Quando há dias Santana Lopes abandonou o estúdio da SIC Notícias, onde comentava a vida interna do PSD, porque tinha sido interrompido por um directo sobre a chegada a Lisboa de José Mourinho, o país, surpreendentemente, desatou a aplaudir a atitude do ex-primeiro-ministro. (Dou de barato o facto desta atitude ter vindo de quem já foi presidente de um clube de futebol e comentador desportivo).
Nunca Santana imaginou ser alvo de tanta unanimidade pela positiva. Eu, no entanto, vi neste aplauso quase generalizado um assomo de uma característica bem portuguesa: a inveja. Mourinho, o “special one”, tinha finalmente alguém que recusava curvar-se à sua passagem. “Muito bem feito!”, devem ter dito para os seus botões os portugueses típicos, que acorreram a dar palmadinhas nas costas ao outrora humilhado e enxovalhado Santana.
O problema é que enquanto Santana já era, Mourinho, mesmo desempregado, continua a fazer furor. O “Le Monde Diplomatique”, edição portuguesa de Outubro, publica um interessante artigo do historiador José Neves, intitulado “Adorando José Mourinho: à procura dos atributos de um Portugal moderno”.
O artigo procura explicar o sucesso de José Mourinho, um português nada típico, nascido e criado em circunstâncias não particularmente vantajosas. Porquê então o “culto” Mourinho?
Sinteticamente, eis a resposta: liderança inteligente (como a classificou o neurocientista António Damásio); formação qualificada; inovação e criatividade; magistral gestão de recursos humanos. Está tudo dito, não está?
Nunca Santana imaginou ser alvo de tanta unanimidade pela positiva. Eu, no entanto, vi neste aplauso quase generalizado um assomo de uma característica bem portuguesa: a inveja. Mourinho, o “special one”, tinha finalmente alguém que recusava curvar-se à sua passagem. “Muito bem feito!”, devem ter dito para os seus botões os portugueses típicos, que acorreram a dar palmadinhas nas costas ao outrora humilhado e enxovalhado Santana.
O problema é que enquanto Santana já era, Mourinho, mesmo desempregado, continua a fazer furor. O “Le Monde Diplomatique”, edição portuguesa de Outubro, publica um interessante artigo do historiador José Neves, intitulado “Adorando José Mourinho: à procura dos atributos de um Portugal moderno”.
O artigo procura explicar o sucesso de José Mourinho, um português nada típico, nascido e criado em circunstâncias não particularmente vantajosas. Porquê então o “culto” Mourinho?
Sinteticamente, eis a resposta: liderança inteligente (como a classificou o neurocientista António Damásio); formação qualificada; inovação e criatividade; magistral gestão de recursos humanos. Está tudo dito, não está?
Quem é Mourinho, afinal? Um treinador, que se notabilizou no FC Porto, que ingressou na Premier League e teve êxito. Além disto, da capacidade de ser um bom líder de homens da bola. O que mais fez em prol da sociedade? Que eu saiba, nada. Quem é Santana Lopes? Além de muitas outras coisas, ex-presidente do Sporting, ex-presidente da Câmara da Figueira da Foz, ex-primeiro-ministro. Quem era o convidado da SIC Notícias? Santana Lopes. Que tema estava a falar? As eleições no maior partido da oposição, o PSD, portanto. Que tema queria a estação televisiva ouvir do treinador? Como o mesmo ia passar as férias. Perante todas estas vicissitudes, discordo contigo, Pedro. Ninguém gosta de ser interrompido, mas se a interrupção vier a preceito, tudo bem. Não era o caso. Esteve mal a equipa liderada por Ricardo Costa.
ResponderEliminarPS: como reagiria Mourinho se fosse interrompido a meio de uma entrevista para se falar de outro tema que não o futebol.
Abraço