sexta-feira, 9 de setembro de 2011

João Santos: uma saída previsível



João Santos já não é treinador principal da equipa de juniores do Benfica. A decisão, comunicada hoje oficialmente, era previsível: com seis jornadas realizadas, o Benfica é oitavo da tabela classificativa da zona sul com 6 pontos, equivalentes a uma vitória, três empates e duas derrotas. Na história dos encarnados não há registo de um começo de temporada assim: exageradamente mau para ser verdade.

Contudo, o inicio de época deprimente dos encarnados é apenas o fim da estrada. No ano passado, a equipa do Benfica esteve longe de ser uma ameaça a F.C.Porto e Sporting nas contas do título, e viu-se mesmo ultrapassado pelo Sporting de Braga no final.

Foi uma equipa de 2010 construída em cima do joelho, com algum talento mas sem organização, como aí ficou patente. Alguns pontos salientes: um meio – campo lento com Francisco Júnior a disfarçar o eclipse inexplicável de Ruben Pinto, e a falta de confirmação de Cafú (longe dos tempos onde brilhava no Vitória de Guimarães) e de Paulo Teles. Na ala, um dos mais promissores produtos da escola encarnada, Diego Lopes, que evoluiu ao longo dos anos a jogar a 10; Ivan Cavaleiro a extremo, com produtividade razoável, mas longe dos tempos em que era o goleador sub-17 do Restelo; na frente a presença constante de Rodrigo Cabeça e Jean Silva como homens mais avançados, isto quando foi o português Diogo Caramelo a dar crédito ao ataque, já na parte final da temporada. Também ao promissor médio Alípio Brandão, contratado ao Real Madrid, nunca se percebeu muito bem a sua condição de suplente, pois quando foi chamado aos jogos importantes agitou as hostes, com rendimento e criatividade num meio-campo desnorteado.

Só mesmo Luís Martins, vice-campeão do mundo de sub-20, soube ser um jogador com rendimento à altura dos pergaminhos do clube. De facto o jovem lateral – esquerdo foi dos poucos motivos que a equipa do Benfica teve para sorrir no ano transacto: lateral raçudo, dinâmico, com boa presença ofensiva e forte pontapé de fora da área.

Este ano impunha-se um melhor rendimento, isto porque os sub-17, campeões na temporada passada, subiram de escalão. E com um onze rotinado e quase automático: Bruno Varela; David Carvalho, João Nunes, Fábio Cardoso e João Cancelo; João Teixeira, Guilherme Matos(que saiu mas entrou André Gome, ex- Boavista e internacional sub-18, jogador de qualidade indiscutível) e Diego Lopes; Sancidino Silva, Hélder Costa e Alseny Bah. Se juntarmos a estes nomes o central Tiago Duque(ex- Sporting), o lateral esquerdo Daniel Martins, o criativo Marcelo Lopes, e os repetentes Miguel Herlein e Ivan Cavaleiro, não se encontram motivos para este começo de temporada tão negro. Era só “carregar no play”. Nada disso aconteceu: uma derrota comprometedora em Setúbal e empates inexplicáveis frente a Louletano e Portimonense causaram um espanto no seio da estrutura encarnada, que nem a injustiça da derrota frente ao Sporting atenuou.

É, de facto, um final de novela esperado. Ao leme, agora, João Tralhão, adjunto de João Santos, de Diamantino e de João Alves. É sobre este último que ainda se depara um fantasma na Luz: foi o melhor treinador do Benfica nos últimos cinco anos. Em 2008/09, sob o comando do actual treinador do Servette, o Benfica construiu uma equipa coesa e madura, muito superior a Sporting e F.C.Porto na altura. E a mesma geração deu frutos, este ano na selecção de sub-20. É bom relembrarmos o “onze base”: Pedro Miranda; Abel Pereira, João Pereira, Roderick Miranda e Mário Rui; Danilo Pereira, Leandro Pimenta, Domingos Silvério e Lassana Camará; Ishmael Yartey e Nélson Oliveira.

Nessa equipa, a existência de vários jogadores de primeiro ano foi bem trabalhada, num cenário muito parecido ao que acontece este ano. Será esse o caminho: aproveitar o andamento dos sub-18 para construir uma geração que domine durante duas temporadas.

O cenário, apesar de nada condizente com os pergaminhos do clube, não é dramático. O Benfica conseguirá apurar-se para a fase final, e depois focar atenção nos rivais directos Porto e Sporting. Aí, duas faces distintas: um Porto menos forte mas com um excelente treinador, Rui Gomes, capaz de disfarçar as debilidades da equipa; e um Sporting com o melhor plantel deste ano sob o comando de Ricardo Sá Pinto, para já uma incógnita sobre aquilo que poderá render como treinador.


Gil Nunes
Ex- Membro do Departamento de Prospecção do S.L.Benfica
Colunista "Academia de Talentos"

1 comentário:

  1. VERGONHA!!!!
    "No ano passado, a equipa do Benfica esteve longe de ser uma ameaça a F.C.Porto e Sporting nas contas do título, e viu-se mesmo ultrapassado pelo Sporting de Braga no final."
    OBRIGADO POR NOS LEMBRAR!!! que escreva no jornal dos corruptos é la consigo agora vir para um blog benfiquista dizer estas coisas?
    Rua com este individuo!!!

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