domingo, 9 de março de 2008

Um passo atrás, dois em frente

Os benfiquistas confiam na capacidade de Fernando Chalana, o "pequeno genial". (Foto: www.slbenfica.pt)
José António Camacho mostrou, mais uma vez, ser um homem de carácter. A sua decisão de demitir-se do comando técnico do Benfica é uma atitude que o enobrece. Prestou, assim, mais um bom serviço ao clube.
O tempo tinha-se esgotado e Camacho percebeu-o. Após mais um empate na Luz, desta vez contra a União de Leiria, último classificado, a saída, pelo seu próprio pé, era a única solução possível.
Fui dos que aplaudi a substituição de Fernando Santos por JA Camacho. Pensei que, por uma vez, a sina de não voltar ao lugar onde se foi feliz não fazia qualquer sentido. E é evidente que não faz.
Hoje, depois de saber o que se passou, voltaria a aplaudir esta substituição. Mas, nunca imaginei, ninguém imaginou, que o Camacho que regressou à Luz, depois de uma passagem vitoriosa quatro anos antes, não fosse o mesmo Camacho.
“Camacho não é o mesmo”, “Onde está o Camacho enérgico?”, escrevi-o aqui muitas vezes. Não sei se os problemas pessoais, como a doença grave de seu pai, eram a justificação para o alheamento, a apatia, a falta de energia, que o murciano ia demonstrando no banco, jornada após jornada.
Ele próprio não escondia que algo ia mal e era impotente para modificar a situação. Algum apodrecimento da sua relação com os jogadores era visível, cujo clímax foi o desentendimento público, no jogo do Bonfim, entre Katsouranis e Luisão.
Mas também nos treinos, onde cada vez ia menos, se notava muita indiferença. António Simões disse-o publicamente: “Os treinos de Camacho não têm qualidade”, cito quase de cor. Acresce que Camacho também começou a lidar mal com a comunicação social, que o idolatrou na primeira passagem.
As mensagens desconexas, as “gaffes” voluntárias ou involuntárias, com referências enigmáticas ao FC Porto, o distanciamento da equipa – tudo sinais de que algo não corria bem no balneário.
E depois, Rui Costa. Ninguém ignora que houve desentendimentos entre os dois. Isso foi visível num jogo, ao sair para o intervalo, e num treino. Camacho tentou remediar a situação ao elogiar o Maestro, mas o mal estava feito.
Agora é preciso colar os cacos. É preciso perceber que esta situação pode ser uma óptima janela de oportunidade. Para construir um edifício novo no futebol profissional, algo que já estava a ser feito por Luís Filipe Vieira.
Com a época a chegar ao fim, há tempo para preparar a próxima, com tempo. Mas ainda há muitas coisas para ganhar. Por isso, as decisões que agora se tomarem têm de ter em conta a necessidade de evitar rupturas profundas, mas darem um sinal de que se pode construir algo consistente e sólido a partir de uma base que existe no seio do clube.
Quarta-feira, em Getafe, o Benfica precisa de estar unido, emocionalmente unido. A entrega da direcção técnica da equipa a Fernando Chalana é uma decisão acertada. Mas tal não pode ficar por aqui: Chalana tem de assumir responsabilidades até ao final da época. O “pequeno genial” já mostrou que sabe da “coisa” e pode assegurar uma transição pacífica e tranquila. Quem para adjunto? Lanço um nome: Rui Águas. Seria bom que Chalana chamasse Rui Águas para o seu lado. Outro nome mítico, e com experiência na matéria.
A partir de agora, a tarefa de Chalana, Rui Águas e Rui Costa (tem de ajudar a equipa como jogador fantástico que é, mas tem de começar também a elaborar os “dossiers” no seu futuro gabiente) não vai ser fácil. Mas os benfiquistas acreditam que o regresso aos tempos gloriosos se fará com gente que sabe o que é vestir aquela camisola, dignificá-la e honrá-la.
O Benfica está nas mãos das "velhas glórias", da "mística", de Chalana, Shéu, Rui Águas, Rui Costa, João Alves, Néné. E está em boas mãos.
Uma última palavra sobre Luís Filipe Vieira: ouvi numa rádio dizer que ele era o grande derrotado com a demissão de Camacho. Eu sei que não o deixou feliz esta decisão do treinador espanhol, até pela amizade que os une.
Mas tenho de discordar da opinião de quem aponta Vieira como o grande derrotado. É claro que a escolha de um treinador é uma decisão que tem de ser tomada e assumida ao mais alto nível. Mas, se Vieira é derrotado por ter escolhido Camacho (pela segunda vez), então o que foi Pinto da Costa quando escolheu Ouinito (lembram-se?, nos anos 80), Herman Stessl, Octávio Machado, José Couceiro, Victor Fernandez, Del Neri, Co Adrianse? Um vencedor?
Obs: Mais um ponto ganho na luta pelo segundo lugar e entrada directa na Liga dos Campeões. Quarta-feira, em Getafe, com a liderança de Fernando Chalana, o Benfica vai reviver uma grande noite europeia.

5 comentários:

  1. Concordo com o k dizes, deixa-me so acrescentar um nome.

    HUMBERTO COELHO!

    acho que se enquadra no benfica actual.

    é a minha opiniao...

    um abraço
    Rui Pedro

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  2. Obrigado Pedro. Já o escrevi aqui várias vezes você è sensacional, porque pensa sempre Benfica, tem sempre argumentos. Tenho a certeza se o Benfica amanhã fosse para a 2º divisão você lá estaria a apoiar. Temos de ter a força e a inteligência para ultrapassar. è verdade que camacho percebeu que já não tinha soluções. Mas não concordo quando diz que são os jogadores. Nós temos de ter nutricionistas, preparadores fisicos, psicológos enfim uma enorme bateria de gente capaz de fazer crescer tecnicamente os jogadores. è verdade que nos apercebemos que falta treino aos jogadores e Camacho não tinha soluções.
    Obrigado Pedro pelo seu blog

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  3. Luis Filipe Vieira não é de facto o grande derrotado...ele é o grande responsável pela situação do Benfica.

    Os treinadores passam, continuamos a não ganhar e ele continua como presidente.

    O problema não está no treinador. Por favor sr. Presidente ponha alguem que perceba de futebol a decidir, ou então dê lugar a outro, porque não chega apresentar lucros...é preciso GANHAR!

    Saudações benfiquistas,
    FC

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  4. Para uma equipa galvanizada Jorge Jesus é a escolha acertada!!!! SLB4ever

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  5. Um ponto ganho na luta pelo 2º lugar? Hum... olha que neste momento tenho mais medo do Guimarães e do Setúbal que do zbórtém.

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