentino, Pablo Aimar, para o supersónico Suazo fazer um slalom perfeito deixando fora da jogada dois defesas vitorianos e desferindo um potente e colocado remate, sem hipóteses para Nilson. 1 – 0.
Pareceram premonitórias as palavras de Rui Costa, ao dizer que Aimar ainda ia dar muito ao Benfica. Se desde o princípio os milhares de benfiquistas tinham silenciado o D. Afonso Henriques, o que ali não é muito vulgar, depois do golo de Suazo mais se ouviu o grito de “Glorioso SLB”.
Apanhando o Vitória de Guimarães ainda aturdido pelo golo de Suazo, a equipa do Benfica chegou ao segundo golo, aproveitando a presença na área das duas torres, Luisão e Sidnei, com este a cabecear para o golo, num golpe de cabeça em que já mostrou ser exímio. 2 – 0.
O que se previa tornar-se um jogo fácil, num campo difícil, transformou-se rapidamente num pesadelo. Não por culpa do Benfica, não por culpa do Vitória de Guimarães, mas por exclusiva culpa de um árbitro chamado Carlos Xistra, que há muito devia ter sido colocado na “jarra”, ou seja, banido do futebol.
É impossível ser exaustivo na enumeração das asneiras de Carlos Xistra. Começou logo ao não marcar uma grande penalidade sobre Aimar. Depois, ao marcar fora-de-jogo a Suazo quando este partia isolado para a baliza. Um lance mal invalidado que podia ter dado o 3º golo ao Benfica.
A partir daí, a equipa de arbitragem tudo fez para prejudicar o Benfica. Recorde-se que Carlos Xistra é o mesmo árbitro que na 1ª jornada, no Rio Ave – Benfica, não marcou uma grande penalidade sobre Nuno Gomes.
Se a expulsão de Reyes é aceitável, e só há que lamentar a ingenuidade do extremo espanhol, então que dizer da agressão de Flávio Meireles, um jogador useiro e vezeiro neste tipo de lances, a Aimar. Aliás, Cajuda, velha raposa, com medo de mais uma diatribe de Meireles, deixou-o no balneário para a segunda parte.
E a bárbara agressão de Andrezinho a Suazo? E a marcação de faltas ao contrário, sempre em prejuízo do Benfica? Um despautério o senhor Xistra, cujas arbitragens já são um compêndio de incompetência.
Com menos um, o Benfica da segunda parte foi uma equipa solidária, batalhadora, generosa, eficaz e que nunca perdeu a cabeça. Um passo de gigante dado em comparação com épocas anteriores, em que os jogos, em circunstâncias idênticas, redundavam em empate ou derrota.
45 minutos com 10, vitória sofrida, mas justa; vitória do querer e da garra; vitória da inspiração e da transpiração. Mas também vitória de Pako Ayesteran, cuja trabalho físico está a dar os frutos que todos tínhamos por certos – a equipa mesmo em inferioridade numérica esteve sempre disponível em termos de capacidade física. E uma vitória também de Quique, que montou um esquema táctico perfeito, com dois pontas muito móveis e com a cobertura de Yebda e de Katsouranis, demonstrando um conhecimento profundo do Vitória de Guimarães. Cajuda levou um banho táctico.
Agora vem aí o Galatasaray para a UEFA. E ninguém espera outra coisa que não seja uma enchente na Luz. Para ser mais uma vez o Inferno da Luz! Foto em www.slbenfica.


Ficha de jogo
7ª Jornada
V. Guimarães – 1; Benfica – 2
Estádio D. Afonso Henriques
Árbitro: Carlos Xistra (AF Castelo Branco)
Golos: Suazo e Sdnei

Benfica: Quim; Maxi, Luisão, Sidnei e Jorge Ribeiro; Katsouranis, Yebda , Ruben Amorim e Reyes; Pablo Aimar e David Suazo.

sábado, 1 de novembro de 2008

5 + 4

Os 5 anos de Luís Filipe Vieira à frente do Sport Lisboa e Benfica, comemorados ontem, motivaram, nos últimos dias, declarações de apoio e de enaltecimento ao trabalho desenvolvido pelo Presidente da maior instituição portuguesa. Não deixa de ser estranho este unanimismo.
Estranho porque Luís Filipe Vieira nunca foi homem, felizmente, para unanimidades ou para grandes consensos. O líder da Luz é uma daquelas personalidades que não deixa ninguém indiferente – ou se ama ou se odeia. Curiosamente, como a Pinto da Costa. Vieira nunca pretendeu ser carismático, nem diplomático, nem conveniente, nem agradar a gregos e troianos. A sua vida teria sido muito mais fácil se fosse essa a sua intenção, como foi a de muitos outros presidentes do Benfica. Mas, pelo contrário, Vieira colocou sempre à frente os superiores interesses do Benfica, em prejuízo dos seus interesses pessoais e da sua imagem.
Teria sido fácil, e a merecer o aplauso hipócrita de muitos, fechar os olhos ao “Apito Dourado” e ao “Apito Final”, mas Luís Filipe Vieira não foi por aí, não foi pelo caminho mais fácil. Mesmo com prejuízo da sua vida pessoal (e só ele sabe o que a sua família sofreu) procurou sempre lutar pela regeneração do futebol português, pela credibilidade e pela transparência.
Hoje é fácil elogiar e apoiar Luís Filipe Vieira. O futebol português vive um momento histórico e de viragem, como o atesta a entrevista de hoje, a “A Bola”, de Ricardo Costa, o presidente da Comissão Disciplinar da Liga de Clubes, embora ainda muito caminho falte para andar.
É por isso que o futebol português e o Sport Lisboa e Benfica ainda precisam da liderança de Luís Filipe Vieira. É que nada do que foi conseguido se pode dar por adquirido totalmente. O “sistema” anda por aí, cambaleante e moribundo, é certo, mas à espera de algum soro milagroso. As arbitragens do passado fim-de-semana, de Paulo Batista, no FC Porto – Leixões, e de Rui Costa, no Benfica – Naval, assim como a nomeação de Carlos Xistra para o V. Guimarães – Benfica, fazem temer que se possa estar a preparar um regresso ao passado. Só com a construção de um exército de apoio a Luís Filipe Vieira (e a outros, como Dias da Cunha, que estão imbuídos do meu espírito) se pode travar essa contra-ofensiva.
Vieira, em entrevista ao site do Sport Lisboa e Benfica, abriu a porta a uma recandidatura. Se os benfiquistas assim o entenderem, e ninguém acredita noutra hipótese, completará 9 anos à frente do clube da Luz. Se estes 4 próximos anos forem repletos de títulos, como todos desejamos e como tudo indica que serão (pelo trabalho feito, pela dinâmica do futebol imposta por Rui Costa), então Luís Filipe Vieira pode garantir aquilo porque nunca lutou, um lugar na galeria dos maiores líderes do clube da Luz.
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