quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Azar, dizemos nós...

Um golão sul-americano para a Europa admirar. (Foto em www.slbenfica.pt)

O jogo de hoje à noite do Benfica contra o AC Milan, no Estádio da Luz, para a Liga dos Campeões (1-1) foi o espelho do que se passou em todos os outros jogos desta fase de grupos. Muito ataque, muitos remates à baliza, muitas oportunidades de golo, muitos golos falhados. Seguindo o douto critério de Miguel Sousa Tavares, tivemos muito, mas mesmo muito, azar. É certo que cada um vê do ângulo que quer, para uns sorte ou azar, para outros mérito ou demérito.
Assentemos, portanto, que ao evidente azar, algum demérito também existiu. Desde logo, demérito de Nuno Gomes, que em duas excelentes ocasiões para disparar à baliza, preferiu endossar a bola a um companheiro. De um ponta-de-lança exige-se mais confiança, mais personalidade e um “killer instinct” que Nuno Gomes notoriamente não tem. Sem desprimor para a sua abnegada e esforçada exibição, sozinho na frente até sair a 15 minutos do fim.
Demérito também para Óscar Cardozo, que entrou a substituir Nuno Gomes. O paraguaio demora a adaptar-se e a sua entrada nada veio acrescentar. Perto do fim, não segurou um passe de morte de Rui Costa que o colocaria cara a cara com Dida, o guarda-redes do AC Milan. Além do mais, o “fácies” de Cardozo desmoraliza qualquer um, mas vamos acreditar que guardado está o melhor bocado do paraguaio, para sábado.
Dir-me-ão, então o Benfica faz uma exibição de encher o olho, coloca o AC Milan, campeão europeu em título e considerada a melhor equipa do Mundo, lá trás durante a maior parte da partida e só falas em demérito? Calma, insisto que foi muito azar (espero que o MST não vá ler isto). O mérito vai todinho para Maxi Pereira, um Super Maxi, não só por causa do golão que marcou mas também pelo jogão que fez. Depois da exibição pela Selecção do Uruguai frente ao Brasil (também Christian Rodriguez se exibiu a alto nível), Maxi voltou a mostrar credenciais.
Mérito ainda para Petit, um jogador que enche qualquer campo e para quem os elogios são já um lugar comum, e para Luís Filipe, a melhor exibição ao serviço do Benfica – esperemos que não perca a veia. Muito bem também David Luiz e Katsouranis. Menos bem Rui Costa, muito tapado, e Luisão, algo lento.
Camacho talvez pudesse ter sido mais ousado na recta final, se mantivesse Nuno Gomes e Óscar Cardozo juntos no ataque. Di Maria foi um desastre. O argentino é muito jovem mas tem de começar a aprender que o futebol de alta competição na Europa não se compadece com “brincas na areia”. Adu podia ter entrado muito mais cedo. “Se” e “talvez” são palavras tão inócuas como “sorte” e “azar”. Servem apenas quando não temos argumentos válidos. O que é certo é que ficamos de fora da próxima fase da Liga dos Campeões, mas podemos ainda ir à Taça UEFA, se ganharmos na última jornada ao Shaktar Donetz, na Ucrânia. Vamos acreditar que vai acontecer. Basta ter, mais uma vez, o coração e a raça que tivemos hoje – imagem de marca – e menos azar…

OBS: Em Anfield Road, o Liverpool esmagou o FC do Porto por 4-1. É o que tem jogar contra equipas que vestem de vermelho…

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Sorte, disse ele... !? *

Sorte, diz ele. Sorte? O autor de “Equador” e de “Rio das Flores”, Miguel Sousa Tavares, à falta de melhor argumento, diz, e passo a citar, “acho que nunca, em tantos anos a ver futebol e a seguir campeonatos, vi uma equipa com tanta sorte como este Benfica de 2007/8” (in jornal “A Bola” de 27 de Novembro de 2007, rubrica “Nortada”).
O celebrizado escritor, jornalista e comentador, conhecido pela sua coragem opinativa é, no entanto, sobre este assunto bem cauteloso. Vejam bem: “acho que…”, defende-se ele. Acha mal. E tem memória selectiva.
Miguel Sousa Tavares chamou “sorte” ao golo de calcanhar de Luisão, no Académica-Benfica, de sábado passado. Pois bem: e o golo de Madjer, em 87, no Bayern-FC do Porto, final da Taça dos Campeões Europeus, no Prater de Viena? Lance genial, claro…E o golo de Ademir, lembra-se, a 7 minutos do fim, em 1978, em pleno Estádio das Antas, num épico FC do Porto-Benfica, cujo empate final de 1-1 acabou com o jejum portista de 18 anos sem ganhar o campeonato? Falta mal assinalada à entrada da área do Benfica, Ademir remata, a bola bate na barreira e trai Fidalgo. Lance estudado, sem dúvida…E o FC do Porto-Benfica do ano passado? 2-2 já nos descontos, lançamento de linha lateral para os portistas, confusão na área do Benfica e Bruno Morais (que é feito dele?) a tocar ao de leve para dentro da baliza. Justiça tardia, com certeza…Exemplos como estes e outros são aos milhões, meu caro Miguel Sousa Tavares. Por um motivo bem simples: um jogo de futebol é imprevisível, aleatório. Um golo com um remate de longe, a 30 metros, pode ser para mim um golo de sorte e para si um golo memorável. Um jogo de futebol é assim: há a sorte, claro, mas a sorte não explica tudo.
“Acho que nunca, em tantos anos a ver futebol e a seguir campeonatos, vi uma equipa com tanta sorte como este Benfica de 2007/8” é uma afirmação infeliz e absurda. Podia confrontá-la com outra, talvez, também, inverosímel: “Acho que nunca em tantos anos a ver futebol e a seguir campeonatos, vi uma equipa com tanta raça como este Benfica de 2007/8”. Dito assim, nenhum de nós tem razão. Porque em futebol não é possível ter afirmações definitivas.Voltando à “sorte”. Lembra-se do campeonato de 1987/88? Benfica campeão, treinado por Toni? “Acho que nunca em tantos anos a ver futebol e a seguir campeonatos, vi uma equipa marcar tantos golos nos últimos minutos como esse Benfica de 1987/8”. Coincidência?

* "Crónica do Peão", publicada por mim no blog http://mestresdofutebol.blogspot.com - onde só se respira futebol.

Como se diz "sistema" em inglês?

Graham Pool, considerado o melhor árbitro inglês, não está imune aos erros, mas se Vítor Pereira, Presidente da Comissão de Arbitragem da Liga, o pudesse nomear para a Luz, era um alívio, para ele e para todos os que gostam de futebol "limpo".

Mais cedo ou mais tarde era inevitável regressar ao tema da nomeação de árbitros estrangeiros para os jogos entre os grandes clubes do nosso futebol. Foi Rui Santos quem retomou essa proposta, lançada pela primeira vez, se bem me lembro, há quase 20 anos por Gaspar Ramos (corrijam-me se errei, sff), então homem-forte do futebol benfiquista e inimigo de estimação de Pinto da Costa. Estávamos na altura em vésperas de mais um “quente” Benfica-FC Porto (ou FC Porto-Benfica). Como agora.
Retomar esta proposta é um claro sinal de que nada de muito significativo e substancial mudou no futebol português nestas duas últimas décadas. Nem mesmo o advento do “Apito Dourado” parece estancar a onda de suspeição que tem sido a imagem de marca do nosso campeonato principal (para já não falar dos escalões inferiores e dos pequenos e grandes escândalos que por lá abundam).
Uma célebre canção de Paulo de Carvalho dizia que 10 anos era muito tempo. No futebol português, 20 anos não é nada, tudo parece ter parado no tempo: as mesmas situações, as mesmas personagens, as mesmas afirmações, as mesmas suspeições, os mesmos protagonistas – figurinhas e figurões de um “circo” onde a impunidade é traço genético… até ver.
Árbitros estrangeiros no Benfica – FC Porto? Porque não? Vítor Pereira, esse ex-árbitro internacional de imagem imaculada, está prestes a sentir o sabor a fel. Já ninguém o livra de ser considerado um erro de “casting”, tendo perdido a oportunidade de avançar com corajosas reformas no sector de arbitragem. A esperança transformou-se em desilusão. Por isso, o melhor é recuar na máquina do tempo e voltar a exigir, como Rui Santos, a nomeação de uma equipa de arbitragem estrangeira para o clássico de sábado.
Qualquer que seja a escolha de Vítor Pereira, ela não estará nunca livre de interpretações ao sabor das tendências dos mais diversos protagonistas. Antes da “revolução” anunciada da introdução dos meios tecnológicos na arbitragem (que Vítor Pereira bem podia vir a liderar), que venham os “Graham Pool” lá de fora. Como se diz “sistema” em inglês?

sábado, 24 de novembro de 2007

Paciência, Domingos!

Vitória por 1-3 em Coimbra reforça cavalgada em busca da liderança. Agora que venha o FC do Porto. (Foto em www.slbenfica.pt)
O sorriso, meio trocista, meio de satisfação, de Domingos Paciência, o treinador da Académica, a 10 minutos do fim do jogo contra o Benfica, em Coimbra, com o resultado em 1 – 1, rapidamente se transformou num esgar de desespero, olhos no chão e cabeçada na parede plastificada do banco de suplentes. É verdade, Domingos voltou a baixar os olhos em direcção ao chão, tal como o fez no ano passado durante um célebre União de Leiria – FC do Porto. Nessa altura, Domingos, treinador da União, estava vergado à vergonha de contribuir para a derrota do “seu” FC do Porto, e nem ousava ver o que se passava no relvado, deixando os seus jogadores entregues à sua sorte. Ontem à noite, os olhos no chão indiciaram impotência para travar o Benfica e, assim, dar uma pequena ajuda ao “seu” FC do Porto. Paciência, Domingos!
Aliás, a equipa da Académica tinha a lição bem estudada, ou não fosse Coimbra terra de doutores. Domingos Paciência sabia que o Benfica tem uma semana terrível pela frente, com jogos com o AC Milan e o FC do Porto, nos quais é preciso que os jogadores estejam na plenitude da sua forma física e psíquica. Não foi, por isso, de estranhar a forma excessivamente aguerrida com que os jogadores da Briosa entravam aos lances, certamente cumprindo as preciosas indicações de Domingos Paciência. Resultado: lesão de Nuno Assis aos 5 minutos de jogo, e mais não se seguiram por mero acaso, tal a impetuosidade dos homens de negro.
Agora, a um ponto do FC do Porto, que só joga hoje à noite com o V. Setúbal, a esperança é total para os jogos com o AC Milan e os dragões. Camacho é um pé quente, como dizem os brasileiros. Mais uma vez o Benfica decide o jogo nos últimos minutos, sintoma de uma força psicológica que em muito se deve à presença e ao trabalho do treinador espanhol.

De pequenino se torce o pepino...


A polémica em torno do jovem jogador de 8 anos, Bruno Silva, do Bragafut, pretendido pelo Benfica e pelo Sporting, tem-se pautado pela discussão do acessório e não do essencial. Colunistas de ocasião e opinadores de pacotilha viram nesta polémica mais um pretexto fácil para atacar o Presidente do Benfica.
No meio desta trapalhada, já se identificaram os bons e os maus da fita. Os bons são o Bragafut, os pais do atleta e o Sporting, os maus, o Benfica e o seu Presidente. O Bruno serve apenas para tornar mais odioso aos olhos da opinião pública o comportamento de Luís Filipe Vieira e do Benfica, qual “Esmeralda” de chuteiras.
Ora, se é lamentável aquilo que está a acontecer ao miúdo de Braga, mais lamentável é o aproveitamento da situação para fins inconfessáveis. Neste processo não há virgens puras, mas apenas uma vítima inocente, o Bruno Silva. O essencial, que é escamoteado, passa por discutir se é razoável vigorar uma legislação desportiva que permite que se negoceie uma criança de 8 anos como se de um sénior se tratasse. A isto, o senhor Madaíl, presidente da Federação, nada diz, mais preocupado que está em divulgar os seus delírios grotescos como o de organizar o campeonato do mundo de futebol, sonhando, talvez, com a construção de mais 10 OTAs, quais “elefantes brancos” à imagem do aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto. E o silêncio do secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, também não deixa de ser confrangedor.
O essencial, que é escamoteado, é questionar como é possível que um pequeno clube de futebol de sete, o Bragafut, coloque “no mercado” uma criança de 8 anos. E como é possível que os pais do Bruno Silva, vendo no filho talvez a resolução de todos os problemas financeiros, presentes e futuros, aceitem este negócio, como se se tratasse de uma mera mercadoria.
Luís Filipe Vieira, neste quadro, limitou-se a aceitar as regras do jogo e a disputar um jogador “no mercado”, defendendo, como lhe compete, os interesses do Benfica. Aos moralistas de última hora, aconselho-os a não utilizarem o jovem Bruno Silva como arma de arremesso, pretendendo retirar deste triste episódio dividendos mais apetecíveis no mundo dos adultos.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Zero + Zero


Portugal está apurado para a fase final do Euro 2008 a realizar na Suiça e na Áustria, depois de um descolorido empate sem golos contra a Finlândia, no último jogo de apuramento realizado ontem à noite no Estádio do Dragão, no Porto. A precisar apenas de um empate para se apurar, Portugal mostrou-se uma equipa desinspirada e amorfa contra uma Selecção claramente inferior. E se fosse preciso ganhar?

Foto em www.maisfutebol.iol.pt

O INFERNO nos Jornais

In "Jornal de Notícias" de 21 de Novembro de 2007

terça-feira, 20 de novembro de 2007

O anjo branco

O texto que aqui publico foi o primeiro que "postei" no blogue http://mestresdofutebol.blogspot.com, para o qual fui simpaticamente convidado a escrever. Porque é um blogue que vale a pena consultar, resolvi falar daquele que foi, talvez, a primeira estrela global do futebol: Di Stéfano, para uns, D. Alfredo, para outros, "saeta rubia" para os radialistas, anjo branco para os amantes do bom futebol.


Vi-o a sair de cadeira de rodas da unidade hospitalar onde lutou pela vida. É uma imagem que fica na minha memória. Vi-o curvado, sob o peso de 79 anos bem vividos e sob as sequelas de uma “revienga” causada por um enfarte de miocárido que o atirou para uma cama de hospital durante um mês.
Querem falar de bom futebol? Querem escrever sobre o bom futebol? Então, esqueçam Ronaldinho, o Gaúcho, esqueçam Beckam, o “old Spice”, esqueçam Zidane, o marselhês, esqueçam Cristiano Ronaldo, o libertino.
Recuemos uns anos, uns largos anos, é certo. Segunda metade da década de 50, o Real Madrid dominava a Europa e o Mundo do futebol. De 56 a 60 ergueu a então denominada Taça dos Clubes Campeões Europeus.
Naquela assombrosa equipa, de Gento e Puskas e Del Sol, sobressaía uma figura imponente, careca como Bobby Charlton, a quem apelidavam de “saeta rubia”, para lembrar a sua origem argentina.
Antes de chegar à Europa, no país das pampas, representou outro clube mítico, o River Plate, arqui-rival do Boca Juniors, de Maradona, El Pibe.
Depois, o destino era Barcelona, mas acabou em Madrid, para glória dos “blancos”. Ironia do destino: também Eusébio, o Rei, estava para vir para Alvalade e acabou na Luz. É assim que se faz a história dos maiores clubes do Mundo.
Voltemos à “saeta rubia”. Descobriram? Claro, D. Alfredo. Hoje, qualquer um tem o nome estampado na camisola. Naquele tempo, apenas o 9 na camisola branca, como apenas o 10 na camisola vermelha de Eusébio, como o 14 na laranja de Johann Cruyff, como o 10 na azul de Platini e na celeste de Maradona. Só o número. O nome, esse nome, Alfredo Di Stéfano, estava debruado a ouro nos corações madridistas.
Esses milhões de corações bateram, desde a Praça Cólon à La Castellana, num frémito de emoção quando D. Alfredo assomou à porta do hospital. Vergado, como nunca o tinham vergado nos relvados. Mas, ali. O anjo branco.

domingo, 18 de novembro de 2007

Vergonha nacional !



A imagem que os jogadores da Selecção portuguesa deixaram ontem à noite no jogo contra a Arménia, em Leiria, de apuramento para o Euro 2008 devia envergonhar todos aqueles que gostam de futebol e gostam da selecção.
O que se viu durante os 90 minutos, entre a 8º selecção mais forte da Europa e a que ocupa o 32º lugar, segundo o ranking da UEFA, devia fazer envergonhar em primeiro lugar o senhor Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol.
O problema é que nem Madaíl nem muitas daquelas primas donas que envergaram o novo jersey nacional merecem que as dezenas de milhares de pessoas que arrostaram o frio sintam vergonha, apenas desprezo.
Desprezo por quem parece vir fazer um frete para jogar pela Selecção. Desprezo por quem não tem respeito por quem pagou bilhete, deslocou-se de longe, vibrou com a chegada do autocarro pintado com as cores de Portugal.
Madaíl, para dar o exemplo, devia fazer suas as palavras de Paulo Bento, quando, no final do Braga-Sporting, disse que os jogadores leoninos não dignificaram a camisola. Os jogadores da Selecção não dignificaram as cores nacionais. Mas Madaíl, fazendo jus a uma filosofia de liderança que passa por não fazer muitas ondas para ir mantendo o poleiro, nada vai dizer e nada vai fazer.
Portugal ganhou por 1-0, depois do árbitro ter fechado os olhos a uma grande penalidade cometida por Ricardo sobre um jogador arménio, que podia, até, ter redundado em explusão para o guarda-redes português.
Quarta-feira, contra a Finlândia, no Estádio do Dragão, Portugal precisa apenas de empatar para se apurar para o Euro. Esperemos que os jogadores dispam o fato de gala e vistam o fato de macaco. Vão precisar. Até lá, um puxão de orelhas ao que aconteceu hoje à noite podia ser pedagógico.

quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Árbitros e Juízes




Rui Santos revelou, recentemente, que, ainda jornalista de “A Bola”, chegou a propor que a apreciação aos árbitros nas crónicas dos jogos fosse eliminada, em defesa da transparência do futebol e de um ambiente mais urbano e civilizado. A proposta foi rejeitada. Segundo Rui Santos, em virtude de existir já um patrocínio contratado para o espaço editorial de apreciação da arbitragem.
Enquanto ouvia o comentador da SIC Notícias e colunista do "Record" e do "Correio da Manhã" reflectia sobre o objectivo dessas apreciações com atribuição de notas aos árbitros, hoje a merecer lugar de destaque no espaço dedicado à crónica do jogo.
Julgo que nada de positivo se ganha com essa orientação editorial. Apenas e só se criam mais pretextos de discórdia, conflitualidade, polémica gratuita. Como dizem os entendidos e os especialistas, um árbitro, sendo parte do jogo não deve ser parte do espectáculo – quanto mais despercebido, mais competente e eficaz.
Se assim é, porquê, então, esta necessidade de dar visibilidade à análise feita à arbitragem pelos jornalistas encarregues da cobertura do jogo? Nos últimos anos, uma nova rubrica surgiu no jornalismo desportivo: os “tribunais” arbitrais. Ex-árbitros analisam à segunda-feira, em meia dúzia de linhas, os lances mais polémicos.
No jornal “O Jogo”, o naipe de analistas é composto por Jorge Coroado, Soares Dias, Rosa Santos e António Rola. Independentemente do que pensarmos do seu passado como árbitros, que contributo dão estas análises para a pacificação do futebol português? Nenhum, pelo contrário.
Comentadores e “paineleiros” utilizam-nas, até, como armas de arremesso e para justificar o injustificável. E qual a ética a destes ex-árbitros que colocam em xeque o trabalho dos seus colegas, quando têm várias horas para ver todas as repetições televisivas dos lances e tecer o seu comentário? Como Rui Santos, pergunto: E não é possível expurgar os jornais destes corpos estranhos?


OBS: A manchete de hoje do jornal "A Bola", que revelava a provável ida de José Veiga para director-geral da SAD da União de Leiria, faz-me pensar nos critérios que devem presidir à escolha das pessoas para trabalharem nos clubes. Se a cor da camisola não deve substituir o mérito e a competência, o único critério válido será assim escolher quem junte as duas componentes. Quanto a Veiga, apenas uma nota: Quem sai aos seus...

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Cartas do Diabo (7)

"Fico admirado por ninguém comentar o que o Jaime Pacheco disse na entrevista (no final do Benfica-Boavista).
Será que ele viu o mesmo jogo?
Não vê que o Zé Kalanga devia vir para rua na primeira parte, quando em plena área da baliza do Benfica joga a bola com a mão?
Não vê que num cruzamento extremamente perigoso para a área do Benfica, a bola chegou a estar fora do campo?"

email enviado por Raul Vilas Boas (raulvilasboas@iol.pt)

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Não se esqueçam do José Torres!

Uma das mais maravilhosas e eternas equipas do Benfica de todos os tempos, que disputou a final da Taça dos Campeões Europeus de 67/68 contra o Manchester United, em Wembley. Aqui fica a sua constituição e a minha deferência e vénia a www.slbenficaimagensretro.blogspot.com: José Henrique; Adolfo, Humberto, Jacinto e Cruz; José Augusto, Jaime Graça, Coluna e Simões; Eusébio e Torres.

Uma instituição como o Benfica tem um passado de que se orgulha, um presente construído em bases sólidas, e um futuro risonho e determinado em regressar aos êxitos da década de 60. Falar do passado não é saudosismo. É ali, sempre ali, que vamos buscar energias para "esquecer" os "apitos dourados" e todo um estendal de escândalos que percorreram (e que, apesar de mais dissimulados, ainda percorrem) o futebol português nas últimas décadas. Nós não nos esquecemos do passado. Não nos esquecemos de José Águas, de Eusébio, de Simões, de Torres, de José Augusto, de Coluna, de Cavém, de Jaime Graça, de Humberto Coelho e Vítor Martins, de Chalana e Shéu, de Toni e Néné. Oh, meu Deus, de tantos e tão fenomenais jogadores. Nós também não nos esquecemos das malfeitorais que nos fizeram nos últimos anos. Mas nós somos o Benfica. E, por isso, peço à Direcção do Sport Lisboa e Benfica que não se esqueça de José Torres, o Bom Gigante. Nós não nos esquecemos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Goleada à moda antiga


Desta vez, a bola entrou. Uma, duas, três… seis vezes. E podiam ter sido mais. Foi uma goleada à moda antiga. Depois de um jogo amargo no Celtic Park de Glasgow, contra o Celtic para a Liga dos Campeões, a equipa de Camacho estava a precisar de um jogo destes. E até calhou bem ser contra o Boavista, que muitos consideram ser o quarto grande.
Não houve ninguém que se destacasse. A vedeta foi a equipa. Agora, uma paragem de 15 dias para ver jogar a Selecção Nacional, vai servir para recarregar baterias e colocar em pleno jogadores que estão há muito lesionados, como Petit, David Luiz, Nélson, Mantorras.
Com 4 pontos de atraso para o FC do Porto, e com a visita desta equipa à Luz dentro de três semanas, o campeonato está mais que relançado. Quem diria, há 15 dias atrás?

OBS: O que diriam se fosse Binya a ter as entradas que ontem se viram por parte de Tonel sobre João Pinto (vá lá que o árbitro mostrou o vermelho directo), ou de Bruno Alves sobre Anselmo, do Estrela da Amadora, que nem amarelo mereceu?

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Em defesa de Binya

Ricardo Lemos, jornalista de “O Jogo”, não podia ser mais claro. Em comentário hoje publicado intitulado “Terrorismo mediático”, diz a determinado passo: “É claro que Binya ultrapassou os limites, vai ser punido (a UEFA, mesmo sem entrevistas dos árbitros, não costuma ser branda), mas dar ao lance tanto espaço mediático soa a perseguição. Binya é um jovem, está a entrar agora no futebol europeu, tem margem de progressão e sabe que errou – não vale a pena crucificá-lo”.
Meu caro Ricardo Lemos, como estou de acordo com o que escreveu. Agora que até no Parlamento se fala no “Canal Memória”, aproveito para aconselhar todos os que zurziram em Binya que refresquem a dita memória e visualizem imagens não muito antigas, de lances de ex-jogadores, em confrontos que ficaram célebres, que culminaram com narizes partidos (e outros envolvendo, por exemplo, actuais treinadores no desemprego). O historial é fértil e a máquina do tempo tem um arquivo inesgotável. Não é preciso, por isso, recuar ao tempo de Nobby Stiles.
Faço só estas perguntas: qual o estado físico de Figo, depois da entrada de Nedved (um jogador exemplar)? Qual o estado físico de Scott Brown, o jogador do Celtic, envolvido no lance com Binya?
O futebol é um jogo viril, duro, de contacto físico. Há lances propositados, é certo, mas a esmagadora maioria joga leal. Binya, quero crer, é um jogador leal. Cometeu um erro, fruto do excesso de vontade, de alguma imaturidade, de uma juventude que quer rapidamente mostrar serviço.
Quem nunca errou, que atire a primeira pedra. Binya tem um largo futuro pela frente, vai aprender com os erros, mas não queira agora armar-se em moralista, quem nunca apontou o dedo a piores infracções.
OBS: O secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, sugeriu que o presidente da Comissão de Árbitros, Vítor Pereira, era a pessoa ideal para "dar já" a classificação final do campeonato. Alguns "media" apressaram-se a, de imediato, garantir que as palavras do governante foram ditas "em jeito de brincadeira".
Seja como for, algo vai mal quando um membro do Governo se dá a essas informalidades perante a comunicação social. Ou terá sido o subconsciente a falar? O que sabe Laurentino Dias que nós não sabemos?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Cartas do Diabo (6)

"Se fosse o Fernando Santos, havia um motim à chegada"
Não podia estar mais de acordo contigo. Para Camacho deve ser fácil chegar ao fim e dizer que "nosotros intentamos salir a ganar mas a bola non quiere entrar" mas para mim que passo 24 horas a pensar no Benfica é mais dificil perceber aquela porcaria daquelas substituições. Não sou gajo de estar sempre a criticar as opções dos treinadores porque são eles que treinam os jogadores e convivem com eles diariamente, mas ontem a questão foi outra: medo e estupidez. O Benfica precisava de vencer ou empatar, no mínimo! Então só tinha que tirar o Edcarlos, descer um pouco o Katso e meter o Nuno Gomes ao lado do Cardozo. Ou tirar o Bynia e meter o Nuno Gomes. Para além disso, a conversa com os jogadores ao intervalo deve ter sido uma porcaria, já que na primeira parte controlamos o jogo, jogamos bem e criamos oportunidades, tudo a jogar a bola de pé para pé. E na 2ª parte andamos a despejar bolas na área para os centrais deles aliviarem...que chatice! Se fosse o Fernando Santos, havia um motim à chegada...Ainda por cima o Benfica com tantas e boas opções: Di Maria, Adu, Nuno Assis, Nuno Gomes...Porra, estou desolado!



email enviado por Tiago Pinto (www.footballdependent.blogspot.com ), em comentário ao post "Erro de Camacho"!


"Não se lembra que em Celtic Park, com Fernando Santos, levamos 3?"

Oh Sr. Tiago Pinto, então não se lembra que com Fernando Santos levamos 3 em Braga e no Bessa? E que no mesmíssimo Celtic Park também levamos 3?Lembra-se que com Fernando Santos em Glasgow jogou Alcides em vez de Nélson porque "precisávamos de altura" e sofremos 3 golos todos oriundos do nosso corredor direito (parece sina)? Não se lembra que só descobrimos David Luiz depois do desespero em Paris? Não se lembra que sofríamos demasiados golos ao cair do pano, porque insistia em defender o resultado mínimo? Eu JAMAIS me sentirei triste pela saída do Fernando Santos e congratulo-me com o Presidente por ter rescindido com ele. Camacho tem os seus defeitos, que não esperava que tivesse, tais como: - Parece que está-se a deixar-se levar pela imprensa no que respeita à convocação de Luís Filipe;- Parece que Adu não lhe caiu no goto, apesar de ser notoriamente um bom jogador;- Parece que Rui Costa tem um peso excessivo no balneário, que transporta para o relvado, condicionando (para o bem e para o mal) todo o futebol da equipa. Segurando em demasia a bola quando no futebol moderno tudo é feito em rapidez - veja-se o Manchester, o Barça, o Lyon - e o Benfica tem jogadores para isso (Rodriguez no Uruguai jogava no meio, Di Maria e Adu são rápidos (e não me venham com tretas que são jovens porque Nani, Ben Harfa e Bojan também são). Passa quando e como quer a bola e ralha com todos menos consigo mesmo, porque a ele tudo é perdoado. E tem de jogar sempre. Giggs jogou sempre em Manchester (Rui Costa esteve muito tempo em Itália) mas nem sempre joga. Ontem jogou (e bem) Nani e mesmo se não corresse bem ninguém lembraria o "estatuto" de Giggs, Porque é que no Benfica é diferente?Como dizia, não esperava isso do Camacho, mas ele poderá dizer que não fez a pré-época. Depois de Janeiro, tirarei as minhas ilações, mas NUNCA desejarei Fernando Santos e POUCOS Benfiquistas desejariam a sua continuidade. Quanto ao Sr. A-PV, só se lembra do Fernando Santos quando o Benfica perde e para mim é um péssimo comentador e não percebe NADA de futebol (aliás o Benfica é pessimamente representado nos forum deste tipo). Ainda me lembro de um programa onde este mesmíssimo A-PV, perguntado por Carlos Daniel sobre quem achava que seria revelação afirmou...Vukcevic! Mas não é só isso. Os comentadores do Benfica fazem sempre um enormíssimo esforço para agradarem aos rivais, querendo passar a ideia de que são menos clubistas quando o que se lhes pede é exactamente que sejam clubistas, que defendam os interesses do Benfica. Ele também engoliu a ideia errada que o Benfica tinha 7 extremos esquerdos. Para mim esta gente não representa o Benfica, pelo menos eu não me revejo nas suas ideias reaccionárias. Para terminar (e já disse muito), para quando uma equipa com Quim (ou Butt, tanto me faz)-Nélson-David Luiz, Katsouranis e Léo; Petit e Romeu Ribeiro; Cristian Rodriguez, Adu e Di Maria; Cardozo?? Acho que seria um espectáculo de futebol. Muitos diriam que seria demasiado jovem, mas já viram o Arsenal? Um muito obrigado para este blog porque presta um excelente serviço a nós que somos adeptos do Benfica e que SEMPRE desejamos sucesso ao nosso clube que é a instituição mais DEMOCRÁTICA que conheço!!


email de José Casimiro de Pina (Cabo Verde), em comentário ao post "Carta aberta a António-Pedro Vasconcelos"

Benfica ou Sporting?

Ultimamente, tem-se falado muito na comunicação social de um gestor de topo do Benfica, Domingos Soares de Oliveira. É «acusado» de ser do meu clube, o Sporting. Eu já tinha ouvido falar no assunto, mas nunca liguei muito. Tanto se me dá que ele seja de um ou de outro clube, ou de um terceiro, ou que nem tenha clube. Mas agora, com o que tenho lido e ouvido, lembrei-me de uma coisa… Na revista que dirijo («Pessoal»), publiquei há pouco mais de dois anos (Verão de 2005), um perfil de Domingos Soares de Oliveira. O texto é da jornalista Ana Margarida Pedro, a quem Domingos Soares de Oliveira confessou então ser adepto e sócio do Benfica. A foto com a águia foi tirada pelo fotógrafo João Andrés. Pode ler-se o texto a seguir…
António Manuel Venda
Domingos Soares de Oliveira: Um gestor no ninho da águia

(…)
Assim como sofrem os adeptos, de cada vez que a bola bate na trave ou teima em não ultrapassar o guarda-redes, assim sofre igualmente Domingos Soares de Oliveira, adepto e sócio do clube. «Sofro pelo Benfica, mas de maneira diferente do normal torcedor, porque se este fica satisfeito quando a bola entra e insatisfeito quando a bola não entra, eu penso nisso e no quanto fico satisfeito por ver o estádio cheio e muitas camisolas do novo modelo vendidas e insatisfeito com o inverso. É impossível para mim ver um jogo de uma maneira simplesmente apaixonada, sem a perspectiva financeira, até porque uma coisa está associada à outra.» E o que responde a quem ainda levanta a voz para questionar o seu clubismo? «Sou do Benfica, e mesmo que não fosse, depois de cá chegar não há outra hipótese senão vestir a camisola.»Trocar o futebol por outro desporto, só mesmo pelo golfe, que pratica com amigos, «pelo menos uma vez por semana», em Belas. O resto do tempo divide-o com a família, a mulher e três filhos, cujo clube do coração não nos foi revelado.

In Floresta do Sul (http://floresta-do-sul.blogspot.com/2007/11/do-benfica-do-sporting.html) Blog de António Manuel Venda

terça-feira, 6 de novembro de 2007

Erro de Camacho!

Um erro táctico monumental de Camacho impediu o Benfica em Glasgow de, nos últimos 15 minutos, encostar o Celtic às cordas e garantir pelo menos o empate.
Ao retirar Rui Costa, mantendo dois médios defensivos, Katsouranis e Bynia, Camacho não leu bem o jogo e esvaziou a equipa do seu grande municiador do ataque. Sem o 10, o Benfica nunca mais conseguiu chegar com a bola jogável perto da área do Celtic. O passe curto, de pé para pé, bem à portuguesa, e que era a forma mais eficaz de ultrapassar a defesa escocesa, deixou de existir. Sem Rui Costa, privilegiou-se o pontapé para a frente, fácil para os jogadores do Celtic, mestres no jogo aéreo.
O erro de Camacho produziu, ainda, outras desgraças. Ao manter Bynia, de todo em todo contraproducente naquela altura, aumentou as possibilidades de jogar com dez nos últimos minutos – o que veio a acontecer.
Não está em causa o jogador, útil e combativo, mas, naquelas circunstâncias, era claramente uma unidade dispensável. Camacho não o entendeu. Como não percebeu que sem alguém que colocasse a bola no chão, de nada serviria colocar homens na frente. As entradas de Di Maria, Nuno Gomes e Bergessio foram inoperantes, porque a equipa já não sabia como jogar.
É certo que o golo do Celtic, em cima do intervalo, foi um bambúrrio de sorte. Mas não é menos verdade que esperar pelo último quarto de hora para mexer na equipa, quando se via a olho nu que Bynia estava a mais e que Cardozo necessitava de mais apoio, foi algo de inexplicável.
Más decisões todos os treinadores as têm, mas sempre gostava de saber qual o poder de influência que Fernando Chalana tem junto de Camacho. Sem colocar em causa a confiança pessoal em Carcelen, gostava de saber que o treinador espanhol ouvia com frequência as ideias e os conselhos do “pequeno genial”. Se não o faz, faz mal. Chalana sabe de futebol como poucos e a sua experiência deve ser utilizado em benefício do Benfica.
Com esta derrota por 1-0 em Glasgow, o Benfica fica em maus lençóis, mas ainda nada está perdido. Vamos acreditar!

Carta aberta a António-Pedro Vasconcelos


O prestigiado cineasta português e “notável” benfiquista, António-Pedro Vasconcelos (A-PV) enviou-me 2 emails, na sequência de uma interpelação que lhe fiz, também através de email, para o programa “Trio de Ataque”, na RTP, na semana passada.
Não revelando o conteúdo dos emails de A-PV, sendo quem é, não posso deixar de, publicamente, redigir algumas reflexões que eles me suscitaram.
1º Tenho de A-PV a ideia de uma pessoa de carácter e, por isso, sinto-me reconfortado por ver o Benfica por ele representado num programa desportivo. Nem sempre foi (é) assim;
2º Há mais de 10 anos, A-PV foi a única voz que ousou censurar a troca de Toni por Artur Jorge feita pelo então presidente do Benfica Manuel Damásio, depois da vitória no campeonato. Contra o apoio geral em torno da figura do Rei Artur, no qual me incluía, A-PV disse e escreveu que aquela aposta iria ser trágica, como foi. Foi o único a olhar mais além.
Por ter tido razão antes do tempo, foi “atacado meses e anos por toda a gente”. Mas, meu caro A-PV, também lhe deu a autoridade moral para, hoje, quando emitir qualquer opinião pedir mais atenção para o que diz. Depois de Artur Jorge, olhe que eu dou muita importância às suas palavras;
3º Nunca gostei de Fernando Santos como treinador. Sendo uma pessoa, ao que me dizem e eu acredito, espectacular, tem, ainda, uma qualidade incontornável – é benfiquista.
Mas como treinador, Santos não serve para o “meu” Benfica. Por ser péssimo a treinar? Por nada perceber de táctica? Por “ler” mal o jogo? Por preparar mal a equipa? Por fazer mal as substituições? Por não ter resultados? Nada disso. Quem sou eu para o avaliar como treinador?!!
Apenas e só porque para se ser treinador do Benfica é preciso mais, muito mais. Nos tempos de hoje exige-se para ocupar um lugar de tanta exposição, além das qualificações técnicas, perfil de liderança, carisma, perfeito domínio das ferramentas comunicacionais. Como José Mourinho, é preciso saber utilizar os “mind games”. Para além de saber “ler” bem o que se passa no relvado, é preciso saber “ler” bem uma conferência de imprensa;
4º Por último, algumas questões para reflectir: será Mourinho melhor treinador do que Manuel José? E Toni será pior do que Camacho? E porque é que Jesualdo já não é o “cinzentão” que era? E porque é que Peseiro falhou e Paulo Bento também vai falhar? E o que tem Mourinho que Benitez não tenha?
OBS: Hoje à noite, contra o Celtic, pedimos mais uma grande noite europeia. Força rapazes! Em frente, Glorioso!

domingo, 4 de novembro de 2007

Os profissionais da intriga

Luís Filipe Vieira sabe do que fala e sabe de quem fala, quando diz que os “intriguistas”, os “invejosos” e os “incompetentes” têm de ser corridos do Benfica. Todas as lideranças fortes convivem mal com os pequenos poderes que gravitam na sua órbita. Muitos deles medram nessa intriga, nessa inveja e nessa incompetência. Vieira não apontou o dedo para fora, lançou a acusação para dentro. É aí, nos corredores do poder, ou próximo do poder, que circulam os intriguistas. É aí que traficam influências, informações, benesses.
Baseiam o seu poder numa complexa teia de equilíbrios, cuja manutenção assegura a sobrevivência do topo da pirâmide. É, por isso, que os poderes fracos temem estes profissionais da intriga.
Escondem a sua incompetência através de “recados” que passam para os seus amigos nos jornais, em troca de uma “cacha”, ou de qualquer outro bem mais ou menos comercializável.
Geralmente são pessoas não eleitas, que fogem ao sufrágio dos sócios, mas garantem ordenados de estrelas. São cristãos-novos, sem eira nem beira, mercenários da bola, sem paixão por um clube, apenas pela sua carteira. Gostam de se fazer fotografar junto ao relvado, em dias de treino, falando com jogadores ou com treinadores. Gostam de mostrar que controlam aquele pequeno mundo.
Vestem “fatos” de directores desportivos, gestores de activos, managers, chefes de gabinete. Disputam o palco com as mais cintilantes estrelas dos relvados e quanto mais ausente for um presidente, mais espaço de manobra têm.
É neles que está a origem da turbulência interna nos clubes. Luís Filipe Vieira sabe disso, topa-os à distância. E, por isso, não hesita em chamar os bois pelos nomes. Noutros clubes, a história é outra – lança-se a atoarda contra os comentadores de domingo ou editores de blogues. Nesses clubes, pouco habituados à livre expressão democrática das ideias, protege-se quem mina, quem intriga, quem causa a instabilidade.
Sem coragem para por ordem na casa, ataca-se quem desmascara a fraude. O intriguista percebe o perigo de quem escreve que ele comprou gato por lebre e arranja dois ou três amigos, sem talento nem ideias, para defenderem a gamela.

OBS: Um clube como o Benfica só continuará a ser o que sempre foi se conservar e estimar pessoas como Shéu Han, benfiquista de sempre, íntegro, eficiente, competente, educado, discreto, um dos poucos que transporta a mística. Ou ainda: Fernando Chalana, Rui Águas, Néné, Peres Bandeira, entre muitos outros.

sábado, 3 de novembro de 2007

Cartas do Diabo (5)

"Também vi as imagens e fiquei atónito. Pensei que fossem membros de uma claque de clube adversário, infiltrada na assembleia geral do Benfica!Inqualificável."

email de Francisco Carrilho, em comentário ao "post" "Noite de vergonha".

Mais uma vitória "à Camacho"

Katsouranis, após o segundo golo do Benfica, hoje à noite contra o Paços Ferreira, na Mata Real (1-2). Foto em www.slbenfica.pt
Uma vitória sofrida e merecida, ante o Paços de Ferreira. Mais um golo ao cair do pano, quando já se entrava nos 5 minutos finais, faz pensar que Camacho é um “pé quente”, como dizem os brasileiros.
O jogo na Mata Real acontecia depois do FC do Porto ter empatado com o Belenenses, no Dragão, depois de uma arbitragem miserável do senhor Paulo Batista, que validou o golo do Porto precedido por um fora-de-jogo de Postiga do tamanho da Torre dos Clérigos e perdoou a expulsão a Quaresma, após uma entrada a “matar” sobre Ruben Amorim.
Em Paços de Ferreira, o Benfica podia ficar a 6 pontos de diferença e depender apenas de si para chegar ao primeiro lugar. Com Nuno Assis a titular, Camacho apostou em Katsouranis ao lado de Luisão e em Christian Rodriguez a cair na esquerda. Rui Costa, muito marcado, teve pouco jogo e o Benfica rematou pouco na primeira parte.
Apesar disso, a equipa conseguiu chegar à vantagem, depois de livre de Rui Costa e cabeçada perfeita de Rodriguez. O Paços, equipa aguerrida e compacta, principalmente em sua casa, não perdeu o norte e aproveitando a macieza de Assis a defender conseguiu chegar à igualdade.
Bruno Paixão, com uma arbitragem habilidosa, perdoou a expulsão a Renato Queirós, do Paços, e das inúmeras cargas cometidas pelos defesas centrais pacenses sobre Cardozo apenas marcou um livre.
Algumas dúvidas me assaltam. Porque é que o repórter da TVI destacado para a “flash interview” interrogou Camacho e Rui Costa sobre se a turbulência directiva no Benfica afectou a equipa? Porque é que questionou José Mota sobre se a falta sobre Léo, que deu o segundo golo ao Benfica, existiu? Porque é que o repórter da Sport TV ontem na “flash interview” no Dragão não confrontou Jesualdo Ferreira com a irregularidade do lance do golo? Porque é que não perguntou a Jorge Jesus como ele viu o golo do FC Porto? Porque é que Jorge Jesus não criticou o árbitro pela validação do golo do FC Porto? Que interesses defendem os repórteres e comentadores destacados para os jogos do 3 grandes? Porque é que há treinadores que quando jogam contra o Benfica fartam-se de criticar a arbitragem no final do jogo e contra o FC do Porto calam-se? O “sistema” também é isto…

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

À espera da "Bola Preta"...

“Corrupção”, o filme sem realizador, estreou-se ontem numa sala perto de mim. Fui ver. Não gostei. Ainda bem que, na ficha técnica, não estão os nomes de Leonor Pinhão e de João Botelho. A sala estava com “meia casa”. Margarida Vila-Nova, no papel de Carolina Salgado, é uma excelente actriz. Nicolau Breyner, no papel de Jorge Nuno Pinto da Costa, é surpreendentemente secundarizado. Virgílio Castelo, no papel de Reinaldo Teles, é um desastre. O “film noir” prometido não está lá. A banda sonora é deprimente. Salvam-se alguns diálogos. A ideia de “justiça”, do “bem e do mal”, da “moral” (se era essa a intenção) também se perde num emaranhado de situações desconexas. O filme foi feito para quem leu o livro, para quem está por dentro da temática tratada? Se foi, está mal. E parece que foi. Fico agora à espera do filme do João Botelho e da Leonor Pinhão. Sugiro que se chame “Bola Preta”.

Foto cedida pelo blog "Leão da Estrela"

O nosso "inferno"...

“Deve ser este o treinador da maravilhosa atitude. Não tem vergonha e envergonha o Benfica. Esta equipa é uma falta de respeito para com o clube e aquele ar de frete a deitar um troféu pela janela fora é uma vergonha. Infelizmente mais uma de muitas”.

SMS enviado por um jornalista meu amigo, pró-Fernando Santos, 15 minutos depois do fim do jogo V. Setúbal – Benfica, na passada quarta-feira, para a Taça da Liga.

“E não respondas, por favor, a defendê-lo. Não há defesa. Poupa palavras”.

SMS enviado pelo mesmo autor, um minuto depois, colando-me, implicitamente, o rótulo de “camachista”.

Dois dias depois, aqui vai a resposta, meu caro amigo:

“O Benfica voltou a apostar numa segunda linha que compromete, e de que maneira, a dimensão do clube. O que anda alguma daquela gente a fazer no Benfica é um mistério insondável (…)”.
Vítor Serpa, Director do jornal “A Bola”, não podia ser mais assertivo e claro. O que andam ali a fazer jogadores que não tinham lugar nem em equipas da II B? Não vou dizer nomes, todos sabemos quem são.
O que se passou no Bonfim, na quarta-feira, para a Taça da Liga, é mau de mais para ser verdade. Camacho disse uma verdade de La Palisse: “São jogadores do Benfica”. Quem os contratou? O ex-treinador, o ex-director-geral? Quem?
Li, num jornal, que Luís Filipe Vieira, depois da vergonha da noite da assembleia geral, quer fazer uma “limpeza de balneário” nos órgãos sociais. Já que está com a mão na massa, o melhor é dar carta branca a Camacho para fazer o mesmo no “balneário”, propriamente dito. A ver se ainda se vai a tempo de salvar alguma coisa…

Cartas do Diabo (4)

"O que Vosse Exa. escreve é um absurdo, o que me faz levantar sérias dúvidas se não estaremos em presença de algo mais grave que uma total falta de seriedade intelectual. AS regras do jOGO ESTÃO Á DISPOSIÇÃO NA NET e não vale a pena distorcê-las. Cuide-se."

email enviado por oslo11@sapo.pt, em comentário ao "post": "Um lance, duas sanções máximas? Ilegal..."

Resposta de "O Inferno da Luz": Meu caro leitor, as leis do jogo também dizem que só atrasos DELIBERADOS ao guarda-redes são punidos com falta dentro da área. Foi isso que aconteceu ao guarda-redes do Sporting, Stojkovic, no jogo contra o FC do Porto? Os exemplos são mais que muitos. Que eu saiba, os árbitros portugueses gostam muito de usar os mais variados critérios discricionários para aplicar as leis do jogo.
Para além do mais, esta é a minha opinião, independentemente do que dizem as leis do jogo. Não consigo ser tão ortodoxamente legalista como o senhor, mas enfim. O meu interesse é a defesa do futebol como um espectáculo caro.
Já viu a frustração de milhares de pessoas, que compraram bilhete sabe-se lá com que dificuldades, se, por exemplo, aos 5 minutos de jogo o árbitro marcasse penalty e expulsasse o guarda-redes de uma das equipas? Acha que o jogo teria mais algum interesse? O que seria feito da emotividade, da incerteza, do confronto em pé de igualdade, que tem de presidir sempre a um espectáculo como um jogo de futebol?
Por último: informe-se e veja lá se o bom senso jurídico não determina que ninguém pode ser penalizado duas vezes, e com sanção máxima, pelo mesmo "crime"...
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