quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

O regresso da Mística


O Benfica lançou, recentemente, uma revista chamada “Mística”. Título sugestivo e feliz. A “mística do Benfica” é algo intrínseco à própria genética do clube. Muitos tentaram descodificar o que é que isso significava – a palavra Mística. Poucos os conseguiram. Faz parte da “relação íntima” que o Sport Lisboa e Benfica sempre manteve com a sua massa adepta. Vários factores de ordem sociológica, de marketing (como agora se diz) e a defesa de princípios e valores, explicam esse espaço imagético, transcendental, quase que do etéreo, a que, nós, benfiquistas, chamamos Mística.
A origem do clube ajudou: não nasceu em berço de ouro, como o Sporting, nem se fundou nas tradições da burguesia de província, como o FC Porto. Nasceu, em 1904, no seio de homens do povo, invulgares, reunidos na Farmácia Franco, guiados pela visão de Cosme Damião. Clube do povo nasceu, clube do povo é.
A cor do clube ajudou: o vermelho das camisolas, qual papoilas saltitantes na voz de Luís Piçarra, criou uma empatia indestrutível com a esmagadora maioria dos portugueses, gente humilde e pobre.
A defesa de princípios e valores ajudou: dois exemplos de dignidade inultrapassável marcam a história do Benfica. O primeiro quando o clube, na década de 30 (julgo), recusou averbar uma vitória obtida com golo irregular; o segundo quando Joaquim Bogalho, então presidente, afastou Félix, então a vedeta da equipa, por este, ao que rezam as crónicas, ter pisado a camisola do clube.
A mística solidificou-se ao longo dos anos, com as vitórias internas e externas e com uma filosofia, depois interrompida: no Benfica só jogavam atletas portugueses. Ontem, o jornal “Record” falava no “Sport Portugal e Benfica” (ler aqui) – garantindo que a cúpula encarnada vai começar a apostar no mercado nacional. Eis mais uma boa notícia, a juntar à contratação de Makukula … um internacional português. É o regresso da Mística.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

Provedor das Imagens precisa-se!

As imagens televisivas são hoje um factor decisivo no condicionamento da opinião pública. A caixa que mudou o mundo teve na década de 60 um papel incontornável na eleição de JF Kennedy, como presidente dos Estados Unidos, e, desde aí, nunca mais deixou de execer uma influência quase obsessiva e asfixiante sobre o nosso quotidiano e sobre a agenda mediática.
No campo desportivo, então, a televisão domina a seu bel-prazer. Um poder que condiciona a Liga, cujos calendários são elaborados com submissão às transmissões televisivas, e os clubes, que se tornaram dependentes das receitas dessas mesmas transmissões.
Como se isto não bastasse, a Sport TV, porque é dela que se trata, ainda exerce a sua influência, voluntária ou involuntariamente, na disciplina “ligueira” e na manipulação da opinião pública. O que a Sport TV dá existe, o que não dá não existe. E, assim, um lance banal passa a ser motivo de polémica, de debates e de fóruns, se as imagens são repetidas à exaustão; ou, pelo contrário, um lance desvirtuador do resultado de um jogo é pura e simplesmente ignorado se não houver imagens para o transmitir/repetir.
Dois exemplos, que podiam ser aos milhares: Katsouranis, de dedo em riste no Bonfim, foi visto e repetido até à náusea pelas televisões (imagens Sport TV). Resultado? Sumaríssimo e um jogo de suspensão para o jogador grego.
Pelo contrário, a entrada a “matar” de Bruno Alves sobre Moutinho, no Sporting-Porto do passado domingo, não pode ser vista no programa “Trio d´Ataque” (o de maior audiência nas Tv´s) porque a Sport TV, nas palavras do moderador Carlos Daniel, não forneceu as referidas imagens. Eu sei que me vão dizer que o jogador do FC Porto recebeu o amarelo e, por isso, não pode ser instaurado um sumaríssimo. Mas isso é a “espuma” da questão.
Não estará hoje Bynia com a sua imagem prejudicada junto de árbitros e adeptos só porque o seu lance em Glasgow foi visto e repetido à saciedade? Um lance violento é certo, mas claramente sem a maldade da entrada de Bruno Alves. É por estas e por outras que os campeonatos em Portugal não se ganham só nos relvados…

Obs: António-Pedro Vasconcelos foi certeiro: exigiu um Provedor das Imagens para acabar com esta discricionaridade. Para que se saiba, a RTP não pode escolher as imagens que compra à Sport TV. Ou seja, é como se na compra de um vestido fosse o dono do pronto-a-vestir, e não o cliente, a escolher a cor do mesmo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Exclusivo - TODA A VERDADE

Luís Filipe Vieira veio agitar as águas mansas do futebol português ao falar sobre os árbitros. Em Portugal, essa é uma matéria que parece estar na esfera exclusiva de alguns dirigentes. Ao contrário de outros, Vieira não falou para justificar nenhuma derrota (o Benfica tinha acabado de ganhar em Guimarães),nem para retirar dividendos futuros (os pontos de atraso não permitem tal calculismo). Falou porque a paciência está-se a esgotar, com razão.
Uma análise sobre as arbitragens aos jogos do Benfica neste campeonato, utilizando um jornal insuspeito como “O Jogo”, recorrendo ao seu “Tribunal”, constituído por 4 ex-árbitros: Jorge Coroado, Soares Dias, António Rola e Rosa Santos; e ainda o "Jornal de Notícias", (dois jornais com sede no Porto), mostram a verdade dos factos: o Benfica tem sido prejudicado. Hoje como ontem. Eis, toda a verdade…

1ª Jornada – Leixões – 1; Benfica – 1
Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)

“Ao minuto 76, Jorge Sousa cometeu o maior erro de uma exibição pouco conseguida, deixando – tal como o seu assistente – passar em claro uma grande penalidade cometida por Ezequias sobre Nuno Assis”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in jornal “O Jogo”

2ª Jornada – Benfica – 0; Guimarães – 0
Árbitro: Lucílio Baptista (AF Setúbal)

51 m - Carga cometida sobre Fábio Coentrão passível de grande penalidade?
- “Tomando em consideração o critério adoptado pelo árbitro ao assinalar uma falta de Nélson aos 72 m e um minuto depois nova falta cometida por Léo, impunha-se a marcação de grande penalidade” (Jorge Coroado);
- “Creio que Lucílio Baptista não se encontrava na melhor posição para ajuizar o lane, mas é visível a carga cometida na área vimaranense sobre Fábio Coentrão, que teria de ser punida com pontapé da marca de grande penalidade” (António Rola).
“Tribunal d´o Jogo”, in jornal “O Jogo”

3ª Jornada – Nacional – 0; Benfica – 3
Árbitro: Bruno Paixão (AF Setúbal)

“Bruno Paixão realizou um trabalho seguro (…). O juíz de Setúbal esteve bem no lance da grande penalidade, pois Diego derrubou mesmo o estreante Maxi Pereira”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

4ª Jornada – Benfica – 3; Naval – 0
Árbitro: Rui Silva (AF Vila Real)

“Realizou um bom trabalho, tendo estado bem técnica e disciplinarmente”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

5ª Jornada – Braga – 0; Benfica – 0
Árbitro: Paulo Costa (AF Porto)

“O cartão amarelo mostrado a Binya, muitos segundos depois de ter deixado seguir o lance, deixou claro que Paulo Costa não estava imune às pressões dos jogadores, mas não passou cartão aos protestos dos encarnados, que pediram a expulsão de Linz, após este pontapear Léo”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

6ª Jornada – Benfica – 0; Sporting – 0
Árbitro: Pedro Henriques (AF Lisboa)

Título de 1ª página do jornal “O Jogo”:
“Tribunal acha que prejudicado foi o Benfica”

10 m - Christian Rodriguez cai na área do Sporting em disputa com Ronny
- “Rodriguez ia no alcanço da bola e Ronny sai-lhe ao caminho, ligeiramente atrasado, e põe-lhe a perna à frente, contribuindo para a queda. (…) conclui-se que devia ter sido marcada grande penalidade.” (Jorge Coroado)
90+2 m - Freddy Adu foi derrubado por Moutinho?
- “O jogador Moutinho derruba, em falta, Freddy Adu,cometendo uma falta passível de grande penalidade” (Jorge Cororado);
- “Fica a ideia que João Moutinho comete grande penalidade sobre o jogador do Benfica, tocando-lhe no pé”. (Soares Dias);
- “Há uma rasteira do jogador do Sporting, devendo ter sido marcada uma grande penalidade”. (Rosa Santos);
- “O jogador do Benfica, já dentro da área, foi rasteirado por João Moutinho. Logo, ficou por sancionar uma grande penalidade contra o Sporting”. (António Rola).
“Tribunal d´o Jogo”, in jornal “O Jogo”

7ª Jornada – União Leiria – 1; Benfica – 2
Árbitro: João Ferreira (AF Setúbal)

“Aos 43 minutos, João Ferreira deixou passar em claro uma falta de Luisão sobre João Paulo (o Benfica já vencia por 0-1, (n.b. nota do blogue)), merecedora de grande penalidade, ficando também dúvidas se Nuno Gomes sofreu idêntica falta na área aos 87 minutos”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

8ª Jornada – Benfica – 2; Marítimo – 1
Árbitro: Pedro Proença (AF Lisboa)

“Um grande jogo como este merecia uma arbitragem a condizer, o que não aconteceu. Pedro Proença ajuizou bem o lance dos dois penáltis, mas perdoou, em dose dupla, a expulsão a Bynia e não assinalou penálti de Ricardo Esteves sobre Léo, aos 72 minutos”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

N.B. (nota do blogue)Quanto ao penálti sobre Leó, 3 ex-árbitros do “Tribunal d´o Jogo” dizem que o árbitro errou ao não marcar. A excepção foi Soares Dias. Quanto à expulsão de Bynia: no primeiro lance, todos estão de acordo; no segundo lance, só Soares Dias acha que o jogador do Benfica não devia ser expulso.

9ª Jornada – Paços de Ferreira – 1; Benfica – 2
Árbitro: Bruno Paixão (AF Setúbal)

74 m - Cardozo em posição de fora-de-jogo
- Jorge Coroado; Rosa Santos e António Rola discordam do árbitro. Fora de jogo mal assinalado;
86 m - Falta de Rovérsio sobre Léo. Do livre nasce o 2º golo do Benfica
- Todos os ex-árbitros são de opinião de que não houve razões para marcar o livre.
“O Tribunal d´o Jogo”, in “O Jogo”

10ª Jornada – Benfica – 6; Boavista – 1
Árbitro: Paulo Paraty (AF Porto)

“Paulo Paraty acabou por realizar um trabalho desequilibrado, sobretudo por ter deixado Ricardo Silva continuar no relvado depois de uma entrada dura sobre Cardozo. O juiz do Porto decidiu bem, no entanto, nas duas grandes penalidades, a primeira sobre Nuno Gomes e a segunda sobre Rodriguez. Também aplicou bem a lei no vermelho a Zé Kalanga”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

11ª Jornada – Académica – 1; Benfica – 3
Árbitro: Olegário Benquerença (AF Leiria)

“Olegário Benquerença começou mal o jogo quando não viu Pavlovic, aos 4 minutos, cometer falta sobre Nuno Assis dentro da grande área da Académica – o médio encarnado acabou mesmo por sair lesionado. (…) o golo da Académica resultou de uma falta inexistente”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

12ª Jornada - Benfica – 0; FC Porto – 1
Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)

“Entre os lances mais difíceis de avaliar estão uma queda de Lisandro na área encarnada, aos 13 minutos, provocada (?) por David Luiz, e um lance em que Di Maria parece ter sido derrubado por Fucile (dentro da área (n.b. – nota do blogue))”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

13ª Jornada – Belenenses – 1; Benfica – 0
Árbitro: Paulo Baptista (AF Portalegre)

“Realizou um trabalho seguro, embora tivesse um lapso: aos 14 minutos deixou passar clara falta de David Luiz sobre Roncato. Aos 81 minutos, ajuizou bem o lance de Cardozo, anulando o golo ao ponta de lança paraguaio”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

14ª Jornada - Benfica - 3; Estrela da Amadora - 0
Árbitro: Hugo Miguel (AF Lisboa)

O ex-árbitro José Leirós julga 3 lances, os únicos a merecerem análise: aos 33 minutos, diz não haver falta para penálti sobre N´Daye; aos 56 minutos, defende que faltopu mostrar o amarelo a Luisão; aos 69 minutos, afirma que foi penálti claro de Maurício sobre Di Maria. - in "Jornal de Notícias"

15ª Jornada - Setúbal – 1; Benfica – 1
Árbitro: Paulo Paraty (AF Porto)

“Paulo Paraty realizou trabalho sereno, seguindo sempre de perto todos os lances de uma partida sem grandes casos”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

16ª Jornada - Benfica – 0; Leixões – 0
Árbitro: Paulo Costa (AF Porto)

“Paulo Costa, por indicação do seu assistente, errou logo aos 16 minutos, quando anulou a Nuno Gomes um golo limpo que podia ter sido determinante. Muito contestado pelos encarnados, errou ainda ao não assinalar penálti – marcou livre – contra o Leixões, por derrube de Felipe Oliveira a Léo. Dois erros que marcaram de forma irreparável a actuação do juiz do Porto, em claro prejuízo do Benfica”.
Apreciação individual ao árbitro na crónica do jogo, in “O Jogo”

17ª Jornada - Guimarães - 1; Benfica - 3
Árbitro: João Ferreira (AF Setúbal)

29 m – fora de jogo de Cardozo?
- Cardozo não se encontra em posição de fora-de-jogo (Jorge Coroado e António Rola);
33 m – falta sobre Rui Costa à entrada da área. O árbitro não marca e dá amarelo a Rui Costa.
- Árbitro esteve mal (Jorge Coroado)
- Existiu motivo para falta (Soares Dias)
40 m – atraso irregular de Sereno para Nilson?
- É uma situação de falta, pois há um atraso feito para o guarda-redes e este não podia segurar a bola (Rosa Santos)
“Tribunal d´o Jogo”, in jornal “O Jogo”


CONCLUSÃO: Como se pode constatar, lendo as análises do jornal “O Jogo”, o Benfica foi espoliado em 2 pontos contra o Leixões (1ª jornada); Guimarães (2ª jornada); Sporting (6ª jornada) e Leixões (15ª jornada). Em todas as outras ocasiões ou não houve casos, ou os mesmos não influenciaram o resultado final. À 5ª jornada, contra o Braga, ficou por expulsar o jogador bracarense Linz, sendo especulativo dizer que com essa expulsão o Benfica ganharia o jogo. Na única jornada onde se revela um benefício ao Benfica (segundo os opinadores) – jogo da 9ª jornada contra o Paços de Ferreira -, é também especulativo dizer que há um nexo de causa-efeito entre o livre e o 2º golo do Benfica.
Ou seja, no cômputo geral, comprova-se que o Sport Lisboa e Benfica foi, até agora, espoliado (roubado) em 8 pontos. Se não fosse assim (e dando de barato que o FC do Porto ganhou limpo todos os jogos, o que não foi comprovadamente o caso), o Benfica estaria em igualdade pontual com os portistas no 1º lugar. Esta é que é a verdade. Toda a verdade.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Árbitros sem vergonha


Luís Filipe Vieira falou sobre os árbitros. Finalmente. Quem não se sente não é filho de boa gente, diz o ditado popular. O rol de arbitragens com evidente prejuízo do Sport Lisboa e Benfica nesta Liga é incomesurável.
Começou na primeira jornada, lembram-se?, contra o Leixões. E teve no sábado à noite em Guimarães mais uma demonstração da incompetência dos árbitros portugueses. “Alguns árbitros perderam a vergonha”, disse Vieira. Reparem: o Presidente do Benfica não falou após uma derrota, falou depois de uma concludente vitória num dos terrenos historicamente mais difíceis do campeonato – com um acrescido grau de dificuldade pelo excelente campeonato que o Vitória de Guimarães está a realizar.
Vieira não tentou desviar as atenções. Pelo contrário, colocou o dedo na ferida e recordou dois lances paradigmáticos: a lesão de David Luiz, que o árbitro “obrigou” a jogar a coxear durante mais de 15 minutos, e o lance sobre Rui Costa, numa entrada “a matar” de Geromel sobre o 10 do Benfica. Falta e amarelo para o atleta do Guimarães? Qual quê? Amarelo sim para Rui Costa, exibido quando o atleta do Benfica era transportado em maca para fora do relvado, chegando-se a temer grave lesão.
Depois das palavras de Luís Filipe Vieira, vamos a ver o que dizem e fazem o presidente da Liga, Hermínio Loureiro, e o presidente da Comissão de Arbitragem, Vítor Pereira. Espera-se que tenham um pingo de vergonha!

sábado, 26 de janeiro de 2008

O regresso de Camacho


17ª jornada, 26 de Janeiro de 2007: V.Guimarães - 1; Benfica - 3
Um Benfica de duas caras. Pressionante na primeira parte, encolhido na segunda. Uns primeiros 45 minutos de atitude e perante os quais apetece perguntar: porque é que não pode ser sempre assim?

Uns primeiros 45 minutos de garra, convicção e coragem. Camacho fez aquilo que devia fazer: pressão alta, com Maxi Pereira a atacar, de imediato, o homem do Guimarães (uma equipa que mais parecia de wrestling) que saía com a bola.
Dois grandes golos, de Cardozo (um livre soberbo) e de Maxi (uma jogada brilhante de Dí Maria). Camacho também apareceu diferente, mais interventivo, mais expansivo. No final, apareceu a falar na flash interview completamente rouco.

Esperava-se um segundo tempo ao mesmo nível, em memória de Féher, mas a equipa apareceu apática, quase que anestesiada. Encoheu-se e sofreu um golo ainda antes do primeiro quarto de hora. Quando se esperava uma reacção forte do Guimarães, o Benfica conseguiu amarrar outra vez os "brancos" lá atrás. Camacho foi mais uma vez conservador nas alterações tácticas, o que podia ter trazido alguns dissabores. Uma palavra para a excepcional exibição de Cardozo: dois golos, uma actividade frenética na frente de ataque, a defender e a ganhar bolas de cabeça. Um trio de sul-americanos que deram festival no D. Afonso Henriques: além de Cardozo, Maxi Pereira e Dí Maria. Espera-se agora que o Sporting vença o Porto (contra a opinião de Camacho), para ficar a 8 pontos do primeiro lugar e acreditar ainda no título. Foi bonito, a atitude da equipa e dos adeptos, que se fizeram ouvir com "ganas". Dedicado a Miklos Féher.

Foto em www.slbenfica.pt

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Para ti Miklos Féher

Amanhã, no D. Afonso Henriques, em Guimarães, a memória não será curta. O pensamento de todos, mas todos, estará em ti, estejas tu onde estiveres. Por ti e para ti Miklos Féher, a vitória. Em tua memória...

Camacho faz "mea culpa"

Hoje, em conferência de Imprensa, Camacho falou de tudo um pouco: de Makukula, do plantel, da partida de amanhã em Guimarães, das críticas aos jogadores, do que diz no balneário, do que diz nas conferências de imprensa, da mentalidade, da equipa, do clube, do segundo lugar. E até de política... Ruído, ruído e mais ruído.
Colocando de lado os "faits divers", como as já cansativas piadas sobre os eventuais reforços: "Makukula? Viram-no no balneário?", questionou irónico, mas com cara de poucos amigos; ou tiradas inócuas, como a de querer "um plantel curto",
As especulações sobre os reforços que vêm e não vêm, o treinador espanhol fez questão de as classificar de "política". Pergunta-se, o que é que isso quer dizer? E "política" de quem: dos jornalistas, dos empresários, do presidente?
Camacho é hoje alguém que perdeu o pé. E isso nota-se, num homem que fazia gala em mostrar uma segurança e um domínio de todas as situações. Para já, foi obrigado a recuar nas críticas que fez aos jogadores, dizendo que foi mal interpretado e assumindo, pela primeira vez, as suas responsabilidades. Caso raro num homem com uma imagem de autoridade imaculada.
Com esta gestão das mensagens para o exterior completamente caótica, Camacho precisa mais que nunca de uma vitória amanhã, frente ao Vitória de Guimarães. A imagem de intocável está a esbater-se e este "mea culpa" tardio fragiliza-o mais no seio do balneário.
As vitórias tudo fazem esquecer e é bom que elas se verifiquem rapidamente. Pelo Benfica, pelos jogadores, por Camacho e, muito importante, por Miklos Féher.

Eusébio: Parabéns e Obrigado



Eusébio, o Pantera Negra, comemora hoje 66 anos. Falar de Eusébio é das coisas mais supérfluas que há. Já tudo foi dito, já tudo foi escrito. Por isso, o "O INFERNO DA LUZ" limita-se a dar conta de mais uma efeméride - o dia em que o Rei faz anos.
Uma data que é hoje tanto mais significativa quando se recordam as horas difíceis por que o Rei passou o ano passado, deitado numa cama de hospital.
Felizmente ele continua connosco, com a sua bonomia, a sua modéstia, a sua boa disposição. Ele é aquilo que todos gostaríamos de ser, um pouco: um herói sem tempo, de todos os tempos. Imortalizado no Maracanã, esse templo do futebol, como o primeiro jogador estrangeiro com o nome debruado a ouro na Calçada da Fama. Parabéns e Obrigado Eusébio!

Cardozo, politicamente correcto

Na conferência de Imprensa de ontem, o avançado Óscar Cardozo jogou à defesa. Disse que tinham de "jogar mais", uma verdade de La Palisse. E foi politicamente correcto: não remeteu as culpas para o treinador, nem para a direcção, nem para o presidente. Jogar mais, claro, é da responsabilidade dos jogadores. Cardozo foi prudente, como convém, numa altura em que o Benfica joga muito da época amanhã, em Guimarães. Uma boa jogada colocar o paraguaio a falar nesta conferência. Avesso a polémicas e a fazer grandes ondas, Cardozo foi eficaz naquilo que disse. Colocou a equipa ao lado do treinador, como devia. Só unidos podemos ganhar, agora e no futuro. Cada um deve assumir as suas responsabilidades, como fez o jogador encarnado. Esperemos que as palavras de Cardozo sirvam para colocar um ponto final em desencontradas declarações e ambíguas mensagens que têm vindo sempre do mesmo lado - do lado de Camacho. A ver vamos...

Foto: www.onortedesportivo.com

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Makukula: sim ou não?

Makukula: um ponta-de-lança à moda antiga, que faz falta ao Benfica: que venha e depressa. (Foto em: www.glopt.com)

Confesso que ainda não percebi. A eventual contratação de Makukula, o avançado luso-congolês, internacional A por Portugal, é ainda para esta época ou a pensar na próxima? Ou não há contratação nenhuma?
Confesso que me alegrava a primeira hipótese, até porque o jogador do Marítimo, emprestado pelo Sevilha, é um verdadeiro homem de área, algo de que precisamos como de pão para a boca. Como não se cansa de dizer Camacho, são precisas oportunidades de mais para se marcar um golo.
A segunda hipótese é também plausível, até porque é preciso começar a preparar com tempo a próxima época. Mas levanta-me uma dúvida: quem terá indicado Makukula? Camacho? Rui Costa? Rui Águas? Ou terá sido iniciativa presidencial?
A terceira hipótese merece também reflexão. A primeira notícia sobre a contratação de Makukula foi desmentida por fonte do Benfica, ou seja, de forma não-oficial. Hoje, imperou o silêncio para os lados da Luz. O que é que isto quer dizer? Que o Benfica não quer correr o risco de nova contratação falhada, como no caso de Delgado? Ou são meras especulações jornalísticas que não merecem qualquer comentário?
Uma coisa parece certa: Makukula é jogador para entrar de imediato na equipa titular. Este, Camacho não pode dizer que não conhece, sob pena de fazer má figura. Acresce que é internacional português pela Selecção A e o Euro está aí à porta. Uma oportunidade para se valorizar muito.
Agora, de preferência, ou no final da época, Makukula será sempre uma excelente contratação. O desenrolar desta eventual transferência pode também dizer muito daquilo que vai ser o Benfica 2008/09. E, além do mais, pode significar que o clube da Luz volta a liderar o mercado interno de transferências.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Psicólogo não... psiquiatra precisa-se

Qué pasa, hombre de Dios?
A tese, já aqui aflorada, de que Camacho não é o mesmo Camacho da primeira passagem pelo Benfica, não tem tanto a ver com a coreografia gestual nem com o impacto sonoro da sua voz no banco. Tem a ver, sim, com uma diferente atitude comportamental, que se sente e se visualiza.
Ou seja, não é tanto o José António Camacho, seleccionador da Espanha, cujas imagens no Mundial da Coreia/Japão, encharcado em suor, a gesticular e a berrar como um doido, correram Mundo, que queremos ver regressar, mas sim o Camacho de pé, braços levantados segurando-se na parte superior do banco, como que preparado para entrar de imediato em campo para ajudar os seus.
Não, Camacho não é o mesmo Camacho de 2002/03. De perna cruzada, recostado no banco, falando não se sabe se para Pepe Carcélen se para Shéu se para si mesmo, o espanhol deixou de incendiar as bancadas da Luz e de empolgar os jogadores no relvado. Qué pasa, hombre?
Na segunda-feira, a “A Bola” entrevistava uma psicóloga sobre o momento do Benfica, como que indiciando que o problema estava mais ao nível do subconsciente do que na falta de estofo técnico ou físico.
Se assim é, e não me custa pensar que sim, então o Benfica não precisa de uma psicóloga mas sim de um psiquiatra. É que se já não bastasse esta mudança radical no comportamento de Camacho, o treinador espanhol parece apostado em todos os dias provocar mais abalos psíquicos.
Sobre os reforços que pediu, diz que já não vêm, sobre os que vêm diz que não os pediu, sobre os desaires diz que a culpa é dos jogadores, que estão sem motivação, para os motivar diz que devem jogar “à Porto”, e para terminar, mais uma pérola: quer a vitória do Porto no jogo, sábado, contra o Sporting, revela o “Record”. Como? Um psicólogo, não, um psiquiatra já e depressa…
Obs: Escrevi aqui em 21 de Dezembro de 2007 um "post" intitulado:
"Não voltes a um lugar onde foste feliz?"

De quem é a culpa?

Luís Filipe Vieira e José António Camacho: unidos até quando?
Os ataques de tem sido alvo o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, devido aos maus resultados da equipa de futebol, revelam pura má fé, desonestidade intelectual ou grave desinformação.
Vamos por partes. Fernando Santos, chegado ao Benfica pela mão de José Veiga para substituir Ronald Koeman, nunca conseguiu criar empatia com os adeptos. Irrelevante? Talvez, se os resultados se impusessem. Mas, nem resultados nem linha de rumo que se visse.
Os mais acérrimos “santistas” esquecem-se de que “o engenheiro do penta” veio com uma fórmula táctica na cabeça, o famoso losango, mas pouco depois já admitia colocar a equipa em 4-4-2 ou em 4-3-3, o que fosse, para fazer funcionar uma máquina que claramente não funcionava. Ou seja, Santos tinha um plano A, um plano B, um plano C ou um outro qualquer. Convicções tácticas, zero.
Para além disso, o treinador português, que muito estimo pelo seu humanismo, não caiu no goto do Inferno da Luz. E, quer queiram quer não, isso não é despiciendo. Não foi portanto de estranhar que depois de uma pré-época por si gerida totalmente (recordem-se as notícias que saíram em que se dizia que Fernando Santos já estava a preparar a próxima época com Veiga), o Benfica entrasse no campeonato com uma apatia estranha, como se viu na primeira jornada contra o primodivisionário Leixões, no Bessa, campo neutro. A frieza entre a massa associativa e o treinador ameaçava tornar-se explosiva. Vieira actuou, de imediato, e fez bem.
Veio Camacho. Quem, pergunto, entre os adeptos e sócios, contestaria esta mudança? Ninguém. Perguntar-me-ão: decide Vieira ao sabor da vontade popular? Claro que não, mas ajudar a cavar um divórcio entre sócios e treinador é algo de errado. Nenhuma decisão pode apostar no apodrecimento da situação.
Camacho revelou-se aposta falhada? Sim e não. Sim porque os resultados não estão a satisfazer ninguém. Não, porque nada ainda está perdido: o campeonato é difícil, certo, mas a Taça de Portugal e a UEFA são objectivos a ter em conta.
O que ninguém esperava era que o treinador espanhol, como escrevo noutro “post”, nada tivesse a ver com o Camacho da primeira passagem pelo Benfica. E isso, sim, é que está a fazer toda a diferença.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Há "Gato" em Alvalade

Acabo de ser informado que o Sporting retirou do seu site o painel de votação sobre quem devia substituir o jornalista e comentador Rui Santos, na SIC Notícias. Não vou confirmar porque me recuso a ir a sites desse jaez, mas acredito na fonte, que é fidedigna. Lamento a atitude do Sporting. Agora que não há "Gato Fedorento", os de Alvalade sempre podiam ir alegrando a malta. Espero que este acto de censura ao site não se repita. E já agora, dou o meu humilde contributo para a alegria em tons de verde, não vá a imaginação faltar. Que tal uma votação para escolher quem para substituir o Paulo Bento? E outra para ver quem deve substituir o Soares Franco? Já agora, e quem deve substituir o roupeiro Paulinho? E para o lugar do Pedro Barbosa? E como se deve passar a chamar a Porta 10 A? E o Dias Ferreira não deve dar o lugar a outro, mas quem? E para o lugar do Manuel Pedro Gomes? E para o lugar do Carlos Freitas??? (ops, enganei-me, esse já foi de férias). Rir ainda é o melhor remédio...

Liedson tinha razão

A Direcção do Sporting quer "calar" Rui Santos.


Afinal, Liedson tinha razão. O Sporting é uma “ditadura”. Não contente com os comentários de Rui Santos, jornalista e comentador, no programa “Tempo Extra”, da SIC Notícias, o Sporting Clube de Portugal quer colocar outro no seu lugar. Temos dúvidas sobre o sucesso da pretensão, dado que não estamos a ver Ricardo Costa sujeitar-se aos “diktats” seja de quem for. Um clube que já foi liderado por gente civilizada bem nos podia poupar a estes dislates. Seja como for, para gáudio geral, o site do Sporting Clube de Portugal colocou à votação dos utilizadores o nome de quem deve substituir Rui Santos, no programa. Eu, cá por mim, vou votar no Liedson. Os resultados são divulgados no dia 29. Era triste, se não fosse cómico…

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Garrincha, a alegria do povo

Garrincha, alegria do povo, anjo das pernas tortas, ídolo esquecido. (Foto em www3.solar.com.br)

Chamaram-lhe “anjo das pernas tortas”, “alegria do povo” – eles, os poetas. Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes, por exemplo. Os poetas, esses exagerados fingidores? Talvez nunca, como aqui, foram tão certeiros, tão pragmáticos, tão terrenos.
“Mané Garrincha”, é dele que se trata, morreu fez ontem 25 anos. A efeméride foi tratada nos jornais portugueses como apenas isso, uma efeméride. Notícias cinzentas, rotineiras, burocráticas.
Nenhum espanto. No Brasil, seu Mané foi esquecido. É isso aí, esquecido. O Botafogo, seu clube do coração, esqueceu a data; a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), não se lembrou sequer de recordar o bicampeão mundial de 58 e 62. O seu túmulo, no Rio de Janeiro, está abandonado.
Garrincha, melhor dizendo Manuel dos Santos, como, curiosamente, Manolete, o toureiro divino, não faz parte da galeria vip, como Pelé. Veio do povo, jogava para o povo, foi a alegria do povo.
Há jogadores assim. Anti-vedetas. Génios e heróis improváveis. Meninos que nunca foram homens, como escreveu Soeiro Pereira Gomes, no lendário “Esteiros”. Como Garrincha e Eusébio e Maradona. Nunca Pelé, nem Beckenbauer.

Gilberto já era

Giberto, o defesa-esquerdo do clube alemão Hertha de Berlim, referenciado pelo Benfica e dado como um dos reforços de Inverno, está a caminho de Inglaterra. Eis a notícia – sem comentários, nem alterações:

Depois de receber sondagens do Roma e do Manchester United, o lateral-esquerdo Gilberto, do Hertha Berlim e da selecção brasileira, confirmou nesta segunda-feira, ao GLOBOESPORTE.COM, que está negociando com o Tottenham Hotspurs, da Inglaterra.
- A negociação está bem encaminhada. A proposta que chegou é muito boa e, entre mim e o Tottenham, está praticamente tudo certo. O que é necessário agora são eles acertarem com o Hertha – revela Gilberto, por telefone, de Berlim.
Tendo contrato até 2009 com o Hertha, Gilberto, de 31 anos, não esconde seu desejo de atuar no futebol inglês.
- Vai ser um grande salto para a minha carreira, atuar no futebol inglês, com a minha idade, tendo a possibilidade de fazer um contrato de longa duração seria algo único. Além disso, poderia aprender um novo idioma – ressalta o lateral.
Caso o Hertha não negocie Gilberto até junho, o lateral pode deixar o clube no final do ano sem que o mesmo leve um centavo sequer por sua negociação. Por conta disso, a imprensa britânica especula que a transação deve ser realizada nos próximos dias.
Segundo a emissora inglesa “Sky Sports”, o Tottenham pode pagar até € 3 milhões por Gilberto, que seria uma boa opção para a lateral esquerda do time do técnico Juande Ramos. Atualmente, os dois jogadores da posição, Gareth Bale e Benoit Assou-Ekotto, estão machucados.

Marcos Felipe, no Rio de Janeiro, in www.globoesporte.com

sábado, 19 de janeiro de 2008

Um golo não acabou com a crise

Óscar Cardozo voltou a facturar hoje na Luz contra o Feirense (1-0) para a Taça de Portugal. (Foto de Hugo Correia/Reuters)
Um golo bastou para eliminar o Feirense, equipa da II Divisão – Liga Vitalis (10º lugar) e seguir em frente na Taça de Portugal. Temos de ser pragmáticos e dar-nos por satisfeitos? Claro que não. Camacho vem dizer, após o jogo, que os jogadores estavam cansados e desmotivados. É capaz de fazer o favor de repetir? Cansados? Desmotivados? Parece-me que algo de incompreensível se passa no balneário. Se os jogadores estão cansados, então, a responsabilidade só pode ser de quem os treina, a equipa técnica. É que não deixa de ter piada: cansados depois de um jogo contra uma equipa primodivisionária, há uma semana, na Luz.
Se estão desmotivados, a culpa só pode ser de quem não consegue incutir um mínimo de força anímica na equipa – o treinador. É que não deixa, outra vez, de ter piada: desmotivados para disputar um jogo na segunda mais importante prova da época, onde o Benfica tem pergaminhos a defender?
Esperemos que a nuvem tóxica que deve pairar na Luz passe depressa. Sábado, em Guimarães é preciso motivação acrescida e saúde física e anímica. Nunca se sabe o que pode acontecer em Alvalade…

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Outra vez, señor Camacho?

Nem sei o que dizer. Diz Camacho: "O importante para o Benfica é estar na Liga dos Campeões". Errado señor José António, o importante para o Benfica é ser Campeão, ganhar a Taça de Portugal, estar na Liga dos Campeões e ganhar a Liga dos Campeões.
O que se passa afinal? Sabe Camacho onde está? Tem de saber. Já cá esteve como treinador e como jogador do Real Madrid sabia muito bem o que era o Benfica. Então, o que se passa? Não há ninguém que diga ao espanhol que cada dia que passa mais perdido ele parece estar? Não há ninguém que lhe faça um desenho?
Pelo amor de Deus! Os limites estão quase a ser ultrapassados e eu não gostaria de ver Camacho sair pela porta pequena. Ele não o merece, mas arrisca-se a um dia ver e ouvir o que não quer. Ok, já esquecemos aquilo do "jogar à Porto" - que tem servido para as mais diversas alfinetadas dos nossos adverários. Mas já chega.
Camacho ainda está a viver um estado de graça. É um treinador de que gosto, que respeito pelo seu passado de jogador, pela sua verticalidade como homem, pela sua coragem em assumir as dificuldades de frente.
Mas, como escrevia ontem a Leonor Pinhão, "este" não é o Camacho que conhecemos. O verdadeiro Camacho está ausente, espera-se que provisoriamente, mas voltará, com a raça espanhola que lhe corre nas veias. Para "salir a ganar" como só ele sabe e como só o Benfica sabe. Vale, Camacho? Foto em www.slbenfica.pt

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Um (!) lenço branco

A notícia da saída de Camacho no final da época é mais uma "boutade" sem nexo. Mas, parece que em Portugal tudo se cria e transforma, nada se perde. À falta de melhor assunto, anuncia-se que Camacho quer sair e que já lhe acenam um convite de Inglaterra, do Newcastle. A história aparece numa altura em que o treinador espanhol acaba de ver um (!!!) lenço branco na Luz, no final do nulo com o Leixões. Para acabar com a novela, Camacho e Luís Filipe Vieira fizeram questão de mostrar que já estão a trabalhar a próxima época. Vá lá que a reunião foi com o presidente, não fosse dar-se um caso igual a Fernando Santos, que anunciou que já estava a trabalhar a próxima época com José Veiga e foi o que se viu. Nem Santos nem Veiga. Em suma, tudo isto é triste, tudo isto é fado.
Vieira, é certo, acabou com os "papagaios" no Benfica, e parece que os "transferiu" para Alvalade. Mas ainda não teve tempo para acabar com algumas fugas de informação e de travar as especulações baratas com que alguma comunicação social visa desestabilizar o Benfica. Encontrar antídoto para estas "movimentações" é uma prioridade. Se calhar, mais fundamental que contratar um avançado brasileiro a custo zero.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Porquê Preud´homme?

Porquê Preud´homme? Sim, porquê Michel, o grande? Foi um grande guarda-redes? Claro que foi, um dos maiores de sempre. Mas não é por isso. Ou, não é só por isso. Chegou à Luz em 1994, depois de ter feito um memorável campeonato do Mundo, nos Estados Unidos, e tendo sido considerado o melhor guarda-redes do Planeta Futebol.
Na Luz, em tempos conturbados, esteve 5 anos, vencendo apenas uma Taça de Portugal, em 1996. É no Benfica que este senhor do futebol mundial acaba a carreira de jogador. Preud´homme deixou saudades. Desde que partiu para a Bélgica, o seu país natal, só se ouviram palavras elogiosas deste cidadão do mundo sobre o Benfica. Não esquecemos isso, Michel.
Conhece como poucos os corredores de poder da UEFA e da FIFA. Não por acaso, foi convidado para presidir à Federação Belga de Futebol. Recusou. Poliglota, "gentleman", habituado ao futebol ao mais alto nível, interlocutor privilegiado das mais altas figuras do futebol mundial, respeitado como jogador, como dirigente, como treinador. Com uma imagem de seriedade, de rigor, de educação, imaculada.
Recentemente, numa curta estada em Portugal para estagiar com o Standard de Liége, que treina, disse, em entrevista ao JN: "Tento desempenhar o meu trabalho com profissionalismo e dedicação. Foi o que fiz quando fui jogador, dirigente e agora como treinador. Há técnicos que, depois do treino de manhã, à hora do almoço já estão em casa. Eu não chego antes das 17/18 horas, porque há sempre coisas para tratar. Acho que numa função destas não pode ser de outra forma".
E sobre Portugal: "Estar aqui, é estar em casa. É o mesmo que sinto quando estou na Bélgica, porque tudo é conhecido. Gosto das pessoas, são gentis e sabem receber bem. Sabe a primeira coisa que peço quando chego a um hotel, em Portugal? Uma bica e os três jornais desportivos, por favor! (risos)".
E sobre o Benfica: "Estive cinco anos no Benfica como jogador e mais dois como director desportivo. A minha relação com os adeptos foi espectacular e adorei a forma como, mais uma vez, fui recebido (...)" (...)"Pessoalmente, tenho pena de não ter sido campeão pelo Benfica. Mas o campeonato português não é fácil" (...).
Post - Scriptum: Tenho recebido e-mails a defenderem a opção Humberto Coelho para director desportivo. É um nome tão válido como o de Preud´homme, e até com características parecidas: grande jogador do futebol mundial, conhecedor profundo dos corredores da UEFA e da FIFA, respeitado e admirado, com imagem imaculada. Porque não Humberto, grande capitão?

domingo, 13 de janeiro de 2008

A resposta

A personalidade ideal para ocupar o cargo de Director Desportivo do Sport Lisboa e Benfica chama-se Michel Preud´homme. O mágico guarda-redes belga, um dos melhores do mundo de sempre, actualmente a treinar o Standard de Liége, tem o perfil indicado para o lugar. Esta é a aposta de "O INFERNO DA LUZ".

sábado, 12 de janeiro de 2008

Quem para director desportivo?

Diz hoje o "Expresso" que Rui Costa vai ser o director desportivo do Benfica na próxima época. Bem, eu espero que alguém acabe de vez com esta palhaçada. De jogador, a presidenciável e agora a director desportivo, só falta mesmo a Rui Costa ser o próximo treinador.
Rui Costa é um grande homem, um benfiquista puro e um jogador excepcional. Regressou ao Benfica para acabar a sua carreira no clube do seu coração, ao mais alto nível. Na época passada, teve o azar das lesões que o impediram de espalhar o perfume da sua genialidade. Esta temporada, livre das lesões, só lhe faltava agora andarem a especular, dia sim - dia sim, sobre o seu futuro. É certo que Rui Costa, jogador experiente e homem maduro, já não é influenciável, mas que diabo, tudo isto não deve fazer bem nenhum ao balneário.
Já agora vos digo que Rui Costa tem todas as condições para fazer outra época em grande nível e o pendurar as chuteiras deve ficar para mais tarde. Sem assim, como espero, quem para director desportivo do Benfica? Todas as opiniões e sugestões dos nossos leitores são bem-vindas. A opinião do "O INFERNO DA LUZ", será revelada amanhã. E será uma grande e boa surpresa...

E, agora?

Este homem bate palmas a quê? (Foto: Hugo Correia/Reuters)

O empate na 1ª jornada, no Bessa, contra o Leixões, levou ao despedimento de Fernando Santos. Que consequências terá este novo empate contra o Leixões, a começar a segunda volta do campeonato?
Esta é a resposta que todos esperam. A exibição foi deprimente, o resultado uma vergonha. Em mais de 20 jogos com o Leixões (julgo, 22) para o campeonato, apenas por uma vez a equipa de Matosinhos foi capaz de escapar à derrota, conseguindo um empate. Esta foi a segunda vez.
Mais do que escalpelizar os erros tácticos de Camacho: porque tirou Nelson e manteve Maxi Pereira, quando o primeiro é melhor a atacar que o segundo? Porque colocou Nuno Assis na esquerda, quando Christian Rodriguez faz aquele lugar com mais classe – se o uruguaio não estava em condições físicas, porquê estar sentado no banco?
O que há que reflectir é como é que se chegou a esta anarquia. Uma anarquia que parece retirada do filme “Voando sobre um ninho de cucos”, passado num hospital psiquiátrico e onde não se distinguem os malucos entre doentes, funcionários, médicos e responsáveis da administração.
Camacho, aclamado o disciplinador, pela atitude do Bonfim, ao retirar da partida Luisão e Katso, depois dos dois se envolverem numa picardia pública no relvado, aceita que o jovem, recém-chegado, Di Maria saía, depois de substituído, directamente para o banco de suplentes sem antes cumprimentar o colega que vai entrar para o seu lugar? Mas que raio é que se passa? Explicações já, exigem os sócios, os simpatizantes, todos os milhões e milhões de benfiquistas espalhados pelo Mundo, que não aguentam mais esta vergonha.
À falta de um director desportivo que dê a cara e responda a tudo isto, terá de ser o próprio presidente, Luís Filipe Vieira, a por tudo em pratos limpos. E rápido, antes que seja tarde demais…

Paulo Costa não tem vergonha

Benfica - Leixões, na Luz, para a 1ª jornada da Segunda volta. (Foto Hugo Correia/Reuters)

Chama-se Paulo Costa, é árbitro de futebol, e a partir de hoje não tem mais condições para apitar um jogo de futebol. O que se está a passar no relvado da Luz, neste Benfica – Leixões, é um hino apologético ao “sistema”. Paulo Costa conseguiu, com a ajuda do seu auxiliar, cometer, voluntaria ou involuntariamente, 3 erros gravíssimos: um golo mal anulado a Nuno Gomes, por fora de jogo mal assinalado (erro do fiscal de linha, que o árbitro subscreveu); grande penalidade por assinalar contra o Leixões, porque um defesa leixonense “abraça” Cardozo por detrás, dentro da área, até o deitar por terra; grande penalidade assinalada e depois transformada em livre sobre a linha de área (julgamos que por indicação áudio do fiscal de linha), após um jogador do Leixões ter carregado Léo dentro da área. O que quer que se passe após isto e qualquer que seja o resultado é de todo irrelevante.
Paulo Costa tem de ser afastado, assim como o seu auxiliar, para bem do futebol, para que possamos continuar a levar os nossos filhos ao jogo sem medo de lhes transmitir maus exemplos. Que a Liga, através de Hermínio Loureiro, diga de sua justiça. E, já agora, estamos para ver o que vai fazer Vítor Pereira. Assim não!!!

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

O Apito do Eugénio

Primeiro foi o livro “Eu, Carolina”, sobre os esquemas que durante 20 anos foram o santo e a senha do futebol português – “urbi et orbi”. A história, na primeira pessoa, de um amor impossível e de um desenlace fatal.
Depois, entraram em campo o procurador Pinto Monteiro e a magistrada Maria José Morgado – e o estado de sítio tomou conta do relvado, dos balneários, dos túneis, dos árbitros, dos observadores, dos delegados, dos juízes-conselheiros, dos fiscais de linha, dos agentes da PSP. O “sistema” olhava-se ao espelho.
Depois veio “Corrupção”, o filme do produtor Alexandre Valente. A história em “frames”, em 8 mm. No escuro da sala o pecado morava ao lado. Mais de 250 mil pessoas já foram ver Carolina D´arc.
Pelo meio, juízes e advogados, testemunhas e recursos, anulações e adiamentos, perícias e mandados, servos e algozes, súbditos e amos. “Habemus…” Agora, já se fala no “Director´s Cut”, de João Botelho, mais 17 minutos onde tudo, mas tudo, é revelado, se calhar ao som de “The End”, dos Doors.
E “last but not least”, vem aí mais um best-seller sobre o “Apito Dourado”, com a assinatura do jornalista Eugénio Queirós, e a chancela da Cofina, do “Correio da Manhã” e do Record. A sopa de letras está feita e promete ser apetecível.
Eugénio Queirós, com quem trabalhei lado a lado, de quem sou amigo há muitos anos, é um daqueles jornalistas que não promete, cumpre, como Eanes. E livro promete ser um documento de altíssimo relevo processual. E o Eugénio, que não costuma deixar os seus créditos por mãos alheias, sabe que “quem ri no fim ri melhor”.
Já que estamos em momento de citações, nada melhor para terminar que lembrar Otelo, já que se lembrou Eanes: o novo livro sobre o “Apito Dourado”, ainda sem nome conhecido, está “em boas mãos” – como as kalachnikovs do PREC.

A história

Setúbal é íman que atrai
indisciplina benfiquista

Sempre com a cidade do Sado como palco, Luís Filipe Vieira sucede a Joaquim Ferreira Bogalho como presidente – Disciplinador do Benfica.

Há mais de meio século, o prevaricador foi a vedeta da equipa encarnada, Félix, que viria a ser afastado. Hoje, são Katsouranis e Luisão que estão na berlinda.
A cidade de Setúbal tem lugar cativo no roteiro disciplinar do Benfica. Hoje, o clube da Luz debate ainda o caso que opôs Katsouranis a Luisão, no passado sábado, no Bonfim, e estão por fazer as contas finais desse enfrentamento.
Porém, os sinais vindos da SAD encarnada apontam para uma punição grave dos prevaricadores, com o grego a ser mais “culpado” que o brasileiro.
Há quase 55 anos (18 de Outubro de 1953), Setúbal foi também palco de um caso que passou a história como exemplo da disciplina férrea que era apanágio do Benfica.
Foi no Campo dos Arcos, “antepassado” sadino do Estádio do Bonfim, que o Benfica perdeu, nesse já longínquo dia de Outubro de 1953, por 5-3, sendo as culpas de tão pesada derrota colocada sobre os ombros de Félix, principal figura da equipa de que era capitão.
Após o jogo, já na cabina, Félix terá atirado a camisola do Benfica ao chão, pisando-a de seguida num ataque de fúria, embora Rogério Pipi, seu colega de equipa, garanta que Félix apenas estava com os pés sobre a camisola porque não havia estrado e o chão de cimento da cabina estava molhado e frio…
De qualquer forma, o presidente dos encarnados, Joaquim Ferreira Bogalho, não admitiu tal desrespeito e sentenciou: “Nunca mais veste a camisola do Benfica”. E assim foi. Ao fim de 10 épocas de águia ao peito, com 188 jogos realizados, um Campeonato, quatro Taças de Portugal e uma Taça Latina conquistados, Félix, 15 vezes internacional, foi posto fora da casa encarnada.

Em 1953, Ferreira
Bugalho despediu
Félix, após derrota
em Setúbal,
depois deste ter
pisado camisola

Mais de meio século depois, um presidente do Benfica volta a ser forçado a tomar medidas extremas de ordem disciplinar. Curiosamente, Luís Filipe Vieira, que sucedera a Joaquim Ferreira Bogalho com impulsionador de um novo estádio para o Benfica, sucede-lhe também, simbolicamente, ao tomar em mãos a decisão de um delicado caso disciplinar. J.M.D.
in "A Bola" de 8 de Janeiro de 2007
Eis a história escrita com o rigor a que "A Bola" sempre nos habituou, e que avançamos ontem, no post http://oinfernodaluz.blogspot.com/2008/01/vieira-como-bogalho.html, com alguns lapsos que agora são corrigidos pelo jornal da Travessa da Queimada e pelo consagrado jornalista José Manuel Delgado.

Comentários, para quê?

"O Benfica, na 27.ª posição, é o clube português melhor colocado no ranking mundial da Federação de História e Estatística do Futebol (IFFHS), liderado pelo Sevilha. O Sporting conclui 2007 no 66.º posto e o FC Porto no 71.º. Man. United e Milan ocupam os segundo e terceiro lugares, respectivamente.
A lista divulgada esta terça-feira contempla mais três clubes portugueses, a saber: Sp. Braga (83.º), Belenenses (235.º) e U. Leiria (248.º). O Sevilha termina o ano de 2007 como o melhor clube do mundo, seguido por Manchester United e AC Milan. Chelsea, Santos, Boca Juniors, Inter, Liverpool, Roma e América (do México) completam os dez primeiros da classificação",
in http://www.abola.pt/

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Vieira concorda connosco

Este blogue não pode deixar de aplaudir a decisão de Luís Filipe Vieira de levantar a suspensão preventiva a Luisão e manter a pena a Katsouranis. Aplaudimos uma decisão que defendemos logo após o jogo do Bonfim, quando escrevemos: "... quem errou foi Katsouranis e não Luisão" - ver post completo em http://oinfernodaluz.blogspot.com/2008/01/isto-um-circo.html.
E depois insistimos: "Agiram mal os dois? Não há que ser salomónico como Camacho: Luisão tem muitas antenuantes. Além do mais, Katso já vinha de um comportamento muito pouco profissional, ao falhar o primeiro treino pós-final do ano" - ver post completo em http://oinfernodaluz.blogspot.com/2008/01/ainda-o-bonfim.html. Vieira analisou bem e agiu em conformidade. O "O INFERNO DA LUZ" foi, desde o início, uma voz quase isolada na interpretação que fez deste "caso", mas estivemos bem acompanhados, com o próprio Presidente do Benfica. Sempre, mas sempre, em defesa do Glorioso.

Vieira como Bogalho

Um dia, há muitos, muitos anos, julgo que na década de 40, Félix, um defesa central do Benfica tido como um dos melhores da Europa (ainda hoje,quando se fazem as equipas do século na Luz, há quem se lembre de Félix), aceitou mal uma decisão técnica. Visivelmente insatisfeito, dado tratar-se de uma vedeta, primeira estrela da equipa, chegou ao balneário, tirou a camisola e atirou-a para o chão. O episódio chegou ao conhecimento de Joaquim Bogalho, então o Presidente do Benfica. Sem mais, o mítico e histórico líder da Luz despediu Félix, dizendo que a camisola do Benfica era um objecto sagrado e não havia falta mais grave que aquela. Félix, o grande Félix, acabou para o futebol.
Vem isto a propósito daquilo que Rui Santos, ontem no seu “Tempo Extra”, na SIC Notícias, falou sobre “cultura benfiquista”. Assertivamente, o comentador que o País inteiro consagrou, referiu princípios e valores perenes que obrigam quem veste a camisola do Benfica. Princípios de educação, rigor, trabalho, verticalidade, honradez, “fair play”. É claro que no Benfica da última década muitos destes valores se foram degradando. A entrada de muita gente, e não só jogadores, ou nem sequer principalmente jogadores, que entraram para a estrutura do Benfica na última década sem estarem devidamente imbuídos desta “cultura” foi erva daninha que medrou e que é preciso extirpar rapidamente. Julgo que Luís Filipe Vieira já começou a fazer essa “limpeza de balneário”. No “caso” Katsouranis/Luisão, que Vieira recorde Bogalho: que seja justo sim, mas também implacável. Como Joaquim Ferreira Bogalho...

domingo, 6 de janeiro de 2008

Ainda o Bonfim

Como teria sido com os dois de início? Foto: Nacho Doce/Reuters
Pergunto: não é normal um jogador chamar a atenção de um colega de equipa por algo que não correu bem? Mais do que normal, o gesto de Luisão é sinal de que sente como poucos os desaires e de que para si não é indiferente ganhar, perder ou empatar.
Quantas vezes não vimos, em Portugal e em outras ligas, jogadores corrigindo colegas? Onde está o mal? Mal estaria na indiferença, no alheamento, no “estou-me a borrifar”.
Então os jogadores não devem dialogar em si, corrigindo-se uns aos outros, aumentando assim os níveis de concentração e mostrando aos adeptos que estão plenamente “dentro” do jogo?
Vejamos o lance, mais uma vez: Katsouranis faz um passe errado para trás, Luisão é obrigado a travar em falta o avançado sadino e recebe o amarelo. O central brasileiro chama a atenção de Katsouranis para o erro e vira-se em direcção à sua baliza. Há aqui alguma coisa de anormal?
Anormal foi o que se passou a seguir. Katsouranis avança, de cabeça perdida, em direcção a Luisão, em altos berros e com palavras nada simpáticas – isso depreende-se porque o gigante brasileiro vira-se, de repente, ao ser interpelado. Depois, a atitude do grego, no corpo a corpo, é bem mais ameaçadora do que a do brasileiro. Não contente com isto, Katso, ainda ergueu o dedo do meio na direcção de Luisão – um gesto aprendido na escola de Veiga.
Agiram mal os dois? Não há que ser salomónico como Camacho: Luisão tem muitas antenuantes. Além do mais, Katso já vinha de um comportamento muito pouco profissional, ao falhar o primeiro treino pós-final do ano.
Damos o benefício da dúvida ao treinador espanhol, que, como os árbitros, teve de decidir a quente. Agora, no processo que se vai seguir, há que pesar as culpas de um e de outro, o perfil de um e de outro, os bons serviços de um e de outro.
A Luís Filipe Vieira que, muito bem, chamou a si a resolução de todo este processo, só se pede que para além de colocar o balneário na ordem, afaste todas as ervas daninhas herdadas da gestão “veiguista”.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Isto é um circo

Mantorras, alegria do povo, depois do golo ao V. Setúbal (1-1). Foto Nacho Doce/Reuters

Este devia ser um texto sobre Pedro Mantorras, a alegria do povo. Como escrevi premonitoriamente no “post” anterior, este jogo estava destinado a ser o jogo de Pedro Mantorras. Infelizmente não foi o jogo do angolano, nem de Camacho, nem do Benfica. Este foi o jogo do absurdo, um absurdo chamado Benfica, clube e equipa. Camacho esteve bem na recuperação física e psicológica do angolano. “Deixem jogar Mantorras” era o título que eu gostaria de colocar aqui. Não o faço, porque o título vai ser “isto é um circo”.
É absurdo deixar sair um lateral-esquerdo, como Miguelito, e depois ter de adaptar ao lugar um lateral direito, devido à ausência de Leo. É absurdo não colocar Mantorras ao lado de Cardozo desde o início, sabendo que o paraguaio rende mais acompanhado, num jogo que tinha de ser ganho. É absurdo o que se passou entre Luisão e Katsouranis. É absurda a decisão de Camacho, ao substituir os dois jogadores.
Camacho tomou uma decisão salomónica para responder ao desaguizado, em pleno relvado, entre os dois jogadores do Benfica – coisa raramente vista e que indicia graves problemas de balneário.
Foi uma “não decisão” e que influenciou o resultado do jogo. Porque no lance do golo do V. Setúbal, faltava lá Luisão. Porque Camacho “queimou” todas as substituições a 20 minutos do fim com o resultado em branco. Porque penalizou dois jogadores quando só um devia ter sido penalizado. Porque quem errou foi Katsouranis e não Luisão. Porque pode ter “perdido” Luisão para o resto da época. Porque quem não se sente não é filho de boa gente, e Luisão sentiu a injustiça. Porque se Luisão seguiu directo para o banho e Katsouranis foi para o banco, Camacho devia ter imposto o mesmo caminho ao grego. Porque, agora, vamos ver o que acontece. O campeonato está quase perdido. Falta a UEFA e a Taça de Portugal. Assim não !!!!

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Os "mind games" de Camacho

Mantorras está destinado a ser sempre um “caso” dentro do Benfica. Pelos bons e maus motivos. Foi contratado pelo Benfica ao Alverca quando Luís Filipe Vieira era presidente do clube ribatejano. O negócio, quando Vieira assumiu a liderança do Benfica, foi aproveitado para lhe lançar ataques nunca fundamentados.
As exibições ao serviço do Alverca faziam crer que tinha chegado à Luz um “novo Eusébio”. Finalmente, este não enganava. Os primeiros jogos, nomeadamente uma mágica prestação contra o V.Setúbal, na Luz, com três golos, mais confirmavam o prognóstico.
Depois, a maldita lesão, o desastroso diagnóstico, a incompetência terapêutica, o acompanhamento, até psicológico, deficitário, e lá se foram mais de dois anos de ausência dos relvados. Um calvário para o jogador, um pesadelo para o clube, um drama para os adeptos e os amantes de bom futebol.
Veio a recuperação pelas mãos milagrosas de um médico catalão, Ramon Cugat. Estávamos em 2004, Trapattoni era o treinador, Mantorras a arma secreta. Os seus vários golos a minutos do fim, dando a vitória ao Benfica: Leiria, Marítimo, Boavista, Estoril, foram decisivos para a conquista do ansiado campeonato. Mantorras, a alegria do povo.
Veio Ronald Koeman, a “laranja mecânica”, e a frase que lhe abriu a porta da saída: “Mantorras, se calhar, é melhor ser emprestado”. Quem saiu foi o holandês. Veio Fernando Santos, mais humanidade, a mesma inabilidade: “Mantorras não tem condições para jogar 90 minutos”. Mantorras respondeu: “Não sou coxo”. Foi-se o engenheiro.
Chega Camacho, no auge da sua aura sebastiânica: “Mantorras precisa de parar e melhorar a sua condição”. Mantorras parou durante 3 meses. Está de novo apto para todo o serviço. “Mantorras está cada vez melhor”, disse o espanhol no segundo dia do ano, acrescentando que espera que o angolano “possa ser importante para o Benfica esta temporada”. “Camacho recuperou-me”, respondeu Mantorras. Quem é que disse que Camacho não sabe utilizar os “mind games”?

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Homero Serpa

“Admirei Homero Serpa muito antes de o conhecer e de trabalhar a seu lado. Sim, porque Homero não era treinador de carreira. Era jornalista de “A Bola”, belenenses confesso, e foi convidado para salvar o seu clube de uma crise de resultados que, sem ele, sempre tive a certeza, conduziria a uma descida de divisão. Tenho por certo que todos os “confessos” são de um mundo que não este.
Homero Serpa meteu folga no jornal, vestiu o fato de treino e salvou o Belenenses da despromoção, graças a uma única habilitação profissional: o amor. Muitos anos depois, quando comecei a trabalhar neste jornal, onde brilhava uma irrepetível geração de jornalistas, sempre olhei para Homero Serpa com especial e acanhado encanto”.
Leonor Pinhão, in “A Bola” de 3 de Janeiro de 2008

Esta é a minha singela homenagem a Homero Serpa. Está aqui tudo. Neste blogue do Benfica, sobre o Benfica, para benfiquistas (vá lá… e não só), há sempre, mas sempre, espaço para escrever sobre quem gostamos e admiramos.
Conheci pessoalmente o grande jornalista Homero Serpa em circunstâncias que não vêm para o caso. Antes disso, já o “conhecia” muito bem das páginas do jornal “A Bola”, companheiro inseparável de há mais de 30 anos. Homero Serpa, como diz Leonor Pinhão, fazia parte da mais brilhante equipa de jornalistas que passou pelo jornalismo desportivo (e não só): Homero Serpa, Carlos Pinhão, Vítor Santos, Carlos Miranda, Alfredo Farinha, Cruz dos Santos, Aurélio Márcio, Santos Neves, e depois Vítor Serpa, Leonor Pinhão, Rui Santos, Joaquim Rita. E fiquemos por aqui, antes que alguma falha grave se registe.
Sem nenhuma vocação para as compilações necrológicas, reparo que costumo guardar as edições de “A Bola” com as notícias do falecimento dos “galácticos” do jornal. Será assim com o Homero Serpa, como foi com o Carlos Pinhão, o Vítor Santos, o Carlos Miranda. Para estarem sempre ali…

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Simão arrasa Veiga

Não teve 8 jornalistas a entrevistá-lo, como Rui Costa, nem sequer 7, como Filipe Soares Franco, bastou um para que a entrevista de Simão a “A Bola” se tornasse num documento.
Falou como joga, o agora jogador do Atlético de Madrid, indo para cima do adversário, para o um-a-um como ele tanto gosta, e, quase sempre, deixa-o para trás. Simão não evitou as perguntas mais incómodas, nem se refugiou na máxima “isso são assuntos que não comento”.
Um jogador com opinião, em Portugal, é sempre algo difícil de encontrar. Se calhar, Simão já está imbuído da personalidade dos jogadores espanhóis, que não se coibem de dar a sua opinião, doa a quem doer. Exemplo foi a entrevista de Helguera, o jogador do Valência, criticando o seu treinador Koeman, e defendendo os seus colegas afastados, os históricos Canizares e Albelda.
Entre Luís Filipe Vieira e José Veiga, Simão não tem dúvidas: “Foi Luís Filipe Vieira quem construiu este grande Benfica”. Uma afirmação que, por si só, vem deitar por terra todas as ideias acerca da influência de Veiga no balneário do Benfica. Se é o próprio “capitão” a falar assim…!
De uma assentada, caem por terra os famosos 10 mandamentos para tornar o Benfica campeão, que José Veiga garantia, no seu livro, serem condição “sine qua non” para regressar à hegemonia do futebol nacional. “Ele foi importante, mas os jogadores, o treinador e o presidente ainda o foram mais”, disse Simão, sobre os artífices do título de 2004. E agora, qual vai ser a resposta de Veiga?

Obs 1: O blogue “Bola na Área”, um dos mais referenciados blogues desportivos, elegeu o “O INFERNO DA LUZ” como um dos “10 mais” de 2007. A distinção é exagerada vinda de quem vem, e embaraçante tratando-se do “Bola na Área”, um espaço de qualidade ímpar na blogosfera desportiva. http://bolanaarea.blogspot.com/2007/12/os-meus-blogs-de-desporto-em-2007.html

Obs 2: Um trabalho jornalístico notável, assinado por Bruno Prata, um jornalista desportivo daqueles que sabem o que dizer e escrever (raro, raro…), apresenta hoje no “PÚBLICO” os possíveis destinos de José Mourinho. À cabeça aparece o Liverpool, como, aliás, “O INFERNO DA LUZ” já tinha prognosticado. http://oinfernodaluz.blogspot.com/2007/12/mourinho-no-liverpool-vai-uma-aposta.html
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