PORQUÊ, MEU DEUS?

Carta Aberta a Fernando Santos, depois do FCP - 3 Benfica - 2, da 8º Jornada da Liga 2006/2007, em 28 de Outubro, no estádio do Dragão


Meu caro Fernando Santos:

Você é um homem crente em Deus. Mas não é um homem de sorte. A ajuda divina está arredia e a sua fé católica não faz milagres. Ontem no Dragão, o Senhor não ouviu, uma vez mais, as suas preces. Eu sei que você rezou, como o faz todos os dias, ao levantar e ao deitar. Não sei se, como Jesualdo, guarda um terço entre os dedos. Parece-me que é isso que Jesualdo segura na mão fechada em dias de jogos. Aquele terceiro golo portista, ironias da vida, caiu do céu. E o céu caiu-lhe na cabeça. Na sua, na minha, na de milhões e milhões de benfiquistas, em Portugal, por todo o Mundo. Porquê? Porque o Senhor é ingrato? Porque você não tem sido muito praticante nestes últimos dias, ocupado em escolher entre Paulo Jorge ou Kikin Fonseca? Ou será que o Papa, do alto do seu magistério, lá na tribuna presidencial, puxou dos galões de superior hierárquico e fez valer as suas prerrogativas? O Mundo e as tervigersações divinas são mesmo muito confusas, não são meu caro Fernando Santos?
Já não bastava Paços de Ferreira, e aquele golo dos pacenses no último minuto; já não bastava a lesão de Rui Costa; já não bastava a expulsão de Miccoli e de Karagounis; já não bastava aquele primeiro golo portista às três tabelas...
Eu quero acreditar em si meu caro Fernando Santos. Quero acreditar que por muitas paragens que o Papa faça em Fátima para ir falar à Virgem, o nosso Benfica vai ser Campeão. Mesmo contra as rezas papistas, mesmo contra todas as macumbas, mesmo contra xistras... Porque se assim não for, o melhor é voltarmo-nos para Meca.