terça-feira, 19 de maio de 2009

De volta a La Castellana

Vai por aí um charivari sobre a provável mudança de treinador do Benfica. Uns afirmam que Quique Flores esgotou o prazo de validade, por erros e má fortuna; outros que a mudança de treinador nada resolve, dado que o Benfica já no passado utilizou esta estratégia sem resultado.
Ambas as correntes de opinião têm razão. Parece claro que o treinador espanhol foi opção errada. Começou, aliás, por ser terceira opção, o que só por si fragiliza qualquer escolha. Porém, Quique, ex-jogador do clube do século XX e nado e criado numa das mais competitivas ligas do mundo do futebol, fez quase tudo errado. Não soube ou não quis rodear-se de quem melhor o poderia proteger; não soube ou não quis entender a fundo o futebol português; não soube ou não quis perceber a cultura de um clube mundial como o Benfica.
Tenho para mim que Quique, nesta sua primeira aventura estrangeira, julgou ter chegado a um futebol de primitivos (e, nalguns casos, até tem alguma razão), onde todos, sem excepção lhe iriam prestar vassalagem.
Recusou ser humilde e aconselhar-se junto de Diamantino e Chalana, preferiu o ex-Liverpool e ex-campeão europeu, Pako Ayesteran. Mandou às malvas os relatórios sobre adversários tão improváveis, no seu entender, como Trofense ou Rio Ave – que não ficam nada a dever aos Almerias e Huelvas, mas que na cabeça de Quique eram equipas “de rir” (lembram-se do acesso de riso antes do jogo com o Trofense?).
Apenas a cosmopolita Lisboa lhe enchia as medidas, já que o caminho para o Seixal não era para memorizar. Criticar árbitros, assumir culpas por erros próprios, incorporar um pouco da linguagem muito própria do futebol português – isso não, isso seria descer ao nível dos bárbaros.
Ou seja, Quique, independentemente do seu valor como técnico ou como pessoa, não se enquadrou numa realidade muito específica. O futebol português é aquilo que é, e enquanto assim for, as regras do jogo são claras e temos de as aceitar (não quer dizer concordar).
Jorge Jesus não é nem pior técnico nem pior pessoa que Quique – algo que nem sequer posso avaliar porque por um lado não tenho conhecimentos técnicos; por outro porque não os conheço.
O que sei, de ciência certa, é que Jesus é um “homem do futebol português”. É provavelmente, com Cajuda, um dos últimos moicanos. Vejam bem, foi jogador do Olhanense na última vez em que o clube esteve na 1ª Divisão, há 35 anos.
O Benfica, nesta sua muito delicada fase da sua vida, precisa de um treinador com este perfil. Os defensores dos treinadores holandeses perguntem a si próprios porque é que Koeman fez figura na Liga dos Campeões e fracassou no campeonato? E Trappatoni seria campeão sem Álvaro? Fernando Santos? Um erro o seu despedimento à primeira jornada.
Não se queira agora defender a estabilidade do erro, que seria a manutenção de Quique Flores. Não me agrada esta mudança anual de treinador, mas é melhor correr o risco de mudar do que insistir numa opção que já se viu errada.
O Benfica português, ou “made in” Portugal, tem de ser a estratégia futura. Espero que Jorge Jesus, se se confirmar a sua vinda, faça uma aposta decidida nos jogadores portugueses, que ele tão bem conhece. E que seja feliz e nos faça felizes…

6 comentários:

  1. isso mesmo. mantenha a coerencia.
    nem uma palavra sobre o suborno do vieira.

    mantem assim viva a esperança de um dia ser o seu motorista.

    um grande abraço

    ResponderEliminar
  2. Bom...para quem faz apologia de "mudanca"do tipo Bruno Curvado, nao admira absolutamente nada o seu "pensamento".

    ResponderEliminar
  3. Benfiquista das Ilhas19 maio, 2009 22:32

    Porque terá de ser um treinador português? Só temos um realmente bom...Se fosse o mourinho eu apoiava!
    PS: não esquecer que até o mourinho já tivemos e não o aproveitámos.....

    ResponderEliminar
  4. Fico triste que assim pense e nesta altura esqueça que para passarem à frente do "fraco" Benfica necessitaram de um empurrão do Proença e de outros amigos, é verdade que falhámos em alguns jogos (qual a equipa que não falha?) mas saindo do Dragão na liderança poderia fazer a diferença.

    De qualquer maneira não creio que o problema do Benfica seja o treinador e muito menos a salvação será o Jesus, prefiro desde alguns anos um treinador com títulos e esperiência mas continuo a apostar na continuidade.

    Melhor que o Jesus é o Manuel Machado que com equipas montadas para a manutenção consegue sempre a europa e dá baile ao Jesus.

    ResponderEliminar
  5. Destaco a frase "Não se queira agora defender a estabilidade do erro, que seria a manutenção de Quique Flores"

    ResponderEliminar
  6. Na verdade para onde caminha o nosso Benfica com esta extraordinária referência chamada JJ!!!Talvez agora consiga ser campeão...não não...não me referia à famosa playstation do final do jogo da LUZ...lembram-se?Eu não tenho memória curta e nunca esquecerei as laudes que esse cavalheiro...(eu disse cavalheiro? peço perdão ao Quique...esse sim um verdadeiro cavalheiro!) teceu ao nosso Benfica( destilando vinagre...seria? ou veneno escolha o que quizer!)!!!Um povo só será digno se respeitar a sua história e sobretudo tiver MEMÓRIA! Ora é isto que pelos vistos falta a muito boa gente em especial àqueles que têm responsabilidades no Clube e não as assumem talvez por falta de memória!Uma tristeza embandeirar em arco com esta possível grande contratação!!!Sim de uma grande contratação se trata pois ficará por 4,5 milhões de euros!!!Mas porque perguntar não ofende ...não estaremos a viver um sonho e não se tratará do MOURINHO tais os valores envolvidos!!!É obra!!!

    ResponderEliminar

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...