quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Berlim: história e nostalgia

Nunca é demais publicar esta fotografia: ali está Vítor Martins, abraçado a José Henriques, o eterno "Zé Gato", entre Jimmy Hagan, Humberto Coelho e Fernando Caiado; mais atrás, na última fila, Eusébio e Malta da Silva; na primeira fila, Artur, o célebre "Ruço", Néné e Simões; na segunda fila, Artur Jorge, Toni e Adolfo. A fotografia tem ainda uma característica invulgar, os jogadores não estavam alinhados, em posse habitual, para a foto de equipa. Também neste aspecto, esta imagem é histórica e memorável!
O jogo de hoje do Benfica em Berlim, contra o Hertha, está carregado de história e nostalgia. História porque Berlim é Berlim – “a city bigger than life” -, uma cidade maior que a vida. História porque Berlim já não tem o Muro, mas ainda tem a Porta de Brandenburg, o Reichstag, o Checkpoint Charlie. História porque o Benfica nunca venceu na Alemanha, em confrontos europeus e, por vingar está a derrota e respectiva eliminação frente ao Vowaerts de Berlim, em 1970/71, para a Taça das Taças.
E é neste ponto, nesta eliminatória, que a história se junta à nostalgia. É que, nesse jogo de triste memória, decidido nos penáltis, o único jogador do Benfica a falhar a sua grande penalidade foi esse gigantesco e infeliz jogador chamado Vítor Martins.
Sempre tive um carinho muito especial pelo Vítor Martins, o nosso querido “Garoupa”. Foi um ídolo. Meio-campista de imenso talento, “capitão” irrepreensível. Vítor Martins teve o azar e a infelicidade de ver a carreira interrompida aos 28 anos, no auge da sua capacidade física e técnica, depois de uma mal resolvida operação ao menisco.
Lembro-me de 69 e da eliminatória da Taça dos Clubes Campeões, contra o Celtic, na Luz, na velha Luz, sempre Catedral. O Benfica tinha perdido em Glasgow por 3-0. Ganhou na Luz por igual resultado. Vítor Martins, então com 19 anos, entrou ao intervalo para o lugar de Eusébio, que saiu lesionado e assistiu a toda a segunda parte, de pé, junto à linha lateral.
A história depois é conhecida. O Benfica ganhou por 3-0 e foi eliminado por moeda ao ar, lançada na cabina do árbitro. Também em Berlim, um ano depois, os nomes de Vítor Martins e Eusébio ficaram ligados ao jogo.
O primeiro pela grande penalidade falhada, como se escreveu atrás. O segundo porque, para espanto do treinador do Vorwaerts, foi colocado por Jimmy Hagan na bancada. Estava lesionado, foi a justificação.
Hoje à noite, em Berlim, o Benfica vai fazer história. Porque vai ganhar. Porque vai vingar 1970. Porque vai começar aqui, na cidade histórica e mítica, uma caminhada que se quer também histórica. Porque Eusébio também lá está, mais uma vez, e infelizmente, para não jogar. Porque “A Bola” de hoje, e bem, lembrou-se de Vítor Martins – é preciso lembrar mais Vítor Martins, que o Benfica, e bem, não esqueceu. Estive com ele, a 29 de Fevereiro deste ano, no jantar de aniversário do Glorioso. Estava como sempre o vi, gentil e humilde, o genial jogador. Força “Garoupa”!
E, porque não?, aqui vai o meu onze: Quim; Maxi, Luisão, Sidnei e Jorge Ribeiro; Katsouranis, Carlos Martins, Yebda e Reyes; Nuno Gomes e Cardozo.

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