quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O Mundial de 2018

Estranhamente, ou talvez não, até as mentes mais brilhantes entram em delírios argumentativos. Como não podia deixar de ser, a “ideia” de Gilberto Madaíl de realizar a meias com a Espanha o Mundial de Futebol de 2018 foi o tema forte da emissão do Trio D´Ataque, de ontem, na RTP.
Vi, ouvi e pasmei. O que faz homens inteligentes e, quase sempre, sensatos, como António-Pedro Vasconcelos, Rui Moreira e Rui Oliveira e Costa subscreverem a “boutade” de Madaíl? Cada um de nós responda como souber. Eu passo, e vou ao essencial.
Mais preocupado fiquei quando ouvi, e não queria acreditar, o argumento de que “já que temos as infraestruturas (isto é, os estádios), e como estão sempre vazios, é uma boa oportunidade para os rentabilizar”. E não contentes com isto, ainda chamaram à “ideia” uma boa medida de gestão.
Vamos lá ver se nos entendemos. Portugal organizou um Euro 2004. Precisava apenas de 6 estádios, resolveu construir 7 e remodelar 3. Dizem que foi para não dar hipóteses à Espanha, a concorrência mais forte. 1. Apostaram que o Euro ia colocar Portugal no primeiro lugar dos roteiros turísticos mundiais; 2. Que o impacto internacional desta “grande” jogada de marketing ia fazer disparar as nossas exportações; 3. Que iamos ser catapultados para o pelotão da frente, o que quer que isso signifique.
1. Portugal continua como sempre, aliás pior. Nem mais um turista granjeou. É confrangedor percorrer os aeroportos portugueses e em vez de campanhas a divulgar as belezas nacionais, apanhamos com imagens paradisíacas dos outros; 2. Com a captação de investimento estrangeiro estagnada (pelo contrário, o que mais se ouve é a saída de investimento estrangeiro), a grande jogada de marketing foi um flop. Aliás, o rídiculo é tanto que acabaram com o ICEP, fazem uma campanha sobre a imagem de Portugal para inglês receber, e nem sequer têm um míseros milhares de euros para promover o Vinho do Porto lá fora, um dos nossos produtos-símbolo; 3. Está-se mesmo a ver que estamos no pelotão da frente.
E depois há esta característica bem portuguesa de arrancar com projectos que custam x e concluí-los com vários zeros à direita do cifrão. Chamam a isto "derrapagens". Já nem me dou ao trabalho de perguntar quais é que foram os custos do Euro, se é que eles foram tornados públicos.
Ou seja, o que estes senhores pretendem é criar mais um problema para resolver um problema. E já nem vou falar de um aeroporto do Porto sumptuoso para receber meia dúzia de aviões; um metro do Porto sumptuoso para estar às moscas a maior parte do dia, etc.,etc.etc.
É claro que para quem pensa que o Mundial de 2018 em Portugal será o nosso nirvana, é irrelevante lembrar que países “pobres” como a Bélgica, a Holanda, a Áustria e a Suiça tiveram de se juntar para organizar europeus.
Nem sequer vale a pena recordar que o país organizador do Mundial de 2010 será a África do Sul, um gigante e 2º em rendimento per capita no continente africano. Claro, em 2014 será o Brasil, mas esse não tem outras prioridades…

1 comentário:

  1. Desculpa lá... mas quais foram os 3 estádios remodelados???

    Foram todos novos... mesmo que alguns fiquem no mesmo sítio onde estavam os antigos. NAda se aproveitou!!!

    Foi a maior estupidez que se fez em Portugal. Torrou-se dinheiro em estádios que não servem para nada!!!

    Coimbra, Algarve, Aveiro, Leiria (que até está inacabado) ou Bessa têm médias de menos de 5 mil pessoas por jogo.

    Gastamos centenas de milhões de euros em 5 estádios que por mês têm muito menos de 50 mil pessoas em conjunto!

    E o dinheiro que se gasta a manter esses DINOSSAUROS (pois são muito maiores que elefantes) BRANCOS é impressionante.

    Mas quem está mal é o Presidente da República por achar que se deve investir dinheiro em educar pessoas, construir hospitais, etc...

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