terça-feira, 20 de março de 2007
Grande Petit!
Num mundo cada vez mais mediatizado, onde todos, em todas as profissões, se pelam por uns minutinhos de fama, e onde os medíocres se colocam em bicos de pés, a humildade, o apagamento, a reserva, é um bem cada vez mais raro mas, especialmente por isso, a preservar.
Petit é um anti-vedeta do futebol. Sem carisma, sem qualquer tipo de marketing pessoal, faz da sua genuinidade um estilo. À sua maneira, aquele sem jeito para aparecer nas “flash-interviews” colhe simpatias.
Profissional de corpo inteiro, Petit não nasceu em berço de ouro, nem para o futebol. Andou em relvados secundários, até aparecer no Boavista e ser o pilar fundamental do meio-campo, a argamassa que fez do Boavistinha um Boavistão. Com ele, no Bessa foram campeões.
Campeão Petit rumou ao Benfica, o Glorioso, o Grande de Portugal, da Europa, do Mundo. Foi uma transferência pouco mediatizada, nada que se comparasse com as entradas de Ronald Garcia ou George Jardel. Era só o Petit, apesar de campeão nacional, o que quase ninguém era naquele plantel da Luz.
Pegou de estaca, titularíssimo. Petit não se deixou embalar pelos cantos de sereia da noite de Lisboa. Continuou um profissional de corpo inteiro. Metia a cabeça onde outros não metiam o pé, era um raçudo, generoso, abnegado, de nunca virar a cara à luta, a exemplo de outros que construíram a mística da Luz.
Antes de Petit, com o mesmo coração grande na galeria dos nossos heróis apenas Toni, o ruço Artur, Carlos Manuel, Manuel Bento, e poucos mais. Mas eram com esta argamassa que podiam brilhar os artistas da camisola vermelha.
No Benfica, Petit começou a dar mais nas vistas e a ser um alvo predilecto de muitos idiotas: era violento, arruaceiro, mal encarado. Como só as pessoas inteligentes sabem fazer, Petit assobiou para o lado, desprezou a turba, continuou a ser um profissional exemplar e um jogador de topo.
Ontem, na Amadora, Petit deu o exemplo que faltava (se é que faltava) a toda uma classe de jogadores, de dirigentes, de técnicos. E mostrou ao adeptos, a todos os adeptos, como se joga com amor à camisola.
Lesionado no aquecimento, o que fragilizaria talvez irremediavelmente o Benfica, que já não dispunha de Katsouranis, Petit insistiu em jogar. E como jogou!!! Para terminar em beleza, ainda marcou um “golâo”, o terceiro nos últimos três jogos. É por isso que merece reprovação, para não dizer outra coisa bem mais feia, a manchete que o jornal Record fez hoje. Mas a isso Petit responde como sempre respondeu: jogando um grande futebol. Obrigado, Petit!
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Só falta acrescentar que o Petit é muito sexy...
ResponderEliminarA Associação dos Bichinhos agradece o artigo, agora que existe um clima de suspeição sobre raças perigosas.
ResponderEliminarOBRIGADO ESPANHOL POR ESTA NOITE DE ALEGRIA.
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