As 10.12 da manhã de hoje recebi um sms de um grande amigo benfiquista. “Lê o Fernando Guerra, n´”A Bola”. Parece que ouviu a nossa conversa”, dizia. Fui comprar a “A Bola”, velho hábito de mais de 30 anos, e fui ler o Fernando Guerra, jornalista experiente, íntegro, intelectualmente honesto (não é coisa pouca nos tempos que correm), fiel seguidor de nomes como Vítor Santos, Carlos Miranda, Aurélio Márcio e Alfredo Farinha.
Na sua crónica, intitulada “Vieira contra a história”, Fernando Guerra defende que o que separa o actual Presidente do Benfica de um lugar único na história gloriosa do clube são os resultados desportivos.Consciente disso, Vieira colocou nas mãos de Rui Costa algumas dezenas de milhões de euros.
A 11 jogos do final do campeonato, com 4 pontos de desvantagem do 1º lugar, fora da Taça de Portugal e da Taça UEFA, Guerra elege um culpado e identifica-o: Quique Flores. No sábado à noite, no final do Sporting – Benfica, liguei ao meu amigo do sms. Trocamos palavras de desalento e de desânimo, e convergimos num ponto essencial: o Presidente do Benfica não merece tão fraco desempenho desportivo, numa altura em que mais afastado do quotidiano do futebol, não tem estado parado: foi a Benfica TV, foi a Fundação Benfica, foi o acordo com a Sagres, é o apoio permanente às modalidades, é a disponibilidade para lutar pela credibilização do futebol português.
À obra que Luís Filipe Vieira tem para mostrar, é preciso juntar a obra desportiva, mas essa está nas mãos, nos pés, na consciente responsabilização dos jogadores, técnicos e de toda a estrutura do futebol profissional. Não é possível continuar a ter um Benfica a duas velocidades. Um Benfica com a marca de Luís Filipe Vieira que se abalança a projectos de vanguarda, caso único entre os clubes de futebol do Mundo; e um Benfica que no campo de jogo, coração da sua actividade, continua a não estar à altura do primeiro.
Rui Costa disse, e bem, que os jogadores devem levantar a cabeça e que ninguém atira a toalha para o chão. Talvez que se possa começar a trabalhar, desde já, num projecto desportivo que passe por gastar apenas tostões. O Benfica tem de apostar decisivamente na formação e tem de regressar ao domínio do mercado interno. Não me pareceu correcto que o mercado de Inverno não tenha sido aproveitado para limar lacunas do plantel, nomeadamente nas laterais. O FC Porto, com as mesmas lacunas, foi buscar Cissoko ao V. Setúbal, e o Benfica, com tostões, podia ter ido buscar um bom lateral esquerdo de raiz, para evitar aquilo que se está a passar com David Luiz.
Seja como for, Fernando Guerra tem razão. O Benfica já não tem margem para errar. 21 de Março, na final da Taça da Liga, contra o Sporting, será um dia decisivo para perceber da consistência da estrutura do futebol profissional. Até lá, muitos jogos ainda do campeonato, e é impensável que aconteçam mais perda de pontos.Numa coisa não concordo com Fernando Guerra – estou convencido que o capital de prestígio de Vieira junto dos sócios ainda supera alguns desaires desportivos. Mas é bom que eles não aconteçam...
INTEGRO, SÉRIO, ESTÁ A FALAR DE QUEM...
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