segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Um rabo, duas cadeiras

Foi Bella Guttman, quem o disse. "O Benfica não tem rabo para duas cadeira". A frase serviu para justificar o título europeu de 62 e a perda do campeonato nesse ano. É, por isso, incompreensível para mim a polémica à volta das declarações de Jorge Jesus.
O treinador do Benfica não faz mais do que sublinhar uma dificuldade do futebol português: não é fácil lutar ao mesmo nível em todas as competições. O problema não vem do facto do Benfica não ter uma preparação ao nível das melhores equipas da Europa.
Se assim fosse, a equipa tinha soçobrado contra o Bayer Leverkusen, na Alemanha, quando jogou em condições atmosféricas adversas e invulgares em Portugal, com a neve a cair incessantemente durante todo o jogo.
E na 2ª mão, com o Bayer, uma das melhores equipas germânicas, a apostar todas as fichas nesse jogo, o Benfica foi capaz de controlar o jogo durante os 90 minutos e ter estado à altura quando foi posto à prova com o golo alemão.
O problema, que Jorge Jesus ainda não foi capaz de explicar e explicitar, é que o campeonato português é pouco competitivo, o que se traduz num falta de intensidade do Benfica na maior parte dos jogos e que, necessariamente, tem consequências nos jogos europeus.
Um exemplo: no jogo contra o 3º classificado do campeonato, o Paços de Ferreira, o Benfica não foi obrigado a grande esforço, nem físico nem mental, tendo o jogo sido transformado num mero treino. É isto que cria, depois, dificuldades nos jogos europeus mais competitivos.
É esta falta de competitividade interna, e não qualquer gestão do plantel menos adequada, que torna mais problemática a disponibilidade da equipa para estar ao mais alto nível mental e físico. Seja como for, é de salientar como Jorge Jesus tem estado à altura das exigências.
Depois de um jogo exigente em Leverkusen, a equipa foi capaz de ter estofo físico e mental para levar de vencida a Académica. O mesmo se passou com o Paços de Ferreira pós-Liga Europa. O mesmo não se pode dizer de Vítor Pereira: os jogos com o Olhanense e Rio Ave, levam a suspeitar uma equipa presa por arames, mesmo que a exigência europeia não seja de primeira linha.

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