segunda-feira, 31 de março de 2008

Rui Costa: dois "murros" no sistema

Benfica - 4; Paços de Ferreira - 1 (24ª Jornada) - O futebol português vive um momento histórico. Esgravatando na crosta do processo “Apito Dourado” pode descobrir-se uma segunda camada que revela uma luta fraticida entre duas maneiras de ver o futebol.
Uma que aposta em manter o “status quo” granjeado ao longo de mais de duas décadas; outra que pretende um futebol mais credível, mais limpo, mais transparente, como forma de rentabilizar uma indústria de milhões e de paixões.
Fernando Chalana, no seu jeito de menino-grande com enorme coração benfiquista, não demorou muito a encontrar as palavras, nem a medi-las. Genuínas e puras, elas saíram-lhe com a raiva de quem se sentiu espoliado, no final do jogo de ontem contra o Paços de Ferreira: “Querem-nos puxar para baixo”, disse.
Alguns defensores do politicamente correcto, corados de vergonha, vieram logo dizer que não eram palavras condizentes com o estatuto de treinador do Benfica. Pobres espíritos, que não sabem o que está em causa!
Chalana colocou o dedo na ferida, sem mesuras, que “quem não se sente não é filho de boa gente”. O árbitro Elmano Santos vinha com a lição bem estudada, mas não contava com um grande Rui Costa e um eficaz Rodriguez. Nem contava com um Benfica “à Chalana”, combativo e com as pedras em “su sitio”.
Estranhei não ouvir José Mota, o treinador do Paços de Ferreira, sempre tão pródigo em criticar as arbitragens, a falar do lamentável “trabalho” de Elmano Santos. Até final da época, o “sistema” tudo fará para arredar o Benfica do 2º lugar.
É preciso estar atento às nomeações dos árbitros para os nossos jogos, a começar no próximo contra o Boavista, no Bessa. Chalana já percebeu tudo e já viu o filme todo. O “pequeno genial” não vai ficar calado quando tiver que chamar os nomes aos bois. O “sistema” está moribundo mas ainda estrebucha. Todos os cuidados são poucos! Foto: Marcos Borga (Reuters)

sábado, 29 de março de 2008

Parabéns, "Maestro"

Rui Costa, o “maestro”, faz hoje anos. 36 anos. No mesmo dia em que faz também anos o meu filho mais velho, João Pedro. 19 anos. O ídolo do João Pedro é o Rui Costa. Por fazerem anos no mesmo dia? Claro que não, mas registe-se o simbolismo. Porque o Rui Costa é um jogador e um homem genial. Genial de génio, de talento, de competência, de humanismo, de solidariedade, de honestidade, de verticalidade, de credibilidade, de correcção, de firmeza de princípios e valores. De benfiquismo.
O Rui faz 36 anos e vai deixar de jogar à bola como profissional. Foi uma decisão sua, voluntária, assumida com coragem. Deixou-nos um legado de 20 anos de futebol mágico, excepcional, maravilhoso.
Tive a felicidade de estar presente em três dos momentos mais marcantes da história do Rui Costa como jogador. Nas bancadas repletas da velha Luz, com mais de 120 mil pessoas, numa tarde histórica, vi-o marcar, com a classe que só ele tem, o último penálti que deu o título mundial de juniores a Portugal, na final contra o Brasil, em 1991.
Também na Luz, na velha catedral, vi-o chorar e ser abraçado por Batistuta, depois de marcar um golo ao Benfica pela Fiorentina, que então representava, na apresentação do nosso clube aos sócios, em 1996.
No novo Estádio da Luz, vi-o marcar um golo fantástico à Inglaterra, colocando Portugal a vencer, no jogo dos quartos de final do Euro 2004.
É por isso com mágoa que vou deixar de ver Rui Costa jogar ao mais alto nível. Mas acredito que ele vai levar todas as qualidades ímpares que tem como homem para os gabinetes onde se decidirá o Benfica do futuro.
Espero que antes de começar a gizar um Benfica campeão nacional e europeu, Rui Costa possa acabar a sua carreira com a camisola do Benfica com a Taça de Portugal nas mãos. Estamos todos a torcer por isso Rui. Parabéns e obrigado por tudo.

quinta-feira, 27 de março de 2008

O Benfica do futuro

O novo organograma da estrutura do futebol do Benfica tem dado azo a muitas especulações. Ainda sem treinador principal oficialmente apresentado, o que só demonstra o rigor de gestão desportiva que Luís Filipe Vieira tem protagonizado, apesar dos nossos adversários afirmarem o contrário, o encaixe das peças no puzzle benfiquista tem dado a volta à cabeça a muita gente.
"O INFERNO DA LUZ" não quer que ninguém perca a cabeça ou gaste os neurónios a pensar como vai ser a nova estrutura dirigente, quem vai mandar em quem, quem tem mais poder, quem perde poder, etc...
Nós sabemos que o Benfica faz vender muitos jornais e dá muito "share" televisivo, mas já foi tempo em que o clube era dirigido de fora para dentro. Agora, as decisões são internas e geridas em nome de um interesse superior chamado Sport Lisboa e Benfica.
Mas, na sociedade mediatizada que vivemos, também não escapamos a dar a nossa opinião sobre os assuntos do maior clube do Mundo. Assim, colocamos aqui para apreciação e comentário o "novo" organograma do Sport Lisboa e Benfica.
Na linha da frente, o Presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira, a quem todos têm que responder - a Administração da SAD e o seu Gabinete da Presidência, composto pelo Chefe de Gabinete e "staff" pessoal de apoio, ao nível de secretariado e administrativo.
Depois, claro, Rui Costa, com a denominação de "director desportivo, à semelhança dos grandes clubes europeus, com a responsabilidade da gestão do futebol profissional e de todas as questões que envolvem a principal equipa do Sport Lisboa e Benfica. Esta gestão, que envolve renovações, contratos, aquisições, estágios, planeamento da época, será tratada em linha directa com o novo treinador principal.
Do outro lado, aparece Rui Águas, com intercâmbio directo com Rui Costa. Para Águas está destinado um apoio mais consequente às camadas jovens, prospecção de mercado, solidificação de um modelo de jogo uniforme em todas as categorias, jogadores das camadas jovens que podem integrar o plantel principal, etc.
A ligação estreita e directa entre Rui Costa e Rui Águas, será um dos factores de sucesso desta nova estrutura organizacional. Os dois respondem directamente ao Presidente. Depois, os degraus da estrutura, representados no esboço, são perfeitamente entendíveis.
O Departamento Médico tem de estar intimamente ligado ao treinador principal, para que acabe de vez a saga das lesões, assim como o papel de Shéu, uma "velha glória" imprescindível, pelo seu profissionalismo e benfiquismo, com a área da logística e organização. Shéu deve também ser o representante do Benfica nos sorteios nacionais, como a Taça de Portugal. Um elemento com estas funções também deve estar junto das camadas jovens.
Depois, Rui Águas deve ser informado a par e passo do que se passa ao nível das camadas jovens: juniores, juvenis, iniciados, infantis e escolinhas, que têm tido bons desempenhos. Nesta tarefa, o papel de antigas glórias, como João Alves, Pietra e Néné, é fundamental.
Isto é apenas um exercício especulativo. Que queremos que suscite o maior número de reacções possível. É do Benfica do futuro que estamos a falar.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Que saudades de Karagounis!

Primeiro golo da Grécia, apontado por Karagounis (que marcou os dois), no particular de Dusseldorf, contra Portugal (2-1).

Que saudades de Karagounis. O médio grego, campeão da Europa em 2004, foi a figura maior de um jogo em que a Grécia deu um banho de futebol a uma pobre Selecção Nacional. O ex-benfiquista, agora no Panatinaikos, de José Peseiro, marcou os dois golos que deram a vitória aos helénicos, na transformação soberba de livres. Ricardo ficou a vê-las passar.
Karagounis passou pela Luz vincando bem a sua classe de jogador-extra. Podia ter sido mais rentabilizado, mas os esquemas tácticos de Ronald Koeman e de Fernando Santos, que sistematicamente tiravam o médio grego do meio do terreno e o encostavam a uma das faixas, impossibilitaram-no de render tudo o que pode e sabe.
Na Selecção grega, de Otto Rehaggel, Karagounis é o patrão e o cérebro, como o foi em 2004, no Europeu de Portugal, e os resultados estão à vista.
Quanto a Portugal, uma tristeza. Escapa o novo equipamento. Vermelho vivo. Muito bonito. Mas as camisolas já não ganham jogos, como se sabe. Quaresma devia ter sido expulso, depois de uma entrada a “matar” sobre um jogador grego. Aliás, os jogadores do FC Porto estão-se a especializar nestes lances, contando com a complacência das equipas de arbitragem.
É bom que Scolari, depois de Bruno Alves, contra o Leixões, e agora de Quaresma, assuma alguma atitude pedagógica no balneário ou, no Euro 2008, Portugal pode vir a ser bastante penalizado, embora não acredite que o central do FCP seja titular.
Quanto ao único jogador do Benfica na Selecção, Nuno Gomes, apenas há a registar o golo que marcou. Pode ser pouco, mas, como disse em tempos Diamantino, numa frase que ficou célebre, antes de um jogo da Selecção nas Antas: “Os do Porto jogam, mas são os do Benfica que marcam”. Foto: (Martin Meissner/AP Photo)

TODA A VERDADE II

18ª Jornada
Benfica – 0; Nacional – 0
Árbitro: Olegário Benquerença (AF Leiria)

“Não se pode dizer que tenha sido uma partida complicada para Olegário Benquerença e seu pares. Sem querer tirar mérito ao trio de arbitragem, que nisso terá tido papel importante, a verdade é que não houve situações que suscitassem polémica de forma gritante. (…) “

in jornal "O Jogo", de 3 de Fevereiro de 2008

19ª Jornada
Naval – 0; Benfica – 2
Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

"Tribunal d´O Jogo"
Jorge Coroado, Soares Dias, Rosa Santos e António Rola acham que o lançamento de Binya, de que resultou o primeiro golo do Benfica, foi irregular, e que houve penálti sobre o jogador da Naval.

"O Jogo": Rui Costa e os seus assistentes não viram o lançamento irregular de Bynia no lance do primeiro golo. (…) Além disso, o árbitro não viu uma grande penalidade cometida por Luís Filipe sobre Marinho (…) e assinalou um fora-de-jogo inexistente a Makukula” (…)

in jornal "O Jogo", de 16 de Fevereiro de 2008

20ª Jornada
Benfica – 1; Braga – 1
Árbitro: Jorge de Sousa (AF Porto)

“Acompanhou bem, entendeu-se melhor com assistentes”

in jornal “O Jogo”, de 26 de Fevereiro de 2008

21ª Jornada
Sporting – 1; Benfica – 1
Árbitro: Paulo Paraty (AF Porto)

"Tribunal d´O Jogo"
16 minutos: Miguel Veloso joga a bola com a mão dentro da área.
Penalty dizem Jorge Coroado e António Rola.
50 minutos: Cardozo agride Tonel?
Coroado, Rosa Santos e António Rola dizem que sim; Soares Dias diz que não.
60 minutos: Há falta de Léo sobre Vukcevic dentro da área?
Os quatro ex-árbitros dizem que sim.
76 minutos: Nélson justifica o vermelho?
Coroado, Rosa Santos e António Rola dizem que não; Soares Dias diz que sim.
90 minutos: Há falta de Katsouranis sobre Purovic dentro da área?
Os quatro ex-árbitros dizem que não.
in jornal "O Jogo", de 2 de Março de 2008

22ª Jornada
Benfica – 2; União de Leiria – 2
Árbitro: Vasco Santos (AF Porto)

“No lance do primeiro golo do Leiria ficou a dúvida sobre a posição legal de Paulo César (Rosa Santos diz que está em fora-de-jogo)”; “Bruno Miguel agrarra Cardozo quando este se ia a isolar e dá uma joelhada no paraguaio – Jorge Cororado, Soares Dias e António Rola dizem que ficou uma falta por marcar”.

in jornal “O Jogo”, de 10 de Março de 2008

23ª Jornada
Marítimo -1; Benfica – 1
Árbitro: Bruno Paixão

“A partida não foi complicada para a equipa de arbitragem. Não existiram situações que suscitassem polémica”.

in jornal “O Jogo”, de 17 de Março de 2008

CONCLUSÃO: Em 6 jogos, e quando se entra na recta final do campeonato, os árbitros mostram um rigor e uma idoneidade com o Benfica, que não se verifica com outras equipas. Ainda bem. Mas, como diz o povo, ou há moral ou comem todos. Neste caso, parece que só UM é que “come”. Apesar de já distar mais de 15 pontos do primeiro lugar, o Benfica não merece da parte dos árbitros qualquer tipo de complacência. Vejamos – tirando o jogo com a Naval, em que, admito, somamos dois pontos a mais, com o Sporting e a União de Leiria, como escreve o jornal “O Jogo”, o Benfica foi espoliado de 4 pontos. Ou seja, mesmo já afastado do título por erros da arbitragem durante a primeira volta do campeonato, como aqui ficou provado, o Benfica continua a ser prejudicado. Nos últimos 6 jogos, 2 pontos a menos.

PC "vai" ou "foi" a julgamento?

Pinto da Costa “vai” ou “foi” a julgamento? A pergunta é muito mais do que uma mera questão semântica. Tem a ver com o País, este País, Portugal, o País que somos. Já tudo foi dito e escrito sobre a Justiça “à portuguesa”: lenta, burocrática, cheia de alçapões, justiça de ricos e de pobres, excessivamente mediatizada.
Uma justiça que antes de o ser já o era, feita na comunicação social, na opinião pública. Uma justiça que caiu na rua. Porquê este intróito? Porque Pinto da Costa (PC) vai a julgamento? Sim e não.
Sim, porque não é muito vulgar em Portugal ver-se um “poderoso” ser levado até ao banco dos réus. Não, porque a opinião pública, bem ou mal, já o julgou e a sentença já transitou em julgado há muito tempo.
O que me espantou hoje foi a “capa” de “A Bola”. Um olhar distraído fez-me pensar que PC tinha dado uma entrevista ao jornal “A Bola”. E pensei: “Bem jogado”. Mas não, PC deu mas foi uma entrevista ao Rádio Clube Português e ao jornalista portista Carlos Magno. Bem jogado na mesma? Sim e não.
Sim, porque PC não gosta de imprevistos, que parasitem a mensagem, logo, gosta de “jogar em casa”. Não, porque uma defesa num jornal posicionado noutro lado da barricada tem outra credibilidade, outra força, outro impacto.
O problema é que “A Bola” resolveu remeter o “facto” – PC vai a julgamento – para segundo plano, e deu quase toda a primeira página à estranha certeza do presidente do FC Porto: “Serei absolvido”.
Para quem diz que a justiça em Portugal é lenta, aqui está um exemplo de enorme celeridade. A sentença está dada: Absolvido. PC “vai” ou “foi” a julgamento?

terça-feira, 25 de março de 2008

Perguntar não ofende

PORQUE É QUE PC VAI (OU FOI) A JULGAMENTO?

O INFERNO nos jornais

in jornal "PÚBLICO", de 24 de Março de 2008

A mística, segundo Chalana

A célebre Selecção Nacional que conseguiu o apuramento para o Europeu de 1984, em França, depois de derrotar a ex-URSS por 1-0 (golo de penálti, de Jordão, depois de falta sobre Chalana), num estádio da Luz repleto. Uma equipa capitaneada pelo saudoso Bento, e onde alinhavam ainda mais 3 benfiquistas: Chalana, José Luís e Carlos Manuel. Numa altura em que o Benfica já começava a perder o "mercado interno".

Fernando Chalana é um dos rostos de apoio à Selecção no Euro 2008, que se vai disputar na Suiça e na Áustria, em Julho. Considero esta escolha uma homenagem a um jogador genial e a um homem discreto mas frontal.
Não sei de quem partiu o convite, mas seja quem for, está de parabéns pela escolha. Poucos são os que representam tão dignamente aquela que foi a mais estraordinária epopeia do futebol português, após o Mundial de 66.
O Europeu (sem abreviação) de 1984, em França, relançou no Mundo a fantástica “fábrica de talentos” que é Portugal, mesmo sem o recurso aos jogadores oriundos das antigas colónias.
Depois de 66, Portugal tinha entrado num estranho ocaso a nível de Selecção, apesar de continuar a apresentar equipas recheadas de jogadores de eleição: Humberto, Alves, Néné, Vítor Baptista, Oliveira, Manuel Fernandes, Toni, Shéu, entre muitos outros.
A década de 70 foi madrasta. Até que chegou 84, o Europeu de Platini mas que Chalana e os seus “compagnons de route” iam estrangando, depois daquela memorável e dramática meia-final de Marselha, no Vélodrome.
Chalana foi a figura maior desse Europeu, comparável a Michel Platini. Depois, o seu percurso é conhecido. Como aconteceu com Rui Costa e com João Vieira Pinto, com Chalana, os mais fantásticos jogadores portugueses dos últimos 20/25 anos, o “pequeno genial” foi para um clube pequeno demais para a sua dimensão de jogador, o Bordéus. A vida é assim…
Sempre discreto, sempre digno, Fernando Chalana regressou ao Benfica para servir o clube, nunca para se servir do clube. Sem nunca se por em bicos de pés, volta a ocupar as primeiras páginas dos jornais e é agora o rosto publicitário da Selecção.
Mais do que o talento gigante como jogador, mais do que a humildade dos grandes homens, o que há a realçar é o discurso de Fernando Chalana. Um discurso de quem parece que o está a preparar há anos. Palavras que parecem de quem já assimilou tudo sobre o efeito comunicacional da mensagem.
Mas que são apenas palavras de um homem genuíno, brilhante, inteligente como poucos. Chalana fala como jogava: sem rodopiar sobre si próprio e voltar para trás, antes sempre em frente, fintando os adversários, directo à área e ao golo.
No sábado, no “Correio da manhã”, diz esta coisa extraordinária para os dias que correm: “Quando perdíamos ou empatávamos, nem saíamos de casa. Empatar era como perder. Tínhamos vergonha”.
Hoje, em “A Bola”, que mostra uma sequência notável de fotografias, Chalana diz: “Queria ter 11 jogadores do Benfica na Selecção, como em 66”. Peguem nestas duas entrevistas e colem-nas nas paredes do balneário, na Luz e no Seixal. Querem saber o que é a mística? Falem com Chalana…

domingo, 23 de março de 2008

A mística regressa ao Bonfim

A vitória do Vitória de Setúbal na primeira final da Taça da Liga é o regresso do histórico clube sadino à primeira linha do futebol português. É certo que há dois anos o Vitória tinha conquistado a Taça de Portugal, batendo o Benfica na final, mas esta nova conquista mostra um clube consolidado, após uma grave crise directiva e financeira.
A conclusão que há a tirar é que a mística regressou ao Bonfim, o velho e mítico estádio onde o Vitória de Setúbal viveu tardes e noites europeias gloriosas, agora que se fala na nova casa dos sadinos, no Vale da Rosa.
Fiquei contente com esta vitória do Vitória. E fiquei emocionado ao ver as lágrimas nos olhos de Carlos Carvalhal, um jovem técnico da “geração Mourinho”. Não posso esquecer que este Vitória de Setúbal é “irmão gémeo” do meu Benfica.
É bom recordar nomes que foram “velhas glórias” dos dois clubes: Torres, Vítor Baptista, Jaime Graça. Carlos Cardoso é hoje o guardião dessa mística que parece renascer no Bonfim. Ainda bem. O grande Vitória de Setúbal está de volta, honrando o passado com os olhos no futuro. Parabéns Vitória. Foto: Nacho Doce (Reuters)

sábado, 22 de março de 2008

Um jogo clandestino



O futebol português é uma piada. Ou uma anedota. Ou uma fraude. Ou uma brincadeira. Ou tudo isto junto e ainda sobra tempo ao presidente da Liga para pensar em mais motivos de galhofa. Agora, a ideia luminosa é criar um campeonato de sub-21. Era trágico, se não fosse cómico.
As equipas de juniores de Benfica, Sporting e FC Porto têm uma maioria de estrangeiros. Isso preocupa o presidente da Liga? Não. Uma fiscal de linha brasileira, Ana Paula Oliveira, vem a Portugal a uma festa de aniversário de um jornal e na presença de Vítor Pereira, presidente da comissão de arbitragem, classifica o processo “Apito Dourado” de “máfia do apito”. Isso preocupa o presidente da Liga? Não.
A tacinha da Liga, uma ideia do seu presidente, tem médias de assistência de 2.500 espectadores. Isso preocupa o presidente da Liga? Não, pelo contrário, acha que a prova foi um sucesso.
Um jogador internacional português, a poucos meses do Euro 2008, tem uma entrada a “matar” num jogo da Liga. Isso preocupa o presidente da Liga ou o presidente da Federação? Não. O primeiro está preocupado com a final de uma prova quase clandestina, o segundo preocupado está, se calhar, com o Mundial de 2018.
Em vez de gastar energias e recursos com campeonatos idiotas, o presidente da Liga devia procurar promover e consolidar a Supertaça Cândido de Oliveira, uma prova já com prestígio em Portugal e cuja disputa no início da época é de uma clara idiotice.
A Supertaça devia ser disputada no fim-de-semana a seguir ao final da Liga. O seu palco não pode ser outro que não o Estádio Nacional, e o jogo deve ocorrer num Domingo à tarde. Dar a mesma dignidade à final da Taça de Portugal e à Supertaça devia ser preocupação da Liga e não a criação avulsa de provas e mais provas.
Em 2009/10, o 2º classificado da Liga não tem entrada directa na Liga dos Campeões. Isso preocupa o presidente da Liga? Não.
Vamos todos é apreciar a grande final da Taça da Liga, uma prova clandestina, a disputar hoje, entre V. Setúbal e Sporting, num estádio fantasma, e procurar evitar um grande bocejo. Certo, certo, na tribuna vão estar muito sorridentes o presidente da Liga, o presidente da AG da Liga e outros responsáveis (?) do futebol português.
O circo está para durar…

quinta-feira, 20 de março de 2008

Perguntem ao Zandinga

O corrupio de nomes de futuros treinadores do Benfica nos jornais desportivos ameaça a sanidade mental dos leitores e promete primeiras páginas coloridas até final da época. São muitas as hipóteses e poucas as certezas. Nas redacções devem-se fazer apostas, lançar palpites, tirar à sorte. Quem vai ocupar a cadeira mais apetecida do banco de suplentes do futebol português?
Quase que estou a ver as reuniões de editores. “Então amanhã, quem vamos colocar na primeira página como novo treinador do Benfica?” – pergunta o director. Ao que o editor das páginas sobre o clube da Luz responde com conhecimento de causa: “Se calhar o melhor é fazer uma sondagem entre os nomes que têm sido falados”.
O editor das modalidades, pouco familiarizado com a questão, não quer deixar de meter colherada e recorre à sua experiência de quando fazia inquéritos de rua: “Não é um pouco tarde para fazer sondagens?”.
A pergunta originou irónica troca de olhares entre o director, o chefe de redacção e o editor do Benfica. “Bom, deixemos esses pormenores para outras alturas e vamos lá avançar que se faz tarde”, atalha o director, num remoque ao editor das modalidades.
Que raio de impertinentes que julgam que vender um jornal se rege por normas de rigor e de credibilidade, resmunga com os seus botões o director, cada vez mais incomodado com o facto da manchete ainda estar por encontrar, e já passou a hora normal de almoço.
Vamos lá ao “tacho”. Pode ser que com a barriga cheia as ideias apareçam. O chefe de redacção vem, depois de almoço, com vontade de tomar as rédeas da situação. “Ouvi na rádio que vai ser um português”, diz, entusiasmado.
“Português, inglês ou chinês, eu quero é um nome”, atira o director, ao ver as horas passarem e a primeira página em branco. O editor de futebol internacional intervém, pela primeira vez: “Tenho informações de que vai ser estrangeiro”, diz, solene.
Ao diabo as informações. Um nome, eu quero um nome”, berra desesperado o director. A coisa começa a ficar preta. Nomes, mas quais nomes?, se todos já tinham sido utilizados em edições anteriores. A imaginação tem limites.
O estado de crise daquela reunião começa a transpirar para o exterior e a envolver todas as pessoas que trabalham no jornal. Jornalistas, copy-desks, secretárias, contínuos, motoristas, seguranças, todos são chamados a opinar sobre o nome do futuro treinador do Benfica. Afinal, era o seu posto de trabalho que estava em causa, o jornal não podia sair para as bancas com a primeira página em branco.
Aguardam-se os noticiários da noite para ver se havia novidades. Nada. Noite cerrada e o desespero tinha-se transformado em drama. A hora de fecho da edição avançava inexorável. Até que, do fundo da redacção, um jovem estagiário que assistia atónito a todo aquele reboliço perdeu a vergonha e disse a medo: “E se telefonassem ao Zandinga?”.
Olharam todos, incrédulos, na mesma direcção. O tempo parecia ter parado. Um segundo depois, desataram numa correria para as agendas telefónicas.

terça-feira, 18 de março de 2008

Mantorras: aos 26 anos começa o futuro

Parabéns e Obrigado Pedro Mantorras, que a vida te dê tudo de bom por nos teres feito felizes.

Pedro Mantorras faz hoje 26 anos. Espero que tenha junto de si aqueles de que mais gosta. O jogador angolano está ainda na flor da idade, mas poucos são os que já viveram aquilo que ele viveu.
Em dia de aniversário, faz bem recordar o Pedro Mantorras que vimos no Alverca destroçar o Sporting, e recordá-lo nas primeiras épocas na Luz, qual “novo Eusébio” a arrasar com um “hat-trick” o Vitória de Setúbal na Velha Catedral.
Ou ainda, aquando do último campeonato ganho com Trapattoni, vê-lo feliz como uma criança a marcar, quase sempre perto do fim, quando lhe davam alguns minutos para fazer aquilo de que mais gosta – jogar futebol. Deve-se muito a Mantorras este título de campeão.
Será Mantorras apenas uma recordação? Não penso assim. O angolano é um poço de energia contagiante, de vontade de viver e de se superar quase únicos, tem ainda pela frente muitos e bons anos de jogador ao mais alto nível.
Estou convencido que a “máquina humana” que é vai regressar em pleno no próximo ano. Para jogar 90 minutos, com a codícia pela baliza que só os grandes jogadores têm. Espero que o novo treinador do Benfica perceba quem tem no balneário. Pedro Mantorras, para além de um Homem de carácter invulgar, é um jogador de eleição. Vai prová-lo. Aos 26 anos começa uma segunda vida.

E Pluribus Unum

O ataque que nos últimos dias tem sido lançado à figura do Presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira, não acontece por acaso. Vieira tomou posse como líder encarnado em 3 de Novembro de 2003, ou seja, há pouco mais de 4 anos que está à frente do clube.
Em 4 anos, Vieira tem como currículo desportivo a conquista de 3 títulos nacionais de futebol: 1 Campeonato, 1 Taça de Portugal, 1 Supertaça Cândido de Oliveira. É pouco? Depende do ponto de vista.
Para quem é acusado de nada saber de futebol nem de gestão desportiva, convenhamos que é significativo. E mais significativo é, se compararmos com as conquistas encarnadas anteriores. Façamos uma simples retrospectiva. Basta recuar até ao início da década de 80.
Fernando Martins liderou o clube entre 81 e 86, tendo somado 3 campeonatos, 4 taças e 1 supertaça; depois veio João Santos, que arrecadou, em outros 5 anos de liderança, 3 campeonatos, 1 taça e 1 supertaça; Jorge de Brito arrecadou apenas 1 taça e Manuel Damásio, entre 94 e 97, 1 campeonato e 1 taça.
Depois o deserto. Até chegar Luís Filipe Vieira. De um lado, o caos financeiro, administrativo, organizativo; do outro, zero títulos, desde 1996. Um trabalho de Hércules, que ainda não terminou.
Pelo meio, o processo “Apito Dourado”, que obrigou o líder benfiquista a ser o rosto da indignação face a um processo que levantava o véu sobre as “vigarices” que foram cometidas no futebol português na última década.
Equilibrar as finanças, construir as infraestruturas desportivas que se sabem, organizar o clube (vejam-se os resultados das modalidades), defender a credibilidade do futebol português através do protagonismo exercido no processo “Apito Dourado”, conquista de 3 títulos nacionais. É pouco?
Os benfiquistas exigem sempre mais e mais. Mais títulos, sempre mais títulos. Ainda bem. O Benfica só pode voltar a ser um campeão crónico e a lutar pela presença nas finais europeias. Mas é bom não ter a memória curta.
O ataque a Luís Filipe Vieira, e à sua propalada falta de jeito para a gestão desportiva, só favorece os inimigos do Benfica. Os benfiquistas não se podem deixar ir na onda. Neste momento, fragilizar a Direcção é fazer parar o processo “Apito Dourado” e é voltar ao tempo do “deserto” de títulos no futebol e nas modalidades.
Fragilizar Fernando Chalana e Rui Costa – outros alvos dos inimigos do Benfica – é fragilizar a Direcção e fazer o jogo de quem quer meter o “Apito Dourado” na gaveta. A estabilidade do clube passa por uma estabilidade ao nível directivo, que transmita também estabilidade à equipa de futebol.
Não por acaso, foi durante toda a década de 80, com apenas 2 presidentes, que o Benfica mais títulos conquistou. Unirmo-nos em torno dos líderes directivo (Luís Filipe Vieira) e desportivo (Fernando Chalana) é nossa obrigação de benfiquistas serenos e confiantes.

segunda-feira, 17 de março de 2008

A visão selectiva dos árbitros

O historial de agressões de Bruno Alves dá que pensar. Esta foi em 2006, num V. Setúbal - FC Porto. No sábado, em Matosinhos, contra o Leixões, foi uma "patada" nas costas de Jorge Gonçalves, atacante do Leixões, e uma cotovelada no mesmo jogador, junto à linha lateral. Vamos ver o que dizem e fazem os dirigentes da Liga e os dirigentes do Leixões, já agora... Um conselho para Scolari: este senhor jogador deve ser afastado do Euro 2008.

Jorge Sousa, árbitro da AF Porto, não viu a patada que Bruno Alves, defesa central do Porto, deu nas costas de Jorge Gonçalves, avançado do Leixões. E dizemos “não viu” porque o lance de tão brutal mereceria não 1, nem 2, nem 3 vermelhos directos, mas uma pesada suspensão ao jogador portista, que, na nossa opinião, até devia passar pela não inclusão nos seleccionados para o Euro 2008. Vamos a ver se Scolari viu…
Ficamos agora à espera que os senhores da Liga, que já devem ter visto o lance, tomem alguma posição. Se forem tão rigorosos como a UEFA foi em relação a Bynia, Bruno Alves bem pode ir para férias mais cedo.
Mas o que é engraçado nesta falta de visão de Jorge Sousa é que ela costuma ser muito selectiva. O árbitro da AF Porto é o mesmo que não viu uma grande penalidade contra o Leixões, sobre Nuno Assis, no jogo da 1ª jornada do campeonato, com o Benfica. Terá Jorge Sousa algum problema com o Leixões? O melhor senhor presidente da Comissão de Arbitragem é que o árbitro portuense deixe de apitar jogos da equipa de Matosinhos. É que Jorge Sousa também deixou passar um fora-de-jogo claro de Tarik no segundo golo do FC Porto.
Engraçada esta visão selectiva dos árbitros portugueses. Medíocres, cobardes, incompetentes. Feios, porcos e maus. A Liga, em vez de andar entretida com as taçinhas de trazer por casa, devia pensar a sério em fazer regressar a credibilidade ao futebol português.
Porque não abrir um concurso público para escolher uma agência externa que gerisse o nosso futebol? É ou não uma indústria que está em jogo? Tem, ou não, de ter rentabilidade? Como é possível que esta indústria seja semanalmente prejudicada com arbitragens tendenciosas, que adulteram os resultados dos jogos e as classificações? Sem público nos estádios (basta ver que o estádio do Dragão não encheu para o jogo contra o Schalke, quando parecia garantida a passagem aos quartos-de-final da Liga dos Campeões), qualquer dia são os patrocinadores que não querem estar associados a uma indústria com regras inquinadas. Será que não há ninguém que trave esta desvergonha?

Do mal, o menos

Marítimo – 1; Benfica – 1 (23ª Jornada). Façam o favor de deixar Chalana trabalhar em paz. O “pequeno genial” não pode estar em risco até final da temporada. É escusado colocar mais pressão sobre um homem que já lidou com grandes cargas de pressão ao longo de toda a sua carreira.
Chalana montou uma equipa inteligente no estádio dos Barreiros. Devolveu Luís Filipe ao seu “habitat” natural (algo que Camacho já tinha tentado), e mais uma vez o ex-bracarense não provou.
Pôs Rui Costa no banco, com o argumento da “gestão” de esforço. Foi uma boa opção. Rui Costa vai ser preciso na máxima força para Alvalade, para que possa cumprir o sonho de terminar a carreira de Taça de Portugal nas mãos.
Um meio-campo de aço, com Petit, Bynia e Sepsi, que travou o virtuosismo das unidades maritimistas. E um Cardozo, mais ou menos acompanhado por Rodriguez. Resultado: uma primeira parte de bom nível, que chegou para marcar um golo e “salir a ganar” para o intervalo.
Na segunda parte, Chalana revelou as sequelas da companhia de Camacho – foi muito conservador. Exigia-se uma alteração da equipa para “matar” o jogo. A saída de Luís Filipe impunha-se, mas a solução devia passar por Di Maria. Rui Costa devia ter entrado mais cedo, permitindo ao Benfica controlar o jogo.
Chalana não ousou, contrariando a sua natureza, o Marítimo empolgou-se e conseguiu empatar, num lance em que foi patente a falta de qualidade de Edcarlos. Conclusão: não vem mal nenhum ao mundo, mais este empate. O Benfica regressa ao segundo lugar, que dá acesso directo à Liga dos Campeões, e no meio de uma época conturbada a exibição e o resultado dos Barreiros foi um mal menor.
O campeonato vai parar 15 dias. Tempo para Fernando Chalana conseguir “tempo” para trabalhar os jogadores, aperfeiçoar automatismos e conseguir fazer passar a sua mensagem, nos jogos que ainda faltam para terminar a época.
Paciência e nervos de aço são precisos. Não às precipitações. Foi bonito ver Fernando Chalana, Rui Águas e Shéu Han, impecáveis nos seus fatos com o símbolo do Benfica na lapela, dirigindo-se para o banco. É apenas um pormenor, mas é um pormenor significativo.
Se calhar esta é a imagem mais forte do Benfica nos Barreiros, e é uma imagem que tem de se projectar no futuro. Um futuro que ainda passa por Chalana e que vai passar por quem incorporar a mística e a dimensão gloriosa de um Benfica que vai começar de novo para ser imparável.
Foto em www.slbenfica.pt - mais um golo do "senhor 9 milhões"

domingo, 16 de março de 2008

Cartas do Diabo (11)

Caro amigo, infelizmente o nosso Benfica necessita de muito mais do que uma remodelação no plantel, começando pela contratação de um preparador fisico de topo, ausência que se faz notar há já muitas épocas. Em relação ao plantel, se me permite:
Butt - Vender (Júnior como terceiro guarda-redes)
Nélson - Vender ( Não tem responsabilidade para jogar no Benfica)
Luis Filipe - Culpa tem quem o comprou
Edcarlos - Nem devia ter vindo
Nuno Assis - Nunca teve nível para jogar no Benfica
Maxi - Muito fraco
Katsouranis - Vender ( Já não mostra vontade de ficar)
Di Maria - Emprestar a um bom clube da Liga para ganhar ritmo
Nuno Gomes - Sem lesões e com o Cardozo é um jogador fundamental, se jogarmos com 2 pontas
Makukula - 4 Milhões? Por amor de Deus! Bom para o Braga.
Mantorras - A manter, pela empatia que transmite quando entra em campo para as bancadas e para a própria equipa. Ver declarações dele no fim do jogo em Getafe.
Mas acima de tudo muito cuidado com o que se vai buscar, é que para pior basta como está. Ver os jovens emprestados, Miguel Vitor têm lugar de caras no plantel, Romeu Ribeiro é muito melhor que Maxi ou Assis, etc.
Começa a ser mau de mais para ser verdade. Para além disso, o cansaço é evidente. Atenção à fabula do Pedro e o lobo...

SLB sempre e para sempre !

Cumprimentos,

Vitor Esteves

enviado por email

sábado, 15 de março de 2008

Chalana merece respeito

Em risco ficará o Benfica, se se precipitar.

Ainda o “corpo” de Camacho está quente e já querem fazer a “folha” a Chalana. O teste, como lhe chamam, de amanhã com o Marítimo é visto como a prova dos nove do “pequeno genial” – perde, e avança uma nova equipa técnica, ganha e pode ficar até final da época.
Só o facto de se levantar esta hipótese, é de um absurdo total. Não quero acreditar que o Benfica se disponha a mais um erro grave de gestão desportiva. Fernando Chalana deve ficar até final da época, haja o que houver.
Na pior das hipóteses, o Benfica não segura o segundo lugar e é eliminado nas meias-finais da Taça de Portugal, em Alvalade. E quem é que diz que com outro treinador, enxertado nesta conjuntura, isso não seria até mais provável?
Deixemo-nos de brincadeiras. O Benfica não pode vogar ao sabor de impulsos do momento. Preparar a próxima época é uma prioridade máxima, e isso só pode ser feito com Chalana, o único que permitirá uma transição tranquila, sem rupturas, e que tem o conhecimento profundo do clube e da equipa para levar esta nau, por entre ondas encapeladas, incólume até terra.
Um corpo estranho, a poucas jornadas do fim, seria mais um elemento desestabilizador do que um garante da unidade e de planeamento eficaz para 2008/09. Chalana é a ponte para o que há-de vir. Uma ponte que não deve ser colocada sob “friendly fire” (fogo amigo), antes deve ser protegido como alguém que sabe de cor o mapa do tesouro e pode e deve servir de bússola para o próximo treinador principal.
Há dias, em entrevista, António Simões rompe o silêncio. Diz que não há cultura nem tradição no Benfica em relação aos treinadores portugueses. Simões prefere, por isso, um estrangeiro. Estou de acordo com a “velha glória”. O Benfica sempre foi um clube de assumida dimensão mundial e, por isso, os treinadores estrangeiros transmitiam essa imagem e esse perfil universalista: Janos Biri, Valdivieso, Riera, Guttmann, Hagan, Pavic, Mortimore, Eriksson, Baroti, Trapattoni, só para falar de alguns dos mais significativos, e esquecer Pal Csernai, Jupp Heyenckes, Graham Souness ou Koeman.
Mas a hora é de apostar num treinador português. Posso-me enganar, mas um nome nacional terá, nesta actual conjuntura, mais vantagens. Os nomes avançados pela comunicação social são muitos e quase que esgotam todas as opções. Mas, por favor, Jorge Jesus…???!!! Eu até gosto do estilo do homem – vibrante, galvanizador, empenhado, mas se for só por isso, porque não Jaime Pacheco?
Não, nem um nem outro servem para o Benfica. Dentro do perfil que apresentamos há dias, aqui neste blogue, só existe um nome. Mas esse apenas iremos falar nele depois do campeonato terminar, por total respeito a um senhor do futebol chamado Fernando Chalana.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Questões de transparência

Sempre tão comedido em relação às notícias sobre o processo "Apito Dourado", o jornal "O Jogo", uma publicação de qualidade redactorial e gráfica, deu um destaque inusitado às palavras do árbitro Rui Silva, da AF Vila Real. O que disse então este árbitro de tão contudente para merecer primeira página do jornal e tratamento editorial de relevo (para além da "tira" SISTEMA AO QUADRADO, sempre de leitura obrigatória, que aqui se reproduz)? Nada mais nada menos do que esta "bomba": "O Benfica ofereceu-me um cristal quando fui à Luz".
Quais palavras de Carolina Salgado, quais revelações do ex-árbitro Rui Mendes, quais declarações de Maria José Morgado, nada disto mereceu qualquer "frisson" na redacção de "O Jogo". Agora, o árbitro Rui Silva dizer que recebeu "um cristal" do Benfica, alto lá e pára o baile.
Afinal, não foi um "cristal" mas uma peça "em vidro", que o clube costuma entregar a todos os que se deslocam à Luz, como acontece com as equipas estrangeiras, como bem esclareceu o assessor de imprensa do Benfica, Ricardo Maia.
Mas isso não demoveu o intrépido jornal de colocar ao lado deste esclarecimento, que desmentia totalmente a versão do árbitro Rui Silva, umas declarações de Aprígio Santos, o presidente da Naval 1º de Maio, dizendo que "no melhor pano cai a nódoa".
Fica a dúvida: não sabemos a quem se referia o "sui generis" presidente da Naval, se ao Benfica, se ao jornal "O Jogo", que teve hoje que emendar a mão e desmentir Rui Silva. Mas não conseguiu o jornal ir já a tempo de corrigir a "tira", mas numa coisa acerta - comparado com outros, o Benfica é demasiado transparente.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Quo vadis, futebol português?

O futebol português precisa de uma reflexão profunda. Que cabe, em primeiro lugar à Liga de Clubes, mas também à Federação Portuguesa de Futebol. Em vez de andarem entretidos com a criação de torneios mais ou menos anedóticos, como a Taça da Liga, ou com ideias fantasiosas, como a organização de um campeonato do Mundo, Hermínio Loureiro e Gilberto Madaíl deviam debruçar-se sobre o que é realmente importante e mostrarem-se preocupados: a qualidade do futebol em Portugal, a qualidade do espectáculo e o consequente afastamento dos adeptos.
Vem este tema a propósito do que foi a participação das equipas portuguesas nas provas europeias deste ano. Ficamo-nos pelas, chamadas, três grandes: Benfica, FC Porto e Sporting. As duas primeiras entraram na fase de grupos da Liga dos Campeões. O Benfica ficou-se por essa fase e, depois, na Taça UEFA, caiu às mãos de uma equipa de segundo plano do futebol espanhol, o Getafe
O FC Porto avançou para os oitavos-de-final. Como sempre tem acontecido nas suas outras participações, calhou-lhe em sorte a equipa mais fraca das apuradas, o Schalke 04, um conjunto alemão de segundo plano e sem história na Europa. Ao contrário do que aconteceu com a partida contra o Deportivo da Corunha, há 3 anos atrás, com a ridícula expulsão de um jogador espanhol a dar a passagem à final do FC Porto, desta vez não houve “mão negra”, e os azuis ficaram pelo caminho.
Hoje à noite, o Sporting ficou apurado para os quartos-de-final da Taça UEFA. Ganhou por 1-0, com o golo a aparecer a 5 minutos do fim, a um Bolton B, cuja equipa titular ficou em casa a preparar partidas mais importantes para o campeonato inglês, onde luta para não descer de divisão. É claro que o Sporting, mesmo que lhe saia o Zenit de S. Petersburgo, vai ter muitas dificuldades em continuar em prova.
Esta é a realidade do nosso futebol. E é bom lembrar que esta realidade já teve consequências e graves: em 2009/10, o segundo lugar da nossa Liga já não tem entrada directa na Liga dos Campeões. Estamos assim a modos que iguais à Moldávia. E esperemos que isto não inibia a nossa Selecção Nacional de fazer um grande Euro 2008.
Era sobre isto que eu gostava de ver os nossos dirigentes debruçarem-se. Aliás, não é por acaso que “casos” como o Apito Dourado continuam a marinar nos gabinetes dos dirigentes da Liga e federativos. Como pode alguém acreditar num futebol que não se respeita a si mesmo. Os resultados estão aí e não vale a pena meter a cabeça debaixo da areia.

O INFERNO nos Jornais

in "Jornal de Notícias", de 12 de Março de 2008

Começar de novo (1)

Não é qualquer um que pode vestir esta camisola

O que fazer com esta equipa e com este plantel? Mudar tudo outra vez? A exibição de ontem em Getafe foi uma vergonha. Não há que esconder. Qualquer equipa mediana portuguesa: V.Guimarães, Braga, V. Setúbal, Marítimo, Belenenses, não tinha perdido a eliminatória.
Onde está então o problema, a culpa? Nos jogadores, no ex-treinador, na Direcção? Após aquela lástima, falou-se na “herança de Camacho” – preparação física paupérrima (bem dizia Simões que os treinos eram uma brincadeira), esquema táctico anárquico (apesar de Chalana ter tentado colocar um pouco de ordem).
Fala-se agora em novos protagonistas: Rui Costa e Rui Águas. Chalana e Shéu regressam aos postos antigos no final da época? E Chalana passa a ser o segundo adjunto, como foi com Camacho, que trouxe Pepe Cárcelen?
O próximo treinador deve vir sozinho e Chalana deve ser o seu adjunto. Esta ideia de que cada treinador deve trazer a sua própria “mobília” parece-me completamente desajustada. O Benfica deve contratar UM TREINADOR e não UMA EQUIPA TÉCNICA. Depois, o clube, consultando, obviamente, o novo treinador, deve escolher quem o deve acompanhar.
Voltando à equipa. Já se percebeu que existem terríveis erros de “casting”. Não há um lateral-direito bom, e um (Nélson) é apenas razoável. Três centrais têm qualidade: Luisão, David Luiz, Zoro. Edcarlos deve receber “guia de marcha”. No meio, há que segurar Rodriguez, manter Katsouranis e, claro, Petit. Maxi deve voltar a casa. Nuno Assis, é pena, mas penso que não dá mais e, no Benfica, é preciso dar mais.
Depois, Di Maria e Adu – mantê-los será uma boa opção – mais um ano de maturidade, mais integrados, mais conhecedores das “manhas” do futebol português, podem explodir para o ano. Na frente, Cardozo, claro, Makukula, talvez, Mantorras, inevitável, Nuno Gomes, dispensável. Os guarda-redes: Butt, out, Moreira, nem hesitar, tem de ficar, Quim, tudo bem. Falta um guarda-redes de nível mundial, italiano de preferência; um (ou dois?) lateral-direito bom, que os há em Portugal e portugueses; mais um central com qualidade; um nº 10 de classe mundial para substituir Rui Costa; um extremo, que pode e deve ser Simão (o Benfica pode escolher dois jogadores do Atlético de Madrid); e um novo avançado (se se chegar à conclusão que se deve substituir Makukula).
GUARDA-REDES
QUIM – MANTER
MOREIRA – MANTER
BUTT – DISPENSAR/VENDER
DEFESAS
NÉLSON – ?
LUÍS FILIPE – DISPENSAR/VENDER
ZORO – MANTER
LUISÃO – MANTER
DAVID LUIZ – MANTER
EDCARLOS – DISPENSAR/VENDER
LÉO – MANTER
SEPSI - MANTER
MÉDIOS
NUNO ASSIS – DISPENSAR/VENDER
MAXI PEREIRA – DISPENSAR/VENDER
RODRIGUEZ – MANTER
PETIT – MANTER
KATSOURANIS – MANTER
AVANÇADOS
DI MARIA – MANTER
FREDDY ADU – MANTER
NUNO GOMES – VENDER
MANTORRAS – MANTER
CARDOZO – MANTER
MAKUKULA - ?

quarta-feira, 12 de março de 2008

Começar de novo

Getafe – 1; Benfica – 0 (oitavos-de-final da Taça UEFA). Esta crónica podia começar assim: se Makukula tem marcado aquele golo logo aos 5 minutos…. Mas mais vale esquecer que este jogo existiu. Mau demais para ser verdade. Estou convencido que Chalana, Shéu, Rui Águas, mesmo Eusébio, faziam bem melhor do que os que estiveram no relvado. Pena não estarem inscritos na UEFA. Vamos todos ter que começar de novo. Outra vez. Foto: Susana Vera/Reuters

Só entende quem sente

“E foi batendo com a mão no peito, afagando o símbolo benfiquista, que resumiu a estratégia delineada para a partida de hoje (…). In PÚBLICO, de hoje. “O emblema está aqui e amanhã (hoje) todos têm de trabalhar para o mesmo, porque o Benfica está em primeiro lugar”. As palavras são de Fernando Chalana, o “pequeno genial”, na conferência de Imprensa de ontem, em Getafe (Madrid), no lançamento do Getafe-Benfica, 2ª mão dos oitavos de final da Taça UEFA.
São palavras simples, genuínas, emocionantes, que só podiam sair da boca de uma “velha” glória, como Chalana. “O emblema está aqui…” – se alguém sabe onde está o emblema e nunca esqueceu onde ele deve estar é Fernando Chalana. Camacho, esse, nos últimos tempos até para o banco vinha sem emblema.
Mas agora, as emoções estão à flor da pele: Chalana, Shéu, Rui Costa, Rui Águas, Néné, João Alves, Pietra. Não, não é nostalgia do passado glorioso, é desejo de futuro glorioso.
Como bem escreve Luís Freitas Lobo, hoje n´A Bola: “Chalana pode ser um treinador de transição. O que ele simboliza tem de ser uma imagem de futuro. Porque é isso que o Benfica perdeu. O passado. E não há nada mais cruel para o sentido da vida. De pessoas e de clubes”.
E, rematando: “O problema é que, como vi escrito num pano de uma claque argentina, “só entende quem sente”. Quem, para lá dos nomes citados neste texto, sente tudo isto no actual Benfica?”.
Freitas Lobo cita apenas Chalana e Rui Costa. Eu acrescento Shéu, Águas, Néné, Alves, Pietra. O reencontro do passado com o presente, da mística com o pragmatismo, do querer e da vontade de ganhar, com a racionalidade das sad´s, do Benfica com o Benfica. O retorno à glória…

Obs: Hoje, em Getafe, mãos nas mãos, alma, fé, luta até ao fim. Vitória…

Avelino Ferreira Torres, "one man show"

Avelino Ferreira Torres, lembram-se dele?. Pois bem, o antigo e histórico presidente da Câmara de Marco de Canaveses, agora discreto vereador da Câmara de Amarante, regressou em grande.
A poucos dias de ir a julgamento em mais um dos seus inúmeros processos, deu, no fim-de-semana passado, uma entrevista à SIC Notícias, e à jornalista Ana Lourenço, que vai ficar como um dos momentos mais invulgares da televisão portuguesa.
Uma hora de entrevista (de certeza que o pico de audiência foi tal que o director de informação mandou a Ana Lourenço continuar a debitar perguntas). Avelino, no seu melhor, falou de tudo: do Marco, de Amarante, do actual presidente do Marco, do assassínio do seu irmão, de advogados, juízes e procuradores, de jornalistas e jornais, e, claro, de futebol e do Apito Dourado.
Para quem não saiba, Avelino Ferreira Torres – que enquanto presidente da Câmara do Marco de Canaveses, inaugurou uma avenida com o nome de “Pinto da Costa” – chegou a desempenhar importantes cargos directivos na Associação de Futebol do Porto, em particular no sector da arbitragem.
Nessa entrevista, Avelino disse (sic): “Ninguém sabe mais do que eu sobre o Apito Dourado”, e depois explicou que até no Futebol Clube Marco, a que presidia, entregavam algumas “lembranças” em ouro: “Umas chapinhas para, como se diz?, colocar o tipo de sangue” (sic). E outras “ofertas”, como garrafas de vinho que eram deixadas no balneário. “O Azevedo Duarte (árbitro-arguido no processo “Apito Dourado”) foi o único que não levantou as garrafas”, apressou-se a esclarecer Avelino Ferreira Torres, mas não esclareceu quem foi que levantou. Nem disse nada sobre o “Apito Dourado”, o tal processo que diz conhecer como ninguém.
A única pista que deixou cair foi a de revelar que os árbitros nem são os principais protagonistas. Quem manipula os resultados são os “delegados técnicos”, uns senhores que dão notas ao árbitros e influenciam quem sobe a internacional e quem desce. Mas isso, já nós sabíamos. É apenas uma peça do puzzle do “sistema”, não é Avelino?
Legenda: Avelino Ferreira Torres, com o presidente da Federação, Gilberto Madaíl, antes de ter "caído em desgraça", não no futebol, mas na política.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Camacho no Dragão?

Pinto da Costa é um homem obcecado com o Benfica. Hoje, mais uma vez, não resistiu a comentar a vida interna do nosso clube, após a saída de José António Camacho. Contrariando a "vox populi" do Dragão, que via no treinador espanhol uma espécie de "livre trânsito" para as vitórias dos azuis-e-brancos, o presidente do FC Porto defende que a saída de Camacho do Benfica é "boa para o Porto".
Sabemos agora, pela voz do líder portista, que Pinto da Costa e Camacho mantém um "bom relacionamento". Pode especular-se se foi esse "bom relacionamento" que fez com que o murciano apresentasse sempre o FC Porto como um exemplo a seguir pelo Benfica.
Treinador livre, Camacho pode agora concretizar uma entrada no Dragão, algo que parece já ter estado nas cogitações de Pinto da Costa. Jesualdo que se cuide, pois o líder portista gosta de ir buscar o "refugo" encarnado.
Do que temos a certeza é que, caso isso aconteça, ninguém vai ouvir Luís Filipe Vieira a analisar a política de contratações ou dispensas do clube das Antas. Camacho no Dragão? Pode ser, mas cuidado o ex-madridista não é homem para embarcar em "esquemas".

Obs: Já nada surpreende no futebol português. Há 20 anos, o ex-árbitro Vítor Correia dizia que até já tinha visto um porco andar de bicicleta. Confesso que isso, não vi. O que vi, sim, pela primeira vez, foi um treinador de uma equipa quase nos lugares de descida, dar uma conferência de imprensa após mais uma derrota, com um semblante tão risonho, tão contente e tão feliz da vida que até parecia que tinha goleado e salvo a época.
Confusos? Não, se souberem que o treinador em causa chama-se Domingos Paciência, e que apareceu a comentar a derrota da equipa que treina, a Académica, no Dragão, como se tivesse acabado de receber o euromilhões.
Ora, recordando-nos que foi este mesmo Domingos Paciência que, contra sua vontade, viu no ano passado a União de Leiria, que treinava, ganhar ao FC Porto, um jogo em que as câmeras o captavam de olhos no chão, tudo fica mais claro.
As equipas que quiserem contratar Domingos para treinador já sabem: o homem não gosta de ganhar ao FC Porto. Por isso, façam-lhe a vontade e risquem do calendário os jogos contra o Dragão. Não contam, paciência...

Treinador do Benfica: O Perfil

O perfil do próximo treinador do Benfica

Nacionalidade: Portuguesa
Idade: 40/50 anos
Experiência: Nacional e Internacional

Estudioso do futebol moderno, com bons contactos internacionais (conseguidos durante a sua actividade profissional além-fronteiras), personalidade de prestígio intocável, carismático, bom comunicador, conhecedor profundo do panorama futebolístico internacional, incluindo toda a temática do treino, bom gestor de recursos humanos e com conhecimentos especifícos ao nível do planeamento de uma época, tarimba ao mais alto nível do futebol mundial. Há algum treinador português com este perfil? Há, e não é José Mourinho.

Chalana até ao fim

Fernando Chalana deve assumir a liderança técnica do Benfica até final da época. A seu lado deve sentar-se Rui Águas, com a experiência de idênticas funções recentemente cumpridas no Sporting de Braga, ao lado de Jesualdo Ferreira.
Com a saída de Camacho, o Benfica deve parar para pensar e, sobretudo, evitar “inventar”. Não é possível “inventar” um treinador de dimensão mundial, à altura de um clube com o Benfica em poucos dias. Não é possível “inventar” um novo quadro técnico com elementos que não conhecem a equipa, não conhecem os jogadores, não conhecem as particulariedades do campeonato português, não conhecem a actual realidade do clube.
Camacho foi vítima de si próprio. Mais do que um plano de jogo definido, mais do que treinos mal preparados (lembram-se das palavras de António Simões?) – e que, se calhar, são a origem de muitos dos problemas físicos de que padece a maioria dos jogadores do plantel -, Camacho foi incapaz de motivar a equipa e mobilizar os adeptos.
Ele próprio o reconheceu na despedida. Um discurso errático, básico, onde a culpa pelos maus resultados ficava cingida à prestação dos jogadores no relvado foram, na minha opinião, o “calcanhar de Aquiles” do treinador espanhol.
Para ajudar à festa, as comparações com o FC Porto, num contexto futebolístico, jurídico e mediático especial, cavaram um fosso emocional entre Camacho e os adeptos. O general de outros tempos, dando o corpo às balas, defendendo o grupo contra todas as intempéries, já não morava aqui. Os jogadores sentiram-no. Mais do que tudo, a componente psicológica é fundamental num grupo de jogadores-vedetas.
Camacho perdeu o grupo. Porque razão a aposta em Butt e não em Moreira? Porque razão a desconfiança em relação a Zoro, mesmo quando tinha de arranjar soluções alternativas para defesa central? Porque razão nunca Adu mereceu as mesmas oportunidades que Di Maria? Porque razão a descrença em Léo? Porque razão as dispensas de Miguel Vítor e Romeu Ribeiro, quando estavam plenamente integrados no plantel principal?
A entrada já de um novo treinador seria um erro. Sem conhecimento dos jogadores, sem tempo para preparar um novo estilo de jogo, e com a obrigação de começar a ganhar já, sujeitava-se a começar a próxima época com um desgaste tremendo, se as coisas corressem mal.
Chalana até ao fim é a opção mais acertada, até porque não há neste momento ninguém no mercado para a dimensão do Benfica – excepto José Mourinho. Sem embargo de se começar a pensar num treinador para a próxima época. Para já, a primeira tarefa é elaborar o perfil. É o que vamos tentar fazer.

domingo, 9 de março de 2008

Um passo atrás, dois em frente

Os benfiquistas confiam na capacidade de Fernando Chalana, o "pequeno genial". (Foto: www.slbenfica.pt)
José António Camacho mostrou, mais uma vez, ser um homem de carácter. A sua decisão de demitir-se do comando técnico do Benfica é uma atitude que o enobrece. Prestou, assim, mais um bom serviço ao clube.
O tempo tinha-se esgotado e Camacho percebeu-o. Após mais um empate na Luz, desta vez contra a União de Leiria, último classificado, a saída, pelo seu próprio pé, era a única solução possível.
Fui dos que aplaudi a substituição de Fernando Santos por JA Camacho. Pensei que, por uma vez, a sina de não voltar ao lugar onde se foi feliz não fazia qualquer sentido. E é evidente que não faz.
Hoje, depois de saber o que se passou, voltaria a aplaudir esta substituição. Mas, nunca imaginei, ninguém imaginou, que o Camacho que regressou à Luz, depois de uma passagem vitoriosa quatro anos antes, não fosse o mesmo Camacho.
“Camacho não é o mesmo”, “Onde está o Camacho enérgico?”, escrevi-o aqui muitas vezes. Não sei se os problemas pessoais, como a doença grave de seu pai, eram a justificação para o alheamento, a apatia, a falta de energia, que o murciano ia demonstrando no banco, jornada após jornada.
Ele próprio não escondia que algo ia mal e era impotente para modificar a situação. Algum apodrecimento da sua relação com os jogadores era visível, cujo clímax foi o desentendimento público, no jogo do Bonfim, entre Katsouranis e Luisão.
Mas também nos treinos, onde cada vez ia menos, se notava muita indiferença. António Simões disse-o publicamente: “Os treinos de Camacho não têm qualidade”, cito quase de cor. Acresce que Camacho também começou a lidar mal com a comunicação social, que o idolatrou na primeira passagem.
As mensagens desconexas, as “gaffes” voluntárias ou involuntárias, com referências enigmáticas ao FC Porto, o distanciamento da equipa – tudo sinais de que algo não corria bem no balneário.
E depois, Rui Costa. Ninguém ignora que houve desentendimentos entre os dois. Isso foi visível num jogo, ao sair para o intervalo, e num treino. Camacho tentou remediar a situação ao elogiar o Maestro, mas o mal estava feito.
Agora é preciso colar os cacos. É preciso perceber que esta situação pode ser uma óptima janela de oportunidade. Para construir um edifício novo no futebol profissional, algo que já estava a ser feito por Luís Filipe Vieira.
Com a época a chegar ao fim, há tempo para preparar a próxima, com tempo. Mas ainda há muitas coisas para ganhar. Por isso, as decisões que agora se tomarem têm de ter em conta a necessidade de evitar rupturas profundas, mas darem um sinal de que se pode construir algo consistente e sólido a partir de uma base que existe no seio do clube.
Quarta-feira, em Getafe, o Benfica precisa de estar unido, emocionalmente unido. A entrega da direcção técnica da equipa a Fernando Chalana é uma decisão acertada. Mas tal não pode ficar por aqui: Chalana tem de assumir responsabilidades até ao final da época. O “pequeno genial” já mostrou que sabe da “coisa” e pode assegurar uma transição pacífica e tranquila. Quem para adjunto? Lanço um nome: Rui Águas. Seria bom que Chalana chamasse Rui Águas para o seu lado. Outro nome mítico, e com experiência na matéria.
A partir de agora, a tarefa de Chalana, Rui Águas e Rui Costa (tem de ajudar a equipa como jogador fantástico que é, mas tem de começar também a elaborar os “dossiers” no seu futuro gabiente) não vai ser fácil. Mas os benfiquistas acreditam que o regresso aos tempos gloriosos se fará com gente que sabe o que é vestir aquela camisola, dignificá-la e honrá-la.
O Benfica está nas mãos das "velhas glórias", da "mística", de Chalana, Shéu, Rui Águas, Rui Costa, João Alves, Néné. E está em boas mãos.
Uma última palavra sobre Luís Filipe Vieira: ouvi numa rádio dizer que ele era o grande derrotado com a demissão de Camacho. Eu sei que não o deixou feliz esta decisão do treinador espanhol, até pela amizade que os une.
Mas tenho de discordar da opinião de quem aponta Vieira como o grande derrotado. É claro que a escolha de um treinador é uma decisão que tem de ser tomada e assumida ao mais alto nível. Mas, se Vieira é derrotado por ter escolhido Camacho (pela segunda vez), então o que foi Pinto da Costa quando escolheu Ouinito (lembram-se?, nos anos 80), Herman Stessl, Octávio Machado, José Couceiro, Victor Fernandez, Del Neri, Co Adrianse? Um vencedor?
Obs: Mais um ponto ganho na luta pelo segundo lugar e entrada directa na Liga dos Campeões. Quarta-feira, em Getafe, com a liderança de Fernando Chalana, o Benfica vai reviver uma grande noite europeia.

sábado, 8 de março de 2008

Quatro pontos

1 – Boa notícia. A crer na “A Bola” de hoje, Léo vai renovar por mais um ano. As palavras de Rui Costa, na qualidade de amigo, de colega ou de futuro director desportivo, no final do jogo de Alvalade, foram premonitórias: “Léo disse que já não ficava? O Benfica ainda não o disse”, cito de cor. A frase certa, no momento oportuno. O Benfica tem sempre a última palavra.
A renovação de Léo é, por isso, um bom acto de gestão. E é também a prova de que a direcção do Benfica não negoceia sob pressão de ninguém, nem do jogador, nem do empresário, nem da comunicação social, nem de quem, na sombra, gosta de tentar interferir nestes processos para aumentar o valor da oferta.
É por isso que o “caso” Christian Rodriguez também se vai resolver, com tempo, com bom senso, com a racionalidade que estas coisas também necessitam. Já lá vai o tempo das gestões danosas e, por isso, Rodriguez vai perceber que se o Benfica precisa da sua qualidade de jogo e do seu profissionalismo, também ele precisa de consolidar a sua presença num clube de dimensão mundial, com as vantagens daí decorrentes para ambas as partes, depois de ter andado escondido em clubes de menor dimensão.

2 – Más notícias. Os casos de lesões, de castigos, de gestão de esforço, que obrigam o Benfica e o seu treinador, Camacho, a “inventar” uma equipa para defrontar a União de Leiria. Colocando-me no papel de treinador de bancada, lanço o meu onze, tendo em conta todas as ausências previsíveis: Quim, Luís Filipe, Zoro (que coloquei, lembram-se?, no onze para Alvalade e que fez uma magnífica exibição contra o Getafe), Edcarlos e Léo; Bynia, Rodriguez, Di Maria e Nuno Assis; Mantorras e Cardozo.

3 – Nem boa, nem má notícia. Com o “Apito Dourado” em banho-maria, ou não estivéssemos em Portugal, aparecem, de quando em vez, desgarrados, avulsos, disfarçados, alguns apontamentos sobre o que se passou no futebol português nos últimos 20 anos. Nenhuma indignação nos invade, nenhuma surpresa, nem sequer amargura, apenas indiferença, encolher de ombros, face à imoralidade, à impunidade, ao compadrio, à corrupção, que dominou o futebol português nas duas últimas décadas. E que, com a conivência de todos, de todos, dos poderes públicos e políticos, adulterou, falsificou, manipulou, os resultados dos jogos e das classificações do campeonato português. Vinte anos de aldrabices.
No entanto, aqui fica um excerto retirado do livro “One Night At The Palace – A referee´s story”, do ex-árbitro Alan Wilkie: “Nos jogos europeus éramos realmente bem tratados. (Em 1988, antes do FC Porto – PSV Eindhoven), Fomos recebidos no aeroporto do Porto por um ex-árbitro FIFA (António Garrido?), que nos acompanharia ao longo de três dias. Passámos pelo hotel e fomos para o centro do Porto para comer e tomar uma bebida em dois estabelecimentos que pertenciam ao clube (a Taberna do Infante?). Os nossos cicerones insistiam em colocar outro tipo de “hospitalidade” no menu, mas nós declinámos de forma cortês”. Não seria fruta?

4 – Boa notícia. Óscar Cardozo vai ser alvo de uma pequena multa por parte do Benfica. A sanção tem a ver com a expulsão do jogador paraguaio no jogo contra o Getafe, logo aos 9 minutos, e que condicionou todo o jogo do Benfica e influenciou o resultado final.
Faz bem o Benfica. Uma pequena multa é mais do que suficiente. Algo mais seria sublinhar a culpa de Cardozo. Ora, o jogador foi ingénuo e negligente, nunca culpado. Defender os jogadores, como fez todo o plantel com Cardozo, mostrando um balneário unido, e como o faz agora a SAD, é uma estratégia a cumprir sem hesitações e sem omissões. Para nos quererem mal já chegam os que estão lá fora.

sexta-feira, 7 de março de 2008

ENTREVISTA AO EX-JUIZ DO "APITO DOURADO"

Juíz-conselheiro Herculano Lima, um homem de carácter sem lugar no desacreditado futebol português. (Foto: Vírginia Ferreira/Revista "VIVA")
EXCLUSIVO "O INFERNO DA LUZ"
"A montanha vai parir um rato"

“A montanha vai parir um rato”, é assim, desta maneira dessasombrada que o juíz do Supremo Tribunal de Justiça, Herculano Lima, ex-presidente do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, fala do processo “Apito Dourado”, que vai julgar os casos de corrupção no futebol português – num exclusivo “O INFERNO DA LUZ”.
Herculano Lima, juíz conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça jubilado, lançou há dias uma verdadeira bomba no futebol português, com a sua demissão de presidente do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol.
E não deixou pedra sobre pedra. Numa declaração de voto, publicada em exclusivo pelo jornal “A Bola”, o juíz Herculano Lima disse que a decisão que reduziu de seis meses para 100 dias um castigo imposto a Valentim Loureiro (e que o impediria de exercer qualquer cargo desportivo, dado que, segundo o juíz-conselheiro, qualquer sanção acima dos 120 dias, torna esse elemento não elegível para cargos futuros) era "ilegal" e traduzia um "abuso de poder".
“A minha declaração de voto de vencido neste processo traduz a minha concepção de Justiça, que exige isenção e respeito pela legalidade. A decisão que fez vencimento não interpretou correctamente os preceitos legais definidores dos critérios de graduação das penas e, o que é mais grave, fez apelo a elementos estranhos a essa graduação. Precisamente por isso é ilegal e praticou um abuso de poder, ao intrometer-se injustificadamente no poder legislativo desportivo”, disse, numa entrevista que pode ser lida amanhã na revista “VIVA” e que é aqui apresentada
em primeira mão no blogue “O INFERNO DA LUZ”.
Com a demissão de Herculano Lima, assumiu a liderança do Conselho de Justiça, órgão que, recorde-se, vai julgar em recurso os processos do “Apito Dourado”, o advogado António Gonçalves Pereira, vereador do PSD na Câmara de Gondomar.
“Como ex-presidente (do Conselho de Justiça) não me pronuncio sobre a actual liderança. Como cidadão, atento ao fenómeno desportivo, tenho plena confiança em alguns dos seus membros, mas a decisão proferida neste processo criou um precedente altamente inibitório de aplicação de penas disciplinares superiores à que aí foi aplicada”, afirmou o juíz conselheiro Herculano Lima.
Quanto ao “Apito Dourado”, o ex-presidente do Conselho de Justiça diz “não conhecer profundamente o processo, muito menos os elementos probatórios que dele constam”, mas lança uma afirmação-choque:
“Pela minha longa experiência judiciária, tenho a convicção que “a montanha vai parir um rato”".
Figura conceituada do panorama jurídico português, adepto portista com assento cativo no Dragão, Herculano Lima tomou posse em Janeiro de 2007 como presidente do Conselho de Justiça da FPF.
Pela frente tinha a árdua tarefa de presidir às decisões dos recursos no caso “Apito Dourado”. Menos de um ano depois (10 meses) renuncia ao cargo, discordando da redução de pena a Valentim Loureiro, actual presidente da Assembleia Geral da Liga de Clubes. É assim que vai o futebol português.

Nós acreditamos

Benfica - 1; Getafe - 2 (Oitavos de final da Taça UEFA) - Óscar Cardozo, o avançado paraguaio com cara de menino tímido, não respeitou os colegas, não respeitou os adeptos, não respeitou o clube e não respeitou o seu treinador, que, a passar por um momento difícil, tinha a promessa de lhe ser dedicada a vitória frente ao Getafe.
Fez bem Rui Costa ao defender Cardozo. Fez bem porque um líder deve defender sempre os seus subordinados e porque estamos já a ver uma nova campanha nascer contra Cardozo, como nasceu contra Binya. Rui Costa, experiente como é, está a perceber a situação e resolveu por os pontos nos is. Nota positiva, não só pelo que jogou mas também pelo que falou o Maestro. Um bom sinal para as novas funções de director desportivo.
A equipa, com 10 elementos, desde os 9 minutos da primeira parte, foi generosa, solidária, combativa, teve atitude. Numa palavra: respeitou a camisola. E, por isso, mereceu os aplausos finais. Uma palavra para Mantorras, a alegria do povo, que marcou um golo que pode ser decisivo. Em Getafe (Madrid) o jogo vai ser outro e temos confiança que podemos viver mais uma grande noite europeia. Nós acreditamos. Foto: Paulo Duarte (AP/Associated Press)

quinta-feira, 6 de março de 2008

"Salir a ganar"

Contra a equipa revelação do campeonato espanhol, o mais competitivo da Europa, no ano passado, comandada por Bernd Schuster, agora no Real Madrid. Contra uma equipa composta por uma maioria de internacionais das Selecções da Argentina e da Espanha, das mais fortes do Mundo. Contra uma equipa, o Getafe, que acaba de vencer o todo-poderoso Real Madrid, em pleno Santiago Bernabéu.
Por Camacho, a atravessar uma hora difícil. Pelo Benfica, jogadores, equipa técnica, Direcção. Mas principalmente pelos milhões de benfiquistas e portugueses espalhados pelo Mundo português, vamos "salir a ganar".

Auf wiedersehen

Contra uma equipa do meio da tabela da Bundesliga e sem história no futebol europeu, o FC Porto baqueou. Pior. Jogando a segunda mão em casa, e depois de um primeiro jogo em que saiu de Gelsenkirchen com uma derrota por 1-0, apesar de ter sido massacrado, os azuis não conseguiram dar a volta ao texto.
O plantel de luxo, que dava para fazer a gestão de rotatividade a seu bel-prazer, afinal não chegou para ir além dos oitavos de final da Liga dos Campeões. O jogo foi paradigmático em muitas situações.
Desde logo, as vezes em que os jogadores portistas tentaram “inventar” grandes penalidades. O inglês Howard Weeb não andou na “escola” da arbitragem nacional e, por isso, cumpriu as regras do jogo com rigor e competência. Os jogadores portistas devem ter estranhado...
Howard Webb, eis um bom nome para arbitrar alguns jogos “quentes” da bola indígena, a começar pela meia-final da Taça, Sporting-Benfica, embora se saiba que os leões tudo irão fazer para ter o beneplácito do "sistema". A ver vamos...
Adiante. O que dizer dos lançamentos “à Binya” de Fucile? Quantos metros acima do solo estão os pés do lateral-direito portista no actodo lançamento? Pelos vistos, muitos, a fazer fé nas vezes em que Webb considerou ilegal o lançamento e devolveu a bola aos alemães. Binya, estás perdoado.
(Aliás, é bom recordar que foi este mesmo Fucile que fez o lançamento lateral – ilegal, como agora se comprova – que deu o terceiro golo do FC Porto, marcado por Bruno Moraes, no ano passado, no Dragão, contra o Benfica, sobre o apito final do jogo, quando o resultado era de 2-2).
Voltando ao FC Porto – Schalke 04. Ficou pelo caminho a equipa portuguesa. Avançou para os quartos a equipa teoricamente mais acessível de todas as apuradas na fase de grupos. Às vezes, pela boca morre o peixe… Auf Wierdesehen, good bye... Foto: Paulo Duarte/AP (Associated Press).

quarta-feira, 5 de março de 2008

O "apito" azulado

1ª Jornada
Braga – 1; FC Porto – 2
Árbitro: João Ferreira (AF Setúbal)

Análise à arbitragem - “O Braga – Porto foi o grande jogo que as equipas prometiam – e só isso”.

in jornal “O Jogo”, de 19 de Agosto de 2007

2ª Jornada
FC Porto – 1; Sporting – 0
Árbitro: Pedro Proença (AF Lisboa)

O “caso” do atraso ao guarda-redes do Sporting. Proença marca livre e é golo do FC Porto.

Tribunal d´O Jogo: Árbitro esteve mal e influenciou resultado (Jorge Coroado e António Rola)
33 min. Quaresma devia ter visto o vermelho?
Dizem que sim Jorge Coroado, Soares Dias e Rosa Santos.
38 min. Bosingwa devia ter visto o amarelo?
Dizem que sim Jorge Coroado, Soares Dias, Rosa Santos e António Rola
42 min. Pedro Emanuel devia ter visto o cartão amarelo?
Dizem que sim Jorge Coroado e António Rola.
90 min. Derlei devia ter sido expulso?
Dizem que sim Jorge Coroado, Soares Dias, Rosa Santos e António Rola.

in jornal “O Jogo”, de 27 de Agosto de 2007

“O INFERNO” – Parece óbvio que sem o erro claro de Pedro Proença, este jogo terminaria empatado. + 2 PONTOS PARA O FC PORTO

3ª Jornada
U Leiria – 0; FC Porto – 3
Árbitro: João Vilas-Boas (AF Braga)

“(…) validou um golo ilegal ao FC Porto, depois de Bruno Alves ter cruzado a bola para Lisandro para lá da linha de fundo”

in jornal “O Jogo”, de 3 de Setembro de 2007

“O INFERNO” – O golo ilegal foi o segundo. De uma maneira habilidosa “matou” as hipóteses do Leiria pontuar.

4ª Jornada
FC Porto – 1; Marítimo – 0
Árbitro: Lucílio Baptista (AF Setúbal)

“Tribunal d´O Jogo”
26 minutos: cartão amarelo por mostrar a Bosingwa, diz António Rola.
80 minutos: cartão amarelo por mostrar a Leandro Lima, diz Rosa Santos.
83 minutos. Cartão amarelopor mostrar a Olberdam, do Marítimo, dizem Rosa Santo e António Rola.

in jornal “O Jogo”, de 16 de Setembro de 2007

“O INFERNO” – Erros sempre em maior número para os adversário do FCP.

5ª Jornada
P. Ferreira – 0; FC Porto – 2
Árbitro: Olegário Benquerença (AF Leiria)

“Trabalho fácil do árbitro”

in jornal “O Jogo”, de 24 de Setembro de 2007

6ª Jornada
FC Porto – 2; Boavista – 0
Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

“Tribunal d´O Jogo”
73 minutos: Stepanov faz falta sobre Bangoura para grande penalidade?
Jorge Coroado entende que sim.

in jornal “O Jogo”, de 30 de Setembro de 2007

“O INFERNO” – Uma grande penalidade por marcar contra o FC Porto, antes do segundo golo dos azuis. O Boavista podia ter chegado ao empate.

7ª Jornada
Académica – 0; – FC Porto – 1
Árbitro: Elmano Santos (AF Funchal)

Bem assinalado o penálty que dá o golo ao FC Porto, dizem todos os ex-árbitros do “Tribunal “O Jogo”. O resto foram detalhes.

in jornal “O Jogo” de 8 de Outubro de 2007

8ª Jornada
FC Porto – 3; Leixões – 0
Árbitro: Rui Costa (AF Porto)

5 minutos: Lisandro empurrou a bola com o braço antes de fazer o primeiro golo do FC Porto?
Todos os 4 ex-árbitros do “Tribunal d´O Jogo”, dizem que sim.
Para além disso, acham que houve um penálty por marcar sobre Quaresma e outro sobre o jogador do Leixões, Roberto.

in jornal “O Jogo”, de 30 de Outubro de 2007

“O INFERNO” – Arrumada logo no início as hipóteses do Leixões disputar o resultado. Mais comentários para quê?

9ª Jornada
FC Porto – 1; Belenenses – 1
Árbitro: Paulo Baptista (AF Portalegre)

“Postiga estava adiantado quando recebeu a bola e beneficiou disso e da desatenção do assistente para marcar”
Os 4 ex-árbitros do “Tribunal d´O Jogo” são peremptórios: “Golo ilegal do FC Porto”, Aos 88 minutos: Quaresma devia ter sido expulso por falta sobre Rúben Amorim?
Os 4 ex-árbitro so “Tribunal d´O Jogo” dizem que Quaresma devia ter sido expulso.

in jornal “O Jogo”, de 3 de Novembro de 2007

“O INFERNO” – Palavras para quê? Era trágico, se não fosse cómico. + 2 PONTOS PARA O FCP.

10ª Jornada
Estrela da Amadora – 2; FC Porto – 2
Árbitro: João Ferreira (AF Setúbal)

90 minutos - Stepanov fez falta para grande penalidade sobre Jeremiah?
Todos os ex-árbitros dizem que sim.
No mais, acham que Anselmo do Estrela e Bruno Alves do FC Porto, deviam ter sido expulsos.

in jornal “O Jogo”, de 12 de Novembro de 2007

11ª Jornada
FC Porto – 2; V. Setúbal – 0
Árbitro: Carlos Xistra (AF Castelo Branco)

5 minutos: Golo legal de Lisandro, apesar dos protestos do Setúbal que alega que estava em fora-de-jogo;
11 minutos: amarelo bem mostrado a Bosingwa;
13 minutos: amarelo por exibir a Lisandro;
70 minutos: amarelo exagerado a Adalto e sem razão;
71 minutos: penálty por marcar favorável ao FC Porto.

Análise à arbitragem do ex-árbitro da AF Porto, José Leirós, in “JN”, de 26 de Novembro de 2007

12ª Jornada
Benfica – 0; FC Porto – 1
Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)

“Entre os lances mais difíceis de avaliar estão uma queda de Lisandro na área encarnada, aos 13 minutos, provocada (?) por David Luiz, e um lance em que Di Maria parece ter sido derrubado por Fucile (dentro da área).

in jornal “O Jogo”, de 2 de Dezembro de 2007

“O INFERNO” – Descontando o facto do árbitro ser da Associação de Futebol do Porto, empate em “casos”.

13ª Jornada
FC Porto – 2; V. Guimarães – 0
Árbitro: Olegário Benquerença (AF Leiria)
"Os entendidos na matéria diz que os dois golos do FC Porto são legais".
in jornal "O Jogo", de 16 de Dezembro de 2007

"O INFERNO" - O árbitro que não viu um golo de Petit entrar na baliza do FC Porto defendida por Baía, na Luz, lembram-se?, parece, parece, que desta vez não teve qualquer influência no resultado.

14ª Jornada
Nacional – 1; FC Porto – 0
Árbitro: Pedro Henriques (AF Lisboa)

“O árbitro acompanhou bem o jogo. A grande dúvida surgiu quando Fellipe derrubou Mariano. Dentro ou fora da área? Fica o benefício da dúvida”
Jorge Coroado e António Rola (Tribunal d´O Jogo) dizem que não há qualquer falta;
Jorge Coroado diz que o jogador do Nacional Fellipe não devia ter sido expulso.

in jornal “O Jogo”, de 22 de Dezembro de 2007

15ª Jornada
FC Porto 1; - Naval - 0
Árbitro: Paulo Pereira (AF Viana do Castelo)

“…se no plano técnico não se lhe apontam falhas, no capítulo disciplinar Pedro Emanuel ficou sem ver um cartão amarelo, que seria merecido quando derrubou um adversário perto da área de Helton”.

in jornal “O Jogo”, de dia 7 de Janeiro de 2008

16ª jornada
FC Porto – 4; Braga – 0
Árbitro: Pedro Proença (AF Lisboa)

“Tribunal d´O Jogo”
44 min: Lisandro derruba João Pereira , travando a sua saída para o ataque?
“Lisandro, sem possibilidades de jogar a bola, derrubou João Pereira (…) o árbitro deixou que o jogo prosseguisse” (Jorge Coroado)
35 min: os jogadores do Braga têm razão em reclamar pontapé de canto?
“Quem tocou a bola em último lugar foi o jogador do FC do Porto” (Jorge Coroado);
“Era pontapé de canto contra o FC Porto” (Soares Dias)
“Era pontapé de canto, sim” (Rosa Santos)
“Ficou por marcar canto a favor do Braga” (António Rola)
48 min: É bem assinalado fora de jogo a Wender?
“(…) é mal marcado (…)” (Soares Dias)
67 min.: o árbitro agiu bem na carga de Bruno Alves sobre Paulo Santos?
Todos os “juízes” são de opinião que o árbitro esteve bem.
90 min.: O fora de jogo a Farías é decisão correcta?
“Foi mal assinalado” (Rosa Santos)

in jornal “O Jogo” de 13 de Janeiro de 2008

“O INFERNO” – Praticamente todos os lances duvidosos são assinalados em prejuízo do Braga”.

17ª Jornada
Sporting – 2; FC Porto – 0
Árbitro: Carlos Xistra (AF Castelo Branco)

7 minutos: Golo bem anulado a Lisandro;
15 minutos: Golo ilegal do Sporting por fora-de-jogo de Vuckevic;
47 minutos: Expulsão perdoada a Liedson;
57 minutos: Não há penálty de Polga, que jogou a bola com o peito;
61 minutos: Amarelo justo a Bruno Alves.

Análise à arbitragem do ex-árbitro da AF Porto, José Leirós, in “JN”, de 28 de Janeiro de 2008

“O INFERNO” – Erros beneficiaram o Sporting. Empate era resultado justo. – 1 PONTO PARA O FCP.

18ª jornada
FC Porto – 4; União de Leiria – 1
Árbitro: Paulo Baptista (AF Portalegre)

“Mal auxiliado, Paulo Baptista deixou passar em claro o desvio em fora-de-jogo de Farías no lance do primeiro golo do FC Porto, atribuindo o tento a Bosingwa. Os leirienses queixam-se ainda de uma grande penalidade de Paulo Assunção sobre Harison aos 9 minutos (…)”

Tribunal d´O Jogo: “Quando Bosingwa rematou Farías estava em posição irregular” (Jorge Coroado); “Não há qualquer dúvida que o golo é precedido de um fora-de-jogo que não foi assinalado” (Soares Dias); (…) “O árbitro assistente devia ter dito ao seu árbitro que havia fora-de-jogo e, portanto, o lance seria considerado irregular” (Rosa Santos); (…) “Esteve mal o árbitro assistente ao não ter dado ao árbitro Paulo Baptista a indicação da infracção” (António Rola).

in jornal “O Jogo” de 3 de Fevereiro de 2008

“O INFERNO” – Mais um erro que condiciona toda a partida e toda uma estratégia. O primeiro golo do FC Porto é ilegal. Mais comentários para quê?

19ª Jornada
Marítimo – 0; FC Porto – 3
Árbitro: Pedro Henriques (AF Lisboa)

“Tribunal d´O Jogo”
19 min. – Jorge Coroado, Soares Dias, Rosa Santos e António Rola são de opinião que Lisandro devia ter sido expulso por agressão a Mossoró;
“Djalma acabou por ser expulso. Decisão que pareceu errada”
“Um desentendimento ente Lisandro e Mossoró levou Pedro Henriques a uma decisão precipitada: amarelo a Lucho e a Djalma, envolvidos num lance banal. Djalma acabou, depois, por ser expuilso. Decisão que pareceu errada.
25 m.: Quaresma faz falta para vermelho?
“Não considero que Quaresma tenha a intenção de pontapear o adversário. Contudo, (…) era punível com um pontapé livre directo, decidindo o árbitro erradamente conceder lançamento (…) (Jorge Coroado);
“(…) não se justifica qualquer acção disciplinar por parte do árbitro” (Soares Dias);
“Não vejo nada de especial (…)” (Rosa Santos)
“(…) a forma como entrou era merecedora de sanção técnica e disciplinar, no mínimo, vendo o cartão amarelo” (António Rola).

in jornal “O Jogo”, de 16 de Fevereiro de 2008

“O INFERNO” – O árbitro tem aos 19 minutos uma decisão que influencia o resultado, aos não expulsar Lisandro e ao dar o amarelo a Djalma, mal, o que acabou por permitir, mais tarde, a sua expulsão. Teria o FC Porto ganho sem estes “erros”?

20º Jornada
FC Porto – 3; P.Ferreira – 0
Árbitro: Paulo Costa (AF Porto)

“… foi dirigido de forma insípida, qual sopa para doentes hospitalizados, sem critério no excessivo rigor disciplinar para com visitantes”;
“…o segundo golo portista começa também numa posição irregular de Farías”.

in jornal “O Jogo”, de 26 de Fevereiro de 2008

“O INFERNO” – Erros sempre em benefício do FC Porto.

21ª Jornada
Boavista – 0; FC Porto – 0
Árbitro: Duarte Gomes (AF Lisboa)

“No golo anulado a Stepanov, merece o benefício da dúvida. Este bem na amostragem do segundo amarelo a Diakité. Poupou um vermelho directo a Hussein, em período de descontos”.

in jornal “O Jogo”, de 2 de Março de 2008

CONCLUSÃO: O que é mais espantoso nesta exaustiva e rigorosa análise, em que nos socorremos de dois jornais do Porto, “O Jogo” e o “Jornal de Notícias”, e da opinião de ex-árbitros que colaboram com estes jornais, é a sequência de jogos em que o FCP é, na dúvida, sempre beneficiado.
E dizemos na dúvida, para sermos meigos, porque há inúmeros casos em que não há dúvida nenhuma, como se constata. E depois, outra coisa a sublinhar: muitas das vezes as decisões arbitrais que prejudicam as equipas adversárias do FCP acontecem em alturas do jogo em que qualquer hipótese de o disputar em igualdade de circunstâncias, é uma miragem – são os 2ºs golos ilegais, são os amarelos que dão lugar a expulsões que ficam no bolso; são as expulsões aos jogadores adversários. Etc. Um sem-número de arbitragens “habilidosas”, todas aprendidas na “escola do sistema”.
Duas últimas questões: em 21 jogos, mais de 2/3 da Liga, não há nenhum jogo em que o FC Porto possa afirmar que foi prejudicado (como se vê pelo que dizem “O Jogo” e o “JN”). Cai assim por terra, com factos, a afirmação de Jesualdo quando disse que os árbitros não marcavam penáltys ao FC Porto. Dá para rir.
A única razão de queixa dos azuis das Antas foi contra o Sporting (outro que se queixa agora sem razão, como se verá). Aí, um ponto a menos para o FC Porto, e dois a mais para os leões.
Por fim: esta é a prova de uma tese que venho defendendo há muito. Os campeonatos “ganham-se” nas primeiras jornadas. É nos 10 primeiros jogos que o FC Porto, com a ajuda do “sistema” tem cavado um fosso intransponível para o Benfica e o Sporting. Nesta Liga, como se comprova, o FC Porto, nos 10 primeiros jogos, ou foi directamente beneficiado, como nos jogos contra o Sporting (2ª jornada); Marítimo (4ª) e Belenenses (9)ª, ou por “erros” de árbitros que prejudicaram as equipas adversários, como contra o Leiria (3ª), o Boavista (6ª) e o Leixões (8ª) – 6 jogos em 10.
Depois, quando já nada têm a perder, os controleiros do “sistema” lá fecham os olhos a um espúrio benefício de Benfica e Sporting. Mas o trabalho “dourado” já está feito e bem feito.
É por isso que no final, não faltam opinadores encartados a defenderem que os 3 grandes são beneficiados e prejudicados na mesma medida – os pequeninos é que acabam sempre com capital de queixa, coitadinhos. Mas esta conversa só já engana quem se deixa enganar.
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