segunda-feira, 6 de novembro de 2006

Carta Aberta a Francisco José Viegas

Caro Francisco José Viegas:


Tenho simpatia por si, uma ponta de admiração até. Gosto daquele seu jeito de ttransformar uma conversa sobre um qualquer assunto, maxime livros, num ambiente intimista, de tertúlia, informal, uma coisa de amigos, sem pressa e sem tiques. Gosto de o ver a conduzir o programa "Livro Aberto", na RTPN, como no passado no "Escrita em Dia", na SIC. Leio com prazer tudo o que escreve sobre viagens. Os livros, as viagens - paixões que o tornam, sem dúvida, numa boa companhia. Já não me entrego tão facilmente e com tanto entusiasmo às suas crónicas sobre gastronomia, servem-me apenas para referenciar um ou outro restaurante, mas não deixo de o ter como um credível "garfo". Li, com agrado, alguns dos seus livros, como "Lourenço Marques". Fica, para o fim, o futebol. E é disso que se trata. Bastava, aliás, essa sua áurea de intelectual que gosta do futebol para eu nutrir uma simpatia por si, uma ponta de admiração até. No entanto, você borrou a pintura. Em crónica que publicou no dia 4 de Novembro, sábado, na sua rubrica "Topo Norte", no "JN", intitulada "Obrigado Inácio", dizia: "E olhem para Inácio, a dizer que quer ir ganhar à Luz. Dá gosto ver um treinador falar assim, de alto. Na verdade, estou farto daquele discurso de beato, quando os treinadores fala do "respeito pelo adversário", da "concentração" e do "espírito de grupo", do "trabalho colectivo" e da "força anímica e psicológica do plantel". Um bando de mariquinhas, é o que é. O futebol não se fez para ser jogado por senadores ou gente cheia de cerimónias. Obrigado Inácio. Mesmo que percas, Inácio, foi um grande favor que nos fizestes".
Ora, meu caro Francisco José Viegas, não sei se viu o jogo de ontem Benfica - Beira-Mar. Deixo-lhe aqui algumas estatísticas, recolhidas num jornal mais do seu agrado futebolístico, "O Jogo". Vejamos: Benfica, 22 remates; Beira-Mar, 4 remates; Benfica - 70% de posse de bola; Beira-Mar - 30%; O Beira-Mar colocou um autocarro, como sói dizer-se, em frente à baliza, como eu já não me lembrava de ver uma equipa fazer, e mesmo assim sofreu 3 golos, que podiam ter sido 4, 5 ou 6, ou mais. Para já não falar em entradas à margem das lei de jogadores da Ria. Estou para perceber como é que o Beira-Mar acabou com 10.
Meu caro Francisco José Viegas, se o trecho que publicou no JN e que aqui reproduzi era para motivar o Beira-Mar, o tiro saiu completamente pela culatra. Se era apenas para saudar o Inácio, vamos ver agora como trata os treinadores que, de facto, forem jogar de peito aberto às Antas .... desculpe, ao Dragão.
Um abraço de um (apesar de tudo) admirador.

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