Lançada a candidatura de Luís Filipe Vieira, os dados estão quase todos em cima da mesa. Rui Rangel vai a jogo. Ainda bem. No Benfica não gostamos de ganhar por falta de comparência. Mas não basta a Luís Filipe Vieira ganhar. Não, não estou a falar de percentagens.
Aqueles que já começam a perspectivar uma percentagem de votos inferior ao de outras eleições estão de má fé e ignoram o que é o desgaste do poder, no futebol, como na política, como em qualquer outro sector. O adversário de Vieira não é Rangel. O desafio principal de Luís Filipe Vieira é passar as suas mensagens para o universo benfiquista. É por isso que sou de opinião que o Presidente do Benfica deve "ignorar" o candidato a Presidente do Benfica.
Rangel vai tentar "puxar" Vieira para o combate público, para o debate aberto, para a polémica acesa. Não cair nesta armadilha é essencial para Vieira. O seu foco deve ser, no imediato, sublinhar 4 temas: a extraordinária pujança das modalidades, que faz do Benfica, mesmo em tempo de crise, o clube mais eclético do Mundo (não acabamos com nenhuma modalidade); o grande projecto do Museu, importante fonte de receitas e repositório de uma História inigualável; a capacidade da marca Benfica em garantir parcerias internacionais de grande valor acrescentado (outros procuram, procuram, mas não encontram); e o investimento na formação. Estes 4 temas fazem com que Vieira possa assumir que o Benfica é "mais que um clube", como o Barcelona.
Lá para os dias finais da campanha deve apostar os trunfos todos em sublinhar que o Benfica tem hoje todas as condições para ombrear com as melhores equipas do Mundo - lembrar que no ano passado só fomos eliminados, por erros de arbitragem, pelo Chelsea, que se tornaria campeão europeu.
Rangel vai desafiar Vieira para vários debates. Julgo que deve haver só um, na Benfica TV. Rangel vai falar de passivo e contas chumbadas. Domingos Soares Oliveira é um homem com credibilidade e acima de qualquer suspeita para responder ao candidato. Rangel vai falar de mau desempenho desportivo. Rui Gomes da Silva, da sua tribuna televisiva, saberá por os pontos nos is. Rangel vai insistir nos direitos televisivos. José Eduardo Moniz sabe disso como ninguém.