
Este documento anónimo foi deixado em casa de Luís Filipe Vieira e, até hoje, ninguém conhece o seu conteúdo. Vieira não permitiu fugas de informação criteriosamente selectivas, como outros fizeram em relação ao Benfica. Recordo as notícias sobre alegadas escutas no âmbito do “Apito Dourado” a Luís Filipe Vieira e a José Veiga, ambas, tendo como interlocutor o então presidente da Liga, Valentim Loureiro, nas vésperas de jogos do Benfica no Bessa e no Dragão.
Vieira esteve bem. As coisas sérias são para ser tratadas de modo sério, no recato dos gabinetes e longe dos holofotes, como diria o Presidente da República. Era, no mínimo, tentador utilizar as informações constantes deste explosivo “dossier” nas vésperas do jogo com o FC Porto ou, agora, nas vésperas do jogo com o Sporting, se eventualmente naquelas páginas houver referências a Pinto da Costa ou a dirigentes do Sporting. Como sucedeu em outras ocasiões, era óbvio que tal iria inibir os árbitros. Vieira não foi por aí. Fez bem, repito.
Mas o mais relevante foram as declarações de Hermínio Loureiro, no final da reunião. Disse o presidente da Liga que, após a leitura do documento, ficou “muito preocupado e apreensivo” e que se enganava quem julgasse que com ele tudo iria ficar na mesma. O que é que leu Hermínio para ficar tão “preocupado”? Certamente não foram histórias ficcionais. Certamente foi algo de muito grave a que o presidente da Liga deu toda a credibilidade. Portanto, a partir de agora, Hermínio Loureiro será responsável por toda a actuação institucional da Liga no processo “Apito Dourado”. Para o bem e para o mal. Já não há recuo, meu caro Hermínio.
Post-Scriptum – Luís Filipe Vieira não deu a cara aos jornalistas no final da reunião, na Liga. Fez bem? Fez mal? Qualquer das opiniões é legítima e tem argumentos de sobra para ser consistente. A minha opinião é que fez bem. Porque a imagem de Vieira tem sido muito desgastada em todo este processo e porque Sílvio Cervan, um dos novos vice-presidentes, tem uma imagem imaculada no mundo do desporto.