Depois de largos dias longe de Portugal, dos engenheiros relativos, dos economistas de pacotilha e dos pobres de espírito, regresso ainda com o panorama desportivo absorvido pelo “caso” Roberto.
Durante estes muitos milhares de quilómetros de distancia, minto se dissesse que não tive o feed-back dos estilhaços das bombas que iam rebentando no Estadio da Luz, `a custa dos deslizes do portero espanhol.
Entre sms e reacções mais ou menos inteligíveis, fui-me apercebendo do que se passava. A distancia encerra muitas vantagens. Uma, longe de um pais de opereta e de mentes mais ou menos provincianas e saloias, daquelas que quase nunca passaram para alem de Badajoz, pode melhor reflectir-se sobre a nossa pequenez.
De repente, cai-me nas mãos o artigo de ontem de Fernando Guerra, na BOLA. Li e não quis acreditar. Fernando Guerra, jornalista serio, credível, competente e rigoroso, não poupa nas palavras. Porque?
Aproveito os seus 5 pecados capitais, que aponta a Jesus, para escrever sobre os pecados capitais (bem mais de 5) deste inicio de época menos feliz do Benfica.
1 – A infeliz entrevista de Jesus na RTPN, onde “despede” Quim. Foram vários erros numa declaração. O primeiro e mais grave: uma decisão deste tipo tem de ser primeiramente transmitida ao Presidente. O segundo: o jogador devia ser informado pessoalmente. Terceiro: ao agir assim, Jesus perdeu algum respeito no balneário;
2 – Jesus demonstrou uma soberba exagerada, apos o titulo. Ocupou todo o palco mediático, relegando para segundo plano, Luis Filipe Vieira, o maior obreiro do titulo, Rui Costa e os jogadores;
3 – Vieira deu tudo a Jesus. Deu-lhe a hipótese de ser campeão, algo com que o técnico, já com 55 anos e muitos de futebol, talvez já não sonhasse (Cajuda, por exemplo, nunca teve essa hipótese). Na hora da vitoria, Jesus olhou demasiado para o umbigo;
4 – Vieira percebeu esse andar nas nuvens e lançou um aviso `a navegação: verdadeiros campeões não ganham so uma vez, disse no Brasil. Destinatarios: Jesus, não os jogadores;
5 – As saídas de Di Maria e de Ramires foram excelentes negócios para o Benfica. O primeiro teve um fraco Mundial, o segundo deitou tudo a perder com a expulsão frente ao Chile e o castigo frente `a Holanda. Mesmo assim, o encaixe foi fabuloso. Mas a dinâmica no mercado podia ter sido mais eficaz. Culpado(s)? Jesus, em primeiro plano, Rui Costa, em segundo plano;
6 – Gosto de Jesus, aprecio o treinador, respeito e admiro o homem que sublu a pulso no mundo complicado do futebol ate ao estrelato, sem ajudas e sem padrinhos. Mas o deslumbramento e´ fácil e Jesus caiu nele. Ainda esta´ a tempo de arrepiar caminho;
7 – A chegada a conta gotas dos mundialistas foi mal gerida. Cardozo não pode chegar e entrar de caras, passando um atestado de incompetência a Jara, Weldon, Nuno Gomes, Kardec (embora este estivesse lesionado); Luisao, como capitão, devia ser mais contido nas palavras de reivindicar melhor salário; Carlos Martins não pode ser utilizado como titular em quase toda a pré-epoca e depois relegado para o banco nos jogos oficiais;
8 – A par disto, e não há como escamotea-lo, as arbitragens tem sido gravosas. Se Jesus não lhe quer apontar o dedo (sabe-se la porque), então que alguém o faça, em nome da verdade e dos superiores interesses do Benfica;
9 – Luis Filipe Vieira merece ser bicampeão, tricampeão, tetra e penta. Não pode e´ estar em todo o lado e percebe-se que quando não esta´ a coisa corre mal;
10 – Jesus precisa de voltar a ser o Jesus da época passada. Muito interventivo junto `a linha, sempre activo. Ou sera´ que lhe serve ganhar uma vez?
11 – Como se verifica, Roberto e´ so´ a ponta do iceberg.
(Peço desculpa aos meus leitores, mas o computador, se calhar por falta de uso, resolveu não acentuar algumas palavras, algo ja visivel em textos anteriores. A correcção segue dentro de momentos).