Jorge Jesus ameaça derrubar todos os recordes. Após a vitória em Alvalade, já vão 10 seguidas na Liga e, no cômputo geral, já se cifram em 17 as vitórias consecutivas (se não estou em erro). Amanhã, contra o Estugarda, na Alemanha, Jesus pode estar a caminho de outro facto histórico: assegurar, pela primeira vez, uma vitória do Benfica em terras germânicas.
Sou dos que acredita que o Benfica pode somar vitórias até ao fim da Liga. Junto-me assim ao António-Pedro Vasconcelos, que afirmou o mesmo ontem à noite no Trio d´Ataque, na RTPN (e vão ver que não é só nisso que estou de acordo com A-PV).
Não fossem as arbitragens nas primeiras 4 jornadas, que fizeram descolar o Benfica da liderança (desculpem, mas não me hei-de cansar de dizer e escrever isto), Jorge Jesus podia estar a caminho de bater o histórico recorde de Jimmy Hagan, em 72/73, único campeonato invicto, com apenas 2 empates.
E podia também estar muito próximo de recuperar a “dobradinha” (campeonato + taça) que o Benfica não vence há 20 anos (talvez um pouco mais). Seja como for, ainda acreditamos que isso seja possível.
Da nossa parte, o trabalho está a ser bem feito e assim será, estou convicto, até final. Resta esperar que os árbitros não continuem a ser complacentes com a derrapagem competitiva a que se assiste no dragão.
Ok. Chegados aqui, que fazer? O Benfica tem um contrato com Jorge Jesus até 2013, ou seja mais duas épocas. A turbulência do início desta temporada, muito alimentada pelos papagaios do costume, mas já silenciados, está ultrapassada de vez.
Luís Filipe Vieira já o disse: “Aprendi com os erros do passado”. Não é crível, por isso, que abra mão de Jorge Jesus, apesar do assédio que o treinador tem vindo a sofrer de clubes estrangeiros.
Nem creio que Jesus opte por um clube de segunda linha europeia quando pode fazer História à frente do maior clube de Portugal e de um dos maiores do Mundo. Pelo que antevejo uma situação (com a margem de erro a que a volatilidade do futebol em Portugal obriga): Jesus pode tornar-se o Alex Ferguson ou o Arséne Wenger português.
Eu sei que a cultura portuguesa não é a inglesa. Eu sei que em Portugal há factores emocionais e imponderáveis que seriam impensáveis em Inglaterra. Eu sei que a liderança técnica de Jorge Jesus obriga a um desgaste interno imenso, pela sua personalidade e pela sua forma de trabalhar.
Sei tudo isso. Mas sei também que Luís Filipe Vieira sonha (e merece sonhar) com a conquista da Liga dos Campeões, o que faria dele o melhor Presidente do Benfica de sempre (a conquista da Liga Europa servirá de treino para a posterior conquista da Champions).
Ora, com a experiência que Jorge Jesus está a ganhar nas provas europeias, com a sua capacidade técnica e táctica, com a sua ambição, estou certo de que se lhe derem a oportunidade ele (nós), o Benfica, chegará (chegaremos) lá.
Se pode acontecer até 2013? Pode. Mas é preciso que o Benfica dê sinais de uma estabilidade (quase) permanente ao nível técnico (dado que já conseguiu a estabilidade permanente ao nível directivo).
Essa estabilidade só será efectiva se Vieira e Jesus acertarem um contrato de longo prazo. O Benfica, Luís Filipe Vieira e Jorge Jesus tinham muito a ganhar com isso.
Post-Scriptum: A-PV defende que Jesus é melhor que Mourinho. Percebo-o bem e estou de acordo com ele. Lamento que pessoas inteligentes com Rui Oliveira e Costa e Miguel Guedes considerem isso uma “blague”.
O que A-PV quer dizer é que Jorge Jesus é um treinador mais completo que Mourinho. Mourinho já ganhou tudo? É verdade. Deêm as mesmas armas a Jesus e verão. Mourinho é genial, mas apenas supera Jesus na capacidade de jogar os famosos “mind games”. De resto, falta-lhe algo que Jesus tem de sobra: a experiência de jogador e de balneário – muito importante para transformar bons jogadores em grandes vedetas. Não é assim Di Maria, Gaitán, Salvio, David Luiz, Cardozo, Coentrão, etc.?