segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Em tempo de guerra não se limpam armas

Nesta altura, frases enigmáticas são dispensáveis.

Com a Liga posta em sossego, a semana que passou animou-se com um “happening” televisivo em horário nobre. No “plateau”, perante o nortenho Rodrigues Guedes de Carvalho e a sulista Clara de Sousa, o dirigente desportivo há mais tempo em funções, foi igual a ele mesmo: a Norte, nada de novo.
Garantiu, pelo menos, a liderança das audiências à SIC e a capa do dia seguinte do jornal do regime. Talvez porque a “espuma dos dias” continua a comandar os alinhamentos televisivos, passou razoavelmente despercebida a frase-chave da semana: “Prefiro problemas desportivos a problemas judiciais”. O seu autor, o Presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, comentou, assim, após muita insistência, o relambório do dia anterior.
Contem bem: 6 palavras, e todo um programa. Vieira arrumou, de uma penada, a questão. Problemas desportivos, todos têm. É certo que uns mais que outros e os de Vieira não são pequenos. Problemas judiciais, só tem quem quer e, que eu saiba, ainda não é nos estúdios de televisão que se resolvem.
Transformado de adversário em inimigo, Vieira precisa, mais que nunca, de um exército ganhador. No relvado, primeiro, e depois fora dele. A partir de agora, qualquer deslize é fatal.
Esvaziar todo o interesse em volta da Liga deve ser a estratégia a seguir. Colocar toda a artilharia pesada em torno da Taça de Portugal e da Taça UEFA deve passar a ser o mote. É, por isso, decisivo que todos os discursos privilegiem os jogos da Taça de Portugal e da Taça UEFA. Mobilizar os adeptos para estas provas é a palavra de ordem.
Como lembrou, e bem, o conhecido adepto portista Juca Magalhães, em artigo de opinião recentemente publicado, “se o Benfica ganhar a Taça UEFA, o País vai ignorar que ganhamos a Liga”. Tens razão, meu caro Juca, mais a mais com um Europeu de futebol logo a seguir.
É, por isso, inconcebível, neste contexto, a frase de Camacho, no final do Benfica – Braga: “O Porto é o Porto e nós somos nós”. Para além da verdade la palissiana, esta afirmação sujeita-se às mais variadas interpretações, dado o seu enigmatismo.
Não por acaso, o jornal “O Jogo” coloriu toda a sua primeira página com o, chamemos-lhe assim, desabafo. Tudo o que não é preciso, neste momento, são frases enigmáticas. Se a “guerra” está aberta, então que seja um general a falar.

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