quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Dois pesos e duas medidas


O castigo a Jorge Jesus por causa dos incidentes em Guimarães, é uma daquelas decisões bem à portuguesa. Depois das pressões, de todos os lados, para tornarem este um caso exemplar, a federação portuguesa de futebol ficou sem qualquer margem de manobra.
Olhando para trás, e vendo o rasto que impunidade que percorreu o futebol português nos últimos 30 anos, o castigo a Jorge Jesus aceita-se por parte de quem quer continuar a lutar pela verdade desportiva e pela transparência do fenómeno desportivo.
Fez bem, por isso, o Benfica em não recorrer da decisão de punir Jorge Jesus com 30 dias de suspensão de actividade, o que o impede de estar no banco a liderar a equipa nos jogos contra o Braga, já sábado, na Luz, Rio Ave, em Vila do Conde, Arouca, Luz, e Olhanense, Algarve.
Mas, do ponto de vista jurídico e da racionalidade dos processos, parece-me algo absurdo que os juízes que decidiram a medida disciplinar a Jorge Jesus não tenham tido em conta vários factores: JJ não agrediu ninguém, evitou males maiores, tentou proteger um adepto inofensivo, pediu desculpas pelo excesso de zelo, esteve sempre disponível para colaborar com as autoridades judiciais.
Tudo junto, não daria mais para uma repreensão por escrito. Mas as leis são o que são. O problema é que elas podem servir os mais estranhos fins. No futebol português, tal é uma evidência. Vi Jorge Jesus deslocar-se ao Campus da Justiça para prestar declarações sobre este incidente, de que foi protagonista. Vou continuar a esperar sentado para ver os cavalheiros do FC Porto que alegadamente tiveram comportamentos menos dignos para com Nuno Lobo, o presidente da AF Lisboa, a terem que ir aos locais próprios defenderem-se. Mas não, este segundo "incidente" foi arquivado. São assim os caminhos tortuosos da Justiça em Portugal

Sem comentários:

Enviar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...