Não sou, nem nunca fui, contra as claques organizadas. Considero-as um importante factor de animação extra do espectáculo, cujas coreografias são, em muitos casos, só por si elementos de propaganda do jogo.
As claques são úteis, com o seu apoio. São um espectáculo, dentro do espectáculo. Muitas vezes, exprimem momentos de maior qualidade artística do que aqueles que se veêm no relvado. Contudo, há que ser intransigente num facto: ninguém pode estar acima da lei. Há que cumprir a legislação e, no que às claques diz respeito, isso passa pela sua legalização, como vem estabelecido na Lei nº 16/2004 de 11 de Maio.
As duas claques mais representativas do Benfica, os No Name Boys e os Diabos Vermelhos, devem ser apoiadas, devem poder ter o seu espaço próprio no estádio, devem ter facilidades para o acompanhamento da equipa. No caso dos “Diabos Vermelhos”, o clube até lhes deve um apoio inestimável à equipa de hóquei patins, sem o qual, se calhar, a modalidade já não existia no nosso clube.
São jovens adeptos, que defendem o clube, que o apoiam voluntariamente e que, assim, prestam um serviço inestimável à equipa de futebol, muitas vezes em situações de desvantagem. Gosto desse entusiasmo, desse amor ao clube, dessa dedicação sem limite. Mas isso não me tolda a razão: há jovens infiltrados nas claques que não gostam de futebol e não gostam do Benfica, gostam da violência e de incitar à violência. Por isso, urge legalizar as claques, para que esses elementos sejam erradicados.
Em 1996, em pleno Estádio Nacional, durante uma final da Taça de Portugal, um very light disparado do local onde estava instalada uma claque do Benfica atingiu mortalmente um adepto do Sporting. Não culpo, nem culpei a claque. Foi, como se provou, um acidente lamentável. Involuntário. Mas nada disso teria acontecido se a proibição de entrada nos estádios com material desse calibre fosse efectivada. Antes prevenir que remediar.
Obs: Como calculava, recebi, ontem à noite, diversas ameaças, graves, na minha caixa de correio. Não são de benfiquistas…