quinta-feira, 28 de junho de 2007

Campeões, claro!

QUEREMOS SER CAMPEÕES, AQUI!
Se o Porto é uma Nação, ou “Naçon”, o Benfica é um Mundo. É esta a proporção das coisas. A última semana confirmou esta realidade. Não foi Joe Berardo que ocupou dias a fio as aberturas de noticiários televisivos e de primeiras páginas de jornais – foi o Benfica. Nenhuma surpresa, portanto.
Tivesse Américo Amorim, Belmiro de Azevedo, Ludgero Marques, ou qualquer outro “tycoon” português ou estrangeiro a mesma ideia, ou foi “golpe de asa” (?), de Joe Berardo, e o resultado mediático teria sido o mesmo.
Parafraseando o jornalista Fernando Guerra, em crónica em “A Bola”, o Benfica é demasiado grande para país tão pequeno. Passada a OPA, regressemos ao futebol, afinal o que verdadeiramente interessa.
Fernando Santos não tem outra solução. O próximo campeonato só pode ter um epílogo: o Benfica campeão. Santos sabe disso e não o esconde. Luís Filipe Vieira, que geriu bem o silêncio durante o “episódio” Berardo, já fez o que tinha a fazer: deu a Santos as “armas” pretendidas.
O Benfica regressa, assim, ao trabalho, na próxima segunda-feira, com a casa praticamente arrumada. As continuidades de Luisão e Simão são um extra relevante. As contratações de Cardozo e Bergessio, dão o poder de fogo que faltou no último campeonato. O defesa Marc Zoro, vindo do futebol italiano, tapa, para melhor, as saídas de Ricardo Rocha e Alcides, e é um complemento fantástico de Luisão, Andersson ou David Luiz. Fábio Coentrão é uma grande esperança e pode explodir no próximo campeonato. O regresso de Manuel Fernandes, com a experiência acumulada no exigente futebol inglês, dá mais opções para o meio-campo.
Falta resolver Miccoli e, a meu ver, mais duas contratações – um lateral-direito para concorrer com Nélson, e um médio criativo para ajudar Rui Costa (embora o regresso de Nuno Assis possa colmatar essa lacuna).
Luís Filipe Vieira cumpriu o seu papel. Que Fernando Santos cumpra agora o seu.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

Em defesa de Rui Costa

Os notáveis já falaram. O Presidente ainda não. A surpreendente entrevista que Joe Berardo deu ao “Diário Económico” de segunda-feira não abona em nada o empresário madeirense e fragilizou, por completo, a sua imagem junto ao Terceiro Anel. As mensagens de amor que enviou ao coração do benfiquismo profundo, qual Cupido, esboroaram-se em meia dúzia de linhas num jornal económico de referência.
Já nem vou entrar na questão do balneário. Quanto a isso, apenas uma nota: se Rui Costa já não serve, aos 35 anos, o que dizer de Paolo Maldini, que no Milan, aos 39 anos, acaba de ganhar mais uma Liga dos Campeões?
Quanto ao resto, Luís Filipe Vieira deve estar contente. Se as ambições de Berardo em liderar o Glorioso estavam intactas, agora o empresário madeirense assemelhou-se a um elefante numa loja de porcelanas.
Falta saber se o êxito desta operação pode alterar significativamente a eleição do Presidente do Sport Lisboa e Benfica. Pode o clube mais popular e democrático de Portugal ter um líder eleito por meia dúzia de membros de um Conselho de Administração? Ou deve o Benfica continuar a ser dos benfiquistas, de Valença a Vila Real de Santo António, de Paris a Newark, e devem ser estes a escolher o Presidente, como sempre o fizeram em eleições democráticas por sufrágio universal?
Para o ilustre benfiquista e director do “Diário Económico”, Martim Avillez Figueiredo, a primeira opção é a mais correcta. Julgo que as dezenas de milhões de benfiquistas espalhados pelo Mundo não o acompanham na reflexão que fez no jornal “A BOLA”, de Domingo.
Vieira pode ficar sossegado. Em confronto aberto, mantém intacto o seu capital de apoio. Não pode é silenciar a defesa de Rui Costa.

sábado, 16 de junho de 2007

Este quadro não tem preço

Joe Berardo é um empresário astuto. Ontem, depois de ter lançado a OPA sobre o Benfica desdobrou-se em declarações de amor ao clube. Hoje, o jornal “A BOLA” fez o seu papel: “Benfica é o maior do Mundo”, dizia em manchete, numa declaração atribuída ao empresário madeirense.
Até no mundo da alta finança e dos mirabolantes negócios bolsistas é preciso atirar estas frases de uma óbvia grandiloquência. Sejamos justos: Berardo sabe o terreno que pisa.
Sabe, por exemplo, que no mundo do futebol a paixão e o coração falam mais alto do que os eventuais dividendos e mais-valias a encaixar por uma carteira de acções. Não fosse assim e mal avançou com a proposta de 3,5 € por acção teria sido vilipendiado na praça pública. É que, vale a pena recordar, as acções do Benfica foram colocadas há 3 anos, sem cotação bolsista, a um valor nominal de 5 € por acção. Logo, qualquer exercício matemático básico percebe que um accionista do Benfica que aceite vender as suas acções está a perder à cabeça 1,5 € em cada uma (e já não falo das comissões de custódia).
Porém, quase toda a gente ficou eufórica. Sejamos, mais uma vez, justos: eufóricos e com razão. Esta iniciativa de Joe Berardo tem um significado evidente – o Benfica é uma marca sem concorrência no mercado nacional e, no internacional, há poucas que se lhe podem comparar em atractibilidade; depois, é a prova de que o clube, ao nível da sua gestão e da sua imagem pública, está bem e recomenda-se.
Sejamos, pela terceira vez, justos: Berardo não é um empresário qualquer. É um “self made man”, que fez um percurso invulgar no meio empresarial português. Criou uma imagem de homem da Cultura, investiu em arte, constitui uma fundação com fins sociais e educativos, faz-se rodear de artistas e homens da cultura. É certo que não é um industrial, não criou riqueza, nem postos de trabalho.
Este perfil, de homem que veio do nada e se tornou cosmopolita, pode oferecer algumas razoáveis especulações: quer ele a “cereja no cimo do bolo” e alcançar a Presidência do Benfica? Ele diz que não. O que se lhe pede e o que se espera não é que o clube se torne no quadro mais valioso da sua colecção, mas que se como diz este é um “investimento cultural”, então que ajude a trazer grandes intérpretes para actuarem na Catedral.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Clube de sócios e não de accionistas

Joe Berardo não é nenhum mecenas

A OPA (Operação Pública de Aquisição) lançada pelo empresário madeirense Joe Berardo sobre o Sport Lisboa e Benfica pode abrir um debate bem mais interessante do que os comentários que, aqui e ali, se têm ouvido.
E a questão que se põe é esta: querem os sócios do Benfica que o clube passe a ser, apenas e só, uma SAD (Sociedade Anónima Desportiva), ou, pelo contrário, querem continuar a manter o seu quinhão de controlo da SAD através do clube, forma associativa composta por sócios e que esteve na base da fundação do Sport Lisboa e Benfica?
A resposta a esta questão definirá o futuro do Sport Lisboa e Benfica. A primeira opção, baseada num conceito puramente empresarial, que só existe nos clubes ingleses, consistiria no desaparecimento do Sport Lisboa e Benfica tal como o conhecemos, tal como o concebeu o fundador Cosme Damião, tal como o geriu Borges Coutinho, Ferreira Queimado, Maurício Vieira de Brito, Joaquim Bogalho.
A segunda opção, que os críticos definem como híbrida, é ainda aquela, com virtudes e defeitos, que consegue equilibrar uma necessária visão “negocial e empresarial” com a existência de dezenas de modalidades desportivas, e com um corpo associativo muito especial, como é o do Sport Lisboa e Benfica.
Dizem os mais pragmáticos que apenas a abertura total do capital da SAD do Benfica à livre negociação bolsista possibilitará encaixes financeiros tais que tornarão o sonho de novo título europeu mais real.
Como não estou certo disso; como continuo a acreditar que um jogo de futebol joga-se dentro das quatro linhas e não nas praças financeiras; como Joe Berardo - que se define a si próprio como um especulador (ver entrevista à revista Visão, de 15 de Junho) – ou outro empresário qualquer movimenta-se, legitimamente, única e exclusivamente com o objectivo do lucro; como o Benfica é principalmente futebol, mas também um clube eclético desde a fundação, com hóquei e basquetebol e voleibol e andebol e ciclismo e atletismo e futsal …; como o Benfica não são só os sócios/accionistas da SAD (uma minoria) mas também uma esmagadora maioria de homens e mulheres, de fracos recursos financeiros, espalhada pelos quatro cantos do mundo; como o Benfica é um clube centenário e o maior clube do Mundo em número de sócios… espero que o bom senso prevaleça e que não se vá hipotecar o futuro em troca de “um prato de lentilhas”.
Ou seja, o Benfica deve continuar a manter a sua génese, de clube popular, de associação desportiva de cariz universalista, que gerou ídolos como António Livramento, Carlos Lisboa, Eusébio, José Maria Nicolau, Vanessa Fernandes, António Leitão. Um clube de sócios e não um clube de accionistas…

quinta-feira, 14 de junho de 2007

Afinal, é benfiquista...!!!





Fonte bem informada garantiu ao blog “O INFERNO DA LUZ” que Ricardo Costa, presidente da Comissão Disciplinar da Liga de Clubes, é benfiquista. A ser verdade, como diz o povo, não se pode escolher os membros da família…

quarta-feira, 13 de junho de 2007

José Veiga e Pinto da Costa

Quando na última quinta-feira, feriado nacional, me dirigi à Igreja Matriz de Santo Tirso para participar na cerimónia da primeira comunhão do meu filho de 7 anos, estava longe de pensar quem ia encontrar naquele mesmo local.
Pois bem, o recém reanunciado director-geral do Benfica, José Veiga. E com quem é que José Veiga estava? Nada mais nada menos do que com Alexandre Pinto da Costa, esse mesmo, o filho de Jorge Nuno Pinto da Costa, com quem está de relações cortadas há muitos anos. (Ver foto).
Discretos, o casal Veiga e o casal Pinto da Costa abandonaram os claustros da Igreja Matriz mal as cerimónias acabaram. Antigos (?) sócios, os altos e baixos da vida fizeram com que percorressem caminhos muitos diferentes.
Alexandre está, voluntária ou involuntariamente, longe dos palcos mediáticos do futebol que frequentou. E, se calhar, hoje mais do que nunca, dá graças, pelo apelido que usa, por esse distanciamento.
Veiga também percorreu a sua via sacra. Está de regresso à Luz. Mas, o que é de sublinhar neste encontro é que, para lá de tudo o resto, a amizade continua a unir estes dois homens. No mundo do futebol, e não só, não é coisa pouca.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Assim vai o futebol português...

Ricardo Costa, presidente da Comissão Disciplinar (CD) da Liga, deu-se a conhecer ao mundo numa entrevista de duas páginas, hoje publicada no DN. Uma página cheia de nada, outra de coisa nenhuma.
A bem dizer, para dizer o que disse, mais valia a Ricardo Costa estar calado. Olhando para as fotografias que acompanham a entrevista percebe-se a tenra idade do homem e espera-se que arrepie caminho. Se as idades mais provectas não trazem, por si só, sabedoria, pelo menos trazem experiência, e esta sempre servirá para qualquer coisa. Pelo menos, para evitar cair nos mesmos erros.
Sobre o “Apito Dourado”? “Não dou qualquer informação sobre esta matéria”, disse. Mas não se coibiu de lançar alguns avisos à navegação: “Não vamos ser os justiceiros do futebol”; “O Ministério Público não tem poderes para o fazer (obrigar a Liga a instaurar processos em virtude de factos relativos ao Apito Dourado)”; “Mas atenção, a haver processos disciplinares nós não podemos irradiar ninguém nem suspender por tempo indeterminado”.
Desde Março, apenas um inquérito disciplinar relacionado com o Apito Dourado… “Não confirmei isso. Permanece o segredo processual que para mim é importante”.
Há perigo de prescrição neste caso?
“É um risco de todos os processos”.
A CD acha as escutas válidas para instaurar inquéritos ou tem de fazer prova em relação aos factos?
“Isso também a seu tempo próprio vamos ver a fundamentação em relação a isso”.
A CD não tem as mesmas regras de análise e investigação que o MP…
“Tenho alguma dificuldade em qualificar alguma investigação na CD. Nós temos uma investigação aqui muito frágil, muito breve, muito pouco consistente”.
Acha que a opinião pública perceberia se se chegasse a Junho de 2008 sem ninguém condenado na justiça desportiva?
“O facto de nós actuarmos não quer dizer, como toda a gente está à espera, que haja condenações”.
Excertos da entrevista ao DN (segunda-feira, 11 de Junho de 2007), páginas 40 e 41.

Depois desta riqueza de opiniões e coragem na assumpção de responsabilidades, eis a “cereja em cima do bolo”.

Pergunta o DN: Qual o seu clube?
Resposta: “O futebol português não está preparado para saber o clube das pessoas com responsabilidades”.

E é preciso?!

segunda-feira, 4 de junho de 2007

O renascer da mística

Lembras-te Rui? 1988, Estugarda, final da Taça dos Clubes Campeões Europeus, contra o PSV. Rui Águas, camisola 9 do Glorioso, em luta com o nosso ex-treinador Ronald Koeman. Bem-vindo a casa, Rui. (Os nossos agradecimentos a slbenficaimagensretro.blogspot.com)
Em cima, da esq. para a dir.,: Shéu, Néné, Humberto Coelho, Bastos Lopes, Stromberg, Bento.
Em baixo, da esq. para a dir.: Pietra, Veloso, Diamantino, Chalana, Carlos Manuel.

Rui Águas está a um passo de regressar ao Benfica. É uma boa notícia. Este, não há dúvidas, é benfiquista. Como Chalana e como Shéu. É também uma boa notícia para Fernando Santos. O balneário fica mais forte e mais coeso. De personalidades diferentes, Águas, Chalana e Shéu transportam a mística de tardes e noites de glória com a camisola da águia ao peito. E na formação ainda temos que falar na presença de Néné e de Bastos Lopes. E como olheiros, lá estão Vítor Martins e Jaime Graça. Assim se transporta a mística. Uma mística que parece, de novo, renascer no “Inferno da Luz”. Mais que os reforços, os nomes sonantes, as “estrelas” contratadas e a contratar, a mística é “ter na alma a chama imensa”. É disso que se fazem as vitórias.

sábado, 2 de junho de 2007

Zoro e a dignidade

Marc Zoro quando se preparava para entregar a bola ao árbitro e para abandonar o relvado, após os insultos racistas vindo das bancadas. Adriano, do Inter, tenta dissuadi-lo.
Tommy Smith e John Carlos fazem a saudação do "black power" nos Jogos Olímpicos do México, em 1968. A mensagem de Martin Luther King. (Fotógrafo desconhecido)
Marc Zoro é a primeira grande contratação do Benfica para a próxima temporada. O defesa central costa marfinense do Messina, clube italiano que acaba de descer de divisão, vem rotulado como um dos melhores da Série A na sua posição. Para além da valia técnica e táctica e a melhoria qualitativa que vai emprestar a um sector do Benfica (a defesa) em claro défice, Marc Zoro não é um atleta qualquer. Há pouco mais de um ano, o defesa do Messina fez, por momentos, recordar o “black power”, que marcou os Jogos Olímpicos do México de 1968. Por momentos, Marc Zoro foi uma espécie de Tommy Smith e John Carlos, os atletas americanos que, na foto, confrontaram o “status quo”. Também, naquela tarde em Milão, Zoro ergueu-se contra a humilhação e reagiu contra os insultos racistas da bancada pedindo ao árbitro para terminar o encontro ou abandonaria o relvado. Esta atitude teve importantes repercussões em vários aerópagos internacionais, como o Parlamento Europeu. O Benfica acaba de contratar um excelente jogador e um cidadão exemplar.
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