quinta-feira, 1 de maio de 2008

PC e a "Visão": cada um tem a sua

O mais impressionante da entrevista que Jorge Nuno Pinto da Costa deu à revista “Visão”, saída ontem, não são as 9 páginas, nem sequer o facto da direcção editorial da publicação ter entendido que a importância da mesma merecia ocupar toda a primeira página – o mais impressionante, repito, é Pinto da Costa não ter dito uma única novidade, nada ter revelado.
O que significa uma de duas coisas: ou os jornalistas foram incompetentes, no que não acredito, ou toda a entrevista foi previamente combinada, pergunta a pergunta. Ou seja, a “Visão”, uma publicação de qualidade e de referência, prestou-se a um serviço que certamente envergonharia alguns dos nomes grandes que fizeram o “O Jornal”, que depois deu lugar à “Visão”, como Cáceres Monteiro ou Fernando Assis Pacheco. Mas, enfim, os tempos são o que são…
Na verdade, custa acreditar que o próprio título da entrevista, uma afirmação de Pinto da Costa – “Não admito ser condenado” – é, ipsis verbis, o que os jornais de 26 de Março fizeram a propósito de uma entrevista que o presidente do FC Porto tinha dado no dia anterior ao Rádio Clube Português.
Mais de um mês depois, Pinto da Costa dá outra entrevista de grande fôlego para dizer exactamente a mesma coisa. O que sugere uma campanha tipo: uma mentira dita muitas vezes passa a ser verdade.
Falar desta entrevista é, assim, escrever sobre coisa nenhuma. Não por acaso, alguns editorialistas de jornais mais afectos à causa portista acharam a entrevista “excelente” e defenderam mesmo que Pinto da Costa é um “produto” altamente vendável – espera-se que não seja como a Depuralina.
Ora, produtos altamente vendáveis são, na música, homens como Quim Barreiros, ou, na literatura, todos os escritores(as) “light”, ou, no cinema, cóboiadas tipo Bud Spencer e Terence Hill – não se pode dizer que uma coisa “altamente vendável” prime pelo bom gosto e pela qualidade.
Adiante. 9 páginas – 9 – sem uma única pergunta sobre o guarda Abel: personagem mítica ou de ficção?; e os “quinhentinhos”?; e o “caso” Calheiros?; e o líquido infecto lançado na cabine do Benfica, obrigando os jogadores a equiparem-se no corredor, antes do jogo nas Antas, em 1991; e Jorge de Brito a sair de ambulância do estádio para não ser reconhecido?; e as agressões aos jornalistas Carlos Pinhão, José Saraiva e Marinho Neves? e o túnel das Antas? – tantos e tantos “casos” ao longo de mais de 20 anos e nem uma simples pergunta? Só se foi para manter o suspense sobre o livro de memórias, que Pinto da Costa disse que não escreveria mas agora admite escrever ainda antes do fim deste mandato.
Depois de muito tempo calado, Pinto da Costa passou ao ataque e com uma estratégia bem montada: repetir à exaustão a “minha (sua) verdade”, sem dela se desviar um milímetro. Espera-se que ninguém se deixe comover. Ah! Uma novidade: Pinto da Costa admite que tem um amigo que fornece “fruta”…

1 comentário:

  1. Visão cada um tem a sua nesta edição a capa tem duas fotografias onde se lê a minha verdade crime história do monstro.

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