domingo, 31 de agosto de 2008

Equívocos e mal-entendidos

Um golo trouxe a esperança, que morreu após a expulsão estúpida de Katsouranis.
Foi um clássico cheio de equívocos por parte do Benfica. Como escrevi nos meus textos anteriores, começamos a perder este jogo bem antes dele se iniciar. Porque, este empate é uma derrota.
Continuamos a cometer os mesmos erros. Nada aprendemos com o passado. Como é possível que nos dias que antecederam um jogo desta importância e desta intensidade, o futebol do Benfica tenha vivido em constante reboliço? É Luís Garcia que está quase, é Palácio que é a prioridade, afinal quem vem é Suazo, chega e é logo convocado, Nélson vai embora, Nuno Gomes é capaz de vir a ser transferido, Di Maria vem de Pequim mas deve entrar de início, Reyes e Di Maria para ganhar ao FCP, etc.etc. etc. Quem consegue trabalhar em tranquilidade com todo este turbilhão?
Mas há mais. O discurso de Quique Flores é incompreensível. No final do jogo com o Rio Ave disse que não havia lugar para preocupações. Vê-se… Depois, diz que os problemas físicos no jogo com o FCP são devidos ao facto de agora se trabalhar mais que no passado – uma deselegância escusada para com Camacho. No final, diz que lhe custou tirar Cardozo – então, porque o fez?
Mais ainda. Os conceitos tácticos de Quique também são incompreensíveis. Em Vila do Conde, com a saída de Carlos Martins faz entrar o jovem e inexperiente Felipe Bastos, que nem é convocado contra o FCP. Continua a colocar Katsouranis como central (quanto a mim mal), quando tem um central (aliás, dois, com David Luiz) como Sidney, contratado esta época. Continua a colocar Aimar como segundo ponta-de-lança, ao ponto de ser o pequeno argentino a aparecer a cabecear na grande área as (poucas) bolas centradas por Di Maria, Reyes ou Carlos Martins. E podíamos ir por aí fora…
Mas o mais importante que tenho para dizer guardo-o para o fim. Está explicado porque é que o Benfica, antes de Quique, tinha como principais opções para substituir Camacho, Carlos Queiroz e Sven-Goran Eriksson. Não está em causa a capacidade, a competência e a inteligência de Quique Flores. O que é preciso perceber é que o futebol português exige um “know-how” muito específico, que Quique (ainda) não tem.
Por exemplo: há equipas que durante a semana “treinam” alguns jogadores para falar com o árbitro, porque conhecem as suas características; há jogadores que “treinam” determinados truques para condicionar determinados adversários. Isto passa-se há muitos anos no futebol português. Eu sei que em Espanha, em Itália ou em Inglaterra isto seria impensável, mas estamos em Portugal, no futebol português, e temos de saber jogar com estas “regras”.
Por tudo isto, percebi muito bem porque é que Rui Costa “exigiu” a presença de Diamantino e de Chalana na equipa técnica. Porque estas duas glórias do Benfica podiam fazer entender melhor a Quique Flores estas questões, abreviando o seu tempo de aprendizagem. Por isso, estranhei que Quique tivesse “dispensado” este acompanhamento. Está agora a pagar por isso.
Como estranho que, pelos vistos, os relatórios feitos por Fernando Chalana sobre o Rio Ave, que ele observou várias vezes, tenham sido pura e simplesmente ignorados. Ou, senão o foram, parece…
Vamos acreditar que tudo vai melhorar. Só pode melhorar. Quique tem de corrigir depressa alguns equívocos e começar a apoiar-se mais em Diamantino e Chalana, que têm um conhecimento profundo do futebol português. Não bastam as conversas com Pako Ayesteran, um preparador físico conceituado mas que tem de explicar o desastre físico da equipa do Benfica no jogo contra o FC Porto.
Com 15 dias de trabalho pela frente, até ao próximo jogo oficial, em Paços de Ferreira, Quique tem tempo para colocar as peças em ordem e arrepiar algum caminho. Eu acredito que o treinador espanhol, tarimbado num futebol de alta exigência competitiva e mediática (por isso estranho o seu discurso errático), vai levar o Benfica ao lugar que merece – campeão.
Foto: Paulo Duarte (AP/Photo)

Post-Scriptum: Jorge Sousa fez um trabalho habilidoso. O árbitro do Porto, só para falar das situações mais evidentes, perdoou a expulsão a Cristian Rodriguez – o uruguaio não teve direito a sanção disciplinar quando entrou por detrás em Maxi, e minutos depois leva amarelo (que seria o segundo) por protestar uma decisão do árbitro; ficou por assinalar livre indirecto dentro da grande área do FC Porto depois de entrada de pé em riste de Rolando sobre Di Maria. Mas houve mais “pequenos” pormenores a favorecer o FC Porto.

Ficha do jogo
2ª Jornada
SL Benfica – 1; FC Porto – 1
Estádio da Luz (Lisboa)
Árbitro: Jorge Sousa (AF Porto)
Golo: Cardozo (55 min.)
Disciplina: Katsouranis (amarelo aos 10 e segundo amarelo aos 58); Cardozo (amarelo aos 50); Nuno Gomes (amarelo aos 83)

Benfica - Quim; Maxi Pereira; Luisão; Katsouranis; Léo (Ruben Amorim, aos 68 min.); Yebda; Carlos Martins; Reyes; Di Maria; Aimar (Nuno Gomes, aos 50 min.) e Cardozo (Sidney, aos 65 min.).

sábado, 30 de agosto de 2008

Espera-vos o Inferno!

O clássico de hoje à noite começa com dois pequenos pormenores que não são desprezíveis. O primeiro, o rumor de uma possível transferência de Nuno Gomes, não é favorável para a necessária estabilidade e tranquilidade da equipa. O segundo, o prolongamento do contrato de Lucho Gonzalez no FC Porto, é um daqueles sinais que os portistas gostam de dar nestes momentos. Tudo somado, não partimos em vantagem pontual, nem em vantagem nestes “mind games”, como gosta de lhes chamar José Mourinho. Apesar de tudo, só há uma fé, o Benfica, um objectivo, a vitória, um sonho para materializar, o título. Por isso, hoje à noite no Inferno da Luz, só um grito: Benfica, Benfica, Benfica! Vamos ganhar!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Suazo: a história repete-se

A convocação de David Suazo para o jogo com o FC Porto faz lembrar as de Poborsky, Kandaurov e Luís Carlos, nos tempos de Souness.

Depois de Pablo Aimar e de José António Reyes, agora é David Suazo, avançado hondurenho que militava no Inter de Milão, que procura relançar a sua carreira no Benfica. Depois de Aimar e de Reyes, também Suazo afirmou que foi Rui Costa que o convenceu a vir para o Benfica. O que terá dito o “maestro” a estas três vedetas? Numa coisa estamos todos de acordo, o director desportivo do Benfica tem capacidade de persuasão.
Agora, eu gostaria que o meu clube não servisse para relançar a carreira de ninguém, à procura de fáceis momentos de glória. Vem isto a propósito da convocação-surpresa de Suazo para o jogo de amanhã contra o FC Porto.
Como é possível que um jogador que chega de madrugada a Lisboa e que nunca treinou com o plantel possa estar em condições de disputar um desafio de tal intensidade? Para além do mais, Suazo nem era a primeira escolha de Quique para reforçar o ataque, cuja prioridade era, como sabemos, Luís Garcia, o espanhol do Espanhol de Barcelona.
Que confiança é, assim, transmitida a Nuno Gomes ou, pior, a Óscar Cardozo? Não discuto o reforço do plantel com atletas de qualidade, que me parece ser o caso de David Suazo, o que pergunto é se seria o ataque a prioridade, em detrimento da contratação de um lateral-direito de qualidade que continua a faltar.
Esta chamada de Suazo ao lote dos convocados mal aterra em Lisboa faz-me recordar um episódio de há alguns anos atrás. Treinava o Benfica o irreverente escocês Graham Souness e o Benfica contratou no mercado de Inverno três jogadores: Poborsky, Kandaurov e Luís Carlos. Os três foram, curiosa e imediatamente, convocados (e jogaram) para o desafio com o FC Porto, nas Antas. O resultado e a exibição são irrelevantes, o que eu pensava era que esses tempos tinham acabado na Luz. Espero que, pelo menos, agora a história tenha um final mais feliz.

Post-Scriptum: O Benfica vai encontrar o Nápoles, na 1ª eliminatória da Taça UEFA. Independentemente do grau de dificuldade do confronto, o que há a registar é o mediatismo de um desafio que envolve dois históricos do futebol europeu, a fazer inveja a muitos jogos da Liga dos Campeões. Nápoles já não é Maradona, nem Careca, mas continua a ser um emblema mítico de uma cidade mítica, rebelde e autêntica. É um jogo de estrelas!

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Suazo abre a porta a Quaresma

David Suazo a caminho da Luz. Depois de fracassar a hipótese Luís Garcia, Rui Costa consegue o avançado hondurenho do Inter. E abre assim a porta a Quaresma.
É oficial, David Suazo, o avançado hondurenho do Inter de Milão, foi cedido por empréstimo ao Benfica e deve chegar a Lisboa em breve. Rui Costa esteve em Milão a ultimar os pormenores, como assegura o site da “La Gazetta dello Sport”. O curioso é que esta transferência está intimamente ligada à de Ricardo Quaresma para o Inter. Com a saída de Suazo, abre-se uma vaga no plantel do Inter para a entrada do extremo português que ainda joga no FC Porto. Quem diria, ou, lembrando o saudoso Fernando Pessa: “E esta, hein!?”

Platini, sempre excepcional

Em dia de sorteio da "Champions", o Presidente da UEFA, Michel Platini, não esqueceu o Apito Final e a presença do FC Porto nos "potes". Está visto que Platini veio para mudar o futebol para melhor e não quer ser apenas uma mera figura decorativa, como o foi Lennart Johansson, o seu antecessor, e o é Joseph Blatter, o inefável presidente da FIFA. Seja dia de festa ou não, as verdades são para se dizer, pois a coragem de mudar também se vê nas palavras, como as que Platini hoje proferiu e que aqui se recordam. Não são palavras de circunstância as que Platini diz. Um jogador excepcional que se revela também um dirigente excepcional. Os que gostam do futebol limpo e sem batota agradecem.

Léo em entrevista a "O Benfica"

Amanhã nas bancas, para comprar, ler e guardar.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Uma nomeação canalha

Jorge Sousa, mais uma vez no centro de uma polémica com o Benfica. Vítor Pereira acaba de fazer uma nomeação irresponsável e de consequências imprevisíveis.

A nomeação do árbitro Jorge Sousa para arbitrar o jogo de sábado entre o Benfica e o FC Porto para a 2ª jornada da Liga, é uma nomeação canalha, irresponsável e leviana. O “O INFERNO DA LUZ” está em condições de afirmar que esta escolha provocou a revolta nas mais altas esferas do Sport Lisboa e Benfica. Até ver, não haverá reacções oficiais. O sentimento de indignação será revelado através de fontes não oficiais, como comentadores e fazedores de opinião. O Benfica, responsavelmente, não quer contribuir para lançar mais achas para a fogueira e fazer do jogo de sábado um barril de pólvora (utilizando uma estratégia diferente da do Sporting, que logo na 1ª jornada começou a atacar os árbitros – recorde-se aqui o convívio entre Pinto da Costa e Filipe Soares Franco na tribuna do estádio do Algarve, na final da Supertaça).
Os benfiquistas não têm a memória curta, mas, pelos vistos, no Conselho de Arbitragem da Liga há quem a tenha e, por isso, o “O INFERNO DA LUZ” pretende avivar a memória de todos os que gostam de futebol e de um espectáculo limpo.
Jorge Sousa, árbitro da Associação de Futebol do Porto, arbitrou na época passada 4 jogos do Benfica: Leixões – 1; Benfica – 1; Benfica – 1; Braga – 1; Benfica – 0; FC Porto – 1; Sporting – 5; Benfica – 3 (meia-final da Taça de Portugal). Para além do “simples” facto do Benfica não ter ganho nenhum desses jogos, recorde-se que Jorge Sousa foi também o árbitro do célebre Leixões – 1; FC Porto – 2, da expulsão perdoada a Bruno Alves e da validação de um fora-de-jogo que dá o golo da vitória do FCP.
Vítor Pereira, a quem cabe a principal responsabilidade desta nomeação, está a lançar gasolina para uma fogueira que se mantém bem acesa, o que demonstra total irresponsabilidade. Porquê um árbitro da Associação de Futebol do Porto para um jogo de altíssimo risco, envolvendo um clube dessa associação? Julgamos que o presidente da Liga, Hermínio Loureiro, está a ser minado na sua estratégia de ajudar na credibilização do futebol português.
A escolha de Jorge Sousa confirma que o “sistema” ainda está bem vivo, apesar dos seus principais cabecilhas andarem em “liberdade condicionada”. Fazem lembrar aqueles líderes de gangues brasileiros, que da prisão dão instruções de execução.
Esperemos que Jorge Sousa tenha uma réstea de bom senso e de responsabilidade e que no sábado não contribua para mais uma página negra do futebol português. Vamos acreditar!

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Noite de nevoeiro

Não vi o jogo contra o Rio Ave, em Vila do Conde para a 1ª jornada da Liga, mas os ecos que me chegaram a milhares de quilómetros de distância permitem-me fazer um breve comentário. Desde logo, o empate, a repetir o resultado de há um ano contra o Leixões, também na 1ª jornada, deixou-me desiludido. Porque, por mais argumentos que se arranjem, há algo que deve ser uma verdade absoluta: qualquer equipa do Benfica, em qualquer estádio, em quaisquer circunstâncias, tem de ganhar ao Rio Ave. O curioso é que, tal como no ano passado, foi contra um recém-promovido que se perderam os primeiros pontos. É claro que, em defesa de Quique, se pode sempre dizer que a equipa está em construção, que a lesão no início do jogo de Carlos Martins alterou os planos, etc., etc. Mas, insisto, tudo são desculpas de mau pagador: qualquer equipa do Benfica, em quaisquer circunstâncias, tem de ganhar ao Rio Ave. Espero que Rui Costa já tenha explicado isso a Quique Flores. Se não o fez, deve fazê-lo de imediato. É que não gostei das declarações que o treinador espanhol fez no final do jogo, ao dizer que não havia motivos de preocupação. FOTO: AFP/Getty Images


Ficha de jogo

1a jornada
Rio Ave 1-1 Benfica
Estádio dos Arcos, Vila do Conde
Árbitro: Carlos Xistra (AF Castelo Branco)
Cartões amarelos: Fellipe Bastos 49', Luisão 78'
Golos: Nuno Gomes 57'

Benfica:
Quim, Maxi Pereira, Léo, Luisão, Katsouranis, Carlos Martins (Fellipe Bastos 28'), Yebda, Rúben Amorim(Nuno Gomes 46'), Urreta (Balboa 70'), Aimar, Cardozo

sábado, 23 de agosto de 2008

Parabéns Angelito!

Angel di Maria, que o Benfica num excelente e premonitório acto de gestão comprou todo o passe, acaba de conquistar o ouro olímpico no futebol com a camisola da Argentina. Di Maria, já o escrevi, pode ser a sensação da nova Liga e fazer furor com a camisola do Benfica. O franzino extremo argentino, dotado de uma rapidez e tècnica que fazem lembrar Chalana, foi o autor do golo que deu o ouro à Argentina, na final contra a Nigéria, nos Jogos Olímpicos de Pequim. Di Maria passa, assim, a ter um valor quase incalculável, agora que vai para a Selecção principal do seu país. Estrela entre estrelas, como Leo Messi e Kun Aguero, Di Maria pode ser ouro também para o Benfica. Parabéns Angelito! FOTO: Phil Noble - Reuters

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Obrigado, Nélson!

Nélson Évora, campeão olímpico em triplo salto em comprimento. Obrigado, Nélson, pelo primeiro ouro olímpico para o Benfica! FOTO: Thomas Kienzle - AP Photo

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Pela boca morre o peixe

A participação portuguesa nos Jogos Olímpicos de Pequim tem ficado marcada não pela conquista de medalhas mas pelas afirmações que os atletas têm feito. Desde um que estranhou a prova de manhã porque gosta de dormir, até outra que quis vir mais cedo para casa porque queria ir de férias, e um outro que diz que bloqueou porque viu o estádio cheio, e uma outra que disse não ter feitio para disputar torneios destes, tem sido um regabofe.
Mas aqui, no jogo das palavras, também há quem se destaque pela positiva. Vanessa mostrou que também é uma campeã fora das pistas. A medalha de prata olímpica do triatlo manifestou estranheza pela falta de brio de outros atletas, para quem, disse, chegar em 50º ou em 10º é a mesma coisa. Francis Obikuwelu, cuja lesão no joelho impediu de lutar pelas medalhas, não encontrou nenhum justificativo pitoresco, como os seus colegas atrás referidos. Pediu desculpa aos portugueses pelo dinheiro gasto com ele e anunciou o fim da carreira.
Não foi por acaso que esta pedrada no charco saiu das bocas de Vanessa e Francis. Basta conhecê-los e à sua carreira para percebermos que nunca nada lhes foi fácil, tiveram que lutar, que trabalhar e tudo o que conseguiram foi com muito esforço.
As palavras da nossa medalha de prata olímpica e do homem que veio das obras para se tornar num campeão das pistas devem fazer reflectir muita gente, a começar por muitas vedetas e ídolos com pés de barro.
Vicente Moura, presidente do Comité Olímpico Português (há tempo demais no cargo), deve abrir já um processo disciplinar a quem manifestou total desrespeito pelos dinheiros públicos gastos na preparação destes atletas para os Jogos, e deixar-se de palavras de circunstância.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Obrigado, Vanessa!

Vanessa Fernandes, Medalha de Prata na prova do Triatlo, nos Jogos Olímpicos de Pequim - a primeira medalha portuguesa. Foto: José Manuel Ribeiro / Reuters.

Boa sorte, Campeã!

Faltam pouco menos de 2 horas para a “nossa” Vanessa Fernandes começar a prova do triatlo, nos Jogos Olímpicos de Pequim. Esta supercampeã é a grande esperança portuguesa para uma medalha olímpica, que se quer e deseja que seja o ouro.
Aconteça o que acontecer, Vanessa já entrou no coração dos portugueses, como Rosa Mota e Carlos Lopes, ícones dos Jogos Olímpicos. Não posso, no entanto, deixar de sublinhar que Vanessa Fernandes é uma atleta do Benfica, como o são a judoca Telma Monteiro e o campeão do salto em comprimento, Nelson Évora. É isto o ecletismo do Benfica, com campeões de nível mundial.
Mas hoje, daqui a bocado, o nosso coração estará a torcer pela Vanessa Fernandes. Recordo aqui um texto que publiquei há meses sobre esta campeoníssima. E também é por isso que sinto orgulho em ser benfiquista. Boa sorte Vanessa!

sábado, 16 de agosto de 2008

A Taça Amizade

Sporting bateu o FC Porto (2-0) na Taça Amizade.
Foto: José Manuel Ribeiro/Reuters

A Taça da Amizade, que se disputou esta noite no Estádio do Algarve, teve lado a lado Pinto da Costa e Soares Franco, num verdadeiro convívio de “nobres senhores” de sangue azul. A sorte pendeu para os leões e o Sporting leva para casa uma Taça que já se chamou de Cândido de Oliveira, mas parece que em Portugal lembrar o nome de homens íntegros caiu em desuso.
Carlos Xistra ajudou a que tudo se passasse em boa harmonia e fez um arbitragem dentro dos nossos usos e costumes, não vá o ainda caseiro da quinta zangar-se e mandá-lo para a estrebaria.
Bruno Alves, o defesa do FC Porto que se gaba de preferir dar porrada a fazer fintas, fez jus à fama que vem de longe. Duas cargas duras pelas costas sobre Derlei, não mereceram nenhum castigo disciplinar; e o mesmo se diga de um desforço de Rodriguez sobre Miguel Veloso, que com um árbitro mais rigoroso podia colocar o Cebola no banho mais cedo. Mas Xistra vinha com a lição estudada.
A grande penalidade marcada contra o Sporting levanta-me uma dúvida: quantos lances destes dentro da área serão assinalados contra o FC Porto, no campeonato? Uma curiosidade que o tempo há-de resolver. E pronto, a Taça Amizade foi para Alvalade, como no ano passado. Tudo está bem quando acaba bem, não é?

Uma homenagem a sério

Eusébio com o capitão do Inter, Javier Zanetti, e a "Eusebio Cup".
(Foto: Paulo Duarte/AP)
Já foi muito dissecado o jogo entre Benfica – Inter de Milão (0 – 0), ontem na Luz, para a “Eusebio Cup”. Estive na Luz e gostei da equipa e da festa. No entanto, quando vi Eusébio da Silva Ferreira entrar no relvado para dar o pontapé de saída do “seu” troféu, não pude deixar de pensar naquilo que o Pantera Negra representa para o Benfica e naquilo que o Benfica tem feito (ou não) pelo Pantera Negra.
Há quem não se queira recordar, mas nem sempre o Benfica foi justo com o seu maior símbolo vivo. Se isso tivesse acontecido, Eusébio não teria tido necessidade de jogar no Beira-Mar, (onde no campeonato de 1976-77 marcou 3 golos, um dos quais ao Sporting), e no União de Tomar, no ano seguinte. Mas teve…
Há pouco menos de 20 anos fui ver uma festa de homenagem a Eusébio no velhinho Estádio da Luz: Benfica contra uma selecção de antigas glórias mundiais e depois um Benfica - Manchester United, em equipas principais. Foi uma tarde/noite de festa, que merecia bem mais público do que as pouco mais de 15 mil pessoas presentes, num estádio que levava 120 mil. Vi jogar Bobby Charlton e Best e Di Stefano e Kempes e Beckenbauer e muitos outros de que não me lembro agora. E vi e ouvi o grande e saudoso Fialho Gouveia, com a voz emocionada a fazer a locução do espectáculo. Foi um agradecimento envergonhado e o obrigado possível.
Eusébio disse que a homenagem de ontem foi a melhor que teve até hoje. Não duvido, e como eu o compreendo: Inter, que já o quis contratar na década de 60, e Benfica na máxima força, perante 55 mil pessoas, disputando um troféu com o seu nome. A “Eusebio Cup” vem com 30 anos de atraso, mas ainda bem que veio. Foi uma homenagem bonita porque não pareceu um agradecimento tardio, nem uma lavagem de consciência, nem um limpar da face.
Há alguns dias, no lançamento deste troféu, o Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, disse que quando chegou ao Benfica Eusébio nem contrato tinha. Agora tem contrato assinado por tempo indeterminado e um torneio a sério para disputar todos os anos entre Benfica e outro grande mundial. Finalmente, o agradecimento a que o Pantera Negra tinha direito.

Post-Scriptum 1: O Inter levou a “Eusebio Cup” para Milão, para expô-la no seu museu de troféus no Giusseppe Meaza, depois da vitória nas grandes penalidades. Não fiquei contente, mas se calhar foi melhor assim. Agora os “interistas” vão poder lembrar-se todos os dias de Eusébio e sonhar naquilo que o Inter de Milão podia ter sido na década de 60 se tivesse conseguido contratar o Pantera Negra.

Post-Scriptum 2: Eusébio é eterno, mas parece que no futebol português há coisas desgraçadas que também tendem a eternizar-se. Uma delas é a incompetência dos nossos árbitros. Bruno Paixão, que arbitrou o Benfica – Inter, é um árbitro incompetente, e sobre isso não há nada a fazer. Gostava que me esclarecessem quem é que “nomeia” os árbitros para estes jogos ditos amigáveis.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Opinião que conta e opinião que não conta

Fazer opinião em Portugal é algo que se vulgarizou nos últimos anos. Principalmente porque se quebraram algumas regras de ouro. Desde logo, escrever sobre aquilo de que se percebe. Ora, como é costume ler-se e ouvir-se, cada vez são mais aqueles que escrevem e falam sobre aquilo de que não percebem nada. Depois, e essencialmente, procurar manter um mínimo de honestidade intelectual naquilo que se escreve. Não se pede – seria até paradoxal e contraditório – imparcialidade, rigor, fundamentação, mas, repito, um mínimo de respeito pelos leitores.
Vem isto a propósito de dois artigos de opinião cuja importância assenta fundamentalmente no facto de terem sido publicados nos dois maiores diários portugueses: O “Correio da Manhã” e “A Bola” – e sabemos como isso influencia os leitores.
O primeiro, assinado pelo juiz-desembargador Rui Rangel, curiosamente irmão do jornalista e também colunista do “CM”, Emídio Rangel, intitula-se “Amar a Verdade” – um título assim, num artigo de opinião, chama logo a atenção.
Mas o artigo merece a pena ser lido. Isto porque Rui Rangel, começa por fazer esta afirmação invulgar nos dias de hoje: “É por amar a verdade que estou, de novo, a escrever sobre uma das minhas paixões, o meu Benfica. Sinto-me compelido a isso por razões de honestidade intelectual”. Lá está, razões de honestidade intelectual…
Então, o que é que Rangel quer rectificar? “Já critiquei a direcção liderada por Luís Filipe Vieira”, mas, diz agora o juiz-desembargador, “chegou o tempo de tecer merecidos elogios a Vieira e a Rui Costa”. Aqui está o que é amar a verdade e ser intelectualmente honesto.
Ora, o segundo articulista que motivou este “post”, José António Lima, n`“A Bola” de ontem, nem amou a verdade nem foi intelectualmente honesto. Lima é sportinguista, o que não vem mal ao mundo, mas o seu artigo, intitulado “Um defeso à Benfica”, está repleto de falsidades. José António Lima quebrou uma regra de ouro dos “opinion makers”, escrever sobre aquilo de que se percebe. Lima tem todo o direito de expressar as suas opiniões sobre o Sporting – eles que se entendam. Não tem é o direito de lançar atoardas mentirosas sobre um clube como o Benfica, ao qual nada o liga. Ainda se amasse a verdade ou fosse intelectualmente honesto.
Vejamos: “Quique Flores, um treinador ainda com pouco currículo, mas muito fotogénico e com uma colorida árvore genealógica…”. Quase tanto currículo como Paulo Bento, não é José António Lima? Seguramente mais fotogénico que Bento. Quanto à última observação, de tão rídicula nem merece comentários.
“Reyes, depois das passagens efémeras e pouco felizes por Arsenal e Real Madrid” – tantas falsidades numa simples frase. Mas contra factos não há argumentos, pois não JA Lima? No primeiro de 3 anos no Arsenal, Reyes, um extremo, marcou 5 golos em 11 jogos; no segundo, 9 golos em 28 jogos; no último 5 golos em 24 jogos; no Real Madrid, 6 golos em 30 jogos. É a isto que chama “passagens efémeras e pouco felizes”, nos supercompetitivos campeonatos inglês e espanhol?
Mas há mais. Diz JA Lima, no supracitado artigo, que as últimas entradas e saídas da Luz fazem “lembrar” a “revolução/desagregação”, de há 14 anos, com Artur Jorge, e dá como exemplos, Simão, Rui Costa, Rodriguez e Petit. Posto isto, não sabemos se se trata de desonestidade intelectual ou de ignorância. Vamos acreditar que é a primeira.
Sem tempo nem paciência para esclarecer JA Lima, referira-se apenas o seguinte: Artur Jorge mandou embora jogadores como Paneira, Isaías, Schwarz, Ailton, etc…, destruindo uma equipa campeã. Quanto aos exemplos que dá: Simão saiu em troca de 20 milhões de euros, mais Reyes; Rui Costa acabou a carreira; Rodriguez veio emprestado e abriu muito a boca; Petit estava em fim de carreira e foi fazer o contrato da sua vida. Este artigo de Lima tem uma única finalidade: vendo o Benfica seguir um rumo certo e consistente, tenta desestabilizar. Não o vai conseguir. Conclusão: há opinião que conta e há opinião que não conta.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Quando nos toca a nós.....

O jornal “O Jogo” publica hoje uma reportagem sobre o árbitro nomeado para dirigir a Supertaça, entre FC Porto e Sporting, este sábado. Fui alertado para a mesma através de um blogue sportinguista “Leão da Estrela”. O que é que essa reportagem tem de especial? Para os mais distraídos, nada, mas para aqueles para quem a memória não é curta, tudo. Xistra é apresentado como um homem com simpatias pelo Sporting, assim como os seus familiares. E o que é que isso tem de mal? Num futebol civilizado, nada. No futebol português, tudo. É que vivemos há décadas inundados de suspeições, de desconfianças, de intrigas. Tudo culpa, desculpem o lugar-comum, do “sistema”, para quem a transparência, a credibilidade, a verticalidade de procedimentos é algo a combater. O “sistema” só convive bem com o obscurantismo, a fraude, a corrupção, o compadrio, o tráfico de influências.
É por isso que esta reportagem existe e foi realizada, para condicionar Carlos Xistra, colocando sobre ele o ónus de ser ou tender para o Sporting. É por isso que Carlos Xistra, a menos que seja um árbitro acima de qualquer suspeita e íntegro, o que não é o caso, está à partida condicionado para, na dúvida, prejudicar o Sporting. É assim que o “sistema” funciona, como muito bem explicaram Luís Filipe Vieira e António Dias da Cunha.
O problema, para os sportinguistas, não é o facto de perceberem que já partem em desvantagem para esta Supertaça. É o facto de terem memória curta. Se não a tivessem, lembravam-se que há 3 ou 4 anos, na véspera de um Benfica – Sporting, um jornal generalista publicou em manchete que Pedro Proença era sócio do Benfica. Mentira ou verdade, essa notícia condicionou totalmente o árbitro Proença, como os relatos da altura demonstraram, tendo o Benfica sido completamente prejudicado.
Na altura, defendi que Pedro Proença devia ter pedido escusa para arbitrar o jogo. Ou, não o fazendo, a Liga devia ter pura e simplesmente trocado de árbitro. Por isso, agora, defendo o mesmo relativamente a Carlos Xistra: deve pedir a sua substituição ou deve ser a Liga a substituí-lo. Só assim se termina com estas habilidades….

O exemplo deve vir de cima

Como muitos de vós sabem, colaboro também no blogue “Novo Benfica”, onde escrevo todas as segundas-feiras. O meu último artigo foi escrito no dia em que se decidia se o Boavista cumpria ou não os requisitos para entrar nas provas profissionais (ou seja, a Liga de Honra, agora eufemísticamente chamada de Liga Vitalis – recordo-me bem do tempo em que tudo era mais transparente e em que simplesmente se chamava às divisões, I, II e III; no caso da Liga Vitalis estamos a referirmo-nos à II Divisão). Se os não cumprisse, no caso estabelecendo acordos com os antigos jogadores a quem devia dinheiro, seria relegado para as provas não profissionais, o que poderia acarretar a curto/médio prazo a próxima extinção do Boavista Futebol Clube, uma instituição centenária.
Ao final da tarde de segunda-feira ficou a saber-se que o Boavista tinha cumprido esse requisito, podendo inscrever jogadores e, assim, disputar as provas profissionais, no caso a Liga de Honra – o que o Penafiel contesta.
Estamos, como se pode ver, perante mais uma grande embrulhada no futebol português. Sem fim à vista e cujas consequências ainda são imprevisíveis. Por tudo isto, e porque muitos dos comentários que recebi deste artigo que escrevi no “Novo Benfica”, salientaram a sua importância e a necessidade de ser lido por muitos adeptos, resolvi, colocar aqui o “link” que permite aceder a esse artigo, que intitulei “O exemplo deve vir de cima”.
Não pretendo mais do que dar a minha opinião e humildemente fazer alguns alertas. Como benfiquista e escrevendo principalmente para benfiquistas, não posso deixar de pedir alguma reflexão sobre a situação em que vive o futebol português. E avisar: não embarquemos em aventureirismos…

domingo, 10 de agosto de 2008

Uma equipa em busca do sonho: nós acreditamos

Dois velhos conhecidos do futebol europeu animaram ontem à noite quase 50 mil na Luz. A apresentação do Benfica frente ao Feyenoord (1 - 0) serviu para todos tirarem ilações, de Quique aos adeptos.
Quique começa a ter uma equipa-base, embora com algumas dúvidas, de nomes e de posicionamento. Os adeptos mostraram a mesma euforia de sempre, nos inícios de época. Comecemos por Quique. O seu dispositivo táctico, que todos apontam estar a ser moldado à imagem de Pablo Aimar, está, pelo contrário, dependente de uma decisão bem mais complexa: onde colocar Katsouranis?
O grego, que já teve um pé fora da Luz, parece estar de pedra e cal e com uma vontade de mostrar serviço que nunca se lhe viu antes. E esta sua atitude tem muito a ver com Rui Costa. O director desportivo, tão elogiado pelos reforços que conseguiu, deve é ser enaltecido por este trabalho “invisível”, que não só surtiu efeitos com Katsouranis mas também com Léo – só falhou Rodriguez, mas essas são contas de outro rosário.
Estávamos em Katso. Com o grego como central, ao lado de Luisão (uma ironia, depois da cena protagonizada no ano passado no Bonfim), Quique obriga Carlos Martins a uma maior retracção defensiva, enquanto que Ruben Amorim terá tendência para fechar no meio os avanços do ex-Huelva. Neste caso, Yebda será o único trinco.
Com Katsouranis no miolo, ao lado de Yebda, deixa de haver lugar para Ruben Amorim. A equipa ganha mais balanço ofensivo com Martins mais livre e dois alas puros, Reyes e, em princípio, Balboa. Lá na frente, indiscutíveis, Aimar (mais ou menos recuado) e Óscar Cardozo (na foto depois do golo, comemorado com Urreta, em http://www.slbenfica.pt/).
Quantos aos adeptos, recriaram, mais uma vez, o Inferno da Luz. Para quem assistiu pela primeira vez, mesmo que tenha passado por Highbury (agora Emirates Stadium), pelo Mestalla, pelo Vicente Calderon ou pelo Santiago Bernabeu, já percebeu que a Luz é única. Espera-se que este Inferno se mantenha durante toda a época.
Algumas notas individuais. Cardozo é a melhor contratação do Benfica dos últimos anos. Os quase 10 milhões de euros pagos pelo paraguaio parecem uma pechincha e Tacuara já não parece o corpo estranho da época passada, apesar de ter feito 22 golos.
Deixa água na boca perspectivar aquilo que este jogador imenso, na altura e na classe, pode fazer agora que está bem mais adaptado ao clube, à cidade, ao estilo de jogo. Nenhuma dúvida: Edcarlos vai ter de procurar outras paragens e espera-se que David Luiz esteja pronto em breve. Fica a faltar a contratação de mais um bom central.
Urreta é um jogador empolgante, mas é bom não esquecer Di Maria, que está a fazer um bom torneio olímpico pela Selecção da Argentina. Reyes, esse, é daqueles que vai valer bem o bilhete para ir ver jogar o Benfica. Ou muito me engano ou Quique tem aqui uma boa dor de cabeça: quem escolher entre Urreta, Di Maria e Balboa (já que Reyes é indiscutível)?

Post-ScriptumUma nota muito lateral, mas importante. Pedro Proença, ontem em Alvalade, mostrou porque é que os árbitros portugueses não são respeitados por essa Europa fora. No jogo de apresentação do Sporting frente à Sampdoria, viu, impassível, Derlei agredir, insultar, discutir e tudo fazer para estragar o jogo. Proença fez que não viu e não ouviu. O jogo era amigável, pensaram os espectadores, mas no critério do árbitro português as amabilidades não servem para os outros. Mal viu uma entrada mais dura de um italiano, e zás, puxa do vermelho. Irrelevante? Talvez não, se pensarmos que se Derlei fosse expulso, não jogaria a Supertaça contra o FC Porto, este sábado, o que face à ausência de Liedson era capaz de fazer toda a diferença. Mas, se calhar, o problema de Pedro Proença é mesmo esse, incompetência. Depois de o termos visto arbitrar um Benfica – Sporting, cuja vitória os de verde lhe ficam a dever, nada me espanta.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Reyes, para somar...

Reyes chegou, com ganas de ganhar e de ser campeão. Jogador de recursos extraordinários, a sua vinda para o campeonato português era algo impensável há alguns anos atrás. Com Pablo Aimar, Katsouranis, Luisão, Cardozo, o Benfica forma uma equipa de nível europeu. É certo que onze grandes jogadores podem não fazer um colectivo eficaz, mas acreditamos na capacidade de Quique Flores, que conhece e avalizou os jogadores contratados. Neste sábado, frente ao Feyenoord, é crível a utilização de Reyes. Aliás, no que respeita ao extremo espanhol ex-Atlético de Madrid, deixem-me recordar um post que escrevi aqui há alguns meses, mais precisamente a 27 de Maio, que podem recordar aqui. Premonitório, não foi…?

Jornal "O Benfica"

Para comprar, ler e guardar.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Cuidado, Prof. Freitas do Amaral!

Os órgãos dirigentes do futebol português têm uma tendência irresistível para caírem no rídiculo, para se autodescredibilizarem e para se cobrirem de vergonha. Depois das palhaçadas protagonizadas pelo presidente (?) do Conselho de Justiça da Federação, cujo nome evito citar por pudor, agora foi a vez da Comissão Disciplinar da Liga fazer o papel de palhaço. Porque é isso que o futebol português é, um circo.
Estávamos todos postos em sossego, buscando no futebol dentro das quatro linhas alguma razão de fundo que nos fizesse esquecer dos episódios vergonhosos protagonizados pelos senhores federativos, com Gilberto Madaíl e aqueloutro de Gondomar à cabeça, no caso do Apito Final, quando o CD da Liga resolve punir o Presidente do Benfica com 2 meses de suspensão por pedir a intervenção da Polícia Judiciária no futebol português.
O pedido foi feito em Abril, no final de um Boavista – Benfica, em que o clube da Luz foi presenteado com uma arbitragem de Lucílio Baptista bem à moda do “sistema” – foi um exemplar trabalho do árbitro de Setúbal, que bem se pode reformar com a consciência tranquila.
Valha a verdade que só no futebol português é que alguém é penalizado por pedir a intervenção das autoridades policiais. Se a coisa pega, qualquer dia ainda somos presos por chamar a polícia depois de nos assaltarem a casa. Mas, enfim, o futebol português é um caso à parte.
Tão à parte e tão curioso que é capaz de punir Luís Filipe Vieira com 2 meses de suspensão por chamar a Judiciária e punir Pinto da Costa com 2 anos de suspensão por mais de duas décadas a oferecer fruta e chocolates.
Estou agora curioso para ver qual a sanção com que o Professor Freitas do Amaral vai ser punido por no seu parecer jurídico sobre a última reunião do CJ da Federação ter pedido a intervenção da Procuradoria-Geral da República no futebol português.
Eu, no caso de Freitas do Amaral, estava preocupado, muito preocupado. Nunca se sabe o que é que estes rapazes inventam.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

À espera do "Simão espanhol"

No dia em que ganhamos o Torneio de Guimarães, derrotando com clareza um Vitória a sonhar com a fase de grupos da Champions, os adeptos ficaram a saber que o Benfica acabara de contratar José António Reyes, um extremo-esquerdo, que já passou por alguns dos maiores clubes da Europa, como o Arsenal e o Real Madrid.
O “Simão espanhol”, como pode ser apelidado, dadas as características idênticas ao internacional português e ex-capitão do Benfica, e ao facto de vir para a Luz à sombra do acordo de transferência de Simão para o Atlético de Madrid, o ano passado, (o acordo incluía uma cláusula em que o Benfica era privilegiado pelas dispensas do clube madrileno), deu há dois anos o título aos merenges, ao marcar 2 golos ao Maiorca na última jornada do campeonato, em pleno Santiago Bernabéu, quando o jogo seguia empatado a 20 minutos do fim. Para já, Simão, o português, rendeu Reyes e mais 20 milhões de euros.
José António Reyes chega à Luz não dispensado pelo Atlético mas porque se incompatibilizou com o treinador do clube. Para trás ficam Sevilha, Arsenal, Real Madrid, Atlético de Madrid e chega agora o Benfica.
Digam, ó cépticos, que o Benfica não sabe negociar jogadores. Depois de Pablo Aimar, mais um nome de dimensão europeia e mundial a vestir de vermelho. A única coisa agora a especular é sobre quem sai para entrar Reyes no onze inicial. A resposta tem dois alvos: Urreta (que grande jogo em Guimarães) e Di Maria, que se prepara para ser uma das estrelas dos Jogos Olímpicos ao serviço da Selecção da Argentina.
Qualidade em quantidade não falta do meio-campo para a frente. Qualidade também existe atrás, mas em menos quantidade. Espera-se que o fecho do plantel aconteça com a contratação de Luís Garcia ou Miccoli (e falta-se também em Smolarek, o polaco que marcou 2 a Portugal na fase de apuramento para o euro 2008 e cujo primeiro nome é Eusebiusz, em homenagem ao nosso Pantera Negra) e de um central de dimensão mundial. Se assim for, estamos preparados para tudo.

Post-Scriptum: À velocidade que os acontecimentos se sucedem, não vale a pena ter certezas absolutas. Com Reyes, à espera de vaga no avião que o transporte para Lisboa, Luís Garcia chegou mas à Portela, integrado na comitiva do Espanhol que irá realizar alguns jogos de pré-temporada em Portugal. Desconfio que ainda vão ser apresentados ao mesmo tempo, para não perder mais tempo.
Enquanto tal não acontece, o melhor é escrever, ainda que com 2 dias de atraso, sobre a vitória sobre o Vitória (desculpem lá esta repetição de palavras). Para compensar os leitores deste “delay”, evito dedicar-me ao comentário simplista do “jogou bem/jogou mal”. Analiso, para reflexão, dois factos que parecem ter passado despercebidos.
1 – Miguel Vítor jogou 90 minutos a lateral-direito. Ou Quique já perdeu esperanças em que o Benfica contrate um nº 2 de raiz, como chegou a ser aventado com Belleti, ou prefere uma adaptação (Maxi ou Miguel Vítor) a Nelson, esse sim nº 2 de raiz.
2 – Que é o complemento do 1. Nelson parece estar a fazer o percurso inverso ao de Miguel. Lembram-se do jogo (julgo contra Braga, na Luz, em 2003) em que Chalana, técnico principal, antes da primeira chegada de Camacho, “inventou” o recuo de Miguel, de extremo-direito para lateral-direito, com o êxito que se sabe? Agora é Quique, que à falta de um extremo-direito para dar concorrência a Balboa, quer “inventar” com Nelson. Esperamos que seja tão bem sucedido como Chalana o foi com Miguel.

domingo, 3 de agosto de 2008

Imagens do Benfica do futuro

Benfica - 2; PSG - 2 - Torneio da Cidade de Guimarães (Estádio D. Afonso Henriques). Foto em www.slbenfica.pt
Não foi, ainda, no relvado do estádio D. Afonso Henriques, em Guimarães, que apareceram as imagens do Benfica do futuro. Esse Benfica do futuro, que queremos cada vez mais ganhador e cada vez mais forte e liderante, apareceu nas bancadas.
As crianças de Guimarães (ou em Guimarães, para o caso tanto faz) vestidas com as camisolas do Benfica, empunhando adereços do Benfica, gritando pelo Benfica, deram um colorido e uma alegria invulgares nos estádios de futebol portugueses.
São essas crianças uma das imagens mais fortes do Benfica do futuro, confirmando a tese de que, mesmo no Norte, os mais novos continuam a ser maioritariamente do Benfica. Enquanto essa alegria não esmorecer, e não esmorecerá, na cara daquelas centenas de crianças, o futebol português terá futuro, mas principalmente o Benfica terá um futuro risonho, grandioso, ganhador.
Na tribuna presidencial do D. Afonso Henriques estava à vista de todos outra das imagens do Benfica do futuro: Luís Filipe Vieira e Rui Costa lado a lado, num sinal de união, sintonia e conjugação de esforços para levar o Benfica do futuro ao lugar que lhe pertence e que merece: o 1º lugar.
Para quem, nos últimos dias, tem tentado, de maneira dissimulada, criar cenários artificiais e fictícios de “desencontros” entre Presidente e Director desportivo, aqui está a resposta: o Benfica do futuro também estava naquela tribuna presidencial: lado a lado e unido.
Descendo alguns degraus até à relva, o que há a dizer é que também Quique Flores está a construir o Benfica do futuro, com paciência, com convicção, com trabalho, com testes, claro, mas com a firme certeza de que o justo prémio pela coragem e pelo risco irá chegar a curto prazo.
O jogo mostrou muito do que vai ser o Benfica daqui para a frente. Sem culpas nos golos, Quim está de pedra e cal. A linha defensiva é a que mais preocupações está a dar. Maxi, no lado direito, não serve – foi por ele que o PSG chegou ao segundo golo. No centro da defesa, Luisão é inamovível, sobrando uma vaga, que deve ser para David Luiz ou Katsouranis; Sidney mostrou bons pormenores, nomeadamente num lance na área do PSG em que atirou à trave, mas fica ligado a um falhanço clamoroso que deu o 0-2 para os franceses. Miguel Vítor está a tentar ganhar espaço. No lado esquerdo, Léo não tem concorrência, com Jorge Ribeiro a mostrar na primeira parte que não é homem para o lugar.
Do meio-campo para a frente, o problema para já é de abundância e de falta de automatismos. Percebendo que Quique vai apostar preferencialmente no 4-4-2, as dúvidas estão em todo o lado. Carlos Martins e Aimar serão titulares, mas o argentino jogará mais recuado, como verdadeiro 10 ou mais adiantado, como segundo ponta-de-lança? Quique experimentou as duas soluções ontem à noite em Guimarães. A primeira parece-me mais eficaz, mas foi com dois avançados puros que se chegou aos golos. E quem a “fazer” de Petit: Bynia, Yebda, Katsouranis? O camaronês jogou 90 minutos; o francês e o grego nenhum. O que é que isto quer dizer? Julgo que Katso está destinado a ocupar um lugar de central, enquanto Sidney não cria rotinas e David Luiz não atinge a forma.
Nas alas e na frente de ataque, mais dúvidas. Balboa está com lugar cativo, enquanto do lado esquerdo, a aposta em Nuno Assis não deverá continuar quando chegar Di Maria. Os dois homens mais avançados deverão ser Óscar Cardozo, que regressou ávido de mostrar serviço, e mostrou com um golo fantástico, e Luís Garcia, se como tudo indica ingressar na Luz. Makukula, com um golo portentoso, pode ser importante ao longo da época, e Nuno Gomes, que jogou a primeira parte, é uma referência incontornável, agora que Petit se foi embora. Os quatro podem ficar e dar o seu contributo numa época longa e desgastante.
Temos assim que o Benfica 2008/09 não deve andar longe desta equipa-tipo: Quim; Nélson, Luisão, Katso (David Luiz); Léo; Yebda (Bynia); Carlos Martins; Di Maria; Balboa; Aimar e Óscar Cardozo (Luís Garcia).
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