A CMVM (Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) resolveu suspender a negociação bolsista das acções do Sport Lisboa e Benfica com base numa notícia de jornal. O caso tem a ver com a eventual contratação do treinador do Sporting de Braga, Jorge Jesus, para substituir o actual treinador espanhol do Benfica, Quique Flores.
Em todo este processo da substituição de treinador no Sport Lisboa e Benfica, este incidente com a CMVM é aquele que me suscita maior reflexão e maiores preocupações.
A era das SAD no futebol português foi-nos “vendida” como a panaceia para todos os males da gestão amadora e irresponsável dos clubes de futebol. No Benfica, o processo iniciou-se mal com a liderança de Vale e Azevedo.
Luís Filipe Vieira e Manuel Vilarinho colaram os cacos e deram um rumo ao clube. Vieira credibilizou e estabilizou e fez cotar as acções do Benfica em Bolsa. (é curioso notar que mesmo em crise desportiva, as acções do Benfica têm tido um desempenho mais coerente do que a cotação das acções do FC Porto e Sporting, sinal dessa credibilidade).
Com esta atitude, a CMVM dá um lamentável e grave tiro no pé, lançando a confusão e aleatoriedade num sistema que se deve reger pelo rigor, pela transparência e pela credibilidade.
Agora, para manter a coerência, a CMVM tem de mandar suspender as acções do FC Porto se amanhã um qualquer jornal disser que o futuro treinador do FC Porto não vai ser Jesualdo Ferreira, ou suspender as acções do Sporting se vier à estampa que Eriksson irá substituir Paulo Bento.
E as empresas, que tipo de comportamento podem esperar agora da CMVM? Os jornais da manhã podem reservar tantas surpresas…