O diferendo que discretamente apareceu nos últimos dias entre o Benfica e a Olivedesportos, a propósito de uma recusa da Sport TV de Joaquim Oliveira em ceder o sinal à Benfica TV para transmitir em diferido o jogo Naval – Benfica, era um diferendo anunciado.
Mais tarde ou mais cedo, o choque entre Luís Filipe Vieira e Joaquim Oliveira tinha de se concretizar. Ele aí está e o futuro do futebol português poderá estar dependente deste braço de ferro. Finalmente Joaquim Oliveira encontrou um oponente à altura na pessoa de Luís Filipe Vieira. O Presidente do Benfica mostra, mais uma vez, que não é necessário conflitos épicos para levar a água ao seu moinho. Vale e Azevedo tinha tentado à sua maneira espectacular e vigarista, sem o conseguir porque sem a razão do seu lado.
Vieira, pelo contrário, alia o perfil de negociador implacável com o facto de saber que tem a razão do seu lado. O Presidente do Benfica sabe que a guerra dos direitos televisivos é, talvez, a mais importante para o Benfica voltar a ser hegemónico a nível nacional e poder bater-se de igual para igual com os grandes da Europa.
Joaquim Oliveira, por seu lado, goste-se ou não se goste, defende o seu império, mas sabe que o Benfica é a galinha dos ovos de ouro do negócio televisivo do futebol. Quarenta milhões de euros/ano são o objectivo de Vieira. Um objectivo justo que defende os interesses do Benfica.
Ao provocar, voluntária ou involuntariamente, este choque, Oliveira dá o braço a torcer e percebe que o Benfica está, pela primeira vez, a jogar uma parada alta, sem temer represálias nem alinhar em jogos de bastidores.
Podem Vieira e Oliveira estar condenados a entender-se, mas uma coisa é certa: o Benfica libertou-se, finalmente, do jugo da Olivedesportos e impõe as suas condições. Não vale a pena diabolizar a Olivedesportos, o que vale a pena é sublinhar que nestas negociações é o Benfica quem dá as cartas e está por cima. Talvez Joaquim Oliveira nunca pensasse ser isso possível, mas esse é um mérito de Luís Filipe Vieira.
De maneira discreta mas consequente e eficaz, o Benfica está a criar talvez um dos mais importantes projectos das últimas décadas. O novo estádio retirou-nos de um marasmo, quando não retrocesso, que ameaçava a nossa história – ou mesmo a nossa existência; o centro de estágio consolidou o nosso regresso à liderança, embora ainda intermitente, do futebol português; as novas estruturas desportivas vincaram o nosso eclectismo e o retorno às vitórias no basquetebol, andebol, voleibol, futsal e hóquei; o museu está quase aí para perpetuar a nossa gloriosa história e a nossa grandiosidade. O que falta, então?
Falta o “alimento” diário e sustentado de uma informação para mais de 6 milhões de adeptos, simpatizantes e sócios, espalhados pelo País, de norte a sul mais ilhas, e outros mais de 6 milhões espalhados pelos quatro cantos do Mundo.
A Benfica TV arrancou com esse projecto. Foi pioneira e é hoje uma referência e uma imagem de marca do SL Benfica. Mas, na cabeça de Luís Filipe Vieira está já projectada a Rádio Benfica e um futuro jornal diário do Benfica.
Só espero que com tanta certeza no cagar, não erres o chão.
ResponderEliminarEu nem na Madre Teresa de Calcutá de mão dada com o Ganhdi eu confiava, para fazer as negociações das transmissões, quanto mais em "amizades" de longa data...
Para além disso a Europa e o mundo estão numa crise (não sei se ouviste falar) e querer 40M é uma coisa, cheirá-los é outra coisa...
Ainda tens um bocado a aprender com o Goebels em matéria de propaganda...
Só um apontamento: Vale e Azevedo rasgou os contratos com a Olivedesportos e...ganhou!
ResponderEliminarRecordo a sentença:
"...O Tribunal da Relação de Lisboa, por acórdão de 2 de Novembro de 2000, vem decretar, anulando uma decisão de 1ª instância em sentido contrário, que os contratos dos clubes de futebol com a Olivedesportos são nulos e de nenhum efeito, pelo que poderão, assim, ser denunciados pelos respectivos clubes!"
E ainda:
ResponderEliminar«É nulo por impossibilidade legal e por ilegalidade de objecto o contrato em que um clube de futebol transfere para uma empresa não autorizada a exercer a actividade, o direito de captar e difundir imagens de um espectáculo de futebol».
E deste princípio, o acórdão em análise partia para concluir :
- «Assim, o contrato[1] referido no ponto II é também nulo porque o seu objecto é contrário à ordem pública»
- «ainda que o mesmo direito seja livremente transmissível pelo seu proprietário – o clube de futebol organizador do espectáculo – o seu adquirente só poderá ser uma entidade legalmente autorizada a exercer a actividade de televisão»
Se o Benfica renova contrato com a Olivedesportos deixo de ser sócio do Benfica. Estou farto de corruptos.
ResponderEliminarSe é verdade que os tripeiros têm uma cláusula no contrato deles que obriga a olivedesportos a cobrir esse valor, independentemente de adquirir ou não os direitos ao Benfica, muito dificilmente se quebrará a tão falada hegemonia, apenas ficaremos melhor equipados para lidar com um passivo oneroso monstruoso. Quanto ao velho estádio não era ele o causador da estagnação desportiva, mas anes as péssimas equipas que o Benfica tinha. Quanto à liderança na formação, só com muito boa vontade e alguma imaginação se pode dizer que lideramos nesse sector. Quanto às modalidades temos hegemonia em qual ? No andebol o tripeiros são bi ou tri-campeões, no basquete os tripeiros são campeões, no hóquei em patins os tripeiros já ganharam para aí 10 campeonatos seguidos, no volei o campeão foi o fonte bastardo que se seguiu ao guimarães ou espinho, nem sei bem. No futsal os lagartos são bi-campeões. Vitórias pontuais e sem sustentação, à semelhança do futebol, é o que tem marcado a última década das modalidades do Benfica, onde o futsal parecia ser a excepção mas está a tornar-se igual. No último ano só ganhámos no atletismo masculino depois de 12 ou 15 anos de vitórias dos lagartos. No atletismo sim existe uma cultura de sustentação, com títulos consecutivos nos masculinos nos juniores e sub-23. Levou tempo mas finalmente se atingiu o topo. será que nos conseguimos lá manter ou à semelhança das outras modalidades foi uma vitória no meio de tantas derrotas ? Financeiramente é melhor nem falar, pois a SAD que já incorpora quase todas as sociedades do Benfica está quase em insolvência, estando os capitais próprios muito abaixo de metade do capital social, o que implica mudanças urgentes, caso contrário poderá ser decretada a insolvência por qualquer um dos credores. Mais do que cenários cor-de-rosa necessita-se de verdade e de estratégia. Para quando a venda do produto Benfica nas economias que estão em crescimento ao invés da nossa economia em crise. Para quando uma política de pricing mais condizente com a ida de famílias ao futebol ? Para quando o negociar com patrocinadores que paguem o correspondente ao que clubes com menores receitas de bilheteira/cativos noutros países recebem ? Se vendermos os direitos das transmissões para mercados asiáticos, se calhar faz sentido ter um patrocinador asiático, Ou então vocacionar o produto para o mercado americano/canadiano/brasileiro/argentino, o que implica um patrocinador dessa origem. Chega de pensar no pequenino rectângulo, para crescer na Europa desportivamente, temos que crescer fora da Europa na base de apoio, nos adeptos e nos sócios=>maiores receitas de transmissões televisivas=>maiores receitas de patrocinadores.
ResponderEliminarSó um "aparte" o Vale e Azevedo acabou por ter razão em ultima instância o tribunal julgou a favor das pertenções do Benfica e a Sporttv perderia essa batalha se entretanto os outros presidentes não tivessem chegado a acordo.
ResponderEliminarNão deixa de ser um charlatão e concordo com o texto mas nesse ponto o Vale até tinha razão.
Infelizmente, o Benfica consegue por mérito e contra todos (basta ver a luta surreal para por a Benfica TV no ar) enquanto os outros são ajudados sem custos ... continua a ser desleal: Centro de estágios oferecido, Pavilhão oferecido, canal Porto oferecido... e 80% dos ganhos do Benfica em direitos televisivos garantidos pelo Oliveira!?!?? Assim é complicado!
Vale Azevedo pode ter muitos defeitos, mas na questão da olivedesportos tinha e teve razão. E foi confirmado pelos tribunais que tinha razão. Pena que Vilarinho não quis usar essa decisão para mandar joaquim oliveira embora de vez.
ResponderEliminarCumps
1) Vale e Azevedo teve razão nos tribunais mas arrastou o Benfica para uma situação financeira em que teve que procurar uma solução em poucos dias.
ResponderEliminarFalem o que quiser... mas as dívidas ao Fisco eram reais e foram pagas com dinheiro da Olivedesportos.
2) O Benfica está numa situação totalmente diferente agora. Em 2001 quem tinha a faca e o queijo na mão era J. Oliveira. Hoje o BEnfica volta a ser dono do seu destino.
3) Podem não ser 40, podem ser 30, podem ser 25 + variáveis... mas serão muito mais do que os atuais 8-10... Muito muito mais.
4) Eu quero lá saber que o Porto receba 70 ou 80% do que o Benfica recebe... hoje recebe mais e tem receitas 30% abaixo e quase não consegue pagar salários nem contratações.
5) Podes ter a certeza que há hoje muito jornaleiro a pensar 2 vezes... é que os corruptos já não lhes pagam as viagens que pagavam. E quanto mais dinheiro o Benfica tiver, mais eles têm que investir, menos patuscadas vão haver.
6) O Pedro fala e bem do Centro de Estágios. Com aquela infraestrutura estamos a criar uma escola de futebol que irá trazer grandes benefícios nos próximos 5 anos. Com jovens portuguêses e estrangeiros. Jovens que vão crescer no Benfica como cresceram David Luiz, Di Maria, Miguel Vítor, etc...
Para não haver dúvidas, o valor actual da Olivadosporcos é 7,5 M€/ano.
ResponderEliminarSe há 10 anos o Benfica precisava de dinheiro, hoje também a Benfica SAD o necessita pois tem um capital próprio muito abaixo do mínimo dos 50 % do capital social.
A cláusula do Porco, tanto quanto foi veículado pela jornalama é de impôr um valor igual ao do Benfica se este ultrapassar o valor deles. E sim, essa cláusula é claramente viciadora das regras do jogo.
O Benfica está sem dinheiro, caso contrário, nunca o Vieira faria o discurso que fez, e pior que isso, os custos de financiamento têm subido, porque os bancos estão a aumentar spreads, e sim, podem alterá-los face aos valores contratados (a excepção é o mercado da habitação e mesmo nesse se o justificarem bem junto do BdP também podem alterar).
Dizer que o Di Maria ou o David Luiz são produtos do centro de estágios é claramente uma ilusão, pois foram jogadores seniores que foram contratados e que foi o seu talento natural, e o trabalho do treinador dos seniores, bem como os resultados que conduziram à sua valorização.
Como já alguém aqui disse, espero que à custa da "crise" não tenhamos todos que engolir o sapo de mamar com mais 5 ou 10 anos de olivadosporcos, pois caso isso aconteça vai continuar montado o esquema de suporte aos êxitos da morcalhada.
Jornal diário já há a bola!
ResponderEliminar