Ser pragmático é pensar que o Benfica pode ir a Londres vencer o Chelsea e ser apurado para as meias-finais da Liga dos Campeões. Ser realista é pensar que o Benfica não é inferior a este Chelsea e que a eliminatória ainda está em aberto.
Estas são as minhas opiniões. Mas elas não me fazem ignorar que o Benfica ainda tem um longo caminho a percorrer até recuperar o seu lugar no topo do futebol europeu. Os anos de Vale e Azevedo que quase destruíram o Benfica e os anos anteriores de direcções fracas, erráticas, desastrosas, com o epicentro máximo no mandato Manuel Damásio, deixaram sequelas graves e profundas, que demoram a curar.
O Benfica esteve muitos anos longe da ribalta europeia. Como esteve o Ajax e o Liverpool, para só citar dois dos casos mais flagrantes. E isso paga-se. Paga-se, como se viu ontem, de duas maneiras: inexperiência e falta de "peso político", ou seja, falta de força ao mais alto nível para obrigar os árbitros a terem respeito pelo clube.
A falta de experiência viu-se a olho nu no lance de golo do Chelsea. A falta de "peso político" na alta esfera do futebol europeu viu-se na não marcação de um penálti evidente por mão de Terry na grande área do Chelsea.
Temos, ainda, de ser objectivos: Emerson não pode ter lugar num equipa que tenha sustentadas intenções de atingir uma meia-final da Liga dos Campeões; e a Jardel faltam ainda alguns anos ao mais alto nível; como faltam a Gaitán, a Witsel ou a Nolito. E Rodrigo? Deixou de saber jogar à bola?
Dir-me-ão: é fácil agora dizer isto. Não é verdade. Isto são evidências de toda a gente. O Benfica tem condições, ainda, para eliminar o Chelsea, mas tem de continuar a ganhar músculo a este nível durante muitos anos seguidos.
É por isso que estar na Champions de forma frequente e sustentada é decisivo. O Benfica vai chegar lá. Não tenho dúvidas. O Benfica pode estar a um pequeno passo (2/3 anos) de voltar a ganhar uma Liga dos Campeões.
Para isso, a actual direcção do Benfica, liderada por Luís Filipe Vieira, não se pode desviar um milímetro do caminho traçado pelo Presidente do Benfica, e que passa, em primeira mão, por dois vectores fundamentais: assegurar a continuidade de jogadores-chave, com a renovação dos contratos de Aimar, Luisão, Maxi, Cardozo (é claro que quem bater as cláusulas de rescisão pode sempre assegurar o jogador); garantir a entrada na equipa principal de cada vez mais jogadores portugueses oriundos da formação, de que são exemplos maiores Nélson Oliveira, Luís Martins e Mika.
A estratégia está montada e bem montada. O Benfica vai chegar lá. E, com um pouco de sorte (como teve o Chelsea, ontem na Luz), até pode já dar um passo decisivo nesta caminhada na actual edição da Champions.