quarta-feira, 22 de junho de 2011

O que importa lembrar

No dia de arranque de uma temporada que se espera de sonho, mais do que falar sobre jogadores, novos e velhos; mais do que falar sobre reforços e promessas; mais do que repetir a mesma loa todos os anos: “estamos mais fortes; vamos trabalhar mais; temos tudo para ganhar” – o importante é enfatizar, mais uma vez, e todas as vezes são poucas, que toda aquela gente que hoje chegou ao Centro de Estágio do Seixal entrou no Benfica.

É isso e mais nada: todos entraram no Benfica, e isso faz toda a diferença. Daqui a pouco ou muito tempo, uns ficam e outros vão embora; uns desiludem e outros tornam-se ídolos. Mas o Benfica será sempre o Benfica.

E por isso, o que importa é dar a conhecer a todos as palavras de Santiago Segurola, director-adjunto da Marca, em artigo recente: “A história não esquece o Arsenal do WM, a fabulosa Hungria de Puskas, Hidegkuti e Boszik, o formidável Madrid de Di Stefano e Puskas, o grande Benfica de Eusébio e Coluna, o inolvidável Brasil do México 70, o revolucionário Ajax de Cruyff, o Milan que desenhou Sacchi para Baresi, Maldini, Rijkaard, Gullit e Van Basten, o delicioso Barça dos primeiros anos 90. Todas estas equipas reinam no futebol pelo muito que ganharam, mas sobretudo porque o fizeram com estilo e ambição. Muitos outros conquistaram títulos (…), mas os seus troféus valem menos na memória dos adeptos”.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Selecção sub-20 encarnada

Ilídio Vale, seleccionador nacional de sub-20, já deu a conhecer a lista de convocados para o Mundial da Colômbia, a realizar em Julho. No lote, há a registar a presença de jogadores formados no Benfica, e mesmo de um futuro reforço: Rafael Lopes – contratado ao Varzim.

Comecemos por este último caso. O “Fellaini da Póvoa” é um avançado possante, que joga bem de costas para a baliza, com faro de golo. Este ano subiu aos seniores, e ultrapassou a dezena de golos, depois de na época transacta, nos juniores, ter mostrado sinais inequívocos de que tinha potencial. Boa contratação encarnada, a pensar o futuro. Mas não deverá ser titular na Colômbia.

O camisola “9” deverá ser Nélson Oliveira. Trata-se do jogador, juntamente com Roderick Miranda, com mais possibilidades de se afirmar na equipa sénior encarnada. Alto, robusto e móvel, é dotado de boa técnica, e faro goleador interessante como ficou provado este ano em Paços de Ferreira. Foi campeão nacional sub-17 pelo Benfica, e 2º melhor marcador da época passada em sub-19, jogando apenas em metade da época!

No miolo, a presença encarnada também é importante. Lassana Camará rumou à Suiça para representar o Servette, depois de duas épocas como titular nos sub-19. Jogador rápido, de arranques bruscos, um pouco diferente de um mais tecnicista Sérgio Oliveira(F.C.Porto), o seu rival directo nas contas do Mundial. Também no miolo, o médio de transição Danilo Pereira: jogador robusto, de grande poderio físico, viu o seu potencial reconhecido pelo Parma, que o contratou esta temporada, emprestando-o posteriormente ao Aris de Salónica, da Grécia.

Do lado esquerdo, os dois laterais são benfiquistas: Luís Martins e Mário Rui. Mais hipóteses para este último – formado no Sporting e Valência antes de rumar à Luz – que rumou a Fátima esta temporada para confirmar os seus atributos: jogador rápido, que sobe bem e recupera em conformidade. Já Luís Martins foi o melhor na atribulada época sub-19 encarnada: inteligente na cobertura do flanco, tem uma característica que o difere de Mário Rui: cruza melhor. Foi o único benfiquista que fez parte do “11 ideal” do jornal “O Jogo”.

Falta Roderick Miranda. Faz parte de uma boa geração de centrais portugueses – acompanham-nos Aníbal Capela(Braga) e Nuno Reis(Sporting), e destaca-se pela forma como marca os adversários. Dá-lhes pouco espaço de manobra. E, sendo alto, é muito difícil de ultrapassar no jogo aéreo.

Neste “ramalhete” encarnado, só falta mesmo a posição de guarda-redes. Todavia, a não representação encarnada neste sector é justa: de facto, o Benfica não tem apostado em guardiões portugueses nos sub-19 e, quando o tem feito, os mesmos não têm tido o rendimento desejado. Neste aspecto, nada a dizer às escolhas de Ilídio Vale.

No rescaldo, dois jogadores “morreram na praia”: Ruben Pinto e Evandro Brandão. O primeiro é um médio – criativo, com faro de golo, que vai ter oportunidades de se mostrar a Jorge Jesus na pré – época. Já o segundo – que se formou no Manchester United e no Benfica – renasceu em Gondomar com muitos golos. Trata-se de um jogador que se desmarca bem, sobretudo entre os centrais. A ter em linha de conta para o futuro.

Gil Nunes
Colaborador do site Academia de Talentos
ex-membro do departamento de prospecção do SL Benfica

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O teste da AG

No meio da revoada de nomes de jogadores que todos os dias inundam os jornais desportivos – nada de invulgar no Benfica, como há tempos escrevi e disse que “o Benfica tem de saber viver com isso” – uma AG rotineira transforma-se em notícia de destaque.

Tudo porque Luís Filipe Vieira terá sido contestado por alguns sócios em virtude da má época do Benfica. O problema é que nada disto me surpreende nem me causa qualquer perplexidade.

Não estive na AG, embora tivesse toda a autoridade estatutária para lá estar e usar da palavra. Talvez um dia isso aconteça, mais cedo que tarde. Vieira sabe do que a casa gasta e a pífia contestação era algo que já se previa.

Não tanto pelo desempenho da equipa de futebol, que na verdade foi miserável – mas o que passou passou e é preciso olhar o futuro. O que na verdade está por detrás desta contestação, pífia, digo eu, são as eleições no próximo ano.

Venho a escrevê-lo aqui há muito tempo. As movimentações no Benfica estão aí mas não à vista de todos. Fazem-se nos bastidores e em espaços reservados. A AG foi mais um momento para testar a força de uns e outros.

Devo dizer que esperava mais da (suposta) oposição. Aliás, Vieira fez aquilo que devia fazer - deu a cara, com coragem, sabendo que podiam surgir, como surgiram, vozes contestatárias. É a democracia no Benfica a funcionar. Enquanto outros se escondem, Vieira foi à AG sem medo, depois de uma época desastrosa.

Os próximos meses prometem ser intensos no que a contratações de jogadores diz respeito, mas também no que diz respeito às eleições do próximo ano. Ou muito me engano, ou prepara-se uma entrevista de longo fôlego a alguém que se quer posicionar para liderar o Benfica.

Luís Filipe Vieira tem ainda consigo todos os trunfos para abraçar um novo mandato à frente do Benfica, mesmo que (e longe vá o agoiro) por qualquer funesta razão a época não corra como se deseja.

Nos próximos artigos, irei dizer quais são os trunfos de Vieira, e levantar a ponta do véu sobre o que se está a preparar nos bastidores.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Benfiquislândia

Desde 2002, a Islândia apostou num trabalho de base que hoje está a obter óptimos resultados. Veja-se a conquista da qualificação para a fase final do Europeu sub-21, onde Portugal não estará presente. Os comandados de Sverisson, imagine-se, eliminaram os alemães da fase final. E recentemente foram a Inglaterra, num jogo amigável, ganhar por 2-1.

Em Portugal, olha-se com alguma desconfiança para este surto de desenvolvimento nórdico. E os clubes ditos “grandes” deveriam olhar com particular atenção. A liga islandesa não é muito competitiva, mas as suas estruturas de base estão bem preparadas. Veja-se, por exemplo, o facto de todos(sem excepção) os técnicos terem curso de treinador UEFA nível B. Ou seja, não se trabalha à toa, não se trabalha com carolice.

Mais do que uma oportunidade para disputarem campeonatos mais competitivos, a entrada na liga portuguesa de jogadores da Islândia pode ser vista como um potencial bom negócio. Veja-se o que está a acontecer com Gudmundsson (Az Alkmaar, da Holanda) disputado por clubes ingleses de topo, bem como Birkir Bjarnason (Viking, da Noruega). A entrada em Inglaterra é vista pelo jovem islandês como objectivo principal, mas os clubes de “Sua Majestade” preferem testa-los em ligas menos competitivas, a fim de aquilatar o seu potencial.

Seria de pensar uma aproximação de clubes como o Benfica a estes mercados. A liga portuguesa, não estando ao nível competitivo que a inglesa, pode representar uma estrutura competitiva mais convidativa que campeonatos da Dinamarca, Noruega ou mesmo Holanda. Depois, um problema agradável: a rentabilização do activo, ou mesmo o aproveitamento ao nível sénior, quem sabe?

Para além da aproximação à Federação Islandesa, existe o maior clube islandês – o Akranes – responsável por grande parte da formação destes jovens. Muitos deles já com carreiras firmadas em Inglaterra: são os casos de Emillson (Liverpool), Gunnarsson (Coventry) e Sightorsson (Newcastle). Circunstâncias mais do que suficientes para um olhar atento, e uma primeira tomada de pulso.


Gil Nunes

Colaborador de "O Jogo"
Colunista do site Academia de Talentos
Ex-elemento da prospecção do SL Benfica

quarta-feira, 1 de junho de 2011

A atitude que se esperava de um Presidente do Benfica

Havia quem entendesse que a melhor estratégia era ficar em silêncio. Errado. A poeira que nos últimos dias têm tentado lançar sobre o Benfica e os dirigentes do Benfica a propósito de alegadas irregularidades nas transferências de alguns jogadores tem um alvo específico: Luís Filipe Vieira.
O Presidente do Benfica fez, por isso, bem em dar a cara, e falar olhos nos olhos com os benfiquistas e com o País. Podia ter escolhido o silêncio, é certo, à espera que a poeira assentasse; podia ter escolhido a Benfica TV e resolvido as coisas com um monólogo; podia, como outros o fizeram recentemente, ter escolhido a RTP e um jornalista domesticado, que sempre os há à mão de semear numa estação sempre disponível para se vergar ao poder, a qualquer poder. Mas não o fez: optou pelo caminho mais difícil, mas o único possível para fazer passar uma mensagem clara e inequívoca: quem não deve não teme.
Vieira mostrou, ao ir à TVI confrontar-se com Judite Sousa, que não deve nem teme. Levou documentos, levou respostas, mas levou sobretudo coragem e frontalidade. Se dúvidas houvessem, ficou claro para quem tenha boa fé, que Luís Filipe Vieira pode ter defeitos, como todos temos, mas é um homem sério, que defende a transparência, o rigor e a clareza de procedimentos.
A entrevista à TVI foi clara como a água. Luís Filipe Vieira dorme de consciência tranquila e os benfiquistas podem também estar sossegados que no Benfica a lisura de procedimentos é a tónica de uma gestão transparente. O melhor, se calhar, é ir procurar para outro lado.
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