Rui Gomes da Silva costuma falar alto aquilo que muitos sussurram pelos corredores e pelos bastidores. Gosto de pessoas assim. Gosto da coragem. Gosto de quem não tem papas na língua. Gosto de quem não se esconde atrás de metáforas e hipérboles, de piruetas e frases redondas.
No rescaldo da vergonhosa arbitragem de Coimbra, Rui Gomes da Silva disse o óbvio: já sabíamos que isto ia acontecer. Caiu o Carmo e a Trindade. Em Portugal cai sempre o Carmo e a Trindade quando se tem coragem, mesmo para dizer o óbvio.
O Benfica, o Rui Gomes da Silva e não só, não têm bolas de cristal, nem são bruxos. Ao Benfica e ao Rui Gomes da Silva chega muita informação sobre as manobras de bastidores. Era o que faltava que não chegasse.
É por isso que a arbitragem de Xistra só surpreende quem quer ser ingénuo. No passado, o Benfica, e o Rui Gomes da Silva, foram avisados para outras manobras - não quiseram ou não puderam denunciá-las. Agora, o caldo entornou-se.
O ano passado, o história foi igual. o Benfica também já sabia antecipadamente o que se ia passar em alguns jogos. Há dois anos, idem, idem, aspas, aspas. É assim há muito tempo. Xistra, coitado, é o menos culpado. Faz o que lhe mandam.
O problema do Benfica é que fica sempre pela espuma dos dias. Fica sempre pelas palavras, mais ou menos acesas, mais ou menos contundentes. É preciso começar a construir um novo "edifício" para o futebol português. Antes que esta casa venha abaixo.