Artur Jorge podia ter sido tudo no futebol europeu. Talvez, quem sabe, aspirar a liderar a UEFA, a organização europeia de futebol, hoje presidida por Platini, antiga glória francesa.
“Jorge”, como lhe chamam os franceses (e não “Roi Artur”, uma invenção dos jornais desportivos portugueses), era um príncipe do seu tempo de jogador. Bem falante, bem educado, bem formado.
Antes de 25 de Abril de 74, já ostentava no currículo 4 campeonatos nacionais e 3 taças de Portugal, ganhas com a camisola do Benfica, e o título de melhor marcador do campeonato, por duas vezes consecutivas, com o seu célebre pontapé de moinho. Depois da Revolução dos Cravos, distinguia-se por ostentar no cartão de visita o epíteto de “Dr.”, devido à sua licenciatura em Germânicas e, mais tarde, o carimbo de qualidade de um curso de treinador tirado na ex-República Democrática Alemão.
Num meio não particularmente exigente quanto à formação académica, Artur Jorge era, e ainda é, um caso raro. Um “intelectual da bola”, ainda por cima poeta, num ambiente onde a iliteracia dominava não lhe abriu, de imediato, a porta dos grandes clubes. Chegou ao Porto em 84 e, em 87, é campeão europeu. “Jorge”, no entanto, sai para Paris, para treinar uma equipa-empresa, construída não se sabe para quê, o Matra-Racing.
Ainda não tinha atingido o “topo do Mundo”. Em 1994, numa célebre entrevista à RTP, abre o coração e revela aquilo que toda a gente desconfiava: “a minha maior ambição é treinar o Benfica”. Manuel Damásio, acabado de ser eleito presidente e querendo uma entrada em grande, faz-lhe a vontade – despede Toni, campeão, e contrata Artur Jorge. Estava consumado um dos erros de gestão desportiva mais trágicos do Benfica (Manuel Damásio não se ficou por aqui e também ao nível da gestão financeira provocou o caos). “Jorge” manda embora Vítor Paneira, Isaías, entre outros, e desfaz uma fabulosa equipa. Contrata Nelo, Tavares, Paulo Pereira e, vejam bem, chama o professor Neca para adjunto. É despedido um ano depois, salvo erro à terceira jornada, depois de 3 empates consecutivos – por indecente e má figura.
Hoje treina o Créteil Lusitanos, uma equipa da 2ª divisão francesa, em vias de descer ao escalão inferior. Há dias, o Expresso julgou que Artur Jorge ainda era capaz de ter alguma coisa de inteligente para dizer. Deu-lhe 10 páginas de entrevista na Revista Única. Foi uma maldade o que lhe fizeram. Aqui neste blog vamos ter alguma comiseração por ele, e colocamos uma foto de quando era jogador do Benfica. Pobre “Jorge”, o rei vai nu…
sábado, 26 de maio de 2007
O rei vai nu...
Artur Jorge, nos anos 70, com a camisola do Benfica, contra o Farense (o guarda-redes é o histórico Benje) - Foto slbenficaimagensretro.blogspot.com
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