Simão é o mais recente “caso” clínico do Benfica. “Caso” quer dizer processo errático, sem transparência, sinuoso, irresponsável, problemático, com muitas dúvidas e poucas certezas. Cronologicamente: Simão sofria de uma tendinite no joelho, detectada após o Benfica – Braga, de dia 16 de Abril, e já não jogou na Madeira, contra o Marítimo. Os dias que antecederam o Benfica – Sporting foram marcados mediaticamente pela dúvida em torno da utilização de Simão. Na sexta-feira, dia 27 de Abril, a 3 dias do clássico, Simão era considerado recuperado, treinava normalmente, estava convocado e ia jogar de início. O próprio Fernando Santos o sublinhava na conferência de Imprensa que projectou o jogo.
A menos de duas horas do início do clássico, “rumores” levaram a SIC Notícias e a Sport TV a avançar com a notícia de que “Simão estava fora do derby”. Uma informação dada a título “oficioso”, como estas duas estações de televisão não se cansavam de sublinhar. Do lado do Benfica, silêncio absoluto.
Simão não jogou. No final do jogo, na conferência de Imprensa, Fernando Santos foi confrontado por um jornalista com outro “rumor”: Simão tinha-se recusado a jogar, o que havia causado mal-estar no seio dos dirigentes do Benfica.
Santos desmentiu o “rumor”, mas, até ele, foi incapaz de esclarecer toda a situação. Limitou-se a dizer que Simão apresentou queixas no sábado e que na manhã do jogo fez um derradeiro teste. Os médicos, disse, informaram-no que Simão não estava em condições.
Hoje, outra notícia clínica marca as primeiras páginas dos jornais desportivos e o quotidiano do Benfica: Nuno Gomes tem pubalgia e vai “à faca”, que é como quem diz, vai ser operado e, para ele, a época acabou. O que é a pubalgia? “Sendo a pubalgia uma lesão tão incapacitante, devemos preveni-la e para isso é necessário uma estreita colaboração entre o ATLETA o TREINADOR o MÉDICO o FISIOTERAPEUTA. A sua prevenção passa por um treino programado e progressivo e devem ser prevenidos e tratados todos os factores predisponentes. A cirurgia está reservada, para os casos decorrentes de sofrimento das estruturas tendino-aponevrótivas, desde que não haja evolução favorável após três meses de tratamento médico, bem instituído e desenvolvido” in www.alternet.pt/olympica/tele-olympica/pubalgia.html. Leiam com atenção e tirem a única conclusão possível: há uma completa desintonia entre o atleta, o treinador, o médico e o fisioterapeuta.
E já nem vou lembrar os “casos” Rui Costa, que estava lesionado, afinal não estava, afinal ficou lesionado, afinal era uma ruptura de 2 milímetros, afinal já era de dois centímetros – afinal perdeu Rui Costa, perdemos nós os que gostamos de futebol, perdeu o Benfica. E mais o “caso” Luisão, que está há quase dois meses no “está apto/não está apto”. E mais o “caso” Miccoli, e mais o “caso” Mantorras (mas com outro departamento médico).
Ora bem, há muita coisa a explicar, porque hoje um bom e eficaz departamento médico é uma parte importante para o sucesso de uma época desportiva. Porque é que no Benfica as lesões são sempre objecto de processos demorados e problemáticos, onde tudo parece tratado com amadorismo e sem qualquer rigor?
Uma instituição como o Benfica também não pode evidenciar um tão flagrante desleixo na sua política de comunicação. Transparência, rigor, antecipação, são elementos fundamentais na sociedade mediática em que vivemos.
Deixar vogar, ao sabor das especulações e dos rumores, matéria informativa sobre o estado clínico dos jogadores do Benfica (ou sobre quaisquer outras matérias) é meio caminho andado para o insucesso.
O que se pede ao Presidente Luís Filipe Vieira, cujos méritos na condução do clube, no trabalho de equilíbrio das contas e de restauro da sua imagem, são inquestionáveis, é que, agora, resolva de uma vez por todas estas trapalhadas. E, no que à parte da comunicação diz respeito, basta ver o que o nóvel Hospital da Luz fez no caso da hospitalização de Eusébio. Copiar os bons exemplos não custa dinheiro.
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