sexta-feira, 13 de junho de 2008

Diário do Euro (3)

Michel Platini, Presidente da UEFA, junto a Gilberto Madaíl e a Hermínio Loureiro. Os líderes federativos e ligueiros bem tentaram "seduzir" Platini, mas este, como a imagem dcoumenta, disse: "Acabou a conversa e a batotice". (AP/Photo - Luca Bruno)

Hoje pode ser um dia histórico para o futebol europeu. Como disse Platini, presidente da UEFA, a nova Europa do futebol, presente aqui, em Genebra, no Euro 2008, não aceita clubes “batoteiros”, como comprovadamente o foi o FC Porto.
O futebol limpo, de novo um espectáculo para as famílias, um jogo não de vida ou de morte mas um jogo em que o melhor ganhe, sem subterfúgios, sem artimanhas, sem esquemas, sem “quinhentinhos”, sem “fruta”, sem “café com leite”. A decisão que a UEFA toma hoje, embora atingindo a imagem de um clube português, tem um significado muito especial: o futebol é para ser jogado dentro das quatro linhas.
Aqui, em Genebra, onde a Selecção continua a fazer um Euro de grande nível, a nódoa negra que atingiu o FC Porto não passou despercebida aos adeptos estrangeiros. Ontem à noite, um irlandês, camisola da Holanda vestida, de nome Sean, quando nos perguntou de onde vínhamos e ouviu “Porto”, disse de repente: “Ah, o clube que paga aos árbitros”.
Esta “má fama” não tem diminuído a festa portuguesa. Depois do jogo com a República Checa, uma vitória memorável por 3-1, o centro de Genebra, onde quase 20% dos habitantes são portugueses, fez mais uma festa de arromba, que se prolongou pela noite dentro.
Entre eles, Nelo, um benfiquista a viver há mais de 10 anos em Genebra, que nos confidenciou haver 20 mil benfiquistas nesta cidade suíça, e que se propôs recuperar a Casa do Benfica, a viver tempos conturbados.
Enquanto aguardam pela decisão da UEFA, os responsáveis máximos do clube da Luz não descansam. Luís Filipe Vieira e Rui Costa vieram dar apoio à Selecção, que no domingo vai ter um jogo para cumprir calendário, com a Suiça.
O processo dos reforços está longe de estar concluído, mas acredita-se que a confirmação do Benfica na terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões vai trazer desenvolvimentos acelerados. Hoje pode ser o Dia 1, do novo futebol português!

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Diário do Euro (2)


Cristiano Ronaldo ou Karim Benzema, um deles vai ser o jogador mais importante do Euro 2008.

A imprensa gaulesa dos últimos dias, com particular destaque para o L´Equipe, elegeu como potencial jogador-revelação do Euro 2008, o francês Karim Benzema, do Lyon. O chauvinismo francês foi ao ponto de considerar que Benzema poderia rivalizar com o nosso Cristiano Ronaldo como o “playmaker” do torneio que se disputa na Suiça e na Áustria.
O que é certo é que após o primeiro jogo de Cristiano Ronaldo e de Karim Benzema, o português leva vantagem no protagonismo e no desempenho. É verdade que o jogador do Manchester está mais habituado aos holofotes da “media”, não só por causa da sua prestação desportiva mas também porque a sua namorada Nereida continua a fazer as delícias da imprensa cor-de-rosa.
Benzema, por seu lado, esteve muito escondido no jogo contra a Roménia, em que a França esteve irreconhecível. O “lyonnais”tem agora uma última hipótese para disputar o lugar de Cristiano Ronaldo, na quinta-feira, contra a Itália.
Hoje, contra a República Checa, Portugal deve apresentar o mesmo onze que subiu ao relvado contra a Turquia, apesar de Scolari estar a ser assediado pelo Chelsea para substituir Avram Grant. Vamos a ver se esta especulação, que começa a aparecer nos jornais suíços e franceses, não perturba o balneário nacional.
Uma nota final para um esclarecimento que deve ser dado. Ao contrário do que afirmou o seleccionador nacional, uma vitória contra a República Checa não nos garante automaticamente o apuramento para os quartos de final. Ou seja, seis pontos podem ser insuficientes, como bem notou o jornalista Carlos Daniel.
Apesar das atenções estarem voltadas para a Selecção, não nos podemos esquecer das frentes internas. E aqui, o “caso” da suspensão do FC Porto da Liga dos Campeões mantém-se no topo da actualidade. Esta sexta-feira ficar-se-á a saber o resultado do recurso portista, mas os ecos das palavras certeiras de Platini, o Presidente da UEFA, continuam a ecoar pela Europa do futebol, para mal do FC Porto e da imagem do futebol português. Quanto a este assunto, ler o que escrevi no blogue “Novo Benfica”.

domingo, 8 de junho de 2008

Diário do Euro (1)

Os jogadores portugueses agradecem o apoio do público, depois da vitória sobre a Turquia. Petit foi um gigante e Nuno Gomes decisivo, só foi pena o Quim. (Foto Reuters)
O centro de Genebra virou, ontem à noite, uma cidade portuguesa. A festa enorme, depois da vitória sobre a Turquia (2-0) no primeiro jogo da fase de grupos do Euro 2008, exaltou a nossa portugalidade.
Milhares de bandeiras nacionais, buzinas e claxons a cortar a noite suíça, gritos de Portugal, Portugal, Portugal, estradas entupidas, cortadas, com filas de carros de cujas janelas saíam enormes bandeiras, cachecóis, alegria a rodos.
Elas e eles e crianças, vestidos a rigor, saudando-se em francês: “On a gagner”, transformaram a Genebra fria, austera, rigorosa, suíça, num relógio desregulado e alterado . A hora era portuguesa. Desde o inicio da tarde que as varandas dos apartamentos perto do Stade de Genéve estavam coloridas com as cores de Portugal e da Suiça.
Na fan zone, os ecrãs gigantes transmitiam o jogo inaugural da equipa da casa contra a República Checa, mas o corropio de portugueses já dominavam a zona. Existe outro factor que nos una, que nos identifica, que os exalte?
O futebol, a Selecção, é a nossa correia de afectos, de cumplicidades, de auto-estima, de amor-próprio, de sentir Portugal. Para o bem e para o mal. A Suiça, país com um superior estádio de desenvolvimento, não é um “país do futebol”. Talvez este Euro possa alterar as coisas, mas não será fácil.
O estádio onde decorreu o jogo de Portugal não tem as mínimas condições para receber uma partida desta transcendência. Ricos, os suíços, preferiram não investir em novos estádios. O Stade de Genéve é impróprio para consumo, com acessos estrangulados e horas para aceder ao perímetro do estádio.
Mas o que merece realce é a alegria portuguesa a cortar a noite fria de Genebra, de carro, de bicicleta, a pé, os portugueses produziram mais ruído e mais desordem (positiva) numa noite do que os suíços num ano.
No coração da Europa, numa Suiça que virou as costas à União Europeia, o nome de Portugal foi elevado à condição de Nação valente e imortal. Aconteça o que acontecer até ao final deste Europeu, os suíços nunca mais esquecerão a noite de 7 de Junho de 2008. Nem os nossos emigrantes…

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Pateta (com pê pequeno)

Gilberto Madaíl é um personagem de banda desenhada. Mas não é um herói. Nem sequer um vilão. Não passa de um pobre coitado tipo, vejamos, o Pateta – sim, o Pateta -, que nos diverte, nos aquece o coração com aquele estilo desajeitado, aquele ar ausente e distraído, aquelas frases desconexas.
Corrijo: Madaíl é pior que o Pateta, mas não deixa de ser um pateta. Faz-nos rir, faz-nos sentir pena dele, mas as suas acções e as suas palavras prejudicam gravemente o futebol português.
A propósito do afastamento do FC Porto da Liga dos Campeões, Madaíl não conteve a sua incontinência verbal e a queda para dizer disparates. Disse que a UEFA não teve equidade, como se ele soubesse o que isso é. Esqueceu-se, porém, que a UEFA pode não sorrir com estas palavras e começar a olhar de lado para a Selecção portuguesa que disputa o Euro 2008, e que devia ser a primeira preocupação de Madaíl.
Gilberto, porém, não se interessa em defender a nossa selecção, ocupado que está em enviar faxes ao FC Porto com novas directrizes estratégicas para a sua defesa junto da UEFA. Claro que Madaíl não sabe o que é equidade.
Soubesse ele e perceberia que o cargo que ocupa obriga-o a estar quieto e calado. Postura, aliás, que foi sempre a dele quando o “Apito Dourado”, depois “Final”, ainda andava pelos interlúdios: “Não cabe à Federação fazer o que quer que seja”, dizia na altura.
Giberto, porém, esqueceu-se que uma decisão final negativa para o FC Porto tem influência directa ou indirecta na época desportiva de outros clubes portugueses.
O Benfica, por exemplo. Se Madaíl não sabe dar-se ao respeito, devia saber o Benfica. Como benfiquista, exijo uma reacção do meu clube de sempre. Nem que para isso seja preciso convocar uma Assembleia Geral. Ponto único da ordem de trabalhos: Gilberto Madaíl nunca mais no Estádio da Luz: sim ou … sim? Cartoon de Rui Duarte

Post-Scriptum: Fui convidado, com muita honra, a fazer parte de um "dream team", que constitui a equipa gloriosa do blogue "Novo Benfica", capitaneada pelo Bruno Carvalho, um benfiquista a sério, um profissional de corpo inteiro e um homem de grande carácter. O Bruno, que é o director-geral do "Porto Canal", reuniu-nos a todos ontem à noite num jantar memorável no restaurante "O Barbas", na Costa da Caparica. Por mera coincidência, o dia de ontem também foi memorável.
O repasto contou com a presença dos mais altos representantes do Sport Lisboa e Benfica: Luís Filipe Vieira, Presidente da Direcção; Manuel Vilarinho, Presidente da Assembleia Geral; e Mário Dias, vice-presidente. E com a participação de um benfiquista dos sete costados, o Jorge Máximo.
O nosso anfitrião, o famoso Barbas, foi de uma gentileza e atenção "à Benfica". Todas estas presenças impõe ainda mais responsabilidade à nossa tarefa. Deixo aqui a minha primeira crónica num blogue que vai fazer História.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

De França, uma opinião controversa

Olá, eu sou francês e tenho 20 anos. É sempre com muito gosto que vou no teu site. Tenho uma coisa a dizer: eu sou benfiquista... mas hoje em dia tenho vergonha de o ser, porque:
1- o comportamento que muitos benfiquistas tiveram no jogo da taça frente ao Sporting, no intervalo, com os "olés"... isso não é ter respeito pelo desporto;
2- essa maneira arrogante que tem o SLB de sempre dizer que são os melhores, que são o maior clube do mundo, blá blá blá.. eu pergunto: quantos são os que pagam as quotas??? pois... enfim... um clube com 1 campeonato em 10 anos não pode ser considerado o maior... penso que temos que ser mais humildes!!!!
3- temos um presidente sócio do porto, temos dirigentes que são sportinguistas e portistas... essas pessoas só se servem do Benfica para eles próprios... este slb não é o verdadeiro SLB!!! Os que fizeram a grandeza desse clube eram pessoas humildes, trabalhadores e respeitavam os adeptos de outros clubes e não como os presidentes que tivemos desde o Manuel Damásio... Muitos "benfiquistas" não sabem o que é sentir o verdadeiro SLB!!! O que é o Benfiquismo.... Não é ser arrogante e afirmar que são os maiores ou que o mundo gira apenas à volta do Benfica.... Não é só dizer que são do BENFICA, mas sim de respeitar os outros adeptos de outros clubes; Sempre lutar pela verdade sendo humilde, trabalhador, enfim isso são os valores do desporto...valores que temos que partilhar... Os que são do Benfica e não pensam assim (como os adeptos em alvalade na taça) não compreenderam o que é o SPORT LISBOA E BENFICA. E quero dizer que há benfiquistas que não são assim... Por isso tudo peço desculpa aos adeptos do desporto...
David (david.fbt@gmail.com)

Bom, não foi sem muita hesitação que resolvi colocar este email, de um benfiquista francês, online. É, sem dúvida, uma opinião muito controversa e politicamente incorrecta. O David não vai levar seguramente a mal que eu tenha colocado o seu email, porque além de não me ter pedido reserva, julgo que merece comentários de todos os benfiquistas.
No que a mim me diz respeito, não me revejo neste texto nem comungo destas opiniões. Mas, como somos um clube democrático e popular desde a fundação, aqui estou a publicar no meu blogue uma opinião que considero infeliz, desajustada e completamente desenquadrada. Como clube plural, nunca censuraremos ninguém que mantenha a sua opinião dentro dos estritos limites da decência.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Conselho aos viseenses

Ponto prévio: cometi um lapso involuntário ao publicar uma foto não do Estádio do Fontelo, mas de um dos campos do Complexo Desportivo do Fontelo (estádio 1º de Maio) (aqui). Peço, por isso, desculpa aos viseenses.
Viseenses, esses, presumo, que me encheram o email de comentários sobre o facto de eu ter criticado a escolha de Viseu para sede do estágio da Selecção Nacional de Futebol antes da sua partida para a Suiça onde vai disputar a fase de grupos do Euro 2008.
Os comentários foram de um bairrismo exarcebado legítimo - outros não foram publicados porque ultrapassaram os limites da decência – mas desajustado. O orgulho em se ser viseense não deve estar associado ao facto de durante 15 dias terem a Selecção dentro de portas, mas sim por razões que têm a ver com a nossa realidade local, com a nossa maior ou menor qualidade de vida.
E já agora, pergunto: tanto bairrismo a defender as condições desportivas que a Selecção encontrou em Viseu, no Estádio do Fontelo (foto em http://www.viseudigital.pt/), e nem um bocadinho dessa energia sobrou para defender e tentar reerguer o histórico Académico de Viseu!!!! Pois é, desbaratar energias com coisas fugazes e esquecer o essencial dá nisso. Vejam se aprendem a lição.

A teia

Portugal é o país mais esquizofrénico que conheço. E conheço muito bem, alguns. Em terras da Suiça, onde vai ser disputado 50% do Euro 2008, a nossa Selecção é recebida numa euforia quase demencial por milhares de emigrantes. Bravos “portugas” que labutam lá fora, mas que continuam agarrados ao chão pátrio: “Adeus, até ao meu regresso”.
Cá dentro, o futebol é “jogado” em acórdãos, sentenças, recursos, normas e requisitos, e nulidades supervenientes. Nulidades supervenientes? No ecrã, doutos e vulgares artífices das leis, vulgo juristas, discutem, debatem, analisam, as profundezas mais profundas das intrincadas matérias de ordem legal, jurisdicional, administrativa ou outra.
O Cristiano Ronaldo é obscurecido pelo Prof. tal e coisa, doutor em leis por Coimbra, de preferência. O Scolari, coitado, tem de dividir o palco com o presidente do CJ, do CD, da FPF, com o assessor da UEFA, o contínuo da FIFA, o porteiro da CBF.
As capas dos jornais portugueses são divididas, nos dias que correm, entre os jogadores de Portugal e os senhores das leis.
A 24 horas de se conhecer a decisão da UEFA quanto à participação do FC Porto na Liga dos Campeões, o estado do futebol português – e do país – é este: um imenso bordel, onde cada opinião, cada palavra, cada espirro, merece o relevo que melhor serve a cada lado da barricada.
Um futebol preso numa teia de interesses, de jogadas subterrâneas, de jogos de poder e conveniência. Espera-se, amanhã, que surja um sinal de ar limpo, de transparência, de regresso à verdadeira essência do desporto, do futebol: a verdade, nada mais do que a verdade.
É um país e um futebol barricado, à espera de uma implosão qualquer. Deseja-se que não haja “fogo amigo” e que os estilhaços não atinjam civis inocentes. Danos colaterais? Quem sair por último que apague a luz…
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