quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Benfiquista desde pequenino

Como muitos benfiquistas sabem, para além deste blogue pessoal, também colaboro com grande honra e prazer em dois outros blogues o "Novo Benfica" (http://novobenfica.blogspot.com/) e no "Mestres do Futebol" (http://mestresdofutebol.blogspot.com/). É preciso defender o Benfica em todos os fóruns. Por isso, permitam-me que coloque aqui um texto que publiquei na passada terça-feira no "Mestres do Futebol".

Benfiquista desde pequenino
Não sei porque nasci e cresci benfiquista. Não tive a sorte de, como a Leonor Pinhão, acompanhar o meu avô pelo braço ao Estádio da Luz. Influências familiares não foram a razão desta minha opção clubística. Nem sequer encontro na paixão pelo Benfica um gérmen de contestação juvenil a fermentar. As amizades fortes de infância tinham uma coloração clubística repartida pelos três grandes – era uma democracia, antes da democracia.Vivi uma típica infância de província, com incursões mais ou menos longas, mais ou menos regulares, a Lisboa. Chegava a ir a pé da Rua Gama Barros, à Avenida de Roma, até ao velhinho Estádio da Luz, só para ver um treino. Quando se dava o caso, frequente, de serem à porta fechada, como se dizia, agradecia o meu físico magricelas para me esgeirar por entre as grades.A mais de 300 quilómetros da Luz e das glórias da altura, o Benfica era, no entanto, algo muito presente. Socorria-me dos cromos, cujas cadernetas ainda guardo religiosamente, e dos relatos dos jogos, para me sentir ali, na Luz ou em qualquer outro estádio, onde estivessem as “camisolas berrantes”, quais “papoilas saltitantes”.Longe da vista mas bem perto do coração. Porque será que a distância aumenta a paixão? Sem a televisão para vulgarizar afectos e banalizar emoções, o Benfica, ser do Benfica, tornou-se-me uma coisa íntima, pessoal e intransmissível. Parafraseando o saudoso Alexandre O´Neil, o Benfica “é uma questão que tenho comigo mesmo”. Não é o Benfica, Portugal?Um dia, recordo-me, a coisa ia dando para o torto. A rádio, essa companhia das tardes de domingo, anunciava uma noite europeia do Benfica, contra o Bayern de Munique, a ser transmitida na televisão. A adrenalina disparou. Uma sensação estranha de stresse, na vertigem da adolescência.Vivi o dia do jogo como um doido, sempre em busca de alguém que me dissesse as horas. E como estas passavam devagar... Ás 20, ou 21, já não me lembro, sentei-me em frente ao ecrã negro. Vi Sepp Maier, estirado, a encher a pantalha. E depois vi-o, de novo, por entre os postes.O resultado na Luz, 0-0, abria esperanças em atingir as meias-finais da Taça dos Campeões Europeus. A equipa entrou equipada a rigor, toda de branco, os alemães de vermelho. Juro que não me recordo dos golos do Bayern. Apenas o do Benfica, num golpe de cabeça de Néné. O resultado?, perguntam os mais curiosos. Estava convencido que tinha sido 3-1, mas fui confirmar e estava enganado. Apenas de lembro, com nitidez, desse genial número 7 a fuzilar, de cabeça, Sepp Maier. Néné, o barbudo, como convinha nos “anos da brasa” do PREC.Porquê o Benfica, na idade dos porquês? Sem a marca de influências familiares ou outras para me justificar, apenas encontro resposta no som puro e cristalino que emite a palavra BENFICA. Ouçam bem BEN-FI-CA. E vejam o efeito que isso faz aos ouvidos de uma criança.
Pedro Fonseca,
in "Mestres do Futebol" (http://mestresdofutebol.blogspot.com)

2 comentários:

  1. Inferno: a Leonor Pinhão não é exemplo para ninguém. E também é triste não saber porque é benfiquista... talvez maus caminhos na juventude!!!

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  2. Henrique eu sei que nem todos têm a felicidade de ser do Benfica e ainda bem, eu sou benfiquista porque sim e isso chega-me e mais quando o meu clube perde tenho sempre a felicidade de poder dizer "que se lixe, ao menos não sou nem do Porto nem do Sporting".
    Adorei o texto

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